CÍRCULOS DE GUERRA
"Toda obra de arte precisa de uma moldura, toda escultura precisa de um pedestal. Isto os Ventrue entendem, e eles cumprem sua tarefa admiravelmente" Ditado Toreador.
Quatorze cadeiras foram postas em volta da mesa, uma mobília grossa com estofado vermelho, a mesa era longa, madeira grossa e pesada, feita a dois ou três séculos no seu centro estava esculpido o bastão da realeza, o brasão Ventru. Nas paredes havia escudos e machados pendurados, restos de um mundo antigo em contradição com a arquitetura contemporânea do aposento, um enorme apartamento comercial localizado em Florianópolis, da janela a vista para praia poderia deliciar os olhos, claro, se não houvesse pesadas cortinas a tampar a entrada de qualquer luz.
O primeiro a se sentar foi o príncipe de Brasília, ele gostava de manter uma aparência jovial, embora já tivesse lá seus seiscentos anos, sua origem se deu no velho mundo e dominava como poucos as estruturas de poder humanas, depois dele sentou-se a moça loira e de um sorriso tímido e angelical que exercia seu principado com mãos de ferro em Curitiba, depois o velho de bigode grosso que liderava a Camarilla em Belo Horizonte, parecia sério, sentou-se lentamente e se ajustou na cadeira como um gato se adaptando antes de repousar, depois sentou-se o príncipe de Vitória, pele negra, alto, se fosse humano poderia dizer que estaria na casa dos quarenta, seguido pelo de Porto Alegre e o de Natal, o gaúcho usava uma camisa vermelha simples com dois botões abertos, cabelos negros desgrenhado, peito forte, parecia ser mais um Brujah ou um Ravnos do que um Ventrue, o príncipe de Natal parecia o contrário, baixo, cabelo curto, usava um terno negro com gravata azul, um chapéu escuro posicionado estratégicamente tampava em parte seu rosto, sentou-se na sequência a soberana de Teresina, a presença mais sensual da mesa com corpo volumoso e bem distribuido, olhos e cabelos escuros e batom vermelho forte, usava roupa branca que contrastava com dos demais dali que usavam tons escuros, por fim os nortistas de Macapá, Belém, Boa Vista e Palmas, todos com traços de pele clara e avermelhada provinda da Europa, dos quatro apenas o de Palmas recebeu o abraço em solo brasileiro, assim que eles se sentaram ainda restava dois lugares vagos. O último a ficar de pé foi o príncipe anfitrião, o senhor de Florianópolis, um homem alto de cabelos loiros e olhar objetivo terno azul e um perfil ágil como se não aceitasse rodeios desnecessários, justamente ele começou a falar.
- Boa noite a todos, espero que tenham feita uma boa viagem, como vocês bem sabem...
-Espera aí um pouco Mollman, não vai esperar nosso colega sergipano chegar. - Interrompe bruscamente o príncipe de Porto Alegre.
- Acredito que se ele viesse já estaria aqui Marco, agradeço sua atenção, mas já passa da meia noite. Cada um de nós tem seus afazeres e vós sabeis que não são poucos os deveres de um príncipe - respondeu educadamente o anfitrião Joseph Mollman - como eu estava dizendo, Vós...Vocês sabem que os domínios do Brasil sofrem pressão constante e estamos passando por um período sem igual na história da Camarilla no novo mundo.
- Eu escuto suas palavras meu secular colega e tento interpretá-las, quando você fala de Camarilla, você quer dizer domínios você por acaso quer dizer "domínios Ventrue" e quando fala em Camarilla, você por acaso se refere a Jyhad? Pois vejo que nenhum membro de outro clã foi convidado para vir aqui - questiona o príncipe de Macapá.
- Nisto sua percepção sempre foi muito boa Rutger, não chamei nenhum membro de outro clã pois nós os Ventrue somos o clã mais forte da Camarilla, como bem sabe nós somos os seus fundadores e nós os quatorze príncipes Ventrue temos as maiores cidades deste país, cabe a nós resolvermos este problema sem depender de envolvimento direto de Membros menores.
- Deixe-me corrigí-lo Mollmann, nós não temos mais as maiores cidades em nosso domínio, temos a maioria, mas não as maiores - interpôs o príncipe de Vitória.
- Não me lembre disto, perdi aliados muito antigos na lamentável batalha por São Paulo, agora tenho aqueles malditos magos na fronteira de meu domínio. - falou o príncipe de Belo Horizonte enquanto acariciava o seu bigode recordando batalhas a muito perdidas.
- Não me refiro apenas aos Tremere em São Paulo, por que ainda permitimos aqueles Malkavianos do Rio, percebem como o cartão postal brasileiro virou um caos desde que aquele clã de lunáticos chegou ao poder. Como proteger a Máscara com eles desestabilizando tudo.
- A batalha em São Paulo foi mais política do que física Pedro, não temos culpa de nossos aliados lutarem quando deveriam aceitar o jogo e planejar o próximo movimento, o príncipe Tremere em São Paulo tem sido extremamente eficiente em eliminar anarquistas e tem controlado muito bem os sangue fracos, por hora ele não é nosso principal inimigo, e Balenga, seus vizinhos Malkavianos no Rio de Janeiro tem agido de maneira estranha com certeza, o que esperar de um Malkaviano, mas por mais que não queiramos isto, o caos do Rio tem permitido a nós vampiros maiores liberdades entre os mortais, talvez em sua ação caótica o príncipe do Rio tem sido mais sábio do que pensemos para lidar com seus problemas sem o uso de força bruta.
- Então se nossos inimigos principais não estão na Camarilla, onde estão Joseph, no Sabá, você sugere que nós devemos atacar Campo Grande, francamente, para isto não precisaria nos convocar de tão longe, o Sabá no Brasil são apenas uns neófitos tentando brincar de Jyhad. - argumenta a bela vampira de Teresina.
- Tão pouco o Sabá é a minha principal preocupação neste momento - Responde Joseph.
- Mas que diabos será então, o Gangrel no Amazonas, por Caim, aquele lá já governa sozinho e isolado, cercado de inimigos, por que se preocupar com ele? - questiona Marco o vampiro do extremo sul.
- Agora você está começando a chegar perto, sim o Gangrel governa sozinho, isolado, cercado de inimigos e mais importante, ele está lá se alimentando de índios e forasteiros muito antes de eu ou você chegarmos nestas terras, mas mesmo ele, tem me pedido ajuda recentemente e foi por isso que convoquei esta reunião. Pode se sentar Joseph eu sigo daqui - fala Felipe Nassau, o príncipe de Natal enquanto se colocava de pé e afastava o chapéu do rosto revelando a cicatriz na têmpora que mostrava o brasão Ventrue, parecia ter sido feita com ferro em brasa.
- Você?! Você tem pouca moral dentro deste clã para nos convocar traidor, o que está tramando desta vez?- responde mostrando os dentes em sinal de fúria a vampira de Curitiba - Como você pode apoia-lo Joseph?
- Não estou tramando nada, eu e Joseph os chamamos aqui meus nobres anciões por que o problemas que o clã Gangrel enfrenta na Amazonia pode se espalhar pela América latina rapidamente e como nosso querido Joseph disse ali, cabe a nós proteger a Camarilla, proteger o vampiros e até o rebanho ali fora - falou apontando para praia. - Uma onda de criatura das trevas tem surgido no norte deste país, algo nunca antes visto, lupinos, fantasmas, mortos vivos sem alma, surgiram em meio a mata, vocês sabem que falo a verdade.
- Nisto ele tem razão, ouvi notícias perturbadoras - concorda um dos príncipes do norte.
- Claro que tenho, algo não está certo e nós precisamos agir.
- Certo, tu tens nossa atenção, o que sugere Nassau - responde Willian o príncipe de Brasília.
- Eu sugiro uma pequena iniciativa, algo que conhecemos como círculos de guerra, possivelmente envolvendo vários clãs, não se preocupem, ninguém saberá que está ideia é nossa. - ele responde mostrando as presas com um sorriso bem apertado e um olhar fixo que transbordava maldade.