Grey "O Rubro" - Pallando

Tom Caolho conduziu a todos pelo caminho, afinal conhecia aquele caminho e provavelmente qualquer outro caminho próximo a Harrenhal, considerando seus anos ali. Grey seguiu com tranquilidade até o momento em que o caminho tornou-se de difícil locomoção, então alertou aos homens para que ficassem atentos a partir dali.

O começo do pântano dava as boas vindas como era de se esperar, com árvores podres jogadas ao chã e água lamacenta, cada vez fechando-se mais. Em meio ao pútrido cenário o local onde os inimigos estiveram fazia-se notar, aparentemente pisoteado recentemente. Grey ficou mais alerta, aquele lugar juntamente ao sol forte que ainda os atingia estava deixando-o desconfortável.

Assim que um dos batedores terminou de investigar as evidências, Grey aproximou-se e ouviu as conclusões do soldado. Seu olhar direcionou-se para onde o pântano começava a se fechar, analisando cada parte como se buscasse algo, enquanto uma crescente sensação de suspeita lhe incomodava.

Não poderiam seguir com os cavalos e a lama escondia os buracos que faziam o lugar ser tão traiçoeiro. Lembrou-se por alguns instantes da emboscada que sofrera na juventude, na época em que servia os Karstark.

Os inimigos só podiam ter seguido por ali, isso indicava que estavam a pé e não deveriam ser mais numerosos do que aquilo que lhe fora reportado. Tinha consigo a Guardiã e várias outras espadas leais ao norte, além do conhecimento da área que Tom Caolho devia possuir, mas ainda assim a ideia de sofrer com uma emboscada naquele lugar não lhe agradava.

Apesar do desconforto, recuar dali nunca foi uma opção para o Rubro.

- Desçam dos cavalos. Vamos seguir a pé e com cuidado.- Grey deu a ordem enquanto descia do cavalo e o prendia a uma das árvores.- Tom nos guiará, fiquem atrás dele e permaneçam atentos. Atirem em qualquer coisa parecida com um homem que se mover.

Se fosse uma emboscada, Grey tinha fé que poderia fazer os inimigos se arrependerem como fez no passado, no dia em que seu amigo Hans morreu.

Grey Blacktower agora guiava o grupo junto com o experiente Tom Caolho. A lama fazia com que cada passo exigisse uma grande força para que os homens andassem naquele ambiente. Grey parou perto de uma das trilhas, logo percebendo com facilidade a trilha onde os homens haviam passado. A trilha para ele era tão clara como o sol naquele momento.

Andaram alguns minutos naquele terreno, logo a lama dava espaço a uma água turva,totalmente verde.A vegetação era maior, agora continha árvores, porém aquele lugar parecia ter se inundado com uma chuva repentina alguns dias atrás. O caminho se abriu, não havia mais trilha para seguir, visto que a lama havia sumido. Passáros cantavam dando a sensação da natureza tomar conta do local. Como era possível um locar ser dito como amaldiçoado se estava tão conectado com a natureza? Talvez aquela parte da natureza era tão amaldiçoada quanto Harrenhal e os homens que viviam ali. A medida que o grupo entrava dentro do pântano, mais ele ia se fechando, tornando-se cada vez mais difícil caminhar. Até mesmo o sol, que era forte, agora estava ausente por causa dos galhos mortos e retorcidos das árvores do local.

- Consegue imaginar ou descobrir que caminho seguiram a partir daqui? - Tom perguntava para o batedor que estava com o grupo, uma coisa era uma trilha, outra era rastrear em meio aquela água toda, as pistas estariam mais escassas.

O homem apenas olhou para a água, chutando e levantando uma grande massa verde.

- Não consigo, ficarei perdido se tentar me distanciar de vocês, não gosto desse pântano.

Era um beco sem saída. Não havia como seguir rastreando os inimigos e o lugar dificultava ainda mais a perseguição, não havia como saber para onde teriam ido.

Grey viu-se com só duas opções; arriscar e continuar mesmo sem rumo ou retornar para Harrenhal, pelo menos a principio. Era óbvio o que fazer, mas o Rubro recusava-se a desistir tão facilmente.

- Sir Tom, você conhece a área. Se você fosse um traidor com alguns poucos homens cujo objetivo provavelmente é evitar o confronto direto, em que área próxima ou dentro do pântano você se estabeleceria? Em outras palavras, por intuição, para onde acha que eles foram?

Caso Tom Caolho estivesse confiante em sua intuição, a perseguição continuaria na direção apontada, do contrário, caso Tom parecesse não saber ao certo para onde ir ou dissesse que não há como apontar um caminho pela intuição e conhecimento da área, Grey deixaria 2 homens para vasculhar as redondezas um pouco mais, num raio em que não houvesse risco de se perderem, para depois retornarem com um relatório da busca e partiria com o restante de volta a Harrenhal.

- Eles estavam andando do Oeste para o Leste, creio que estejam na direção do " Coração alto " ou do " Solar das borboletas ", o mais provável é que tenham ido por ali.  - Tom apontava o caminho na direção em que supunha que os homens foram, apesar de estarem embrenhados naquele pântano, os homens possuiam bons sensos de direção, calculado de acordo com a posição do sol, isso quando ele aparecia entre os galhos mortos.

Os homens olhavam para tal lugar, tentando se decidir que caminho iriam tomar.
Enquanto os três discutiam qual seria o melhor caminho para seguir. Grey O Rubro ouviu um barulho de água, algo se movimentava pelo pântano. Grey foi o único que percebeu, sua vida dura como guarda e sua ascensão tornaram-o uma pessoa difícil de ser emboscada distraída.

Havia agitação demais, o barulho se itensificava a medida que os segundos se passaram. Tom e o batedor continuavam distraídos enquanto debatiam qual seria o melhor passo. Um barulho opaco pôde ser ouvido e logo depois uma flecha passou cortando o ar, acertando a barriga do batedor.

- Ahhh! - Gritou enquanto caia de costas na água verde, suas mãos na barriga envolta da flecha.

Grey sorriu quando Tom Caolho apontou uma direção. Voltar de mãos vazias depois de ter ido até ali seria frustrante. Mas ainda tinham de decidir para onde ir, algo que gerou discussão entre três deles. Grey estava prestes a interrompe-los quando ouviu algo, mais especificamente um som na água.

Sua mão automaticamente foi para perto da espada, sabia que algo estava se movimentando pelo pântano. Nessas momentos Grey agradecia pelas noites em claro como guarda, estava treinado a ouvir qualquer sinal de aproximação.

Segundo após segundo a agitação aumentava e o som se intensificava, mas Tom e o batedor continuavam debatendo para onde ir e não notaram nada. Instantes depois, um barulho opaco fez-se ouvir e uma flecha passou cortando o ar em direção ao batedor, que foi atingido na barriga.

Seu grito serviu para dar inicio a ação. Grey sacou a espada e tentou encontrar a direção pela qual a flecha havia vindo.


- Rápido! Você, veja o ferimento dele!- Foi a primeira ordem, mas ao mesmo tempo sinalizou para que todos ficassem em guarda.
- Arqueiros, mantenham a calma e preparem-se para atirar! Tom, venha!

Grey rugiu e moveu-se como pôde para perto das árvores, tentaria chegar em algum dos inimigos que pudesse ver e se preciso servir de isca para expô-los, para que seus arqueiros pudessem elimina-los. Os inimigos também estavam cientes de como era difícil a locomoção ali e provavelmente estavam bem posicionados, sua única alternativa era confiar nos arqueiros que tinha consigo e arriscar encontrar os inimigos, pois sabia que ele e Tom Caolho poderiam lidar com quaisquer simples soldados na luta com espadas.

Em último caso, se não pudesse saber de onde a flecha viera e a ferida na barriga do batedor fosse séria, Grey optaria pelo recuo. Já tinha a provável posição dos traidores e não arriscaria perder homens para lidar com aquilo.

Demorou um tempo para que os homens assimilassem o que estava acontecendo. Os arqueiros estavam molhados e perdidos, e o pior de tudo era que a corda da cânhamo que impulsionava seus arcos haviam entrado em contato com a água, fazendo com que suas flechas fossem disparadas com pouca eficiência. Isto Grey pôde ver, pois logo um arqueiro do seu grupo tentou um disparo, o qual encontrou como alvo a água morta do local.

Como o grupo não era formado só de arqueiros, os atacantes foram descobertos. Foi Grey quem os descobriu atrás de uma árvore, e junto com o senhor de Harrenhal estava Tom Caolho. A dupla estranha surpreendeu os atacantes e grey pôde ver o medo nos olhos deles. Eram três homens de idade mediana e cara de camponês, dos quais dois estavam com arcos rudes na mão e um segurava uma espada. Em nada pareciam soldados, mas assim que eles viram a dupla prepararam um ataque.

Tarde de mais, Tom Caolho já estava enfiando a espada na barriga de um dos arqueiros, sobrando dois homens para Grey. O que segurava a espada urrou em desafio e atacou grey com um ataque desajeitado pelo alto, visando acertar a junção do pescoço com a cabeça.

Spoiler:

Por um instante Grey temeu que aquilo não terminasse bem, quando viu uma flecha disparada pelos seus arqueiros caiu na água antes de atingir o alvo. Mas foram curtos instantes de não confiança, pois assim que encontrou os oponentes e pôde observar o medo em seus olhares, soube que a vantagem era sua.

Acompanhado de Tom Caolho, o Rubro encontrou os três homens que escondiam-se no pântano. Sentiu uma pontada de pena, pois pôde ver que não eram soldados treinados só de analisa-los, mas eram traidores e seriam mortos como tal.

Eles atacaram, mas Tom perfurou a barriga de um deles antes disso. Restavam somente dois, e um deles atacou Grey com um ataque desajeitado vindo pelo alto. O Rubro tentaria esquivar-se do ataque movendo o corpo para a esquerda e tentaria retalhar a barriga do inimigo, para logo depois, quando estivesse no chão, decapita-lo rapidamente.

Se tudo fosse como esperado, somente apontaria a espada para o outro e ordenaria que se rendesse para que pudessem fazer algumas perguntas. Caso o traidor não se rendesse, morreria também.

Grey desviou com dificuldade, pois o pântano o fez se mover devagar. A espada do camponês passou a centímetros da barriga do rubro, mas no fim encontrou apenas a água morta do local. Dessa forma, o inimigo ficou com o corpo totalmente amostra e sem defesas, de modo que a Guardiã rasgou com facilidade a carne macia da barriga do homem, fazendo com que um cheiro de morte se tornasse ainda mais forte naquele local. Em seguida, enquanto o homem agonizava por causa do ferimento, Grey arrancou a cabeça do homem, sentindo a espada se chocar com o osso que segurava o pescoço, partindo-o em seguida. As águas que eram negras, haviam se transformados em vermelho escuro ao lado do senhor de Harrenhal.

O outro homem, vendo que não tinha chances de vencer a fúria assassina de Grey, resolveu se render. Ele jogou sua arma fora e levantou os braços em sinal de rendição. Tom Caolho surgiu por trás do homem, batendo com o punho de madeira da sua espada na boca do homem, fazendo com que o mesmo cuspisse sangue e pedaços de dentes e caísse na água lodosa do local. Ele pareceu se afogar por um momento, mas logo se levantou meio zonzo, os olhos injetados de medo.

- Não me mate! Por favor. Eu trago uma mensagem para o senhor de Harrenhal.

Como Grey esperava, o pobre homem rendeu-se após ver a morte do outro traidor. Ele levantou os braços em rendição e atingido pelo punho de madeira da espada de Tom Caolho, fazendo-o cuspir até pedaços de dentes em meio a água na qual pareceu se afogar por alguns instantes.

Grey aproximou-se e ouviu o homem implorar. Sabia que teria de matar aquele traidor, mas isso não o impediu de sentir pena do camponês que provavelmente fora arrastado para a guerra.

Mas assim que o traidor falou, Grey parou surpreso.

- Mensagem?- Grey encarou o homem com curiosidade, aparentemente tentando analisar se aquilo não era só uma mentira para prolongar sua vida.- Pois então diga, escória, qual a mensagem e quem a enviou?

O homem que estava ferido, olhou ao redor, sua visão ia ficando turva e ele pareceu fazer um grande esforço para tirar algo de dentro da sua cota de malha. Era uma carta, estava molhada e o selo claramente havia sido rompido.

- Uma mensagem senhor. - Disse o homem tentando ter a vida poupada. - Nós fomos encarregados de entregar ao Senhor de Harrenhal... nos deram prata, só que decidimos fugir com ela, sinto muito senhor, peço que me poupe a vida. - O homem estendia a carta molhada para Grey, olhando para os dois homens. Tom Caolho apenas manteve o olhar fixo no inimigo.

O Rubro observou o homem ferido tirar algo de sua cota de malha com grande esforço, pois estava ferido e a água provavelmente só dificultava. Era uma carta, molhada e com o selo rompido.

- Então você leu...

O homem ainda tentava negociar sua vida e explicou o ocorrido, enquanto Tom Caolho somente o olhava. Grey por alguns momentos considerou deixar o homem ir sem mais problemas, mas optou por não ser tão tolerante. Deveria ver o conteúdo da carta antes.

Com o mesmo olhar que fuzilou o traidor, Grey leu a carta sem dizer nada. Dependendo do que estivesse naquela carta, talvez o homem fosse poupado.

Seu olho bom analisou a carta até nos mínimos detalhes, como se buscasse alguma evidência de que tivera o conteúdo alterado. A cada paragrafo que lia, pausava a leitura para olhar o ladrão que negociava por sua vida e depois retornava a ler, com a desconfiança a respeito do escritor em níveis alarmantes.

A carta aparentemente era de um aliado em apuros, mas pecava em tentar convencer Grey pela falta de detalhes, algo compreensível já que, como previsto na carta, ela poderia ser roubada como acabou realmente sendo. Poderia ser perigoso atender ao pedido de visitar a Lagoa da Donzela, ainda mais agora que a mesma fora violada por ladrões traidores, mas ainda assim o "algo muito valioso" atiçava a curiosidade do Rubro.

Grey encarou o traidor com raiva no olhar. A escória a sua frente não só havia desviado a carta e traído o escritor dela, como também roubado o ouro. O tipo de homem que não respeita nada e vive somente para saciar seus próprios desejos, um entre tantos outros que fedem desonra. Mas apesar disso, Grey o teria deixado viver se não tivesse lido o pedido daquele que se auto-intitulava "Fúria".

- Executem esse homem.- Deu a ordem enquanto começava a caminhada de volta para os cavalos. Não tinha tempo a perder.

O Rubro seguiria com seus soldados até deixar o bosque, depois interromperia a cavalgada e aproximaria-se de Tom Caolho, para que só ele ouvisse o que diria a seguir.


- Tom, leve esses soldados de volta à Harrenhal. Atenderei ao pedido da carta e irei até a Lagoa da Donzela, mas o farei sozinho.- Sussurrou, mas com a autoridade de alguém que não aceitaria ser contrariado. Depois voltou-se para um dos arqueiros, aquele que parecia ser o mais disciplinado.
- Você vem comigo. Se nós não retornarmos até o fim da noite de amanhã, Adam Lancelot está no comando.

Caso alguém mais soubesse do encontro por causa dos ladrões que a tomaram, era melhor que Grey não desse tempo para que esse alguém agisse. Pretendia encontrar quem quer que fosse "Fúria" o mais rápido possível, antes que a situação pudesse complicar-se.

Partiu com o arqueiro para a Lagoa da Donzela e deixou Tom Caolho e os outros soldados retornarem à Harrenhal.

Spoiler:

Tom Caolho apenas assentiu com a cabeça e realizou o que o senhor de Harrenhal ordenara. Ele havia eliminado o homem que haviam capturado naquele pântano e também avisara Adam Lancelot que este ficaria no comando até Grey retornar. Dessa forma, todos os preparativos para a viagem do nortenho estavam prontos, mas apenas poucas pessoas sabiam o que iria acontecer, de modo que a partida de Grey com o arqueiro em direção a Lagoa da Donzela fora acompanhada apenas por Tom Caolho e por Adam.

Spoiler:

O dia estava molhado e frio, fazendo com que a estrada para a Lagoa da Donzela se transformasse em um local escorregadio e sujo. Aquela região era muito diferente do norte que Grey crescera, ali o tempo podia se manifestar com sol na parte da manhã e logo depois o céu poderia desabar sobre os homens. Isso era uma das coisas que fazia Harrenhal ser odiada por muitos, pois além de ter uma fama de amaldiçoada e de possuir senhores cruéis, - o qual Grey fazia parte agora - ainda tinha o fato de toda região se assemelhar com um grande pântano em dias como aquele.

O corcel de Grey trotava suavemente apesar do terreno, mas o corcel de seu companheiro parecia lutar contra o chão lamacento. De fato, Grey havia recebido um grande garanhão negro como montaria, um cavalo que fora criado para a guerra. O dorso do animal era puro músculo e Grey podia sentir toda força contida perto de suas pernas. Era um animal magnífico, digno de um grande senhor.

Grey Blacktower, O príncipe de Gelo, Senhor de Harrenhal e protetor do Norte. Um homem que fora criado para ser um seguidor e no entanto, agora ele se encontrava em posição de líder. E assim, levando sua espada de aço nobre chamada de Guardiã, ele fez todo o trajeto e por fim chegou na cidade onde o misterioso Fúria o aguardava.

A Lagoa da Donzela era uma vila cercada por uma muralha de freixo, era mais uma paliçada que uma muralha em si. Grey pôde ver que em algumas partes a madeira estava podre. Havia alguns homens olhando por trás da paliçada, de modo que era claro que a cidade estava em estado de guerra. Assim que Grey e seu companheiro arqueiro estavam perto o suficiente para serem vistos, quatro homens montados a cavalo vieram na direção da dupla.

Eram soldados, vestiam armadura completa de batalha, as quais estavam sujas devido ao terreno e as condições do tempo. O homem que os liderava abriu a placa do seu elmo, de modo que seu rosto pôde ser visto. Ele lançou um olhar a Grey, esperando que o mesmo se identificasse.

Grey analisou os soldados que vinham em sua direção, alerta para o caso de precisar sacar a espada. Eles aproximaram-se vestindo armaduras completas de batalha, estavam preparados para o combate.

Assim que o líder deles abriu a placa de seu elmo, Grey cavalgou um pouco mais para frente e encarou o soldado.

- Vim responder a carta daquele que se intitula Fúria.

Os guardas deixaram que Grey Blacktower entrasse na cidade, ainda que permanecessem ao lado do Senhor de Harrenhal durante todo o trajeto. Eles guiaram a dupla composta por Grey e o arqueiro, indo em direção a uma praça na cidade. O local estava movimentado, uma feira pequena estava sendo realizada e os moradores compravam e trocavam produtos a todo o momento.

Se antes ninguém se importava com a presença de Grey Blacktower quando este era apenas um soldado a serviço de Winterfell, agora era diferente. Mesmo trajando equipamentos que não mostravam toda a glória, isso é, se Harrenhal possuísse alguma, os homens encaravam Grey. Não eram olhares alegres e de felicidade, mas sim de um medo profundo. Ele era o Senhor de Harrenhal e trazia consigo a má fama daquele lugar amaldiçoado. Seu olho e sua face marcada pelo rancor, não fazia com que sua imagem se tornasse melhor.

Dessa forma, Grey seguiu para seu encontro com o misterioso Fúria.

O local era bem ornamentado, a madeira da janela era esculpida com as formas de animais da região. Grey identificou a forma de um lobo, de um alce e de uma ave com olhar feroz. O cheiro da sala era adocicado devido às velas que queimavam em cima de uma grande mesa. Havia algumas frutas em cima da mesa e um grande pedaço de carneiro assado com mel e azeitonas.

A dupla fora deixada ali a espera do Fúria, mas havia guardas posicionados dentro da sala e perto da porta. Grey um dia já estivera ali, mas agora aquela vida ficava cada vez mais distante. Era um Senhor agora, e o peso do Norte recaía sobre os ombros do Príncipe de Gelo. Depois de um longo tempo, o anfitrião adentrou a sala.

Era um homem corpulento e de idade avançada, ele caminhava com auxílio de um cajado de madeira de freixo, a mesma da qual eram produzidas os escudos redondos com bossa de tília, um metal resistente que dava ao escudo um peso enorme. O homem vestia-se bem, usava peles de animais e havia um ar desconfiado na maneira em que ele encarava a  dupla. Ele por fim sorriu, fazendo com que a névoa da desconfiança se dispersasse.
- Seja bem vindos a Lagoa da Donzela, tenho certeza que o Norte sairá daqui mais forte do que antes. – Ele falava em um tom de formalidade, mas havia um sorriso na boca do homem. Os soldados que estavam na sala estavam parados com o olhar para a madeira, como se não pudessem ouvir nada do que seria dito naquela sala. – Fico feliz que meu recado tenha chegado a Harrenhal, e posso confessar que fico mais otimista ainda quando vejo que Harrenhal possui um senhor honrado. – Ele disse honrado como se referisse as marcas de guerra de Greym principalmente seu olho rubro. – Gostaria de tratar assuntos importantes com você.


Grey Blacktower já havia visto aquele homem alguma vez na sua vida, mas a lembrança ainda permanecia perdida em sua mente.

Spoiler:

Assim que o ouviram, os guardas permitiram a passagem de Grey, mas não sem acompanha-lo por todo o trajeto. Seguiram pela praça da cidade, local movimentado onde havia uma pequena feira sendo realizada. Grey, que pensava não estar chamando atenção a principio, percebeu os olhares que recebia enquanto passava, olhares de puro medo que reconheciam o novo Senhor de Harrenhal. Aquilo era, de certa forma, algo bom. Se não era respeitado ainda, que fosse temido.

Prosseguiu pensando se deveria se preocupar por ter sido reconhecido, algo que não era difícil graças a sua aparência "marcante". Grey ainda sentia-se desconfortável com sua fama, talvez por não saber lidar com o peso que seu nome ganhara tão de repente. Não enxergava-se como um dos senhores poderosos que conhecera diversas vezes enquanto era soldado, mas aceitava tomar a frente como um se precisasse defender sua terra natal.

Assim que os quatro chegaram no local, Grey analisou durante um tempo as formas que a madeira da janela tomavam. Eram animais, um alce, uma ave e um lobo, este último o lembrou dos garotos Stark, Osha e Hodor, no dia em que foram ao Jardim Sagrado. Ainda conseguia lembrar-se dos malditos lobos gigantes dos Stark e do sonho de Bran, tudo em um passado que já parecia distante.

A dupla de Harrenhal foi deixada a espera do "Fúria" com outros guardas, que vigiavam dentro e fora da sala. O Rubro evitou lembrar-se da época de soldado, que veio-lhe a memória ao ver os guardas, pensou já ter devaneado demais em um dia só. Agora restava-lhe apenas ouvir aquele que o convocara.

Não demorou para que um homem corpulento e de idade avançada chegasse, vestido bem e apoiando-se em um cajado de madeira de freixo. Parecia desconfiado, assim como Grey estava naquele momento, mas logo o velho homem sorriu e pôs-se a falar.

Entre boas vindas, comentários e elogios o homem iniciou a conversa sem dizer o próprio nome. Grey ainda analisava o velho, tentando adivinhar o que ele queria.

- O pergaminho foi encontrado em posse de ladrões, que não tinham intenção alguma de o entregar a mim. Foi sorte.- Disse em tom cortês, dando uma explicação de como havia chego ali.- Assim que o encontrei vim o mais rápido que pude. Espero que seja algo importante o suficiente para valer minha saída de Harrenhal em tempos de guerra.- Grey cruzou os braços, como quem precisa ser convencido, esperava por mais informação.- Qual o seu nome senhor?