Sankar Nassam dos Portões do Inferno
O primeiro toque de Sankar Nassam dos Portões do Inferno naquela caixa velha e desgastada provocou uma sensação diferente do que era esperado. Quando o dornês havia encontrado a caixa nos destroços do Palácio de Verão dos Targaryen, ainda quando partia em sua missão em Porto real, a superfície daquele objeto misterioso havia se mostrado frio e sólido. Agora, no entanto, a caixa já não possuía aquela frieza característica, e parecia levemente morna. Outra característica que despontava somente agora era o desenho que estava recoberto pela fuligem. Se outrora era um desenho indeterminado, Sankar agora podia compreender um pouco mais do que estava representado ali.
Desenhado com uma tinta que havia resistido ao tempo, havia a imagem de um rei no meio da caixa. O rei era Aerys II Targaryen, também conhecido como O Rei Louco, o qual foi o último membro da Casa Targaryen a se sentar no Trono de Ferro. O início de seu reinado havia sido promissor, resultando em paz e prosperidade aos Sete reinos, mas o rei logo começou a ficar cada vez mais insano, principalmente após o Desafio de Valdocaso, onde ficou cativo de um nobre rebelde por vários meses. Sua crueldade e paranoia apenas cresceram depois disso.
Outra imagem aparecia perto dos ombros do rei, um homem, mas esse Sankar Nassam não podia reconhecer quem era. A única certeza era que havia alguém lá, atrás de Aerys.
Seja como for, a fechadura da caixa não se abriu, nem mostrou que iria se abrir, não importava o que Sankar tentasse. Foram horas gastas, e por fim, a caixa permaneceu com o mesmo status, fechada.
Alguns dias se passaram após esse evento, e a viagem seguiu-se tranquila, ao menos até aquele novo dia.
Sankar encontrava-se encostado na amurada da embarcação, seus olhos percorrendo as águas infinitas que o cercavam. Era uma visão diferente do que estava acostumado, mas o dornês podia sentir que logo estaria em casa. Até mesmo o sol já havia se tornado incessante e potente, o que gerava uma queimação a qual Sankar já estava acostumado. Após sua missão em Porto Real, o qual quase encontrara a morte, finalmente ele voltaria para Dorne e para sua própria casa. Enquanto refletia sobre a sua situação, ele notou com o canto dos olhos que os tripulantes começavam a agir de forma estranha.
Vários homens haviam se aglomerado no lado norte do barco, e até mesmo Waymar, o homem de confiança de Tasoor, também encontrava-se em meio a essa multidão. Waymar, sendo o capitão daquele barco, gritou aos tripulantes.
- Eu quero força total! Peguem os malditos remos e usem todas as suas forças! - Waymar gritava, e quando teve a possibilidade de olhar para Sankar, ele mostrou-se preocupado.
- Remem porra!Só depois de algum tempo - pois Sankar não estava acostumado a olhar para o mar aberto -, foi que o dornês percebeu o que estava acontecendo. Bem longe, apontando como algo minúsculo em meio ao mar, havia um ponto preto que assemelhava-se a um barco. Waymar então aproximou-se de Sankar, puxando-o para um dos cantos, onde ninguém mais poderia ouvir a conversa que se desenrolaria.
- Eles já estão nos seguindo a cerca de dois dias. Não senti necessidade de te informar, pois acreditei que poderíamos despistá-los. No entanto, creio que eles são mais rápidos do que eu esperava. Se o tempo continuar assim, sem vento, eles nos alcançarão em um dia. - Waymar olhava para Sankar, como se houvesse ficado envergonhado por sua negligência.
- Nós somos poucos para lutar, então acho que a melhor opção seria vocês descerem a terra. Nós ainda não estamos em Lançolar, mas já nos encontramos perto do território dornês. Em poucos minutos, posso deixar vocês nas terras perto de Tor, e de lá conseguiriam cavalos velozes que os levariam até Lançolar. - Waymar deu dê ombros, como se não houvesse nada do que ele poderia fazer.
- Desculpe-me por ter falhado, mas não poderíamos prever que eles nos venceriam numa corrida em mar aberto. Porém, se você tiver alguma ideia melhor do que essa, aceitarei de bom grado. Waymar, o capitão do navio, fez uma prece direcionada ao Estranho, esperou Sankar responder, e assim que o fizesse, falaria aos seus homens que se dirigissem em direção a terra, isso no caso de Sankar concordar em seguir com aquele Plano. Caso a resposta seja negativa, Waymar ficará para conversar com Sankar.
Sankar podia ver bem longe, ao sul, uma faixa de terra seca, certamente aquele local era Dorne, especificamente o Tor.
- Spoiler:
Considere que passou alguns dias de viagem, e que nada tinha acontecido até agora.