O combate se seguiu por mais um tempo depois que o menino escolhera suas novas armas.
Ele escolheu duas espadas curtas, bem mais leves do que a que ele usava. Não possuía habilidade em nenhuma outra.
Mesmo assim o garoto não deu sorte contra Bonzor.
O menino perdeu repetidas vezes em seus combates contra o esgrimista, de várias formas enquanto a plateia rugia e aplaudia cada movimentos dos dois, indo a loucura de aplausos a cada nova vitória do palhaço.
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Depois da última rendição, em que Bonzor ganhara novamente, ele estendeu a mão para o menino derrotado, humilhado e exausto caído à sua frente.
Aceitando a derrota com um gosto amargo na boca, o menino pegou na mão do palhaço e levantou-se.
- Foi uma boa apresentação… para um palhaço – disse o menino, tímido e com o orgulho ferido.
Neste momento o anão Dvalinn, o ferreiro mestre do garoto, subiu ao palco dando-lhe um tapa no rosto, na frente do público.
- Este foi por você ser um moleque arrogante, idiota e pomposo!Deu-lhe outro tapa do outro lado do rosto, e cuspiu no chão:
- E esse é por ter perdido!O menino saiu, envergonhado do palco e com as duas bochechas rosadas. A plateia seguiu rindo e aplaudindo a aparição do anão Dvalinn, que ignorou totalmente os urros da multidão. Virou-se para Bonzor, olhando-o com a famosa imponência anã, e disse-lhe:
- Para um magricela até que você sabe lutar, garoto. Vou tirar a ferrugem de suas armas como agradecimento por ter ensinado esse moleque estúpido que é meu aprendiz.~*~
Bella se escondera rapidamente dentro do baú, bem como Shilla se ocultou atrás das cortinas e assistiram três homens entrarem no lugar.
Os três usavam roupas na cor bege, com faixas no tom marrom mais escuro nas mangas, na borda da touca que usavam e na cintura também. Não aparentavam possuir nada mais que suas roupas, apesar delas serem largas o suficientes para esconderem qualquer coisa por debaixo delas.
Todos os homens usavam uma máscara que cobria todo o rosto. Era uma máscara que procurava imitar o cor da pele da região (branca, levemente bronzeada) e não tinham nenhuma expressão e nem era possível ver qualquer que fosse a aparência detrás da máscara.
Bella não conseguia ver quase nada por estar dentro do baú, mas conseguia ouvir quase tudo o que falavam.
- O leilão está atrasado. Os administradores parecem preocupados.- Sim, espero que nada tenha acontecido com a nossa mercadoria… Senão o plano todo sairá por água abaixo.- E o Colecionador pode não gostar disso…
- De jeito nenhum. Ele odiaria perder a chance de aumentar a coleção deles.
- Hey, vocês comeram quase a torta inteira…Shilla e Bella sentiram o ar faltarem. Não imaginariam que eles sentiriam falta de meros dois pedaços das tortas.
Um dos homens sentou sobre o baú que estava escondendo a jovem e continuou conversando. De repente a barda ouvia seu coração quase tão alto quanto as vozes deles, chegando a se questionar se eles o ouviriam, de tão forte que batia em seu peito.
- Esperem, acho que eu ouvi alguma coisa!Shilla mantinha-se escondida atrás da cortina, atrás de um dos homens.
Assim que ela ouviu sobre a torta e a última frase, acreditou que fora descoberta e lentamente pegou a sua adaga presa ao cinto em sua coxa, o movimento foi bem cuidadoso quase não provocando nenhum ruído.
Ela estava pronta para cortar a garganta do homem a sua frente, quando um dos homens saiu do porão para o lado de fora.
O homem que sentara no baú de Bella levantou-se e estava parado na frente dele, aguardando o outro voltar, quando disse:
- Precisamos sair daqui e falar com o palestrante antes que comece, para ter certeza de que tudo está conforme o combinado. Se der errado, nossa organização pode…Ele parou de falar quando ouviu a voz de seu companheiro do lado de fora. Parecia um pequeno grito, rouco, como quem se afogava.
Nesse instante um homem entrou dentro do porão, vestido de clérigo, com as roupas muito largas.
Bella conseguiu ouvir seus passos dentro do lugar e o silêncio que tomou conta depois.