Gransys - O início da era sem heróis

Gransys era a grande capital, cheia de vida, com seu grande comercio que atraia centenas de vendedores e mercenários.
Era meio dia, o sol era encoberto pelas nuvens negras e  uma fina garoa agora pairava sobre os campos verdejantes nas terras do grande reino.
Uma fileira de soldados marchando rumo ao portão chamou a atenção, passando pela grande praça onde a fonte, que outrora cristalina, agora havia parado, sendo infestada por uma lama negra.
As armaduras eram um tanto pesadas, e o som da marcha metálica dizia a todos o intuito daquele grupo enviado pelo rei.

"Eles morrem pela causa e o rei sentado em seu trono de ouro."
"Ei, prefere lutar pela causa, então? Melhor não falar alto, eles podem te ouvir e te colocar lá fora pra 'vencer a batalha'... Que o Criador me perdoe, mas antes eles do que nós!"

O medo estava completamente espalhado pelas ruas uma vez que as nuvens negras chegaram as plantações começaram a morrer e os sonhos das pessoas em gransys começaram a ser "invadidos" por uma estranha figura que transformava tudo em chamas em um segundo.
Sempre a imagem de uma mulher loira  de vestes de mago das sombras, com cabelos encaracolados até a cintura e uma marca em sua testa, em azul.
Com os mais belos sonhos transformados em pesadelos, o povo de Gransys agora tinha estampado em suas faces o terror, e em seus olhares se esvaia a esperança.


Guideon "sangue negro"

O som de alguém batendo a porta ecoou pela casa.
A sombra formava uma silhueta do lado de fora de uma capa e uma espada, vista pela fresta abaixo da porta de madeira.
-- GUIDEON!-- a pessoa do lado de fora parecia ter certo tom de desespero, um homem, aprendiz do mesmo mercenário com que tivera suas lições. Sua aparição era de certo um sinal de que algo havia piorado na cidade.
O som dos sinos nas torres tocou e gritos foram escutados pelas ruas. A multidão corria e o som das portas e janelas sendo fechados com força era escutado.
Pela Janela, Gideon podia ver a grande praça deserta. Os estandes foram abandonados e algumas frutas estavam caídas pelo chão.
Apenas um moleque de rua permanecia, recolhendo o que podia e se escondendo debaixo de um dos estandes de madeira, sem ver que bem ao seu lado vinha um ser...
Caminhando arrastando seu corpo em decomposição, estava um guerreiro das eras antigas, com uma espada terrivelmente enferrujada como sua armadura, um corpo que caminhava pelas ruas, e logo em seguida mais seres  seguiam-no como se fosse um general.
-- GIDEON! ABRA A PORTA!
O grito da criança chamou a atenção dos mortos vivos, que viraram-se lentamente para sua primeira vítima, alguém que fora largado nas ruas sem ter quem pudesse se importar. Não havia herói para salvá-lo, todos estavam trancados em suas casas. Não haveria ninguém disposto a pagar o preço e saltar para cima dos monstros como Guideon havia recebido sua salvação.
O andar dos mortos era lento, mas o menino parecia imóvel, paralisado de medo.

(sua história começa agora. Encare seu destino)
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Lance Blake
A estalagem estava cheia. Os viajantes não tinham outra escolha a não ser permanecer na cidade, fazendo enormes dívidas na estalagem que talvez nunca pudessem pagar. Pessoas dormiam pelos cantos, algumas acordavam assustadas, assombradas pela mesma criatura em seus sonhos.
O lugar era bem simples, e o mais barato da cidade, poucos ornamentos e o chão de madeira fazia barulho perto do balção.
As mesas eram bem velhas e as janelas de vidro estavam um pouco embaçadas.
Era melhor que ficar lá fora, onde uma garoa incessante tomara a rua com grandes poças, escorrendo pelas ruas de pedra cinzenta até o grande rio que passava pela cidade. O rio estava negro. Era impossível ter qualquer coisa vinda de lá. Os peixes fugiram ou morreram mas nunca mais nenhum apareceu.
A grandiosa Gransys agora se via como uma de suas pobres vilas que sempre ignorava, jogada aos perigos da noite sombria e as feras que a espreitam.
Uma marcha fora escutada do lado de fora, o som dos soldados. Já era a terceira vez na semana que saiam pelos grandes portões para não retornar, apenas fazendo o número de mortos vivos do lado de fora aumentar.
Sentada próxima a porta estava uma figura encapuzada que chamou a atenção, e estranhamente ninguém mais parecia notar.
Por um segundo, um fash de memoria veio a mente de Blake, sobre a aparição constantes nos sonhos de todos, e como um mau presságio, após um cliente passar em sua área de visão, a mulher desapareceu, apenas deixando a porta entreaberta se estender até o final.

"Pelo Criador, fechem essa porta ! Está chovendo e está frio lá fora!" Resmungou um velho, que logo se sentou próximo a lareira.
Um grito foi escutado, chamando a atenção de quem estava naquela estalagem para as janelas de vidro empoeiradas.
A orda de mortos vivos havia adentrado os portões que foram estilhaçados num golpe brutal.
Um general de armadura enferrujada guiava os seres para sua vítima inerte, um garoto de rua que hora ou outra aparecia na estalagem, dando recados em troca de algumas moedas para sobreviver.

(sua história começa agora. Encare seu destino)

Guideon ouviu o chamado e no mesmo momento o seu sangue começou a enerva-lo com a proximidade daqueles frutos do mal que lhe afligia.

Ele apanhou a sua foice curva de duas lâminas e chutando a porta saiu para encarar a cena que lhe era apresentada.

Correndo, ele apanhou o guri por um dos braços e o girou em direção ao caminho de fuga gritando-lhe:

- Vá, se não quiser morrer de uma forma horrível!, e o tom de ameaça é verdadeiro, pois o perigo é real ao extremo.

Assim, voltando-se para o perigo, cuidadosamente computando a distância e o tempo entre as hordas e o líder que as guiava, o mercenário escolheu o seu alvo, imaginando que mesmo que uma recompensa não estivesse envolvida, o mago que agora era dono do seu pai poderia produzir mais soro do que for de útil que extraísse daquela carcaça sobrenatural.

Então, Guideon flanqueou o oponente para tentar encontrar o seu flanco antes de desferir-lhe dois golpes ligeiros.

Guideon vai tentar se aproveitar da lentidão do oponente e do peso da sua armadura para conseguir um ponto cego antes de atacar-lhe com seu golpe duplo.

Helena Lacroix
As portas do templo se abriram abruptamente a a visão do caos lá fora agora era vista. Pessoas corriam buscando abrigo e os clérigos os recebiam, sem saber o que estava acontecendo até que um homem, em choque, olhou apavorado e disse.
-- Os mortos... os mortos invadiram a cidade e quebraram o portão... o exército da grande era. Eles vieram matar todos nós!
Uma mulher procurava agora entre os que haviam entrado.
Dois clérigos permaneciam na porta e quando as ruas se tornaram vazias, ela foi fechada, rangendo e se arrastando pelo chão de pedra.
O templo era imenso, uma vez que era o único de Gran Soren, Sem imagens, apenas símbolos e no centro um grande Sol, representando o Criador, como a luz que guia.
Todos que foram acolhidos não pareciam feridos, mas a situação se tornou pior quando uma mulher que estava em prantos, caiu de joelhos, chorando.

--... Por favor... ajudem o Simón...Ele ficou para trás. Por favor, vocês tem que ajudar!-- a mulher dizia desesperada e o clérigo que a ouvia, apenas olhou para Helena.

-- Precisamos que alguém vá verificar se há feridos e se alguém ficou para trás. Mande quem encontrar no caminho vir procurar abrigo aqui. Ao menos podemos conter as criaturas -- o velho era Hamon, o gran clérigo do templo, e agora ia na direção de Helena, falando de forma calma. Em verdade nada o abalava, e de certa forma isto era o que o diferenciava dos demais. Enquanto a mente dos demais se afundava em caos, Hamon transformava em luz, dizendo não ter aqueles mesmos sonhos sombrios. Talvez uma mentira, mas aquilo dava ao povo um pequeno fio de esperança. --Helena... Você e James vão verificar.
As portas se abriram e nos céus, as nuvens escuras lançavam relâmpagos e trovões.
James parecia apavorado. Era um rapaz bem novo, de cabelos encaracolados e ruivos, com sardas no rosto e olhar inocente.
--Afastem o medo de seus corações. A mesma luz que guiou vocês até aqui, vai ser sua arma contra astrevas que te ameaçam lá fora. -- o velhote disse estas palavras, olhando diretamente para Helena e em seguida para James, como se sua sabedoria aguardasse para fazer sentido como das inúmeras outras vezes.
Por uma fração de segundo, Helena viu do lado de fora, parada em meio ao pátio de pedra antes da escadaria do templo, uma figura encapuzada. Exatamente a mesma figura que aparecia em seus sonhos.... e ela encarava a jovem clériga como se a fizesse um desafio.
Num piscar de olhos a mulher desapareceu.
O sino tocou, como um alerta em todos os cantos de Gran Soren. A cidade estava sob ataque ao norte, onde ficava o grande portão.

(sua história começa agora. Encare seu destino)

Do lado de fora a chuva caia sem descanso. Do lado de dentro aquele ar sufocante e opressor de um lugar já muito apertado e sujo, saturado de pessoas sujas. Ele imaginava quais as histórias deles. Quase não dava para ouvir o que acontecia do lado de fora, mas só um cérebro de amendoim não notaria que algo terrível estava acontecendo do lado de fora. Olhou pela janela e imaginou se foi por isso que a família dele passou quando foi atacada...

-- Droga! -- Rosnou baixo e bateu com o punho no balcão.

O que o incomodava não era propriamente o ataque, a taverna suja, ou o que aconteceu aos seus parentes. O problema era que ele estava ali, sem fazer nada, escondido em um buraco xexelento.

Todos os seus sentimentos foram trocados por curiosidade quando reparou na figura encapuzada. Alguém muito estranho, embora ninguém parecesse se incomodar... ou notar a sua presença. Era como se ela existisse apenas nos olhos de Lance. Havia um certo desconforto em a observar, como se já a conhecesse.

Então veio subitamente a lembrança dela nos sonhos escuros que se tornaram cada vez mais frequentes. Arregalou os olhos e faz menção de falar com ela. Um cliente passou e ela sumiu deixando apenas a porta aberta.

Pegou a espada embaixo do balcão, saltou sobre ele e correu para a porta.

-- Espera! -- Acabou gritando assim que foi para a rua.

Deixou a chuva o castigar enquanto olhava para os lados, não achou a pessoa encapuzada, porém se deparou com um garotinho e um homem frente a uma horda de mortos vivos. Ele sacou a espada sem pensar duas vezes e correu para lá.

Se postou na frente da criança para o proteger. A bainha em uma mão e a espada na outra. -- Sai daqui logo seu pirralho maluco! -- Gritou sem olhar para trás, mantendo sua atenção nos monstros.