Julia - Moon

Eram raros os momentos que Julia tinha a liberdade para visitar sua mãe, pois muito tinha o que fazer pela Ordem da Busca Sagrada. Por isto que, no intervalo de uma missão e outra, a cleriga correu para sua cidade natal, Naporia, para rever sua mãe Melanie e seus amigos de infância.  

Já fazia uma semana desde que tinha chegado em Naporia, e Julia começava a sentir o chamado da deusa, uma necessidade pela busca de conhecimento e aventura. A cleriga estava em seu quarto fazendo uma oração, quando sua mãe Melanie a chamou em tom exasperado.

Julia foi rapidamente para a sala, onde a encontrou junto com um amigo de infância, o hoje guarda da cidade Allen Tran.



Ele estava completamente desesperado, de uma maneira que Julia nunca tinha visto ele assim antes. Allen a pega pelos ombros, olhando fixamente em seus olhos.
- Julia! Julia! Ainda bem que te encontrei! Tenho uma amiga que estava participando de uma missão, e que ficou gravemente ferida! Por favor, voce tem que ir ajudar ela!

Diante da calma emanando das palavras de Julia, Allen se torna progressivamente mais tranquilo. Desajeitadamente ele segue a cleriga, sem se dar conta da falta de delicadeza que é entrar no quarto de uma dama. Somente do lado de fora da casa e a caminho do quartel é que o amigo fica mais calmo. Enquanto andam, o membro da guarda começa a falar.
- Ainda bem que te encontrei, Julia. Fui até o Templo, mas não tinha ninguém. Fiquei desesperado e vim correndo até sua casa. Sei que sua mãe poderia ajudar também, porém fico mais a vontade com você... – diz, coçando a cabeça. Ele fica algum tempo sem falar, mas Julia sabia que na verdade ele estava relutante em dizer algo. Normalmente a cleriga ficaria sem saber, mas supreendentemente ele continua – Sabe, quando eramos crianças, nós bagunçávamos muito, eu, voce e seu irmão, né? Então, não sei se voce tinha percebido, mas eu gostava muito de você... Parece meio besta eu falar disto agora, não é? Eu até comentei com seu irmão, mas apanhei tanto naquele dia que resolvi guardar só para mim... Quando voce foi embora, eu fiquei muito triste, triste mesmo... Mas então eu vi que eu estava sendo idiota, que você ia dar risada de mim, e resolvi esquecer este sentimento.

Ele olha para Julia e pega em sua mão.
- Obrigado pela ajuda, você esta sendo uma super-amiga!

As palavras de Julia fazem com que um grande sorriso se abra no rosto de Allen, porem o mencionar do problema com sua amiga faz com que ele retorne a realidade, deixando-o de cara fechada.
- Então, Julia, eu não sei direito. Hoje de manhã eu tinha perguntado para onde iriam, e me disseram que iriam fazer uma patrulha de reconhecimento numa floresta, devido a um grupo de goblins visto rondando a área. Queria também ter ido, mas o chefe Toressar nos mandou ficar de ronda em outra área. Ao final do expediente, ela não tinha retornado, o que me deixou bem preocupado. Foi só quase agora que voltaram, com a elfa Meileen trazendo-a numa maca, com Clover sangrando devido a vários ferimentos! – diz, preocupado.

Logo ambos chegam na área do quartel, e são levados ate o quarto onde estava Clover.



Um dos internos estava preparando bandagens, enquanto o outro limpava a parte ferida com agua e sabão.

Julia se aproxima, e os dois internos liberam espaço para ela. Allen se ajoelha ao lado de Clover, que estava inconsciente, e pega em sua mão, claramente desesperado. A cleriga manda ele se afastar, e inicia sua prece a Solaris, levando a mão sobre o abdômen da maga, que tinha um corte profundo. As palavras divinas estabelecem a conexão com sua divindade, e a mão de Julia passa a brilhar, emitindo um calor curativo que faz fechar o ferimento gradativamente, colando tecido e pele de tal modo que era difícil saber que a paciente estava ferida anteriormente. Ao final Clover retoma a consciência, apoiando-se bruscamente sobre os cotovelos e tentando se levantar. O movimento brusco é interrompido, e ela volta a se deitar, queixando-se de dores.

Allen se aproxima e traz uma flor para Clover, que ao reconhecer o amigo sorri. “Obrigada, sempre gentil, Allen”

Um dos internos, ao ver que Clover se recuperava, sai correndo para avisar seu chefe.

Porém neste momento Julia se encontra parcialmente surpresa e confusa. É que durante o processo de cura de Clover, a cleriga tinha sentido uma comunhão muito maior com sua deusa Solaris do que com qualquer outra pessoa que tenha curado antes. Havia alguma coisa de magico nesta mulher, algo ligado a sua deusa, mas que não sabia distinguir sobre o que seria exatamente...

O comentário de Julia sobre uma possível gravidez de Clover faz com que tanto ela como Allen fiquem mais vermelhos que pimentão. Rapidamente ambos começam a abanar as mãos em sinal de negação.
- N-n-n-não é nada disso! Eu e Allen, nós nem estamos namorando! Estamos? Eu ainda sou vir...- ia dizendo a maga, sendo interrompida por Allen.

- Ahhhrrr, Julia, nós somos apenas amigos – diz o guerreiro, e olha para Clover, sem jeito – quer dizer, sei lá, euuu...

Os dois começam a olhar para o chão, Allen coçando fortemente a cabeça, Clover contando os dedos da mão.

Julia percebe que aquele momento estava bem estranho, e decide sair dali. Além disto, tinha a questão daquele sentimento estranho que havia sentido quando curou Clover. Ela força a memoria, e então se lembra de que em uma de suas aulas durante seu período de formação na Ordem, um dos clérigos havia dito que certas pessoas possuíam ligações mais fortes com as divindades, as chamadas “tocadas pelas deusas”.

Julia se despede rapidamente, e sem olhar para frente atravessa a porta...

E dá de encontro com outra pessoa!

***
Tanto Julia como Meileen se esbarram fortemente, num impacto tão forte que faz com que as duas deem passos para tras para cair sobre seus próprios traseiros. Julia, um pouco atordoada, ve que a outra pessoa era uma elfa ruiva de olhos verdes, vestida também toda de verde.



Por sua vez Meileen ve que a outra era uma humana de cabelos curtos escuros alta e magra.



Allen e Clover exclamam:
- Julia, Meileen! Vocês estão bem?

Vagando pelo quartel, Meileen ia desanimando à medida que via que nenhum dos guardas se enquadrava no perfil que buscava. Não que não fossem competentes, mas ainda eram jovens demais ou estavam ocupados com outros afazeres. Por vezes pensava que estava exigindo demais, já que eram humanos e não tinham a mesma vivencia que ela para aprimorar suas habilidades. Chegou a encostar-se em uma parede e suspirar fundo, enquanto seus pensamentos vagavam e ela esfregava os olhos, desolada.  
Percebeu que já estava no corredor da enfermaria e seguiu até um dos quartos enquanto refazia seus planos em sua mente, tão distraída estava que nem viu outra pessoa sair da sala; o encontrão foi tão forte que ambas caíram ao chão.

- Mil perdões, eu estava tão distraída – sacudiu rapidamente a cabeça e viu em que muralha tinha esbarrado. Viu que era uma jovem em trajes comuns e pensou no estrago que poderia ter causado à jovem  – se machucou? – começa a levantar e estende a mão para a moça.

Logo ouviu as vozes de Clover e de outro rapaz, que rapidamente viu tratar-se de Allen, um jovem guarda da guarnição.

- Estou bem sim e você, minha amiga? Afinal, vim ver como está. Como vai Allen? – saúda o jovem que estava com elas e a moça  – me chamo Meileen, muito prazer e me desculpe outra vez. E Clover, me desculpe também, já que foi por minha culpa que você se feriu.

A elfa, que era perspicaz, repara na flor que Clover segurava e olha da maga para guarda e ergue uma sobrancelha, dando um sorrisinho, dando a entender que desconfiava ser Allen o rapaz da conversa que tiveram mais cedo, mas não fala nada abertamente para não constranger os dois.

- Arrr... então... – tenta mudar de assunto – levei bronca do chefe, maaaaaaaaaaas... – faz uma pausa dramática – ele me deu mais uma chance para investigar a questão do goblins – e sorri animada – só preciso achar bons homens para me acompanharem na missão.

O comentario de Julia sobre o casamento faz com que tanto Allen como Clover fiquem mais corados que camarão cozido em panela, permanecendo os dois cabisbaixos e em silencio por vários desconfortáveis minutos.

A cleriga então sai do quartel e percebe que já era final de tarde. Felizmente nem todos os feirantes deixavam o local, permanecendo uma ou outra barraca aberta para os moradores que chegavam atrasados.

O local, que era uma área reservada na praça central de Naporia, já estava iluminado com as lanternas noturnas, e Julia decide comprar algumas hortaliças e legumes para o jantar em casa. Ao verificar os preços altos das leguminosas, a cleriga reclama com um dos feirantes.
- Sim, minha senhorita, o preço esta caro, mas a culpa não é minha não... O que acontece é que alguém ou alguma coisa está roubando minhas verduras! Vira e mexe somem cenouras, repolhos e abobrinhas! Já reclamei com a guarda, mas eles não resolveram o problema... O que me resta então é aumentar os preços, para cobrir as minhas perdas... – diz ele, e então olha para Julia de cima a baixo – Ei, bem que voce poderia ver isto para mim! Posso ate fazer um desconto na sua próxima compra, se voce resolver este problema!

OFF: Shamps, Meileen volta para seu próprio tópico, ok? Vou postar a continuação da ação la mesmo.

Julia questiona sobre a guarda de Naporia, e o feirante, de nome Barnett, alça os ombros.
- Pois é, falei com o chefe Toressar da guarda já faz uns 3 dias, e ele disse que ia mandar uns guardas pra investigar. Eles até chegaram a ir na fazenda, olharam e disseram que iriam fazer um acampamento. Só que aí eles sumiram... O Toressar disse que iria ver o que aconteceu, assim que tivesse mais gente disponível. E enquanto isto minhas verduras vao sumindo!

Barnett, ao ver que Julia aceitara a missão, fica bem contente, batendo na barriga saliente com muita satisfação.
- Muito bem, mocinha, gostei de ver! Vem comigo! – diz, deixando para um rapazote a função de fechar a barraca.

A cleriga acompanha o feirante ate os limites da cidade a leste, andando por mais vinte minutos por trilhas ate chegar na fazenda de Barnett. Já estava escuro, e ele acende uma tocha e entrega para Julia.
- Bem, minha plantação fica depois do estabulo. Da uma olhada por la, que eu não sou besta de ficar andando no meio do escuro... Vai saber que tipo de pessoa ou bicho esta fazendo estas coisas... – diz, entrando na casa e fechando a porta.

Julia tem dificuldades em convencer o corajoso Barnett a auxilia-la na caçada aos coelhos, tendo que praticamente arrasta-lo pela cintura de sua calça para fora da casa.
- Não é que eu tenha medo, é que o frio da noite faz mal pra minha saúde – diz, em tom choroso. Vendo que não tinha escapatória, resolve mudar o discurso – Está bem, vamos enfrentar estes coelhos tarados, quer dizer, coelhos ladrões e fazer um belo cozido com batatas... se é que sobrou alguma batata na plantação...

Barnett, segurando a tocha, vai atrás de Julia em direção do estabulo, para chegar na plantação. O mesmo continha plantas dos mais variados tipos, leguminosas, hortaliças, arvores cheias de frutas. O feirante aponta para as suas abobrinhas.
- Veja, Julia, alguém roubou a maior parte das abobrinhas. Sobraram somente algumas, pequenininhas! Malditos coelhos!

A cleriga olha mais de perto sob a luz da tocha, e ve que realmente não estavam la. Dificil saber se foram roubadas, dado que Julia não entendia nada de abobrinhas, mas confiando na percepção de Barnett ela continua a investigar. Não haviam rastros de patas de animais, porém... Haviam sulcos no chão, e que se repetiam a distancias regulares.

Julia seguiu na frente,, pensou que o Barnett tomaria a frente para desbravar sua plantação, mas só achou, no final ela seguia perto do Barnett aproveitando-se da iluminação da tocha, o belo cozido de coelho com batatas foi um motivo a mais para ela caçar quem estava roubando na plantação.

Quando barnett, amostrou que havia sumido as melhores abobrinhas, a primeira coisa que venho a mente da jovem, foi questionar-se o tipo de coelho super esperto que estaria caçando.

-Senhor Barnnet esse coelho se for um realmente é muito folgado, ele escolhe as melhores abobrinhas, só pode ser sacanagem isso...

Observando mais a cena do crime ao todo ela apontava para as prováveis pistas deixada pelo super coelho esperto e ladrão, mas já dava para perceber que não teria o maldito ensopado de coelho.

-Veja Barnett , nosso coelho super esperto deixou algo, vamos seguir isso e terminar logo com o maldito metido a esperto...

Julia pegava sua besta carregava ela e já seguia adiante, reclamando muito sobre o ensopado, provavelmente não era um coelho, restava saber se era algo comestível pelo menos...



OFF: seguir os sulcos de alguma coisa...o ensopado de coelho já erassss!

Barnett acompanhava temeroso Julia, a luz da tocha tremeluzindo devido aos calafrios do feirante. Embora as plantas estivessem espaçadas entre si, a presença delas impedia uma visão clara do que estava mais adiante. Ocasionalmente ouvia-se o farfalhar de folhagens e o solitario pio de um pássaro noturno.
- Hmm, eu não sei não, de repente poderíamos continuar com esta missão durante o dia... – comenta Barnett. Subitamente o homem sente seus pelos do corpo se eriçarem, ao perceber uma movimentação das folhas de um arbusto, logo na trilha dos sulcos que os dois estavam seguindo.

O homem então ergue a tocha para melhor iluminar o local, e do arbusto salta uma criatura. Ela parece formada de raízes e gravetos, possuindo um tronco, dois braços e uma cabeça.



A mesma esta carregando uma das abobrinhas roubadas, e na presença de Barnett e Julia abre a boca e agita os braços de forma ameaçadora.

Julia ficava surpresa com o que via, até então não esperava uma árvore em miniatura ladrona.
-Não acredito o Senhor andou transformando algum Ente em lenha, não tem outro motivo das crias do finado tronco andar pela plantação em busca de vingança...Segura bem firme a tocha e não sai ade perto logo vamos queimar essa coisa feia...
Julia atacava a árvore a distancia pedia para o velho ficar atrás dela em segurança logo queria queimar aquela coisa, assim que deu já recarregava sua arma depois do primeiro ataque.
-O senhor é cheio de surpresas, eu esperava só um bando de coelhos, mas um arbusto, vai servir só para iniciar a fogueira!


Iniciativa + 2
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4

Ataque +1 Maça leve Leve
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8

Dano
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3

Corajosamente Barnett se põe atrás de Julia, protegendo a retaguarda.
- N-n-nada disso, não tenho nada a ver com Ent nenhum, gosto muito das arvores, especialmente as frutíferas. Mas vai em frente e quebre este arbusto em mil pedaços!

A clériga consegue se esquivar facilmente das debeis tentativas do arbusto de feri-la, finalizando o pobre vegetal com dois belos golpes em seu tronco. A criatura cai partida em dois ao chão, uma seiva verde viscosa saindo do seu meio e molhando o chão.

Barnett bate nas costas de Julia vários tapinhas amigáveis, feliz da vida.
- Que Solaris a tenha, minha amiga! Seu braço forte acabou com a infestação da minha fazenda!

Mal o fazendeiro disse isto, um grande farfalhar se fez ouvir bem próximo. Os dois avançam para ver, estando bem próximos de um barranco. Eles olham para baixo e veem um numero enorme de criaturas vegetais, dezenas, iguais aos que Julia tinha acabado de matar, caminhando vagarosamente para o norte, carregando frutas e legumes, todos seguindo a mesma direção.

Por um golpe de sorte Julia dava o golpe final "feliz" ao arbusto, sorria comemorando para Barnett, mas sua felicidade durou pouco quando viu mais arbusto fugindo sorrateiramente plantação a fora, cutucou  a gosma da pequena árvore abriu a criatura com sua maça a procura de algo e por fim só comentou para o velho gordo.
-Maldito Ente que o senhor matou! Ele queria o que? Repovoar todo o mundo ? Criar uma Floresta ? E o Senhor também não ajuda né, não tinha outro Ente sem parentes para matar?
Ela encarava a trupe de arbusto escondida.
-Vamos seguir a distancia as crias do finado ente que o Senhor matou, descobrir seu esconderijo e amanhã pela parte da manhã voltaremos para transformar todo mundo em lenha...


OFF: seguir o bando de arbustos para descobrir seu esconderijo...

A clériga faz uma dissecação no ser-planta, e sua fisiologia era mais semelhante a de uma planta do que a de um animal. Infelizmente seus poucos conhecimentos em natureza não podiam fornecer mais informações.

Barnett, erguendo as mãos em defesa contra as acusações de Julia, sua em frio e diz:
- Ta doida, Julia! Já disse que não matei Ent nenhum... Pelo menos não que eu saiba... Quando voce da uma machadada num Ent ele grita? Já derrubei minha parcela de arvores, isso eu já fiz, talvez possa ter matado um Ent mudo, vai saber... – diz, e então se agarra na cleriga, desesperado – Será que matei um Ent mudo, e agora seus filhos Ents mudinhos querem roubar toda minha plantação? Pensando bem este monstrinho que voce matou não gemeu nem gritou!

Silenciosamente ambos seguem a procissão de arbustos-andantes, que atravessa os limites da fazenda ao norte, onde o terreno vai ficando cada vez mais rochoso e áspero, sem vegetação. Julia e o fazendeiro observam então os entezinhos entrarem em um buraco pequeno, todos em fila indiana, levando provavelmente para o subterrâneo. Ao lado do buraco esta uma fenda maior, onde é possível enxergar diversos pilares quebrados saindo da terra no local onde a ravina se abre em algo semelhante a um precipício profundo e estreito.