OFF: Desculpa, eu não tinha visto a orientação em spoiler. Vou completar. Vale este.
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- AAAAAAAAAH A voz da garota misturou-se com sonho e realidade e ela sentou na cama rapidamente assim que despertou do pesadelo. Tinha vários sonhos com Kaworu, mas geralmente estava tentando se declarar para ele, ou alguma boa lembrança estendida de sua infância. Tinha saudade e alguma tristeza às vezes quando pensava que tinham se distanciado um pouco em relação à infância, mas se recusava a aceitar isso. Gostava muito do jeito protetor e forte de seu amigo de infância, misturado com gentileza e tudo mais. Doía de verdade seu coração por não ficarem juntos e sentir que poderia perdê-lo por não ter crescido como a bela rival.
Sonhar com ela era péssimo, já que notadamente reconhecia a superioridade, beleza e delicadeza daquela dama japonesa chamada Mimi. Ela nunca admitiria isso em voz alta e continuava tentando achar defeitos e imperfeições.
- Puff puff puff Bufou assustada e olhou em volta, fazendo uma careta irritada para o relógio. Por que ele não tinha a acordado antes? Só era inconveniente assim quando estava quase sendo beijada nos sonhos?
O relógio era em formato de coelho, um animal que gostava muito e talvez ela guardasse isso porque Kaworu, na infância, sabia que ela gostava de coelhos e inclusive tinha lhe dado um chaveirinho com o bicho. O chaveiro sofreu com o bullying na infância, e estava permanentemente sujo de tinta azul e com uma orelha arrancada, mas ela o guardava remendado e com carinho, no fundo da mochila, sem nunca mostrar para ele.
Como a família não tinha muito dinheiro, muitas de suas coisas ainda tinham traços infantis e eram reaproveitados de outros anos.
-A senhora boazinha tirou as garras para fora no meu sonho! Ahh, Kaworu-kun, por que você não percebe que ela cresceu e não é mais a garota de antes? Não é possível que ela seja tão boa assim. Eu aposto que esse sonho foi uma revelação. Não! Uma coisa que ela sabia é que Mimi gostava de atenção. Então achava que às vezes ela fazia charminho para que Kaworu se preocupassse e desviasse atenção para ela. Achava sincaeramente que ela tinha algum lado manipulador horrível e não se sentia nada confortável com a ideia dos dois namorando, pois isso significaria perdê-lo para sempre.
No entanto, lá no fundo, achava que isso aconteceria de verdade, mas não queria aceitar de jeito nenhum. Kaworu tinha sido o único garoto, ou talvez a única pessoa, que se importou com ela de verdade a vida toda. As outras todas caçoavam de seu tamanho, ou do seu jeito "rural" de falar, ou das roupas de segunda mão, ou até da atitude agressiva ou, mais tarde, da pouca comissão de frente. Kaworu era para ela seu porto seguro contra o bullying, pois sempre a defendeu e ela não podia perder isso. Não sabia viver sem isso.
- Usa-chan, o coelho:
Esticou os braços. Tinha essa mania de falar sozinha mesmo, já que nem tinha muitos amigos. Levantou-se em seguida. A cama ficava no chão mesmo, um futon tradicional japonês coberto com uma manta de coelhinhos. O quarto era pequeno, cabia o futon estendido, um armário de correr. Então ela enrolou novamente o futon e guardou no armário, onde também puxou uma caixa que guardava as meias da escola e outros pertences para se arrumar. O quarto não tinha muito espaço para ficar espalhando bagunça.
- JÁ VAI, MÃE - gritou do quarto, se arrastando para o pequeno armário e pegando o uniforme.
- Ah, essa não. Eu não quero que o Kaworu-kun se case com aquela lá... TÁ BOM - choramingou e depois encarou o uniforme em mãos como uma faixa de guerra e depois e vestiu.
- Acorda, Sayaka, você precisa ficar linda e tão feminina e linda e cheirosa que o Kaworu-kun vai me notar hoje! Mwahahahaha - Sayaka. O que você está fazendo? - a voz da mãe soou lá embaixo. A casa era um sobradinho, próxima a um conjunto de apartamentos muito simples.
- Nada!Já vai Mais um pouco para a menina terminar a rotina de beleza, penteando os cabelos e separando-os em duas mechas altas, depois passou protetor solar e protetor labial, corando ao imaginar o dia em que Kaworu-kun tocaria aqueles lábios.
- Waaaaa - fechou os olhos e cobriu o rosto todo vermelho, balançano a cabeça.
- Ai não! a fita saiu - resmungou.
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Pouco depois, estava lá embaixo já pronta, onde comeu o café da manhã um tanto distraída e depois saiu apressada para o belo dia, caminhando até o ponto de ônibus.
- Kaworu-kun, gostaria que você fosse comigo ao baile... Hm, não, muito oferecida. Kaworu-kun, vai ao baile? Sim, com a Mimi. Nããão! Ah... Kaworu-senpai~~ vai ter um baile na escola, que tal... AH, jura!? Hmm... Kaworu-kun, posso ser sua abóbora? NÃÃO! Ai que droga! - ela fechou o punho e deu um soco breve no poste que guardava as informações dos horários dos ônibus e olhou em volta, envergonhada. Escondeu o punho como se nada tivesse acontecido e lembrou-se que precisava tomar cuidado com aquelas reações explosivas.
Ela resolveu sentar, um pouco desanimada e esperou pelo ônibus com um suspiro, imaginando como faria para se tornar o par dele. Tinha até feito um esforço para estudar em uma escola longe de casa por causa dele... deveria valer a pena.