por Allyna Sunt'yen Sex Set 16, 2016 3:09 am
Meu sonho não poderia ter sido mais esquisito. Eu estava nas nuvens, literalmente, e o ambiente era claro demais, de uma maneira quase cegante. Eu sentia que várias pessoas estavam perto de mim, na verdade, não eram exatamente pessoas. Elfos, sim, eu sonhei com elfos, pelo menos é o que parece. Mas sinceramente, comparando com tudo que aconteceu essa semana, aquele sonho nem foi tão estranho.
"Você abrirá um portal para nós." Eu não entendi exatamente essa parte, mas sentia que eles precisavam isso de mim, precisavam que eu entendesse a urgência que vinha deles.
"Lembre-se..." Mas se lembrar do que? Aí, que agonia... " Pequeno..." O que tem o Pequeno? O que vocês querem com ele? Isso é uma ameaça?
Eu acordo agitada até que escuto um "Nee-chan", aquela vozinha fofa que sempre vem me acordar quando estou atrasada. “Pois bem, pelo menos os elfos não pegaram o Pequeno...”
Abro os olhos e vejo o Pequeno bem no meu rosto. – Hmm.... – resmungo. - Pela deusa, onde foi que esse jabuti lindão aprendeu a voar? – Sorrio para Kohina e dou um beijo em sua testa.
- O Pequeno veio te dar bom dia, neechann...
- Bom dia, coisa linda! E bom dia Kohina! – Espreguiço-me e encaro o teto, porque é muito mais fácil me concentrar na parte do telhado que estava quebrada, a razão pelo que sempre me faz dormir no quarto das crianças em dias de chuva, do que perceber que por mais uma noite eu não consegui dormir direito. Por causa de uma noite de trabalho estupida.
Uma dor de cabeça surge enquanto lembro da madrugada nas docas.
Eu não consegui nada de útil no meu turno ontem. Passei horas e mais horas naquele frio de doer a alma para informações de rotina... É interessante saber quais serão as próximas batidas nas docas, qual carga está sob maior vigilância do grupo rival, mas do que isso realmente acrescenta? Eu entrei para esse mundo para conseguir algo, para ajudar minha família, todavia, o que escutei agora foram só boatos e mais boatos.
Roubar cargas, destruir qualquer outro grupo que almeje ser maior que o nosso, dominar toda a cidade... Isso já é o que fazemos em nosso dia a dia, por isso eu entendo quando Won – meu chefe – me pede sempre por uma coisa a mais.
- Akemi já fez a minha fantasia para o dia das bruxas da escola?
E com essa pergunta, o dia que até então estava com uma agenda um pouco mais leve, volta a se parecer com o resto dos dias. Eu forço um sorriso e digo com uma animação exagerada. – Mas é claro que já fiz, minha linda... Você vai ser a múmia mais legal de todas!
A garota passa rindo e correndo com o Pequeno pelo quarto, com toda a disposição que uma criança pode ter. Provavelmente eu também já fui animada assim, mas isso já é coisa de outros verões. – Ó vida, eu esqueci de fazer a fantasia da Kohina e também daquele evento do colégio... – Resmungo em voz baixa.
- Acorda neechan, Naru serviu a mesa.
Me levanto e dou de cara com o espelho que ficava acima de cômoda. Minhas olheiras já estavam formando outras olheiras, estavam quase roxas contrastando com minha pele. E meu cabelo estava em um look bem exótico, digamos assim. – Pelo menos não precioso me preocupar com a minha fantasia, porque estou claramente virando um zumbi.
E assim eu começo a procurar uma roupa decente na bagunça que são as minhas gavetas de roupas, quando uma trupe de crianças tão animadas quanto Kohina entram em disparada pelo quarto. – AKEMI-SAN... – Gritaram em uníssono e logo saíram do quarto.
- Tá bom, crianças, eu já vou indo... – Pego qualquer roupa, me troco, penteio meu cabelo rapidamente e vou para a cozinha.
A cozinha do orfanato é enorme e majestosa, abrigando uma mesa repleta de crianças em diversas idades. A barulhada era imensa, um grito aqui, uma risada lá e o calor humano daquele lugar é tão acolhedor, que dói ter que sair. Naru estava de pé, ao lado do menino novo do orfanato que não conseguia comer direito. Me aproximo mansamente dos dois e sorrio para Naru, pegando a colher que ela usava para servir o menino de sua mão.
– Hmm... olha só que mingau apetitoso, vou comer isso, posso? – O garotinho me encara e faz uma cara feia, puxando de mim a colher. – Céus, vamos lá, divida comigo...
- É meu, eu estou comendo. – E a criança de poucas palavras começa a tomar seu mingau sozinha. Acaricio o cabelo bagunçado da criança e vou até a vó.
- Meu amor, você chegou tarde de novo essa noite... – A velha que sempre fora sorridente agora é cheia de preocupação comigo, o que eu até entendo, mas ela não sabe que eu só faço isso pelo bem do orfanato.
- E vou chegar tarde de novo no colégio se não ir de uma vez, vovó! – Beijo sua testa e vou indo em direção à saída, quando Kohina corre atrás de mim com uma lancheira em mãos.
- Vovó pediu para te entregar isso e disse que você sair sem se despedir dela direito, você vai ter que dormir no porão junto com os monstros... – A menina fala apressadamente e me entrega a lancheira rosa com glitter que já passou pela mão de quase todas as crianças do orfanato. – Está okay, eu vou me retratar com ela mais tarde. Enquanto isso, cuida do Pequeno para mim, tá, meu bem?
Kohina concordo e volta correndo para dentro, enquanto eu vou para o colégio com a cara amassada, a lancheira rosa e um legitimo andar de zumbi.