El Toro Rojo - Aintza Bihotz

    5 de Janeiro de 2017
                          Num quarto silencioso, totalmente cinza com um criado, e algumas mudas de roupa. A chuva cai, é possivel vê-la, e ouvi-la pela janela. O doce e "silencioso" som da chuva. Alguns trovões ocorrem, passos pelo lado de fora, pessoas conversando. Alguns em espanhol, outros em inglês. Assim era a rotina no Shatterdome de Lima. Aintza, ja havia chegado no local, transferida de longe, foi selecionada para pilotar o Jaeger conhecido como "Toro Rojo" popularmente. Testada e aprovada na compatibilidade do fluxo, Aintza repousava. Sua cabeça afundava no travesseiro enquanto tentava se concentrar no barulho da chuva. Não era segredo pra ninguém que os testes de fluxo eram complicados. Primeiro, era preciso entrar no fluxo, então, entrar em sincronia com o outro piloto. Além de exaustar a mente, exausta o corpo na pilotagem.
       
                   Pilotar um Jaeger é complicado, muito complicado. Aintza mal podia começar a dizer à si mesma o quanto era difícil. Mas ela treinou, estudou os componentes e armamentos do Toro, e finalmente estava pronta. Faltava apenas conhecer seu parceiro de pilotagem. Alguns testes por eliminação estavam sendo feitos enquanto Aintza repousava. Candidatos à piloto batalhavam entre si, passavam por testes intelectuais e corporais. Qualquer pessoa que vá pilotar um Jaeger tem que ser saudável, tanto de corpo quanto de mente. É necessário uma resistência absurda para mover as pernas e realizar movimentos sincronizados, ajustar o torque, calibrar as armas, etc.


 
       Quando estava praticamente caindo no sono novamente, Aitza ouve uma batida na porta. Em seguida, algumas palavras. - " Piloto? estamos terminando a seleção de candidatos, a senhorita gostaria de verificar com seus próprios olhos? " - Essa voz diz.
       A chuva continua, e fortalece acada vez mais. Pode-se ouvir o barulho acima de ferro batendo, provavelmente, eram máquinas martelando e parafusando partes do Toro, calibrando-o para um possível ataque. Afinal, preparo nunca é demais.

Nada como o som da chuva para acalmar a mente e tranquilizar o corpo cansado de um dia exaustivo de treinos. Apesar de ser uma pessoa muito serena, Aintza gostava dessa vida agitada. Não estava mais em seu país e, apesar da saudade dos pais, ela gostava de ter viajado para ingressar em um projeto tão importante. Sabia que essa era sua chance de fazer a diferença.

- Claro - respondeu em espanhol, para a voz que a tirou de seu sono de vigília, quando ainda não se está realmente dormindo, aquele sono mais leve.

Levantou-se rapidamente e vestiu o agasalho para sair do quarto. Estava curiosa pelo lado direito que guiaria, junto a ela, os passos do gingante vermelho, o jaeger El Toro Rojo.

- Alguém digno do Vermelhão - disse ao alcançar a pessoa que lhe chamou.

Dito e feito, Aintza se levantou, enquanto a chuva caia, fria e incessante molhando a janela e todo o exterior do Shatterdome, a moça abriu a porta e se deparou com um corredor amplo, bem iluminado e repleto de faixas para que alguns pequenos veículos carregadores passassem por ali. Estes que levavam as famigeradas peças de Jaeger. O rapaz que estava na porta era um chinês. Obviamente, longe de casa, olhos puxados, cabelo raspado, usando um macacão azul cheio de graxa. Sua estatura corporal era de um homem pequeno, porém, não anão, apesar disso seu físico era bem trabalhado.

"Desculpe os modos... eu sou Tzu! - Se apresenta o jovem, que falava fluentemente a linguagem ali utilizada. Ele apenas então, fez um gesto convidando a moça a o seguir pelo corredor.

  Na ida era possível ver algumas salas onde eram realizados testes gerais. Desde pequenos testes de movimentação mecânica até testes de armamentos bélicos com utilização de energia nuclear. O corredor era uma zona total. Bem movimentado. Qualquer desatento ali seria atropelado sem dúvidas, ou trombaria de frente com algum engenheiro apressado para alguma reunião militar, ou teste de desenvolvimento do programa Jaeger. Foi então, quando eles chegaram na sala e abriram a porta.

  No local havia três rapazes altos e fortes prontos para a realização do teste de compatibilidade, juntamente com uma equipe de dois neurocirurgiões. Fizeram um gesto para que Aitza se sentasse, antes de iniciar a conversa.

Abrindo a porta, a moça se deparou com um chinês e estendeu a mão para cumprimenta-lo:

- Tzu, sou Aintza. Pelo visto, assim como eu, você também está longe de casa - ela colocou as mãos nos bolsos do casaco e encolheu os ombros, desviando da agitação do corredor - você chegou a ouvir do chefe se algum leva jeito? - perguntou se referindo aos candidatos.

Logo chegaram à sala onde seria feita a apresentação. Ela se despediu do rapaz e entrou na sala.

- Obrigada por me acompanhar até aqui, Tzu - disse, sempre muito educada e animada. Da mesma forma, assim que entrou na sala, olhou rapidamente a todos e saudou-os - equipe, candidatos, tudo bom com vocês? - e aguardou ansiosa pela resposta - estão animados? Eu estou. Sou Aintza Bihotz, sou o lado esquerdo do Vermelhão, digo, do El Toro Rojo.

Os candidatos apenas cumprimentaram a moça. Dois deles, focados, um descontraído a olhou dos pés a cabeça com um olhar irônico, talvez estivesse interessado, talvez a estivesse subestimando. Impossível saber sem que ele dissesse. Sem mais delongas começaram se os testes. Aintza ligou seu cérebro à placa de navegação do Toro Rojo junto aos candidatos, e após algum tempo de testes, ajustes e mais ajustes. Os três se revelaram incapazes de pilotar o Jaeger, oque era perturbador, já que eles eram compatíveis com o fluxo, porém, não tinham uma compatibilidade psico-física ajustável à Bihotz. Surpreendentemente, com uma ideia descontraída de um dos neurocirurgiões, desesperado por resultados. Realizou testes de compatibilidade com Tzu, que mostrou-se eficiente no na ligação.

"Isso..." - O jovem travou ao ver que era o único ali compatível. Depois de tanto fazer ajustes em Jaeger e conserta-los. Certamente sabia lidar com um Mark III. Mas nunca se imaginou em combate, nem ligado à uma pessoa, o jovem apenas olha assustado para os lados esperando alguma reação de Aitza

Após a saudação rápida e conversa, ela continuava à vontade com a preparação para os testes.
Os testes se iniciaram, Ainzta já acostumada com o fluxo neural, se decepcionou com a falta de compatibilidade entre os pretensos candidatos. Esperava que, com toda aquela marra, um deles desse certo.

- Uma pena, o Vermelhão não gostou de nenhum de vocês - disse, sem estar muito feliz - não nos demos bem nos testes. Fica para próxima. Vocês vão ser compatíveis com alguém.

Quando um dos médicos disse, sem muita esperança, que iriam tentar com o mecânico, uma fagulha de esperança surgiu nos olhos da moça.

- Sim, não custa tentar. Está preparado, Tzu? Zorte ona!

Eles fizeram o teste, e finalmente, alguém foi compatível com a jovem.

- Bem vindo ao time - disse ao notar que o jovem estava um pouco inseguro - vamos tirar de letra. Veja, você conhece o grandão melhor do que ninguém, cada peça, cada parafuso. Nós - apontou para ela e para os outros candidatos - vamos te ajudar com combate físico e essas coisas - e sorriu - vai se sair bem!

O rapaz por um lado, estava feliz, mas pelo outro parecia totalmente aterrorizado, nunca havia pensado em entrar em combate antes, esteve sempre por trás dos bastidores consertando falhas, aprimorando armas. Mas logo se acostuma com a idéia.

" Acho que eu deveria passar na enfermaria... estou sentindo ânsia de vômito. " - Dizia segurando sua cabeça

Era completamente normal. O fluxo forçava o cérebro. Apesar de Aitza e Tzu não terem se conectado completamente ainda os neurônios criaram uma ponte entre si, em breve os dois formariam apenas uma máquina de 70 metros e algumas toneladas. Enquanto o garoto se recuperava, soou o alarme do almoço. A comida era racionada, ja que o mundo estava em crise a produção, apesar de ser facilmente fertilizada com 1kg de esterco de Kaiju, havia sido contaminada nos ultimos anos. Todos se dirigiam à cantina.

- Hahahaha - ela soltou uma risada gostosa com a reação do rapaz - vai lá então Tizu - realmente ela entendeu que o nome dele era com "ti" - você logo se acostuma, é desconfortável mesmo no começo, mas logo tira de letra - ela apoia o braço no ombro do rapaz.

Ao sinal para o almoço, ela segue para cantina e ao sair da sala passa pelo rapaz que a encarou. Durante os testes foi profissional e séria, mas ali no corredor não. O encarou também, dos pés à cabeça, mas não com interesse. Ela achou que ele estava duvidando dela e de sua capacidade. Quem era ele para julgá-la? Voltou-se para a frente e seguiu para a cantina, sem mais dar atenção ao caso.

Pegou o bandejão com aquela comida bizarra - que ela estava começando a se acostumar - e rumou para uma das mesas e sentou, para começar a degustar refeição, pensando que logo estaria pilotando um jaeger e matando kaijus. Estava até sorrindo.

Enquanto Aitza se sentava e conversava, um jovem rapaz robusto e forte passava andando pelo local, tinha cabelos loiros e curto, usava um boné, e carregava um sorriso irônico no rosto. Ouvia a garota falando, e via o sorriso em seu rosto. Ele sabia que ela pilotava. Então se juntou à ela e ao jovem Tzu. Sentou-se sem ao menos pedir, olhou os dois debaixo pra cima e disse ironicamente:

" Vocês não vão durar 10 minutos. " - Sorriu com uma maldade sarcástica no rosto prevendo uma reação tímida dos dois. Ninguem ali sabia quem exatamente era o rapaz, apenas que ele exalava um ar de superioridade incomparável.

Ainda animada, a jovem Ani olhava com admiração o ousado rapaz sem educação que se sentava à mesa com eles.

- Agradeço o seu otimismo e apoio - disse mantendo a calma e sorrindo - e o que exatamente você pretende fazer para nos ajudar? Estou aberta à sugestões - e olha para Tzu - não é mesmo, Tizu? - ela dá uma garfada do alimento e prossegue - a proposito, é de bom tom se apresentar antes de se iniciar uma conversa - ela estende a mão - sou Aintza!

O rapaz acha aquilo cômico. O seu jeito era, no mínimo, irritante. Qualquer um que não estivesse acostumado pensaria que o jovem era doente. Então, ele se levanta e responde a pergunta. " Por enquanto, eu não vou ajudar. Mas em aproximadamente um ano vocês vão se dar conta do que é habilidade " - O rapaz dispensa o aperto de mão de Aitza e sai da mesa dando as costas para os dois.

Tzu apenas olha tímido, porém, com raiva do modo como jovem se comportou, então, sem fazer comentários se preparava para dar mais uma garfada em sua gororoba, quando ouvem um chamado do rádio. O superior chamava na sala de comando, precisava falar com Aitza e Tzu urgentemente. Rapidamente Tzu terminava de comer e corria pra lá chamando Aitza. Alguns funcionários ali presente também foram convocados. Uma correria começa.

O rapaz continuava grosseiro, mas Aintza não se importou e continuou sorrindo, entendia o que acontecia.

- Um ano! Certo! Vou anotar na minha agenda - disse com calma enquanto ele saía da mesa - um ano é tempo suficiente para trabalhar sua auto estima - depois voltou-se para Tzu, não se importando se o rapaz arrogante ouvia ou não - pessoas com baixa estima tendem a humilhar os outros e dizer constantemente o quanto são bons em alguma coisa. Eles tem uma necessidade de provar que são melhores. Sabe Tizu, só temos que trabalhar com afinco, sem precisar provar nada para ninguém - tinha notado como o chinês estava nervoso com a situação como um todo: ser escolhido piloto, ser menosprezado por um cara qualquer, ver falta de educação.

Iria falar mais alguma coisa, mas desistiu quando ouviu o chamado no rádio para que ela e o colega se apresentassem com urgência na sala de comando. Saiu da mesa e carregou a bandeja junto, comendo enquanto caminhava depressa, não gostava de ficar com fome e não era de bom tom desperdiçar comida em tempos tão críticos. Antes de chegar à sala de comando, ela já tinha terminado de comer e largado a bandeja em uma bancada qualquer. Se fosse o caso, depois levaria para a cozinha.

- Piloto Bihotz se apresentando, senhor - diz ao entrar na sala, mantendo a formalidade militar.

Aitza e Tzu entram correndo na sala de comando, quando se deparam com vários funcionários computadorizando e verificando o status de Toro Rojo, Aitza de cara ja percebe que algo estava acontecendo. Talvez Tzu tambem houvesse percebi, só não queria aceitar. O superior presente era um Doutor conhecido como Rorke, que não revelara seu segundo nome, mas assim que vê os dois os olha dos pés à cabeça e mantém o aspecto sério. Tinha barba na altura do pescoço, grisalha, usava roupas sociais, óculos de grau e seu cabelo era bagunçado. Ele apenas continua sério e diz:

"Dispenso formalidades militares... chamei vocês aqui pra reporta-los. Movimento na fenda. Kaiju. Não temos imagem, nem tamanho, nem peso, nem nenhuma informação ainda pois este passou rapidamente dos sensores. Está se deslocando próximo à nós. Grey Suicide, um Jaeger de Los Angeles foi designado para intercepta-lo... não queremos medir esforços então o Shatterdome nos convidou para participar da batalha. Vocês topam? " - Diz o homem descontraidamente esperando uma resposta rápida para que começassem os preparativos.

No caminho para a sala, Aintza via a movimentação e sentia a adrenalina correndo por suas veias, principalmente ao ver que o grande astro era o Vermelhão, como carinhosamente ela chamava o jeager.

- Claro senhor - desfez sua postura militar ao comentário do doutor, assim que entrou na sala.

Enquanto ouvia a explicação dele sobre a aparição de kaiju, ela fez uma cara de espanto e alegria. Queria entrar em ação, mas havia o temor de enfrentar aqueles seres, e depois vinha um ódio mortal por eles, e esses três sentimentos faziam loops em seu âmago.

- Nós topamos, senhor - disse com empolgação e só depois que ela olhou para Tzu. Ele agora era um piloto compatível também, teria de aceitar - vamos nos preparar agora mesmo.

Os jovens abatedores de Kaijus aceitaram a proposta, logo, então, os funcionários os guiaram até a plataforma de saída para que eles pudessem se conectar ao Jaeger. Tzu caminhava nervoso pela plataforma, principalmente após ver ali, aquele gigante estacionado. O jaeger tinha cerca de 70m de altura e sua couraça estava limpa. O vermelho brilhava e refletia nos olhos dos dois pilotos, os detalhes dourados pareciam um espelho de tão polido. Era lindo. Mas ambos sabiam que ele voltaria repleto de poeira, e talvez alguns arranhões. Isso se voltasse, pensava Tzu.

Numa velocidade absurda os funcionários começam a vestir ambos com barragens de chumbo pelo corpo, para barrar qualquer radiação o máximo possível, por cima, uma armadura vermelha que conectava o corpo dos dois aos contatos ligados ao nervo central do Jaeger. Era aquilo que captava seus movimentos, juntamente dos pedais analógico embaixo de seus pés. Os sistemas começavam a ser ligados, e então, começou-se a contagem para o fluxo.

Doutor Rorke na escuta. Iniciaremos o fluxo em 10...9...8...7...6...5...4...3...2...1... - O homem finaliza a contagem.

Imediatamente feixes de luz passam pela cabeça de Aitza e de Tzu. Os dois agora, eram apenas um focado numa máquina gigante. A garota podia sentir a tensão de Tzu, não só compreende-la, mas senti-la. Aquilo era totalmente diferente do fluxo de testes. Aquilo era estar REALMENTE conectado. E sem que houvesse tempo para ambos se acalmassem totalmente, os helicópteros começavam a transportar o gigante vermelho para o local estratégico. Dentro de aproximadamente uma hora o combate ia começar.

As palavras de Rorke foram um bálsamo tranquilizador para uma mulher arrasada após uma derrota pessoal. Ela tinha esquecido por um momento de seus treinos militares, tinha esquecido do trabalho em equipe e foi preciso uma derrota e as palavras sábias de seu chefe para que ela voltasse a si.
Ela abriu um sorriso enorme quando compreendeu tudo e olhou para Tzu:

- Sabe, entre os militares existe algo chamado "dar cobertura", é basicamente você dar apoio e distração enquanto outra equipe avança. Foi o que fizemos - ela tinha orgulho na voz e no olhar e quando seu parceiro se desculpou, ela suavizou o sorriso e falou - não se culpe, Tzu. Para uma primeira batalha nos saímos bem... ficamos vivos. E - deu uma pausa e continuou - felizmente ou infelizmente ainda enfrentaremos mais kaijus - ela cerrou o punho direito e estendeu-o para Tzu, para que ele socasse sua mão em um cumprimento jovial - somos uma equipe agora. Vamos voltar.

Ele voltaram para a base de Lima, ao menos ela estava satisfeita, e voltou a conversar com Tzu:

- Devemos melhorar nossa sintonia. Eu sugiro treinos físicos e mentais. Você tem que esquecer essa coisa de "sou um mecânico" e pensar como um piloto. Tenho o conhecimento militar e você o conhecimento sobre o Vermelhão - ela deu risada - seremos imbatíveis - e deu um leve tapinha no ombro dele.

Ela seguiu até Rorke para conversar com ele, passar os relatórios e principalmente ver imagens de seu combate e ver onde ela tinha errado. E puxava Tzu junto com ela.

- Quero ver onde errei na luta... tenho que melhorar! Aquela coisa arranhou o Toro... grrrrrr... que raiva... a linda pintura dele. Tzu, eu quero a lataria dele impecável. Você deve conhecer os melhores para essa função.  

A dupla moveu o gigante de volta até o Shatterdome de Lima. Carregavam o peso dos erros nas costas, porém, reconheceram que foram fundamentais para um combate rápido e sem gasto de recursos. Basicamente, foram "a isca". Tzu bate na mão de Aintza e leva todas as suas palavras em consideração. Elas com certeza ajudaram o rapaz a lidar com sua falta de confiança. Os dois estavam na base agora, não havia muito problema em descansar, afinal, o relógio de guerra fora reiniciado. Segundo previsões, o próximo Kaiju apareceria após, pelo menos, 2 meses. O intervalo de tempo entre um Kaiju e outro estava diminuindo, e ninguem fazia idéia qual seria o ápice dessa diminuição, apenas continuariam evoluindo junto com as criaturas.

Aintza e Tzu sairam da cabeça de Toro Rojo, e o mecânico comunicou para que a nova equipe de manutenção revisasse cada motor do gigante, ele precisaria estar calibrado para o próximo combate. Aintza e Tzu queriam, mais que tudo, ser eficientes para a humanidade. Os dois andavam pelos corredores, ainda com seus trajes anti-radiação segurando os capacetes nos braços, enquanto as pessoas olhavam para eles com um aspecto orgulhoso. Mesmo não tendo sido uma LINDA vitória da parte da equipe, o fato de pilotarem um jaeger contra um kaiju os tornava dignos de admiração! Então, ambos se dirigiram para a sala e reportaram para Dr. Rorke a situação. O mesmo disse que enviaria os dados para o Shatterdome de Los Angeles (onde repousa Grey Suicide) e receberia os dados da autopsia do Kaiju. Rorke pedira para que os dois socializassem na base. Eles deveriam se familiarizar, e visitar as respectivas áreas de treinamento. O próximo ataque era iminente.

Tzu refazia a pintura de Toro Rojo em seu tempo livre, e no outro treinava com Aintza. Ambos estavam subindo na escada do sucesso. Seus corpos ficavam mais resistentes, seus sentidos mais apurados. Estavam tornando-se verdadeiros guerreiros de combate. Nas simulações, ambos faziam pontuações favoráveis. Poucas vezes foram abatidos e, quando foram, simulavam batalhas contra mais de um Kaiju. Resultados satisfatórios. Porém uma coisa é simulação, a outra é lutar pessoalmente.

Exaustos de seu treinamento, agora em cantina, ambos sentam-se para comer e assistir ao jornal na televisão. Misteriosamente o tempo de intervalo entre Kaijus cedeu. Outro categoria II surgiu na muralha da Sibéria. Felizmente, o Jaeger MARK I Cherno Alpha, pilotado por uma dupla de Russos, abateu a criatura sem muita dificuldade. Imagens na televisão mostravam o gigante surrando o crânio da criatura, que parecia mais uma barata enorme, e após isso empurrando-o para frente, e lançando uma rajada de chamas que pulveriza a parte de cima de seu corpo. Tzu olha surpreso para Aintza.

Admiração por parte dos membros da base eram bons, claro, mas Aintza não dava muita atenção a bajulação. Estava apenas fazendo o seu serviço, aquilo que nasceu para fazer.
Ficou feliz por estar ajudando Tzu com os treinos, estavam melhorando sua sintonia a cada dia. Acompanhou de perto enquanto ele pintava o Toro, queria que ele ficasse impecável.

- Deixe ele lindão, Tzu - dizia enquanto observava o trabalho, com os braços cruzados.

Com o tempo já estavam mais familiarizados com base, para a ruiva não foi difícil, ela só teve que empurrar Tzu para o convívio social.

Na hora da fome, ela correu para cantina e pegou um pouco de biscoito e leite, foi até a TV com a intenção de ver desenho animado para relaxar e encontrou Tzu no sofá:

- Eba, vamos ver desenho? - oferece biscoito a ele e quando ia pegar o controle para mudar de canal, vê a notícia do novo ataque - que cara de pastel é essa, Tzu? É pelos russos esmagando e queimando o kaiju ou é por que apareceu mais um kaiju?

Tzu ouvia Aintza falar no seu ouvido, mas, acidentalmente a ignorava. Ele estava boquiaberto com o que viu na TV. Talvez pelo desempenho de Cherno Alpha, ou talvez pelo fato de um Kaiju ter surgido num intervalo de tempo tão baixo comparado aos outros. O jovem chinês, então, se da conta de que a garota estava falando com ele e a responde. " Ah! desculpe! Estava distraído. Aintza... outro Kaiju surgiu num intervalo baixo... sabe o que isso significa, não é?? Não estamos mais na vantagem. Eles não são tão previsíveis quanto achamos que fossem. Essa fenda vai ser um problema enquanto ela estiver aberta. Pessoas continuarão morrendo. Não sabemos por quanto tempo o programa Jaeger vai dar conta. Os Kaijus estão se fortalecendo... não sabemos muito sobre eles! E mesmo que nossos Jaegers deêm conta deles, nossos recursos não são infinitos! " - Tzu parecia absurdamente preocupado. O rapaz tinha sérios problemas de ansiedade. Não conseguia manter a cabeça fria sob uma situação fora de controle. O rapaz falou tanto que Aintza se sentiu tentada a deitar a cabeça e dormir, igualmente alguns funcionários que almoçavam ali, na cantina.

Enquanto mordiscava um biscoito, ela ouvia Tzu falar sem parar, ficando impressionada com a capacidade dele de se preocupar e falar. Ela interveio:

- Ei, ei, ei... calma... respira, Tzu - disse ela firme - primeiro: se preocupar com o avanço do kaijus e da fenda é coisa dos cientistas; segundo: se preocupar com recursos é coisa dos cabeças do projeto, militares e políticos; terceiro: a nós cabe enfrentar os kaijus - numerava com os dedos - devemos nos preocupar com o presente, nosso hoje garante o nosso amanhã e outra - se posicionou frente a ele - você se preocupa demais. Parece que nossos treinos não estão te ajudando a controlar sua ansiedade. Você devia meditar... eu medito diariamente, você deveria fazer o mesmo!

Ela continuou comendo biscoito e ofereceu novamente para ele.

- O Rorke deve ter algo a nos falar sobre isso... vou aproveitar os últimos segundo antes dele nos chamar... o que vai acontecer... tipo... daqui a pouco - e deu um gole no leite - leite? - ofereceu.

Ela era uma militar séria e focada, mas naqueles cinco minutos de folga, só queria ser uma mulher sentada com as pernas cruzadas em cima do sofá e comendo biscoitos, além disso, tinha que passar tranquilidade a Tzu, que vivia uma pilha de nervos.