Prólogo - Arien Amakiir

Simpática a Lindsey, peguei um pedacinho de pergaminho entre os meus e escrevi com a melhor letra que consegui mas ao mesmo tempo diferente da letra que normalmente usava: Piromante, Van Strike, 17° ano do Dragão, Bruxa de pele esverdeada e fungos pelo corpo, magia de aprisionamento, três erros, vila Crane. Era o suficiente para ela conseguir responder as questões e ter uma boa ao menos razoável. Era o máximo que eu podia fazer naquele momento e uma forma de pagar a ela o favor de me acordar. Coloquei o papel dentro da manga e guardei minhas coisas antes de erguer timidamente a mão e falar.

⚊ Professora? Terminei. ⚊ Após anunciar a ela que havia terminado de responder, aguardei as instruções de se devia ir até lá entregar ou deveria ficar sentada quieta. Enquanto isso, procurava uma forma de entregar a jovem as respostas anotadas em um papelzinho.

Eu estava completamente alerta e preocupada ao notar aquilo, mas não podia perder tanto tempo. Peguei o livro e as respostas e fui até a professora, entregando a ela. Eu tinha que verificar se Jimmy estava na enfermaria e qual o estado físico e mental dele... Talvez eu pudesse ajudar ele.

⚊ Devo aguardar o final da avaliação no meu lugar, senhora? ⚊ Perguntei, com esperanças de que ela me deixasse esperar do lado de fora.

Já estava tão acostumada com isso que não me incomodava mais com sorrisos forçados, caras feias e nem nada. Já havia virado natural e eu aprendi a ignorar. Só achava desnecessário forçar o sorriso quando não vai se dar ao trabalho de fingir que é natural. Então respondi com a voz baixa.

⚊ Jimmy veio para cá, não é? Queria ver como ele está caso seja possível. ⚊ Eu arrisquei, dando um sorriso cansado e triste.

A sensação de desespero começou a aumentar e eu queria já arrancar os cabelos fio por fio. Ele não estava na enfermaria e, pela hora, já devia ter sido tirado do labirinto. Será que ele havia morrido? Será que estava tão mal que não pode ser movido nem com magia e estavam cuidando dele lá? Claro que havia a possibilidade de ela estar mentindo, mas estava tão preocupada com o bem estar dele que isso não passou pela minha cabeça na hora.

⚊ Pelos deuses... Onde enfiaram esse garoto? ⚊ Falei comigo mesma, com as mãos nos cabelos. ⚊ Ahm, de qualquer forma, obrigada.

Eu iria procurar ele pela Academia inteira se fosse preciso e fora dela, até achar ele e saber como ele estava.

Jimmy estava acabado e eu sabia que ele morreria se eu não fizesse algo logo. Me sentei na cama ao lado dele e lancei Curar Ferimentos após tirar o simbolo da deusa de dentro das vestes e deixar ele bem a mostra pendurado em meu pescoço, torcendo para livrar ele de toda a dor, ferimentos, queimaduras e similares possível. Depois, iria tirar as roupas sujas e arruinadas dele e trocar por algo mais inteiro para ele dormir, mas deixaria que ele dormisse com o corvo na mão. Faria então companhia a ele até precisar me retirar para a próxima aula.

⚊ Sinto muito por isso, meu amor.

Eu estava chorando e triste com o estado dele. Verifiquei se ele estava com febre e tentei fazer uma avaliação rápida do estado dele. Se estivesse febril, encheria um recipiente com água (como o pote de ferro que ela tem) e pegaria um pano qualquer para fazer compressas de água fria nele. Meus dedos acariciaram a face dele e eu estava realmente preocupada com ele. Então, me dei conta que estava próximo ao horário da Educação Física. Peguei um pergaminho e escrevi um bilhete para ele.

Estou preocupada com você, Jimmy. Consegui cuidar dos ferimentos, mas ainda não pude tratar o restante dos problemas que podem existir. Se você acordar e eu ainda não tiver voltado, procure a enfermaria se não estiver melhor - eles podem cuidar de você e te ajudar, porque minha magia não resolveu tudo. Não quero que você fique mal. Se eu chegar antes de você despertar, tentarei cuidar de você... Medicina não é bem o meu forte, mas acho que consigo pelo menos impedir que você piore. Eu te amo.

Com carinho,
Arien

Então eu peguei meu travesseiro e coloquei também sob a cabeça dele, elevando-a na esperança de ajudar na respiração. Dei um beijo nos lábios dele, carinhosa e então sai do quarto correndo e rezando para que não tivesse demorado muito. Apesar de eu estar indo fisicamente para a aula, minha mente e coração ainda estariam com o mago deitado na cama.

Duas avaliações no mesmo dia... Pelos deuses, por que? Além da minha preocupação com a saúde de Jimmy, também tinha minha preocupação com as notas dele agora. Uma única prova dava para recuperar depois, principalmente porque era uma matéria que ele era ótimo. Mas e essa agora? Sabia que ele não era exatamente um gênio dos esportes e atividades físicas quando ele estava bem, então agora que tinha algo errado com ele dificilmente achava que seria fácil para ele. Então tentei chegar um pouco mais para frente e levantei a mão.

⚊ Com licença, professor. Os alunos que não estão aqui, como, supondo, aqueles que estavam testando o Labirinto e estão física e mentalmente incapazes de comparecer a aula, poderão recuperar essa nota? ⚊ Questionei, com a voz tímida. Não sabia se ele tinha conhecimento de quem havia testado o labirinto ontem, mas estava supondo que ele tivesse acesso a esse tipo de informação já que era professor. E os professores que estavam ontem no labirinto viram o estado de Jimmy quando ele saiu, além de outros alunos. Não seria difícil provar que ele não estava nem perto da definição mais próxima de capacitado para uma prova física ou mental.

Senti meu rosto enrubescer e abaixei ligeiramente a cabeça para criar uma cortina com os cabelos ruivos antes de negar com a cabeça.

⚊ Não, senhor. ⚊ Falei baixo.

Eu sabia que não era exatamente popular, então dificilmente alguém iria voluntariamente me chamar para um grupo e também havia visto o que o labirinto fez em Jimmy... Não queria ir sozinha e não conseguia imaginar como me incluiria em um grupo. Olhei ali para ver se via alguém mais ou menos amigável e vi Lindsay, de quem me aproximei.

⚊ Lindsay, posso ir com você? Não acho que eu seja boa o suficiente para ir sozinha. ⚊ Perguntei, com a voz baixa e o rosto ainda corado.

Ao que parecia a garota também não tinha mais pessoas a quem convidar. Franzindo o cenho, tentei me recordar de pessoas que pudessem aceitar ir conosco e não me odiassem ao ponto de tentarem me matar ou fazer mal de qualquer forma, direta ou indiretamente.

⚊ Se você conseguir se lembrar de alguém que ao menos aceite minha presença, podemos ir com mais uma ou duas pessoas. ⚊ Sugeri.