Prólogo - Eromyn Yldo

- Tenho informações internas de uma grande organização criminosa que esta se aproveitando de todo esse terror atual para derrubar reinos. Não sei se soube, mas alguns de seus membros foram enfrentados na cidade vizinha, um até mesmo foi morto.

Eromyn nota o terceiro guarda, aquele que portava a lança e , mais no que nunca, via que não queria que aquilo ali terminasse em um embate corporal. Confiava em sua lábia. Na sua mente não tinha tristeza pela frase que acabara de falar, apenas orgulho... o que seria uma melhor homenagem para seu mestre do que usar sua morte para conseguir derrubar um castelo?

Eromyn continua com a mesma feição enquanto o guarda fala, apenas acenando com a cabeça com o aviso de não tentar qualquer gracinha. Seguindo o guarda que parecia ser o designado à comandar os outros, Yldo, após repousar seu pônei em um dos lugares apropriados,  se depara com a estranheza de ver que aquele que possuía tamanha riqueza estava sentado em seus jardins, enquanto lia livros e, possivelmente, estaria em seu momento contemplativo.

- Peço-lhe perdão por lhe importunar em hora tal desconfortável, Senhor. Mas me vi na obrigação de alerta-lo sobre o que anda acontecendo pelos caminhos que levam até essas terras tão agradáveis. O grupo, qual seu guarda se referiu, tem planos de usurpar seu reino como fez com os outros, para criar terras sem leis e poderem reinar como absolutos em seu poder. Toma um momento para respirar e reaver o folego, como se tivera em sua voz o tom de alguém desesperado para falar logo o que sabia. O senhor pode me perguntar como sei disso, pois eu lhe digo que estava na vila vizinha no dia em que ocorrera a morte de um desses homens malignos. Isso provocara a ira da organização, que logo cercou e vetou o transito de pessoas saindo e entrando de lá. Sei que a história é longa e até mesmo chata, mas, no final, eu sei que apenas consegui sair jurando, falsamente, minha lealdade e que iria procurar terras para serem invadidas, assim fiquei sabendo de seus planos futuros e isso me leva até aqui. Engoliu a seco, como se visse um grande mal vindo no horizonte.Eles pretendem atacar seu reino hoje pelo anoitecer e eu quero ajudar a impedir isso com o que sei.

O velho anão gastara tudo ali, naquele momento. Esperava que ao menos tivesse chamada a atenção do Prefeito.

Yldo não consegue segurar o sorriso de satisfação de ver aquela reação vinda do prefeito, mas fez questão de passar como se aquilo fosse alívio de ver que o mandando das terras estava a favor de defende-las.

- Muito obrigado por me ouvir, meu Senhor. O antigo corpo tenta se recurvar para uma reverencia. Certo, vamos começar por partes. O que sei foi o que já lhe disse, apenas mais algumas informações que assimilei de vista como a composição do exercito que marcha nessa direção e como funciona o cerco deles. Eu esperaria que o senhor se utilizasse disso para efetuar uma defesa sólida e um contra ataque efetivo. Eles atacam com tudo senhor, sem se preocupar com a retaguarda e poderemos utilizar isso como chance de vitória... vi uma bela vila como essa ser destruída... não gostaria de ver outra assim. A tristeza escorria em seu rosto, como se aquela arte de mentir fosse tão bela para o anão.Podemos conseguir se formos cirúrgicos em nossas ações. Meu conselho é o seguinte : O exercito seria totalmente mobilizado para essa defesa, metade formaria uma grande parede defensiva que já esperaria o ataque do inimigo, quebrando qualquer tipo de surpresa que ele se apoie. A outra, junto com o seu comando e presença, iria rumar para fora da vila, e ir para o mais perto das fronteiras , partindo agora mesmo, para que, possam retornar em marcha vitoriosa e avassalar, pelos flancos, com qualquer quantitativo de invasores que aqueles bárbaros estejam em seus contingentes. Respira um pouco, pois havia falado muito. Foram dias de viagem pesando em como evitar mais um ataque, Prefeito. Eu confio muito nos meus ideais... tanto que arriscarei minha vida. Eromyn tira de sua bolsa um frasco com ácido e derrama um pouco ao chão, fazendo com que o que tivesse ali corroesse, logo faz uma ilusão, por estar tocando em seu cajado, de tirar de sua sacola um dispositivo preso a seu braço que injetaria o ácido em sua veia com o pressionar de um botão, dando esse botão para o prefeito ( na realidade seria uma fechadura que tinha em sua sacola, fazendo parte da ilusão) Desconfie de mim e poderás me matar a hora que quiser, eu lhe dou esse poder em troca de sua confiança. Não esperaria resposta, logo sua última ilusão, criaria sons de trombetas e passos de muitos homens que hurravam ao longe, chegavam aos ouvidos de todos na vila.Eu não acredito que eles se adiantaram a esse ponto, meu Deus. Temos que agir logo, carregue isso com você e coloque na água de todos aqueles que o seguirem, lhes dará força e velocidade para flanquearem o inimigo a tempo, sem isso será impossível na atual situação.Ele entrega a toxina, retirando qualquer identificação que pudesse ter no frasco Lembre-se, se duvidar de minha lealdade, mate-me com esse botão.

Após todo esse teatro, que se esforçara muito para convencer, Eromyn esperava ansioso qual seria a resposta daquele interlocutor.

o anão apenas respira fundo, enquanto revira um pouco seus olho. Lentamente guarda os objetos que utilizou no disfarce em suas sacolas e senta ao chão, como se seu corpo não mais aguentasse o seu peso.

- Hoje realmente não é meu dia. Tento entrar nesta vila para ver se consigo ganhar algum dinheiro, nada. Decido então procurar informações, fico desmaiado durante dias por causa do "moroe-vivo". Me compadeço de ajudar alguém, ela desmaia de tão bêbada. Venho demonstrar meus serviços como espião de reinos para, talvez, poder se contratado pelo nobre em questão e sou desmascarado tão rapidamente. Mais um forte suspiro. Me chamo Eromyn Yldo e aquele que morreu foi o homem que me ensinou a fazer o que faço e antigo portador desse cajado. Vim aqui fugido do reino vizinho pra tentar conseguir algum trabalho utilizando de minhas habilidades... digamos que cansei de ser um ladrãozinho de rua, queria ser um ladrãozinho de reinos. Não mais tentava esconder qualquer coisa em sua face, caso o nobre tenta-se lê-la.

Aceitaria até mesmo a morte, já que deliberadamente dizia a verdade. Mas confiava que, caso o objetivo fosse mata-lo, o Prefeito já teria feito muito antes de toda aquela encenação.

- É que não me considero mais como um velho. Passei minha vida sendo um e apenas encontrei a mocidade já com alguns anos de experiência de vida, graças ao Nygr... Suas falhas sequenciais realmente mexeram com seus pensamentos Mas acho que não é muito de seu interesse a vida pregressa de um velho ladrão. Sim, é algo que desejo. Não nego que mentir é algo que me agrada, mas o faço pois na maioria das vezes, é o meio de se conseguir maiores vantagens em uma situação... mas não acho que seja o caso neste momento. Afinal, nada posso fazer em minha posição.

O velho se levanta, limpa a poeira em suas roupas e olha fixamente para o prefeito, esperado seu destino.

Logo o velho responde, com toda pompa e ironia que conseguisse colocar em sua voz empostada.

- Yldo, Eromyn Yldo. Também posso ser conhecido como Irineu, Dogras, Xanaina e qualquer outro, de acordo com as vontades de meu mestre, qual sirvo veementemente desde a infância do mesmo. Sem meus conselhos, esse reino não seria nada, não é mesmo ? Hahahahaha Sua risada era forçada, ainda com a forte carga irônica. Mas falando sobre meus serviços, tentarei pagar essa dívida com mais alguns anos de minha vida dedicada à essas terras e, inclusive, acho que estou disposto a cumprir mais uma d suas ordens, ô meu senhor. Diga, que seu serve lhe obedecerá.

Termina a frase com uma reverencia exagerada, ao máximo que sua coluna permitia.

- Como desejar, senhor.  É o que mais almejo. Eromyn não confiava inteiramente naquele homem, mas isso não era necessário para que ele usufruísse dos seus conhecimentos. Digo que será um enorme privilégio que terei em entrar em novas terras em seu nome. Farei com prazer, mesmo sabendo que preciso melhorar muito para alcança-lo. Aquilo feria sei orgulho de tal maneira que quase pensou em recusar. Uma coisa era alguém lhe oferecendo novos ensinamentos, outra coisa era alguém se considerando mais experto que ele mesmo... aquele prefeito ainda teria sua prova de que estava errado.

- Eu agradeço pela sua cortesia, fico ao aguardo pela suas direções. Eromyn encara o cajado. Sobre minha afinidade com a magia, aprendi umas duas com meu antigo mestre. Se lhe for útil, posso demonstra-las.

- Meus interesses na magia são ligados com o porque sigo esse estilo de vida. Ter a minha idade sem nunca ter tido um treinamento de combate descente não é fácil, ainda mais nessas terras. Então aprendi a utilizar a grande magia das mentiras e logo depois a utilizar esses truques fantásticos para me auxiliar. Quanto mais aprendizagem, melhor ficarei em minhas técnicas.

Eromyn nota que aquela parceria não seria de todo mal para ele.

- Ficaria agradecido por seu auxilio, Senhor.

- Lhe prometo ser seu aluno mais esforçado e seu braço direito mais eficiente. Sobre minha primeira tarefa, apenas preciso que me dê detalhes mais precisos do local que devo começar a procurar e do que exatamente esta ocorrendo para perturbar a paz dessas terras, pois a partir disso posso organizar meus planos de investigação e recrutar meus prováveis auxílios, após um breve descanso para recuperar minhas energias mágicas, é claro. Pretendo saborear essa entrada com vinho seco e brindar meu primeiro sucesso. Com sua mão, imita o gesto de um brinde.

Esperava apenas mais algumas informações para, finalmente, começar a mover-se em direção à um objetivo concreto.