• A Sociedade

- Eu já vi muita coisa - Ralph sentia-se estranho ao comentar isso, não tinha tantos anos como imortal ou até mesmo de vida, mas às vezes achava que era um velho veterano na sua corporação policial.
- Estão tendo noites agitadas então? É o primeiro suicídio que vejo faz algum tempo.

"Isso é um sintoma. A vida dos imortais está tão ruim assim a ponto de ficarem tirando suas vidas?" Ralph não conseguia sentir a mesma tristeza que a perita demonstrava. Ele havia visto muitos jovens morrendo nos fronts que adorariam a vida de luxo que essas pessoas possuíam.

- Concordo, vou deixar a central com a descrição da mulher caso alguém reporte a falta dela. Boa noite, bom trabalho - Ralph responde indo até sua viatura.

Com o celular informa a central de polícia sobre o caso e a descrição da mulher. Ele entra no carro.

- Preciso de um café.

Observa a albina falando de forma enigmática porém receptivo, analisa as intenções da garota. Ainda encolhido pelo frio, se surpreende ao ver a resposta dela.

- Pelo menos não fiquei por louco - balança a cabeça não acreditando, porém acompanha a piada e dá uma risada singela.

Enquanto ia voltar ao seu ritual com o cigarro, afinal foi chamado de frio, então ela não estranharia tal atitude vinda dele. Disse sobre o processo seletivo para a fábrica, parou ficou pensando por que iria lá, estava bem em sua vida. Tomar uma decisão de mudar, ainda mais para a fábrica, sendo algo até imprevisível e questionável.

- Para que tipo de serviço seria? - falava para o casal conflituoso a sua frente, uma buscando algo e outro apreensivo.

- Tudo bem... Te ligo sim... Tenham uma boa noite. - iria retornar o mais rápido para dentro  por causa do frio no local.

Acostumados com as suas próprias vidas, cada um tinha sua maneira de pensar e ninguém, aparentemente, arriscava-se a pensar fora da caixa. Era esse o padrão da Sociedade.
Imortais e sem precisar arriscar pelas suas próprias vidas, os jovens desta nova geração pareciam acomodados demais para novas aventuras, e muitos não deram importância ou desacreditaram sobre os boatos do grupo que viajaria para além dos muros. E assim o grupo acabou seguindo dias depois, durante a noite quando ninguém poderia os ver. Noticias daqueles aventureiros com certeza seria ouvidas mais tarde, mas no momento, porém, os boatos que se espalhavam eram outros.

A Fabrica estaria fazendo uma seletiva. E o que era pra ser uma informação confidencial, acabou caindo em "mãos" erradas e se espalhado por toda a cidade.
Logo enormes filas foram formadas na frente da Universidade. Alguns com o proposito de revolucionar o sistema, outros querendo ampliar o sistema de escravidão, um verdadeiro caos.

Grupos ativistas haviam armado barracas de acampamento e promoviam enormes discursos, separando os candidatos em grupos políticos. O que era pra ser apenas uma inscrição, se tornou um comício de políticos, todos cheios de novas ideias para a Fabrica.


— Nunca pensei que a Fabrica seria um setor tão disputado para trabalhar, haha. Essa gente parece ter perdido a noção da época em que vivemos.  — O rapaz parecia se divertir realmente com aquela situação, mas sentia no seu interior orgulho por ver tudo aquilo acontecer. A esperança de uma sociedade melhor parecia crescer em seu peito.


— Você parece bem empolgado, Allen. — sorriu, abraçando carinhosamente o homem por trás. — Se eu não o conhecesse, diria que está maravilhado com a cena. Mas não te julgo, também estou empolgada com tudo isso. Espero encontrar algumas pessoas aqui hoje... Se eu não estiver errada, elas possuem o potencial que preciso.

A noite anterior foi muito inspiradora para Aeesha, e ela descansou muito bem quando chegou em casa. Por sorte, sua agenda estava livre naquela manhã e pode dormir um pouco mais antes de ir para o set de filmagem.
Durante seu café da manhã resolveu procurar notícias sobre o tal grupo desbravador para aplacar sua curiosidade.

Ralph havia sonhado com a mulher suicida.

Incapaz de compreender porque aquelas pessoas poderiam escolher tirar a própria vida, sonhava com as trincheiras também.

Pequeno Peter, segurou o ferimento do que sobrara do braço direito até que fechasse os olhos e não os abrisse mais.

E o rosto da mulher suicida...

Despertou ofegante, mais uma noite em claro.

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Havia sido designado para ficar de olho na Universidade junto com alguns outros policiais. A tensão entre os lados era crescente e havia o temor de um confronto.
Ele estava ali para impedir isso.

- Central, tudo tranquilo por enquanto. Nenhuma movimentação - falava no rádio da viatura.

Estavam realizando seletiva para a fábrica, conforme a garota tinha lhe falando. A notícia tinha se espalhou, tinha entendido que era discreta a seleção, o que não ocorreu, imaginou se ela tinha convidado tanta gente, o que lhe fez pensar que não tinha tanta importância no projeto e somente era uma divulgadora.

De qualquer forma parecia interessante verificar o que realmente seria essa proposta, seria uma experiencia positiva ter um pouco de experiencia na fábrica, para seus objetivos. Enquanto se caminhava para o local da seleção, passou em uma cafeteira antes de ir para o local, sua empolgação não era das maiores e tomar um café para acordar um pouco mais.

Pediu o café no balcão, enquanto esperava ficar pronto reparou na loira que tinha visto na noite anterior. Foi conversar com ela – Olá! - Disse cordialmente para ela.

- Está indo para a seletiva da fábrica? – Disse com um sorriso simpático e discreto no rosto. – Desculpe incomodar, é que achei que a mulher de cabelo platinada tinha falado contigo ontem a noite sobre isso... eu reparei que estavam conversando.

Após resolver alguns compromissos que tinha naquela manhã, a jovem atriz foi relaxar em uma café antes de ir trabalhar. Era um lugar agradável, um dos favoritos na cidade. Sentou-se ao balcão, fez seu pedido de sempre e começou a ler noticias em seu tablet, buscava noticias dos jovens incautos.
Enquanto lia foi abordada por um desconhecido, ele foi educado e ela não viu o porque não corresponder.

- Olá - igualmente foi cordial. Ela começou a desconfiar que ele não era um fã ou vendedor quando ele expõe um assunto curioso. Aparentemente ele estava na mesma boate que ela na noite anterior - seletiva da fábrica? Não estou sabendo... a principio ela não me falou nada. Do que se trata? - quis saber mais detalhes. O que os poderosos estariam aprontando agora?

Ficou um pouco sem jeito de falar, surpreso por ela não saber sobre o assunto. - Sinceramente não muito, achei que tu poderia me ajudar nisso.

Percebeu que no balcão estava pronto se café o que o distraiu, bem rápido alcançou o copo de café e voltou a disser a mulher - Nem me apresentei. Me chamo Dava. - esticou a mão para cumprimentar, enquanto na outra segurava o copo. De forma ainda simpática, continuou a conversa, parado ao lado da mesa da moça.

- Depois de vocês conversaram, nos encontramos do lado de fora. Disse que me conhecia, faz tempo que não a via. Daí ela comentou sobre o assunto da seletiva, desejando que eu participasse da equipe dela. - parou e tomou um gole do café com cuidado para não queimar a boca.

- Por que vocês discutiram aquela noite. - falou intrigado como quisesse saber a razão da garota platinada.

Aeesha se divertiu um pouco com a confusão do homem, mas nada de mais.

- Desculpe não poder ajudar.

Ele se apresentou e com educação ela também, estendendo a mão e segurando firme. Demorou um pouco para soltá-la enquanto o encarava com curiosidade.

- Muito prazer, Dave - disse séria - me chamo Aeesha Lews!

Ele lembrava de detalhes da noite anterior, até mais do que ela mesma lembraria.

- Você estava escutando nossa conversa? - pareceu ofendida, mas depois riu - brincadeira! Não discutimos, apenas conversávamos... ela queria saber minha opinião sobre os garotos que saíram da muralha - ela ergue o tablet e mostra para ele - fiquei um pouco curiosa com o fato... mas... você ainda não me falou dessa seletiva...

Ficou vermelho de vergonha quando ela perguntou se ouviu a conversa das duas, que negou de tal ato, preocupado que ela estaria pensado que ele estava perseguido a.

- O que será que ela está de interessada nesse grupo? Será que faz parte deles? Mas ela trabalha na fábrica não teria razão de defende-los. - ficou pensativo sobre essa possibilidade e questionando a razão da garota nesse assunto.

- No quartel que trabalho estamos vendo sobre o pessoal que quer sair além das muralhas. Ela não parece pertencer ao grupo. Seria interessante verificar de perto. - Disse para si mesmo em voz alta.

- Ela trabalha de psicóloga lá na Fábrica, é para o serviço voluntário lá. Não quis disser mais detalhes, um cara não permitiu. Fiquei bastante intrigado... - deu uma pausa assoprando o café e experimentando logo em seguida.

Ela ri da falta de graça dele, mas achou estranho certas coisas na conversa.

- Estranho... também não vejo qual o interesse dela nesse grupo, nem porque ela tocou no assunto comigo - tomá um gole de seu café - ela ficou até bem esquisita quando eu falei que não estava dando importância para o assunto. Como se eu tivesse obrigação de dar um rumo nobre à minha existência... - pareceu levemente irritada, mas logo se desfez - deve ser coisa de psicólogos.

Ele tentava entender o interesse da dra. no assunto e Aeesha não era a melhor a pessoa a dar essas informações.

- Talvez ela conheça um dos que fugiram - ela se volta para ele bem séria - olha, eu sou uma atriz... talvez seja por isso que ela me falou nada... não vejo como eu poderia ajudar na fábrica... e outra, meu interesse está mais na Ciência do que na Fábrica. Me tornei atriz para conseguir grana para estudar Química, mas acabei me apaixonando por esse universo. Estudei química sim, mas me encontrei nas artes... é isso.

Ficou pensativo sobre o interesse da platinada no assunto, porém Aeesha mostrava interesse na conversa, que deixava ele bastante contente.

- Talvez ela fizesse te fazer a proposta de serviço também. Só não vejo relação entre os dois assuntos. - acabou por torcer o nariz com questionamento. - Sempre acreditei que ir além do muro era algo de brincadeira de jovens, qual interesse teria? Ainda mais em relação a fábrica.

Esticou a uma cadeira da mesa que estava ali, já que a moça aparentemente estava sozinha, pedindo com um gesto se poderia de forma ainda educada.

- Como assim novos rumos? Ela compartilha interesse com esse pessoal? - demonstrou um ar de preocupado, bastante série e intrigado. - Não vejo razões de buscar lá. Somente se for um confronto como estamos organizado.

Aproximou o copo de café nos lábios, sentindo a temperatura do mesmo e fazendo uma posse de pensativo. Ouviu a garota falar sobre sua história com interesse.

- Percebi que tu era da área das artes... Tem uma postura... É bonita.. Por isso tinha te notado no bar, mas... - fez um pausa longa, tinha ficado sem jeito. Retornou ao assunto da doutora - Ela avaliou minhas redações quando me preparava para virar soldado e cuidar do quartel. É assim que ela me conhecia e por isso tinha interesse em meus serviços, ainda não sei no que a fábrica poderia me ajudar, ainda mais em serviço voluntário, trabalho no exército.

Aparentemente o homem sabia tanto quanto ela sobre o interesse da psicóloga. Recostou-se na cadeira e disse:

- Ela ficou filosofando sobre as pessoas que não aproveitam sua imortalidade... sinceramente, a vida é minha, faço o que eu quiser dela - olhou para o teto, pensativa - sinceramente? Não sei o que ela queria comigo! - e sorriu.

O homem falou sobre suas impressões a respeito da moça e ela sorriu, apreciou sua bebida quente enquanto ouvia o que ele tinha a dizer.

- Me achou bonita, me viu no bar e não foi falar comigo... hahaha - ela riu, mas não zombava dele e sim da situação insólita que se desenrolava - mas deixando isso de lado, o que quer dizer com confronto? O que estão armando? - a conversa ficava cada vez mais estranha - você é soldado? Ela te avalia e te chama para trabalho voluntário na fábrica e você fala de um confronto... me explique melhor isso - e se inclina na direção dele, demonstrando interesse na história.

Parecia mesmo que a psicóloga era um mistério para os dois ali.

- O que você acha que é aproveitar a imortalidade? Tem bastante coisa interessante a se fazer. - largando calmamente o copo de café em cima da mesa.

Sorriu envergonhado ao ser questionado - Você estava com seus amigos ali perto. - Colocando os cotovelos sobre os joelhos ficando inclinado para frente, mantinha a expressão de sério, com um pouco de carência.

- É algo a ficar imaginando.. Deles irem para além da fronteira.. Se unirem para fazer um confronto a sociedade - terminou puxando os lábios para o lado da boca, como não tivesse certeza dessa possibilidade.

- Quando se está além do muralha, não se dá para ver o que planejam, aí é perigoso pois pode ser maior que imagina - olha para os olhos da mulher bem fundo. - Se não buscar em saber, vai ficar a dúvida do que realmente é.

Voltou encostando as costas na cadeira, pegou o copo e tomou um gole. - São coisas separadas, o interesse é outro. Se me avaliou sabe que não entraria em qualquer tipo de conforto desses. O objetivo é outro, seria inútil tentar em um confronto contra o exército, busco a ordem na sociedade e nos meus valores, por isso digo que não estão relacionados.

- Até você quer saber o que é aproveitar a imortalidade - pega um muffin e fica contemplando o bolinho - aproveitar a imortalidade é fazer o que eu quiser, sem ninguém me amolando ou dizendo como fazer. Quando eu sentir necessidade de algo mais, eu irei atras desse algo mais - lança um olhar misterioso para o homem - exatamente... tem muita coisa interessante para se fazer - completa a frase dele.

Ela apenas sorriu com o comentário dele sobre seus amigos e nada disse.

- Eu não me interesso pelos assuntos da Fábrica - disse ao dar o último gole em seu café - mas você me parece bem interessado nesse mistério. Qual seria o interesse em um conflito Fabrica-Sociedade? - ela junta as mãos e apoia o queixo nelas - você poderia investigar e voltar aqui para me contar, já que está mais interessado do que eu...   - ela olha um pouco duvidosa para ele - ou foi ela que te mandou aqui para atiçar minha curiosidade?

Deu os ombros para a mulher - Fiquei imaginando qual a razão de uma pergunta causaria tamanho mal estar.

Dá seu último gole no café, olhando se realmente tinha acabado. - Coisas interessantes como decidir que carreira seguir, afinal são tantas opções.

- Meu interesse é somente nas pessoas e unicamente nelas. Prefiro evitar um conflito, menos prejuízos teremos. - se pôs de pé, recolhendo a cadeira de volta na mesa. - Talvez eu tenha finalmente entendido o por quê ela não ter de convidado. - falava com um sorriso no rosto inexpressivo.

- Se não está interessada na fábrica não tem a necessidade de saber o que acontece lá, não é? - verificou se não tinha esquecido nada por entre os bolsos.

Ela observa o homem e nota que suas respostas não eram as esperadas por ele, mas não se importa, já que ela não estava lá para agradar.

- Pra mim não causou mal estar nenhum, mas minha resposta sim... ela não gostou... assim como vejo que você não gostou.

Parece que o que mais o abalou foi o fato dela não ligar para a Fabrica.

- Não me entenda mal quando digo que não ligo para Fabrica, apenas me importo mais com a Sociedade, o lugar onde moro... eu sou uma artista, eu vivo as emoções das pessoas, claro que me importo com elas... maaaaas... você tem todo o direito de achar que sou um péssimo ser humano!

Ela o observa se levantar e levanta-se também, pois já tinha tomado o seu café e sai junto com ele do local.

- Mas sabe de uma coisa - fala antes de se separarem - toda essa comoção me despertou a curiosidade. Vou acompanhar as notícias... talvez eu até passe na universidade para assuntar... tenho uns amigos lá... - ela suspira e estende a mão para ele - foi um prazer conhece-lo, Dave, e desculpe qualquer coisa! - e vai para seu carro.

A mulher talvez não tinha compreendido a moral de toda a conversa gerada até então da psicóloga. Deu um leve suspiro.

- Não é que eu não tenha gostado da resposta. Talvez é você não entendeu a pergunta. - falou de modo a tentar a fazer a garota refletir.

- Cada uma das pessoas da fábrica tem sua importância, eu dou valor a eles igual a você, por mais que não sejam imortais. Você é atriz, consciente da importância na Sociedade, fico feliz por estar conseguindo seguir seu caminho. Espero que consiga trazer emoções a elas. O que não lhe faz uma péssima pessoa.

Amassa o corpinho de café, caminha ao lixo próximo e joga ele fora. Virando e retornando a moça que tinha conversado.

- Foi muito esclarecedor a sua conversa. Se precisar de ajuda ou souber algo pode me procurar que farei questão de atender. - falava enquanto caminha para a porta de saída. - Prazer foi todo meu, Aeesha. Não tem do que desculpar o intrometido fui eu. - deu o aperto de mão, apertado e foi para o carro dele. Iria a fábrica ver a Rose e entender toda a história, além dos planos dela.

— Como imaginado... — sussurrou a mulher ao ver alguns rostos conhecidos por ali. Do local de onde estava, poderia ter uma visão privilegiada de tudo e de todos, e logo conseguiu conhecer as pessoas a qual se referia, começando por Dave (@Okley) que chegava ao local com o ar de "perdido" o que era de se esperar. A final, o convite fora feito diretamente a ele, e ver todas aquelas pessoas quase em "guerra" ali o deixaria imaginando se realmente era importante ou foi apenas mais um dos convidados.

Rose fez questão de ir até sua direção para cumprimenta-lo, com um sincero sorriso em seu rosto, pedia desculpas por toda aquela confusão que o havia envolvido.

— Não imaginei que iria considerar minha oferta. De verdade, estou contente em vê-lo aqui. — ela estendeu a mão para um cumprimento rápido e saiu o guiando pela universidade a dentro.

— Este é o Allen, também está aqui para realizar a seletiva junto comigo. — apresentou-lhe então ao seu amigo. — Allen tornou-se um voluntario na Fabrica a dois anos atrás e hoje me ajuda na elaboração de vários planos, que eu espero que em breve, você também possa estar participando deles.

Ela carregava um ar de esperança em sua voz, como se realmente tivesse grandes planos para Dave.


Enquanto isso, no pátio da Universidade, a situação parecia ficar ainda mais intensa. As pessoas tornara-se agressivas e um verdadeiro confronto começou. Ralph (@isaac-sky) que estava a controle da situação, logo se viu envolvido quando uma enorme pedra quase quebrou o vidro da frente na viatura.

— Você não entende ! Aquelas pessoas são escravas desse sistema corrupto ! São humanos como nós, todos tem o direito a viver livres !! — gritava um dos protestastes.

— Não seja hipócrita ! Você é imortal porque apoiou essa ideia e agora quer que sejamos contra ela ?! A vida é assim amigo, alguns precisam morrer !! — gritavam do outro lado.

A situação ficou ainda mais tensa quando alguém em meio a multidão sacou uma arma e disparou varias vezes para cima.

Ralph sentia-se impaciente com a situação.
"Por que eu tenho que ficar de babá dos mini-revolucionários?"

Mas os tiros ativaram um instinto muito antigo no ex-soldado. O instinto de guerra.
- Eu quero uma tropa de choque aqui agora! - esbravejou no rádio - tiros disparados!

Fechou a porta do carro e correu em direção a origem dos tiros. Com a mão no coldre da arma estava pronto para derrubar e prender o atirador naquele mesmo instante.