“Get up, get out, get away from these liars
´Cause they don't get your soul or your fire
Take my hand, knot your fingers through mine
And we'll walk from this dark room for the last time”
Open Your Eyes – Snow Patrol
´Cause they don't get your soul or your fire
Take my hand, knot your fingers through mine
And we'll walk from this dark room for the last time”
Open Your Eyes – Snow Patrol
O amanhecer acontecia muito antes do sol tocar as planícies e dar seu beijo desperto as espécies e aos espíritos. Para Nimue e Aine, o amanhecer acontecia muito, muito antes dos humanos, Parentes e criaturas abrirem seus olhos para um novo dia. Elas levantavam antes da escuridão derradeira deixar as terras, dando espaço para a iluminação. Levantavam e encontravam-se próximas a nascente de um dos riachos que corriam por ali. Levantavam e sentava-se, e ali, ambas comungavam com os espíritos, meditando até o sol realmente nascer, até ele acordá-las de seu estado de transe.
Nimue viajara de longe, para ser entregue aos cuidados dos Fiannas: não haviam muitas Fúrias Negras naquelas regiões e as poucas que restavam passaram seus conhecimentos a respeito das Tradições e Culturas de suas Tribos, porém, entre as poucas presentes, nenhuma delas tinha nascido na mesma Lua que Nimue e tão pouco nascido lupina. Então, Sussurra-no-Vento ofereceu sua filha mais velha para guiar a jovem Fúria Negra em sua nova missão.
Assim, Nimue conheceu Aine. Uma lupina de pelos alaranjados, que lhe ensinou o que fora lhe ensinado outrora: sobre a sociedade humana, sobre sua missão como Garou, sobre os espíritos, sobre a Umbra e sobre o compromisso que os Theurge deveriam ter com todos os espíritos que existiam na Tellurian ou na Umbra. Aine lhe mostrou a região, as alcateias de lupinos que vivam por ali. Lhe apresentou também os Caerns e os Parentes Humanos, com os quais agora Nimue precisava aprender a se relacionar.
Era verdade que os Fiannas tinham costumes diferentes dos de sua Tribo de berço, mas Nimue procurava respeitar essas diferenças, já que eles lhe abriram suas portas para recebê-la, porém seu contato principal dava-se com a outra Theurge lupina, com quem agora sentava-se à beira das águas geladas e meditava. O sol finalmente as tocava e Aine abriu os olhos. Ali, a jovem encontrava-se em sua forma humana: Aine era magra, de uma pele branca e cabelos longos e alaranjados. Tinha pinturas tribais no rosto e nos braços. Os seios estavam desnudos e envolta de sua cintura, pendia uma saia feita de peles de animais. Os pés descalços carregavam apetrechos xamânicos também. Nos cabelos, Aine tinha penas e ossos emaranhados a enfeites.
Ela se inclinou na direção do rio e com as mãos em concha, juntou a água, levando até o rosto. Borrou boa parte das pinturas feitas, e repetiu a dose até ter um rosto mais limpo, ainda que marcado aqui e ali. Pelo tempo que estava com Aine – cerca de três semanas – Nimue pode notar como a outra Theurge era silenciosa, falava pouco e geralmente apenas o necessário. Mas apesar de nova, a jovem era sabia nas artes dos espíritos e tinha também um bom conhecimento sobre a Nação Garou e sobre como a sociedade humana funcionava. Nimue tinha aprendido bastante, até então.
Aine sentou-se sobre as pernas, observando o amanhecer. - Eu acho que lhe ensinei tudo que poderia lhe ensinar, Nimue. Acredita tu pronta para o Ritual? – Assim como Nimue, Aine ainda falava de maneira estranha a língua dos que caminhavam sob dois pés, em verdade, tinha sido Aine quem ensinara a maior parte das palavras para a jovem Lupina – que também estava aprendendo a escrever e a ler – com alguns Parentes no Caern.
Aine olhou para a jovem Fúria, enquanto movia-se para dentro das águas geladas do lago. Nimue sabia que todas aquelas semanas eram apenas o começo, o inicio de uma caminhada que ainda tinha muitos passos para ser dada. Ela ainda era um filhote e precisava provar-se no Ritual para receber a bênção do primeiro posto. A tarefa de Aine tinha sido instruir Nimue em seu Augúrio e prepará-la para o que lhe aguardava. - Você esta por conta Nimue. - Afirmou a jovem, mergulhando na água, antes de vir a tona de novo e falar. - Eu não esta com você lá, não em carne e ossos e sangue. Eu esta em espírito. Você pronta?