por Cantarzo Seg Jun 12, 2017 4:09 pm
Prólogo: Michel
Tyler nasceu na 4a geração de uma família de músicos em New Orleans. Infelizmente, segundo o pai de Tyler, este tinha pouca aptidão, apesar de grande apreciação, pela música. Não importa qual instrumento ou estilo ele praticasse, ele jamais mostrava evolução.
Sempre foi interessado pelas ciências, principalmente por mecânica. Desde pequeno desmontando seus brinquedos e montando outros diferentes com as peças. Mesmo quando se formou engenheiro seu pai parecia ressentido pela falta de habilidade musical do filho. Tyler considerava a prática de várias áreas da ciência formas de arte: "máquinas, ferramentas e até aparatos eletrônicos são obras de pura criatividade e engenhosidade ."
Porém não importa o quanto se esforçasse pelo respeito do pai, nunca o obteve. Ao mesmo tempo que trabalhava como engenheiro em diversas empresas, adaptou seus conhecimentos científicos para produzir arte propriamente dita. Venerando escultores peculiares, como Da Vinci e Alexander Calder, criava esculturas, móveis de diversos tamanhos e materiais. Mas estas obras não lhe rendiam sustento, apenas prazer e uma tentativa fútil e inconsciente de buscar a aprovação do pai artista.
Tyler se casou cedo, sentia (e ainda sente) um amor recíproco e verdadeiro pela sua amada Sarah. Porém a frustração dele o fez decidir por buscar uma troca na sua profissão e buscar maneiras de ganhar seu sustento e de sua família a partir das suas esculturas. Decidiu que ia viver de sua arte e prover sustento para sua família - Sarah e seu recém nascido filho Jack.
Viajou sozinho, para a frança, para estudar escultura e ter contato com as obras de seus artistas favoritos. Como todo turista que passa pela frança, se encantou com todos os seus aspectos - arte, arquitetura, cultura, gastronomia, urbanismo... Estudou a fase inicial das esculturas de Calder e seu "circo de marionetes". Ainda no 1o mês de sua viagem, foi de Paris para Amboise no vale do Loire para conhecer o museu Da Vinci e foi nesta breve passagem que Tyler encontrou sua maldição. Em uma visita noturna ao castelo de Amboise conheceu a bela Marine...
Imediatamente encantado pela leveza das maneiras da jovem enquanto discutiam sobre uma das esculturas no castelo, foi facilmente persuadido a passear pelos bosques nos arredores da cidade. O tempo todo Tyler se sentia culpado por ter viajado sem Sarah e Jack, mas se convencia que a viagem era para o bem deles e tinha certeza que jamais teria outra mulher, mas naquela noite de lua crescente em um bosque no sul da frança, parecia que nada mais importava, que a noite não iria acabar e que apenas ele e Marine existiam. Se lembra claramente do beijo e da pele gelada de Marine, mas a partir daí tudo não passa de um borrão, um pesadelo confuso. Acordou em um quarto barato de motel, ao seu lado Marine chorava, lágrimas vermelhas que pareciam sangue. Ela pedia perdão dizendo que não sabia por que tinha feito aquilo. Dizia que não tinha intenção de matá-lo mas que depois de perder o controle, não podia deixar que o mundo perdesse uma alma bela, ingênua e dedicada as artes morrer por um acidente, um descuido.
Tyler passou o restante de sua viagem com Marine. No início não sem importava com mais nada, queria apenas mais tempo com ela, com sua presença intoxicante, queria saber mais sobre ela e sobre essa nova condição. Ela passou algumas breves semanas explicando as leis e tradições da sua sociedade e até apresentou Tyler para alguns outros que ela chamava por vezes de membros e por outras de amaldiçoados. Ele aprendeu que é membro do clan Toreador, uma distinta linha de artistas. Reconhecimento chega das maneiras mais estranhas e irônicas." Marine parecia ter forte influência sobre os membros da cidade de Orleans, onde segundo ela uma grande quantidade de membros residia.
Uma noite Marine havia sumido, deixando apenas para ele um cinzel de escultor de prata, talhado com uma rosa em baixo relevo. Uma ferramenta de um escultor feita de algfuma liga de prata enrolada uma carta escrita apenas "pardon".
Estranhamente toda aquela paixão e admiração de Tyler por ela havia sumido, como uma mágica, apenas um rancor pela bela imagem mental que tinha dela. Lembrou de Sarah e Jack, do que havia deixado para trás por causa dela e sabia que jamais poderia voltar para a sua antiga vida.
Viajou para Nice e conseguiu subornar o capitão de um pequeno navio a leva-lo de volta para a américa. Ao longo de sua viagem conheceu pessoas na tripulação que lhe deram documentos espanhois de um homem chamado Michel de la Vega. Esta seria a sua nova identidade. Ao atracar no porto de Nova Orleans a tripulação informou as autoridades sobre a morte do viajante Tyler que havia embarcado em Nice e que seu corpo havia se perdido no oceano. Ao tempo em que Michel desembarcou e adentrou na noite de nova Orleans.
Alugou um pequeno galpão com porão na área industrial próxima ao porto e fez seu covil para passar as horas do dia. Nos dias seguintes esteve do lado de fora de sua antiga casa onde viu de longe Sarah e Jack e chorou lágrimas de sangue ao ver o sofrimento deles. Disse para si mesmo que ainda iria garantir o sustento deles mas que agora faria da sua maneira.
Passou as noites dos próximos meses trabalhando nas suas esculturas e depois de ter um acervo inicial, barganhou por espaço nas exposições e eventos locais. Ganhou dinheiro rapidamente e notou que seu sucesso não se dava apenas pelo seu ofício, mas principalmente pela sua habilidade social. Após meses com uma renda respeitável, começou a depositar dinheiro na conta bancária de Sarah, disfarçando com o nome de um seguro de vida. guardava apenas um mínimo par a sua sobrevivência, afinal não precisa mais de comida ou água potável, nem vinhos nem plano de saúde.
O sucesso de Michel atraiu a atenção de muitos mortais e por fim dos membros da cidade. O zelador da Camarilla o encontrou se alimentando de uma garçonete em um beco nos fundos de uma galeria de arte e o intimou para se apresentar ao príncipe (não são pessoas que você localiza pelo google). Michel conhecia as tradições, mas não conhecia os membros da cidade, muito menos as suas regras específicas, como a da proibição de se alimentar diretamente dos mortais.
Em outras circunstâncias sabia que um membro "clandestino" não apresentado ao príncipe seria eliminado ou expulso, mas outros membros, principalmente os de seu clan rogaram pela sua absolvição - Michel ainda não sabe dizer se prezavam a sua arte ou se apenas simpatizaram com seu carisma natural.
Passou noites racionalizando sobre sua arte, e sobre o que é beleza, e considerou uma tragédia as regras dos cainitas da cidade. Claro que pode ver os benefícios, mas um vampiro impedido de caçar é como um pássaro engaiolado que também não canta.
Tentar se adaptar as demandas de outros jamais surtiu bons resultados para Tyler e Michel se recusa a se adequar. Claro que fará de tudo para não ser pego e para sobreviver, mas fará o possível para continuar se alimentando de mortais. "Continuarei sob meus termos, devo lealdade apenas a Sarah e Jack".
Michel terá prazer todas as noite que conseguir seduzir e se alimentar de uma bela mulher nas noites quentes de Nova Orleans - e não for descoberto. Apenas o amor por Sarah e Jack poderá lhe dará força de vontade e colocará freios nos seus anseios e mantendo o reinado de sua humanidade sobre a besta.
Todas as noites ele sofre imaginando se um dia terá oportunidade e coragem de revelar a verdade para seu amor e pedir perdão pelo sofrimento que ainda causa. Ao mesmo que o sofrimento e a saudade atrasam o seu trabalho, o sofrimento é o que lhe permite imprimir emoção nas suas "esculturas".