JOGADOR: Howling Wolf
- Spoiler:
Nome: Murilo Murilo
Sexo: Masculino
Idade: 18
Origem: Reino de Astoth
Raça: Humano
Tendência: Benevolente
Classe: Mendigo
Atributos
Força: 3
Destreza: 3
Constituição: 3
Inteligência: 1
Sabedoria: 1
Carisma: 1
Atributos secundários
Movimento (MV): 6
Pontos de Vida (PV): 35 (23 + 12 por vantagem)
Pontos de Energia (PE): 20 (14 + 6 por vantagem)
Redução de dano (RD): -
Perícias:
(10 pontos + 2 por bônus de raça)
Tolerância: 3
Equilíbrio: 2
Escalar: 2
Correr: 2
Arte da fuga: 3
Desvantagens:
Imbecil (-1)
Estigmatizado (-1)
Miserável (-1)
Vantagens:
Imunidade a doença (1)
Estômago de ferro (1)
Imunidade a venenos (1)
Energia Extra (3)
Pontos de Vida Extra (2)
Pertences:
Wilson, a espada bonita (Lâmina Grande)
Aparência:
Das centenas de predicados possíveis que uma pessoa pode receber, aquele que o destino tratou de conceber a Murilo Murilo foi único: horrível. Horrível da cabeça ao cérebro. De cabelos escuros e sujos, de olhos escuros e burros. Sua pele é tão sarnenta que há tempos nem sequer o pobre rapaz, e quanto menos aqueles que o observam de longe, sabem o que ali é marca de nascença e o que ali é apenas sujeira impregnada; seus banhos de mar nunca são o suficiente para limpá-lo. Quanto ao seu tom de pele, a verdade é ainda mais desastrosa: ninguém realmente sabe se Murilo é um homem branco ou um homem moreno, pois toda a morenice que esbanja carrega um fedor assassino de lixo.
Em poucas palavras, as damas que o veem assustam-se, e as crianças que o olham riem. Nem o mais disforme Orc é capaz de considerá-lo um irmão, nem o mais humilde homem é capaz de considerá-lo um ser vivo dotado de coração pulsante. Murilo Murilo não agrada nem mosquito!
Personalidade:
Das centenas de predicados possíveis que uma pessoa pode receber, aquele que o destino tratou de conceber a Murilo Murilo foi único: jumento. O pobre coitado não tem o menor traço positivo, nem por fora nem por dentro. É verdade que em seu coração ele é tão inocente e tão benevolente como qualquer criança de cinco ou seis anos, mas não há competência nem possibilidade para ele exercer essa bondade, tornando-o unicamente um bolo de carne que se move sem destino, sem nem sequer ser capaz de buscar um destino.
Murilo é burro. Nunca estudou, nunca aprendeu a ler, e se tem a capacidade de contar números ninguém teve coragem de chegar perto o suficiente para descobrir. Por mais que seja um imbecil, contudo, ainda opta Murilo por seguir a lei, pois aprendeu com sua mãe que nunca se deve fazer o errado. Teria ele sucesso se tentasse a política? Com efeito, muito provavelmente sim, mas como dito ele não é capaz de quebrar a lei, porque "mamãe não deixa."
Vítima de retardo mental crônico, ele não tem capacidade nem para sofrer com isso. Sua alegria está em subir nas árvores e imitar os passarinhos, em pular nas folhas secas e sentir os vermes de sabor azedo e os vermes de sabor docinho correndo pela sua pele, em encontrar na lata de lixo um grande e delicioso pedaço de pão esquecido. Ah, sim, comia do lixo, ou da terra, pois fora disso era impossível achar alimento. E gozava da saúde de ferro de um cão!
Wilson, a espada bonita!
Apelidara-a de Wilson, a espada bonita! Claro, não andava com ela por aí, pois mamãe não deixa, então tinha de deixá-la enterrada embaixo da árvore de flores amarelas, um dos lugares onde Murilo mais gosta de dormir. Volta e meia desenterrava-a só para ver o quão era bonita, e o quão era somente dele: uma linda espada que era somente dele. Será que havia guerreiros lendários que trajavam roupas tão desbotadas? Perguntava-se isso, pobrezinho, com o fétido brilho de um imbecil que tenta ser sonhador. Nunca empunhou a arma nem para balançá-la no ar, sabia que sua mãe ficaria muito brava se ele fizesse isso, mas mesmo assim adorava grandemente ficar a olhando. Wilson, a espada bonita, era o único pertence de Murilo além de suas roupas rasgadas, e quando fosse adulto ele até se casaria com ela.
História:
Murilo é um jumento, um imbecil, um retardado, um horrendo, um que só não morreu ainda porque ninguém se preocupa em matá-lo e porque de algum jeito comer tanta sujeira fez com que seu estômago virasse o estômago de um rato, ou mesmo de um avestruz.
Nasceu há 18 anos, filho de uma pobríssima família cujo nome é ignorado, vítima de um retardo mental que a medicina da época é incapaz de averiguar. Sua mãe morreu no parto, e depois de sete anos, dois anos depois de começar a ser tocado pelo seu pai, fugiu correndo no meio de uma noite chuvosa para nunca mais ser encontrado. Detestava ser tocado pelo seu pai. Para tão longe fugiu, e tão sem nem sequer olhar para trás, que jamais ficou sabendo que seu pai acabara morrendo poucas semanas depois, assassinado por mercenários contratados por um comerciante qualquer (difícil era saber qual das inúmeras dívidas do homem fora responsável pela tragédia). Murilo nunca pensou nisso, não se dá conta de que o que tinha era uma família e não sentia empatia pelo antigo pai, mas até hoje sofre por lembrar do que acontecia quando ele fazia algo de errado: se mexia onde não devia, era tocado; se falava o que não devia, era tocado; se sugerisse que fizessem alguma coisa de errado, também era tocado. Aconteceu tantas vezes que o garoto era capaz de jurar que de vez em quando era tocado sem que houvesse nenhum motivo. Seu pai sempre dizia: “Mamãe não deixa, agora vai ter de ser a mamãe.”
Quem era mamãe, afinal de contas? Mais tarde aprendeu que mamãe é a mulher que cuida de algumas crianças, mas não devia ser dessa mamãe que seu pai falava. Algumas palavras são assim, têm vários significados, como “jumento”: servia tanto para designar o animal como para designar o menino. Ele gostava mais da palavra “pata”, porque fazia quá quá e também era o pezinho dos animais da floresta. Cresceu Murilo sem saber que cresceu, e por precisar de um sobrenome inventou que era Murilo, donde Murilo Murilo.
Aconteceu quando um religioso veio conversar com ele, numa época em que ainda não fedia muito. Perguntou se queria ajuda, se queria seguir a Palavra, e perguntou qual era o seu sobrenome. Murilo respondeu que não sabia que ajuda podia precisar, pois ele quem escolhera deixar sua casa, e também que não era muito bom com palavras para poder seguir alguma. Quanto ao sobrenome, ao responder repetitivamente que era Murilo, o religioso irritou-se e perguntou: “Seu nome é Murilo Murilo Murilo Murilo, diabo??”, no que Murilo respondeu que sim, já que não queria ser abusado, e viu o religioso indo embora o amaldiçoando. Mais tarde decidiu: Murilo Murilo Murilo Murilo é longo demais, prefiro que seja apenas Murilo Murilo. É chique quando a pessoa tem só um sobrenome, fica parecendo até personagem de história bonita. Murilo Murilo queria fazer parte de história bonita. Ser chamado assim ia até ser conveniente, no final das contas, pois aquela era a única palavra que sabia escrever!
Sobre moradia, é claro que não possuía muito; e com efeito preferia ficar distante de qualquer moradia, pois quando ia para lá as pessoas ficavam tristes devido ao seu cheiro. Até tomava banhos para resolver isso, mas era sempre no mar, e seu cheiro nunca saía, aquilo só adiantava para deixar a sua pele salgada. Quando chovia a pele não ficava salgada, mas também não adiantava muito. Ainda assim Murilo era feliz, mesmo que só por não ter cabeça para ser triste. E por ser feliz, apesar de todas as adversidades, na realidade sem notar essas adversidades, acabava por sempre desejar o bem de todos, sem ter ódio nenhum no coração, sendo um típico otimista de coração puro, ainda que solitário, e é daí que tirava o seu maior sonho: ver as pessoas felizes.
Sempre que ele estava por perto, as pessoas se entristeciam, mas mesmo quando ele não estava por perto era capaz de ver as pessoas tristes. Pescadores gritando no mar, gente brigando nos bares, mulheres apanhando de seus maridos... Será que tinha de ser assim aquele mundo? Será que não havia nenhuma outra opção?
Fedia, não pensava, nunca tivera uma virgindade, nunca tivera uma família, e a única palavra que conseguia escrever era Murilo, mas de uma coisa sabia muito bem: as pessoas seriam mais felizes se provassem dos vermes azedinhos e dos vermes docinhos.