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    Nothing Left To Lose

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    Mensagem por Bastet Sáb Jul 08, 2017 3:17 pm






    Giovanna Fazzari - @Hakaze
    #
       
    Nothing Left To Lose ♪♪

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    Mensagem por Bastet Sáb Jul 08, 2017 3:25 pm


    Apesar de toda rebeldia apresentada por Giovanna ao se mudar para Manhattan, a jovem estava tendo uma vida muito boa, desde que se instalara ali. Como havia chegado no início das férias de verão, teve bastante tempo para conhecer a cidade, os pontos turísticos, os cafés e até mesmo algumas boates com seguranças que gostavam de um suborno, deixando adolescentes entrarem. Com isso, conheceu meia dúzia de pessoas, com quem passara a andar e ajudaram ela a revelar seu “novo estilo”... A contragosto dos pais.

    [...]

    O único momento que passara com seus pais, naquelas férias, foi quando, dois dias antes das aulas começarem, foram até a escola. Primeiro ela falou com o diretor sozinha, fazendo uma breve entrevista, depois teve de deixar os pais lá, enquanto aguardava na sala de espera. A senhorinha que estava lá a chamou, entregando alguns formulários para ela preencher e dois folhetos informativos: um deles, falava sobre o baile histórico que teriam no primeiro dia de aula, com fantasias históricas – no papel tinha um email, caso ela quisesse confirmar a fantasia e garantir que ninguém se vestisse igual a ela; no segundo, tinha disponível os horários dela no próximo semestre, junto com o telefone e email dos professores que dariam aula para ela.

    Após isso, a menina deu uma volta na escola, esbarrando com seu novo crush proibido: o professor de literatura. Com uma breve pesquisa na internet, pelo smartphone, conseguiu identificar quem era o crush na lista de professores e marcou, com um coraçãozinho, o nome dele no papel, guardando o mesmo no bolso do jeans.

    [...]

    Quando a visita terminou, a mãe sugeriu que fossem comer juntos e, talvez, ver um filme... Mas a menina negou prontamente, dizendo que não podia ser vista saindo com os pais. Ligou para alguns amigos, descobrindo que estavam em um bar no Brooklyn, e pediu um Uber, seguindo até lá.  Todos já estavam meio bêbados e o bar não parecia nada cool, mas ela acabou ficando, pois aquela gente era “igual” ela... Ou ao menos era o que queria acreditar.

    Pouco tempo depois, tudo ficou confuso. Uma briga começou no local, não muito longe dela. E, como em toda briga de bar, a pancadaria se estendeu a todos os machos com álcool o suficiente no sangue para sair batendo em qualquer um, sem saber o motivo. Giovanna viu um policial entrar no local, no mesmo momento em que um cotovelo aleatório a atingiu diretamente no olho, fazendo a menina cair, tonta.

    Não demorou até a confusão ser contida, os agressores serem detidos... E os menores serem levados à delegacia, para esperarem por um responsável e depor, em seguida, sobre a venda de bebidas pra menores e sobre a confusão. Giovanna estava entre eles. [...] Chegando lá, tiraram a bolsa e o celular dela, a levando, junto aos amigos, para uma sala com alguns telefones.

    - Liguem para um responsável. Não me importo quem seja. – o policial disse de má vontade, claramente odiando ter de tomar conta de um bando de crianças. Quando chegou a vez da menina, ela entrou em desespero. Só lembrava do telefone da mãe, de cor. Não podia ligar para ela, podia?

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    Mensagem por Hakaze Dom Jul 09, 2017 6:08 am



    A noite começa com um pressentimento ruim ao ver o local de encontro. Mas a companhia parecia fazer o lugar valer a pena. A conversa e as brincadeiras fluíam tão agradavelmente, que quando me dei conta, eu já estava falando alto e rindo à toa devido a bebida.

    Seria possível terminar a noite bem apesar do lugar, mas logo um tumulto tomou o bar. Porem, só tive noção da gravidade do ocorrido quando um policial apareceu. Lembro-me de pensar que devia deixar o local o mais rápido possível e quando tentei levanta senti uma dor aguda no meu olho e em seguida minha visão ficou turva.  Só conseguia lembrar do oficial me levantando do chão. A partir dai, não lembrava de mais nada, nem como a confusão terminou, nem como cheguei a NYDP.

    Assim que ouviu os dizeres insatisfeitos do policial, instintivamente procurei pelo meu celular, para então perceber que todos os meu pertences haviam desaparecidos. Não demorou para as preocupações ocuparem minha mente. E todo o arrependimento por não sair com meus pais pareciam deixar tudo pior. Poderia estar em casa conversando com Antonella sobre o novo professor. Mas eu tinha que ter ido para o bar. Eu sabia que algo ia dar errado naquele lugar, mas não... Burra, burra, burra!!

    Quando fui chamada para telefonar meu coração parecia que ia sair do peito. Parei e encarei o telefone por um longo minuto repensando o que poderia fazer para amenizar toda aquela situação diante dos meus pais. Afinal, isso era tudo que a mamãe precisava para dizer que estou errada e ela certa. Cogitei até mesmo tentar subornar o policial ao meu lado, mas isso poderia piorar as coisas. E mesmo que um milagre acontecesse, ainda teria que explicar esse olho que provavelmente estava roxo.

    — Desculpe a demora, senhor oficial. Sou nova na cidade e sem meu celular não tenho certeza do numero de casa. — Disse ao policial ao sentir seu olhar de desaprovação. Respirei fundo para ganhar coragem e lentamente liguei para minha mãe.

    — Alô, mãe? Poderia vir me buscar na delegacia? Tchau. — Desliguei antes que começassem as perguntas. Não queria ouvir tudo por telefone e depois a mesma bronca em casa. Voltei ao meu lugar e sentei-me já me preparando para a bronca e para o castigo, que com certeza não seria nada agradável.
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    Mensagem por Bastet Seg Jul 10, 2017 7:18 pm


    O oficial que estava na sala com os amigos apenas ignorou o comentário dela sobre ser nova na cidade e blablabla, apressando para que ela fizesse logo a ligação. Após ela o fazer, foi instruída a voltar para a cela com os outros. Era uma cela separada, claro, por serem menores de idade, mas ainda sim, um lugar frio, sem conforto e relativamente pequeno... Mas, o pior de tudo era o “banheiro”, uma privada no canto da cela, sem nenhuma privacidade.

    [...]

    Durante as próximas horas, veria todos os amigos serem liberados, quando algum responsável chegava, mas não ela. A mãe não apareceu para buscar a menina naquela noite, nem na manhã seguinte. Ela passou a noite sozinha naquele lugar, tendo de dormir em uma cama de concreto, sem colchão e com uma coberta muito fina. Pela manhã, a única refeição que recebera foi um pote de mingau de procedência duvidosa, com copo vazio – caso quisesse água, teria de encher da torneira enferrujada perto do vaso sanitário.

    Nenhum policial daria bola para ela, caso pedisse pra falar novamente com a mãe ou tentasse os subornar. Parecia um pesadelo frio, sujo e sem glamour. Os amigos também não voltaram para saber como ela estava.

    [...]

    Perto da hora do almoço, um policial abriu a cela. – Vamos, sua mãe está aqui – disse e logo a levou até uma salinha, onde a mãe a advogada estavam. A mãe não dirigiu nenhuma palavra para a menina. A advogada instruiu sobre o depoimento e, depois de meia hora, tudo estava finalizado. As coisas da menina foram devolvidas, mas a bolsa dela ficou com a mãe, que saiu andando sem falar nada, até o carro.

    Esperou que ela entrasse e mandou o motorista dar partida, abrindo a bolsa da menina e pegando o celular, o dinheiro e os cartões na carteira dela, depois devolvendo. Tirou da própria bolsa um celular muito antigo e simples, longe de ser um smartphone, e um cartão de ônibus; estendendo para ela em seguida.

    - Amanhã você tem aula. Dê seu jeito para ir. Não me importo com qualquer merda que você faça, mas não me acorde mais no meio da noite. Estou farta da sua rebeldia sem sentido, Giovanna – disse, e logo continuou – Devolvemos o vestido que comprou para o baile do seu colégio. Você tem muitas roupas, tenho certeza que dará um jeito de fazer uma fantasia a partir delas – e logo a mulher colocou os fones de ouvido, ignorando qualquer protesto. O baile do colégio era o evento que ela estava mais esperando, pois sabia que sua fantasia histórica era linda e que iria entrar para aquele colégio arrasando.

    O caminho de volta para casa foi silencioso, dando tempo para a menina pensar. Nunca havia visto a mãe daquela forma, era bem pior do que ela brigando e machucava bastante.

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    Mensagem por Hakaze Seg Jul 10, 2017 9:40 pm



    O clima na cela era horrível, todos cabisbaixos e o local parecia ficar cada vez mais frio conforme a hora ia passando. E pareceu ficar ainda mais frio conforme um a um iam embora. Até o momento em que a solidão superou o frio. Enrolei-me naquela coberta e deitei esperando minha mãe aparecer, mas em algum momento acabei adormecendo.

    Pela manha fui acordada abruptamente por um guarda que batia nas grades com uma comida estranha e um copo. Mesmo sem fome levantei-me e peguei sem proferir nem uma palavra e voltei a sentar e deixei a comida de lado. Nunca havia sentido uma tristeza tão grande, sei que estava errada, mas não imaginava que seria abandonada em uma cela fria. A partir daquele momento não consegui mais me conter, comecei a chorar como nunca em minha vida.

    Após algumas horas de lamuria, solidão e lágrimas, finalmente uma noticia boa. O guarda conduziu-me até uma pequena sala onde minha mãe esperava ao lado de uma mulher. Imediatamente corri até ela e a abracei. — MÃE... — Nesse momento desabei em lágrimas, nem ao menos percebi sua atitude fria para comigo. Até mesmo sujei sua blusa com minha maquiagem.

    Só me dei conta, sobre o tamanho da decepção dela quando que se dirigia a mim era a advogada. O tempo naquela sala, por menor que fosse, foi pior que a noite na sela. Depois de todo procedimento, fui liberada, mas antes que pudesse reaver minhas coisas, minha mãe já as tinha sobre sua posse.

    Assim que entrei no carro vi todas as minhas coisas serem confiscadas e substituídas. Porem, ela finalmente falava comigo, naquele momento imaginei que a bronca teria inicio, mas eu estava enganada. — Ok... — Respondi sem coragem de olhar para sua face e logo após o silencio era restaurado. Eu pensava que aquela tinha sido a pior noite da minha vida. Mas a volta pra casa mostrou que eu estava completamente enganada.

    Naquele momento não me importava mais com o baile. Aquele desprezo era a pior coisa do mundo e fazia o caminho de volta para casa levar uma eternidade. Ao chegar em casa, corri para o banho, abri o chuveiro e sentei-me no chão onde mais uma vez chorei por longos minutos. Depois do banho olhei no espelho para ver o estrago causado pelo golpe que havia levado. Em seguida fiz uma compressa fria e espera que desse resultado, no mais, teria que disfarçar com maquiagem.

    De volta ao quarto, não tinha animo para nada, apenas fiquei deitada olhando para o teto pensando no ocorrido e imaginando o que aconteceria quando o papai batesse a porta. Depois das atitudes da mamãe, eu já não sabia mais o que esperar. Ainda mais dele.

    Depois de um longo tempo de reflexão, levantei-me e fui até o computador. Naquele momento precisava conversar com alguém e não conseguia pensar em ninguém melhor que minha melhor amiga Antonella.
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    Mensagem por Bastet Qua Jul 12, 2017 11:56 pm


    A mãe da menina também estava bastante chateada. Apesar da postura inflexível, se culpava por tudo aquilo. Não entendia como uma jovem tão bonita, tranquila e feliz havia se tornado... Aquilo, que a filha vinha se transformando após a mudança para Manhattan. Era culpa dela? Havia feito algo errado? A mulher se perguntava todas as noites, quando acabava dormindo no sofá, esperando a filha, que estava sabe-se lá aonde. O marido dizia ser uma fase, para deixar a menina fazer o que queria... Mas, quando a mulher seguiu esse conselho, acabou tendo de buscar a filha em uma delegacia. E onde estava o marido? Em uma viagem de negócios, como sempre.

    A mulher teve de ser muito forte para resistir ao abraço da filha, chorando daquela forma, mas agora a educaria da forma que achava certo. A menina aprenderia da maneira mais difícil que, por trás de todo ato de rebeldia infundada, havia uma consequência bem ruim.

    [...]  

    Quando chegou em casa e foi direto para o banheiro, Giovanna veria o olho bem roxo. Como não havia colocado gelo logo após a pancada, o hematoma havia crescido e ficado em um tom roxo escuro, que seria difícil até mesmo de esconder com maquiagem, mas que a menina pensou conseguir dar um jeito. Enquanto se olhava no espelho, pensava em tudo o que havia feito, nas atitudes da mãe e, pior, no que seu pai iria fazer. Ele sempre fora muito amigo dela, mas não costumava tolerar grandes inconsequências. Enquanto ela apenas tava revoltada “com o mundo” e em seu facebook, ele resolveu dar espaço... Mas será que continuaria assim, após aquilo?

    [...]

    O clima estava bem abafado, por isso, a menina pegou o notebook e se sentou na janela, esperando ele ligar e olhando para fora. Moravam em um condomínio bonito, com casas enormes e com jardins maravilhosos, além de áreas de lazer por todo lado. A casa logo na frente da dela estava pra alugar, mas, naquela noite, um carro conhecido estava parado na garagem dela. Era o carro do pai. Por um momento, a menina pensou que ele havia se confundido de casa, mas logo veria o pai saindo com um homem pela porta, conversando como se fosse íntimo. Atrás dos dois, uma menininha de uns 8 anos saiu, pulando de uma pedra para outra do jardim.

    Aquilo chamaria a atenção de Giovanna... Principalmente quando reconheceu o amigo do pai. Era o professor que vira na escola, com uma roupa bem menos formal. Ele parecia ainda mais jovem sem as roupas engomadinhas que usava no colégio. Não devia passar dos 25 anos. O que ele estava fazendo ali? Desde quando o seu pai conhecia ele? Quem era aquela menininha no jardim? Por que estavam tirando a placa de “aluga-se” do gramado?

    Várias dúvidas vinham em sua mente até que duas coisas apitaram. A primeira, foi a amiga Antonella, que, após o PC ligar, a chamou pelo chat do Skype... A segunda, foi um novo match no Tinder que havia criado, mentindo a idade, claro. Lá, tinha “21 anos e queria viver a vida de forma livre”, a maquiagem certamente a ajudara a parecer mais velha. O Match era com um tal de  Jared, há menos  quilômetro de distância... Com o rostinho conhecido de seu professor. Será que era mesmo ele?  
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    Mensagem por Hakaze Qui Jul 13, 2017 4:10 pm



    Apreciava a vista da janela de meu quarto, quando avistei um carro familiar na casa da frente. Antes mesmo de me questionar sobre o que papai estava fazendo naquela casa, tive uma sensação ruim imaginando a bronca que viria e um novo possível castigo. Contudo, porque ele estaria não casa vizinha? E logo obtive uma resposta. Pela forma que conversava com o homem ao sair da casa, tudo indicava que eram amigos e que papai estava o ajudando com a nova casa.

    Logo atrás deles, uma garotinha surgia brincando. Daquela distancia reconhecia meu pai pelos trejeitos, mas mal conseguia visualizar as feições do outro homem e da garota. Fui rapidamente até a escrivaninha e peguei meus óculos. De volta a janela, agora podendo enxergar de longe, fiquei pasma ao reconhecer o amigo do papai. Varias perguntas vinham a minha mente, mas naquele momento só queria ir me apresentar ao novo vizinho.

    Assim que vi a placa de aluga-se sendo retirada do gramado, deixei tudo de lado e corri para a penteadeira, tentei amenizar aquele roxo horrível no meu olho. Mas logo o skype e o celular chamavam minha atenção. Rapidamente respondi Antonella.

    Giovanna says: Vizinho gato, até depois.

    Em seguida, ao olhar o celular tive minha segunda surpresa da noite, o match parecia ser com o professor agora vizinho. Rapidamente mandei-lhe um singelo oi.

    Jared
    YOU MATCHED WITH JARED ON X/X/XX
                                               Oi, Jared!

    Tendo em vista que aquele olho roxo era um empecilho, terminei a maquiagem e cobri o olho com a franja torcendo para que o professor não reparasse, mas já pensando em uma desculpa caso o oposto ocorresse. Tentando ser rápida, pois sabia que ao momento que a porta do quarto se abrisse, eu não poderia mais sair. Cheguei até mesmo a esquecer o celular em cima da cama, devido à pressa. Desci as escadas fui até a geladeira procurando por uma sobremesa para usar de desculpa para dar as boas vindas ao novo vizinho, não que isso fosse me impedir de ir até lá.

    Sorrateiramente sai pela porta de trás para não encontrar meus pais. Dei a volta e procurei pelo meu pai, assim que constatei que ele não estava por ali e muito menos no vizinho, fui rapidamente até a porta do vizinho e toquei a campainha. Antes que ele atendesse, respirei fundo e ajeitei minhas roupas. Confesso que por dentro estava eufórica, sinal disso era aquele sorriso bobo que não conseguia tirar da minha face.
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