[!ON!] PACIENTE TOM SULLIVAN (0042017)

Miranda Bailey estava naquela manhã orientando seus residentes, com o seu jeito autóritário e disciplinado, buscava tirar deles o melhor que pudesse haver em cada um, mas sem permitir que a vaidade se sobressaísse ao trabalho. Ela gostava de ter novos residentes a cada ano e poder ajudá-los a serem os melhores médicos no futuro. Também estavam ali presentes Márcia e Sylvia, as residentes que vieram com o Dr. Rodolpho para a implantação do programa de saúde da família. Foi quando o bipe do seu pager tocou para que comparecesse à ala de doentes crônicos, pois havia chegado um paciente precisando de assistência urgente.

- Drª Fontanelle e Drª Bunderbeadt me acompanhem, os outros dividam-se para os seus respectivos setores. NÃO ME CHAMEM A NÃO SER QUE ESTEJAM EM CASO DE VIDA OU MORTE, ENTENDIDO? - ordenou com seu jeito característico e seguiu pelo corretor com as duas residentes.

Chegando na ala, foi surpreendida por uma grande quantidade de pessoas obstruindo o corredor. - Mas o que está acontecendo aqui? - interpelou, tentando abrir espaço para ver. - Minha nossa! - foi só o que conseguiu dizer ao ver um homem obeso instalado em duas macas no corretor do hospital, provavelmente por não conseguir passar pela porta do apartamento de internação. Aparentava ter aproximadamente 45 anos de idade apresentava marcas escuras na pele, inerentes ao estado de obesidade, bem como entre as dobras de gordura do abdômen pareciam haver fungos e verrugas. O homem não andava e estava acompanhado de sua esposa, também obesa, mas menos do que ele.

- Doutoras, chamem o nosso chefe de programa de saúde da família, temos muito trabalho a fazer por aqui! - solicitou Drª Bailey.

Imediatamente após as instruções da Dra. Bailey, a Dra. Márcia pede para Dra. Sylvia ligar para Dr. Rodolpho e aproxima-se do paciente, tira do bolso uma lanterna-caneta e observa os olhos do Sr. Tom e depois o ausculta demoradamente, por fim pega um paquímetro e mede o tônus e espessura da pele e observa as afecções de sua pele também, puxa um caderninho e faz diversas anotações, enquanto isto Sylvia termina a ligação e diz para Márcia que o mestre está vindo e procura a esposa do paciente e inicia uma pequena anamnese, recolhendo informações sobre medicações, internações e cardápio diário da família. Faz suas anotações e pega alguns exames que a senhora tira da bolsa e começa a sublinhar várias passagens que acha importante.

Neste momento, chega com toda classe que lhe é peculiar e com um sorriso que acalma a todos o Dr. Rodolpho que se dirige a suas residentes e as reúne num canto e fala: - Por favor, alimentem meus neurônios. - e se vira para Sylvia, ouvindo seu relatório e depois ouve o relatório da Dra. Márcia e comanda: - Dra. Márcia Inicie o itraconazol imediatamente, e chame alguém da cardiologia e da endocrinologia para avaliar o risco cirúrgico e dimensionar o comprometimento da síndrome metabólica, Dra. Sylvia, comunique-se com a cirurgia geral e a cirurgia plástica, precisamos operar este homem imediatamente, ele está à beira de um colapso, não temos tempo a perder, precisamos de um plano de retirada de pele paralelo à bariátrica, consulte a técnica que o cirurgião abdominal está mais familiarizado, gostaria de conversar com ele sobre a vantagem de um by-pass intestinal sobre a técnica de capela neste caso. - as duas doutoras vão correndo com os celulares nervosos ao ouvido.

O Dr. Rodolpho agora mais livre do sufoco inicial do caso, aproxima-se da esposa do paciente e a leva para junto do Sr. Tom e se apresenta para os dois, - Sou Doutor Rodolpho Breckenfeld, sou o médico responsável pela condução clínica do seu caso, porém estou coordenando uma cirurgia de emergência para intervir na sua saúde radicalmente e talvez definitivamente, não teremos tempo para um pré-cirúrgico ideal, porém teremos um pós-cirúrgico delicado e decisivo para sua recuperação, posso contar com sua colaboração? Preciso que assine esta autorização e a hora das perguntas é agora. Marcaremos uma consulta para a senhora assim que passarmos esta pequena urgência, está bem senhora? Aliás ainda não sei o seu nome e por sinal gostaria de marcar sua consulta na sua própria casa, é possível? Passe-me seu endereço, sei que está na ficha do seu marido, mas prefiro saber da senhora mesmo, não é melhor?

Logo que o médico chegou, com muita presteza começou a dar as coordenadas às suas residentes e Miranda acompanhava de perto auxiliando nos procedimentos. Quando Dr. Rodolpho pediu para a residente Sylvia contatar a cirurgia geral e a cirurgia plástica, Drª Bailey interviu, pois achava melhor que ela própria fizesse a contatação:

- Não, Drª Sylvia, fique aqui que eu mesma entro em contato com eles e com a cardiologia, acho que vamos precisar do Dr. Reed aqui também. - afirmou, saindo para resolver tudo e trazer os médicos o mais rápido possível.

---

Tom estava nervoso e assustado. Sentia-se mal, enjoado, tonto e só pensava no quanto errou em não cuidar da saúde. Quando ficou desempregado acomodou-se e descontou tudo na comida, chegando ao estado de obesidade mórbida que o levou àquela fatídica situação.

Respondia as perguntas do Dr. Rodolpho com a ajuda da sua esposa, que também precisaria de acompanhamento para que não evoluísse a obesidade ao ponto que ele já estava, Tom se preocupava muito com isso e demonstrou ao médico que gostaria muito que a esposa recebesse os devidos cuidados.

- Me chamo Elza Sullivan, pode ficar à vontade doutor, tudo o que for preciso para ajudar no tratamento. - respondeu a esposa de Tom, muito solícita, oferecendo todas as informações que lhe eram solicitadas.

Dr. Rodolpho estava muito satisfeito com as reações da senhora Sullivan, principalmente por ela ter o nome da sua Avó, sua querida nona, a vovó Elza Fernandes, que no colo lhe ensinava os deveres da escola, quando pequeno em Recife e esse elo fez sentir uma simpatia imediata pela senhora Sullivan.

Também o fato de suas informações precisas e sua alegria em saber que seu marido tinha uma chance, o tinham cativado e colocando uma responsabilidade a mais no seu dever de conduzir bem aquele caso. Marcia era muito boa nestes contatos domiciliares, e com certeza se comportaria com maestria na condução deste caso, mas ele sentia que devia conduzi-lo a quatro mãos com ela e ele sabia que seus extintos não se enganavam nunca.

Virou-se para Sylvia e perguntou a ela que lugar na agenda ele teria duas horas seguidas para ir na casa da senhora Sullivan e ela consultando seu Iphone, acessa a agenda do mestre e diz que no dia seguinte às 16h. Rodolpho pergunta se este horário está bom para a rechonchuda senhora e ela diz que está ótimo e que fará um lanche para ele e Márcia se oferece para chegar na casa dela um pouco antes para ajudá-la e dar umas dicas de cardápio a gosto do doutor e as duas riem juntas como velhas amigas.

Sylvia faz uma cara de poucos amigos sentindo-se excluída destas combinações e o Doutor Rodolpho se apressa em agrada-la e trazer equilíbrio para aquele triangulo, e diz: - Sylvia, então almoçarei com você amanhã se não for um incomodo e você fica comigo na reunião das 14h onde fecharei o convênio com a prefeitura de Seattle para iniciarmos a seleção dos agentes de saúde do nosso programa e depois você me deixa na casa da senhora Sullivan, pode ser? - e vira-se para a Sra. Sullivan, dizendo sorrindo: - Estamos combinados, minha nova amiga!

Afastam-se um pouco e dá suas ordens: Acompanhem os médicos quando chegarem, quero todas as informações para fazermos um ótimo pós-cirúrgico do Sr. Tom Sullivan e almoçamos todos no meu apartamento e vocês cozinham para mim, ok? - pisca para as duas como se cada piscada fosse exclusiva.