Capítulo 6 - O destino dos três heróis

---> Cena Ray e Gail - Jardim

Quando ouvia a resposta de Rhaenee, o semblante de Gail começou a nublar-se, era visível em seu olhar a tristeza que estava sentindo no momento. Quando a garota se virou para ir embora, o príncipe se levantou e chamou por ela:

- Ray!

Mas respeitou o pedido dela para não a seguir. A guarda-costas correu para longe e se informou com alguns guardas como poderia voltar para casa. Eles a informaram que deveria permanecer no palácio até concluir a cerimônia, porém que se quisesse mesmo muito ir, teria que voltar no dia seguinte para poder pedir sua recompensa na cerimônia, senão seria uma desfeita grande com toda galáxia.

Rhaenee voltou para sua casa e finalmente depois de dias, pode rever sua mãe. Estavam ambas vivas e isso já era motivo o bastante para comemorar. Além disso, Rhaenee havia dado orgulho para a mãe ao se tornar a heroína da galáxia.

---> Cena Chui e Marin

A irmã de Chui ficou muito feliz de ouvir que ele voltaria para casa depois da cerimônia. E o rapaz que estava com ela logo sorriu emocionado ao ver os heróis da galáxia, principalmente porque um deles de Locus, era um herói. Ashanti não demorou a se despedir, havia lágrimas nos olhos, mas não eram de tristeza e sim de orgulho e saudade. Os dois haviam enfrentado muitas coisas juntos e finalmente a vida parecia começar a dar certo.

- Toda a nossa tribo vai assistir a cerimônia daqui. Chui.... Estão orgulhosos porque alguém de Locus é o herói. Imagine só, um órfão de Locus salvou a todos nós, e não um nobre cavaleiro. Espero por vocês! Vamos fazer uma grande comemoração quando voltarem! Até mais, meu irmão.

Os três se despedem. O resto do dia passa tranquilo, sem muitos sustos. Embora não tivessem mais visto Rhaenee. No fim da tarde, um alfaiate os procurou para fazer as medidas para a roupa formal, que seria usada no dia seguinte para a grande cerimônia. Chui e Marin foram conduzidos para lá. Primeiro foi a vez do caçador, depois foi Marin. O alfaite era bem detalhista, querendo medir cada detalhe e demorava para fazer isso. Quando Chui foi liberado do alfaiate, esperava Marin no corredor, Rosso passou por ele e entrou no aposento onde estava o evo para dizer algumas informações a ele.

---> Cena Rosso e Marin alfaiate

O comandante riu ao ver Marin em cima de um banquinho, enquanto o alfaiate o media concentrado. Ele encostou as costas em um canto da parede e disse ao evo:

- É bom ver que está se adaptando bem a esse novo tempo. Eu tenho boas notícias para você Marin, depois que voltarmos de Locus, o meu amigo, o médico, vai te ver para lhe curar do seu problema.

---> Cena Chui no corredor

Trilha Sonora:

Enquanto o caçador quase cochilava esperando Marin sair do alfaiate, uma pedrinha o atingiu na cabeça, era bem pequena e vinha da grande janela do corredor. De repente uma figura conhecida surgiu da janela, era Gail! Como ele foi parar ali? O rosto dele não estava dos melhores, ele segurou o cotovelo de Chui e pediu em voz baixa, tapando o rosto com um lenço:

- Precisamos conversar, mas não pode ser aqui, vem comigo. Temos que pular a janela. Tem um parapeito onde podemos nos apoiar e chegar ao outro quarto.

O caçador não teria muito tempo para aceitar, pois foi puxado praticamente janela abaixo. O príncipe o levou para um aposento ao lado que possuía vários livros, era uma como imensa biblioteca particular. Também o guiou silenciosamente até ficarem entre duas estantes de livros. Com o olhar preocupado, Gail finalmente parou e pode dizer a Chui o que era:

- Chui... Eu não sei o que fazer, e você e Marin são meus únicos amigos. Eu falei com meus pais que desisti do casamento com a princesa Amelie, eles ficaram furiosos e me castigaram. Mas não importa, o pior é que eles foram falar com a Ray.

Gail se sentou no chão encostado a uma das estantes de livros e continuou cabisbaixo:

- Eu consegui falar com ela... Eu na verdade, queria ficar com a Ray para sempre, queria me casar com ela Chui - Disse muito sincero o príncipe - Mas eu entendi que a Ray não quer ser uma princesa, ela sempre odiou esse mundo dos nobres onde eu nasci... Eu tentei pensar num jeito de resolver isso, eu disse a ela para esperar. Não tem muita coisa que eu possa fazer sendo menor idade, entende? Prometi que iria mudar mudar as leis, eu confessei que não me importava com o que ela era, desde que ficasse comigo. Mas nem isso ela aceitou... Ray falou que já esperou muito.

O príncipe respirou fundo, os olhos marejados, era visível como estava triste:

- É sempre assim, no final vou estar sempre sozinho. Todos que eu gosto vão para longe de mim porque sou o príncipe. Mas eu não posso deixar de ser o que sou, em todo lugar que eu for, eles vão me reconhecer. Estou condenado desde que nasci. Você e Marin, vão seguir suas vidas... A Ray, ela falou que vai se demitir e seguir a carreira militar longe de mim... Ela provavelmente vai encontrar algum rapaz que ela goste e que não seja um nobre... E esse cara vai ser muito sortudo, enquanto eu vou ficar nesse palácio sempre sozinho. Por um momento eu achei que as coisas seriam diferentes pra mim... Mas não passou de um momento, porque eu sempre vou ser o príncipe. E ser príncipe é não ter amigos, é não poder ter vínculos... Não vou poder acompanhar vocês, só posso ficar preso aqui...

Gail ainda desabafa entristecido e sem chão, por fim ele completa:

- Se eu pudesse casar com Ray, seria diferente... Mas eu faço mal para ela... E não vou obrigá-la, eu sei como é angustiante viver como eu... Ela já teve ter aturado muito... Talvez seja o melhor, e talvez eu seja egoísta de querer que ela compartilhe a vida dela comigo quando ela tem opções melhores... Alguém que pode ser livre, não vai escolher ser preso nem que seja por amor... Talvez eu deva suportar o meu destino sozinho como deve ser. Não tem opções para alguém como eu... Ray já suportou demais para esperar que eu mude nosso futuro.

---> Dia da cerimônia (TODOS)

Trilha Sonora:

Finalmente chegou o dia da grande cerimônia. O horário marcado foi no final da tarde. Tudo ocorreria em um grande e amplo salão real da família Arkadia. Os convidados foram escolhidos a dedo. Vocês entram vestindo suas roupas formais preparadas para a ocasião, o comandante os acompanhava. Havia uma área mais alta nos fundos do salão, onde estava sentada a família real, o Rei, a Rainha e suas dois filhos. Bandeiras com o brasão de Arkadia poderia ser visto por todas as paredes de mármore branco e de iluminação azulada. O príncipe estava lindo sempre, dessa vez, vestia-se mais elegante que de costume, mas o brilho no rosto parecia ter se apagado. Foi orientado a vocês que deveriam um por um, se apresentar na frente do Rei, fazer uma reverência e esperar o momento de dizer qual recompensa iriam querer por salvar a galáxia. Podem descrever no post se falaram algo entre si enquanto esperavam a vez de vocês. Também há um delicioso buffet sendo servido e nobres para todo lado, inclusive políticos. O primeiro a se apresentar faz a reverência e o Rei se levanta para dizer:

- Este é um herói de Primus e da galáxia. A família Arkadia tem uma dívida eterna com cada um deles. Estão na história da galáxia e de Primus. São bem vindos para entrar no palácio Arkadia quando quiserem. Hoje você recebe o título nobre de: Salvador da Galáxia. Como agradecimento, queremos que digam o que podemos fazer por você.

O Rei vai falar isso para cada um de vocês, basta que digam o que vão querer. Os convidados da cerimônia fazem uma reverência quando cada um de vocês se apresentar. Detalhe é que Marin pode entregar sua espada agora também. Rhaenee notará que Gail lança olhares para ela.

Chui estava genuinamente contente de falar com sua irmã e ver o orgulho que ela e seu povo sentiam de seu feito. Não que considerasse a si mesmo como um herói nas proporções que os outros o viam, mas, ainda assim, era gratificante.

- Assim que eu puder, eu irei voltar! Tirar umas férias e descansar por aí. Mas por agora, tenho que ir. Nos falamos depois!

Chui se despede de Ashanti e do outro garotinho com um tchau bastante enérgico. Depois, passou o dia com um pouco de descanso, experimentando comidas diferentes e limpando seu rifle. Não se recorda de ter visto Ray durante esse tempo, então não sabia como fora a tal conversa misteriosa, mas suspeitava que não tinha ido bem; do contrário ela teria aparecido para contar qualquer novidade feliz. Porém, como não sabia onde ela estava, Chui permaneceu em seus aposentos, saindo à tarde apenas para experimentar as roupas que confeccionariam especialmente para a cerimônia. Chui enfatizou que gostaria de algo que referenciasse claramente a cultura de seu planeta, e explicou se necessário. Mas, o maior acontecimento foi enquanto esperava por Marin: Gail apareceu na janela chamando-o para uma conversa, e, sem poder recusar (afinal foi puxado), Chui aceitou.

- Então... do que se trata? - perguntou Chui, já na biblioteca, enquanto esfregava a cabeça levemente dolorida da pedrada.

E então o príncipe começou a desabafar - e a desabar. Comentou sobre a situação dele com a Ray e de como a sua vida estava e estaria, e disse sobre sua solidão. Chui podia entender, mas não em sua totalidade, pois não era um nobre. Sabia que era uma ocupação injusta para ele, e que mesmo que fossem amigos, só firmaram esses laços de amizade fora da realeza, pois dentro do castelo dificilmente Gail conseguiria amigos. Chui sorriu de pena, então pousou a mão sobre o ombro do amigo.

- Olha, eu posso te entender. Mesmo que eu não seja um nobre como você, posso imaginar o que está passando, principalmente com a Ray. Também poderia imaginar que não fosse do feitio dela esperar... mas te digo uma coisa. Vocês se amam, e eu sei disso, então não deve desistir. Não sei bem como posso ajudar além de conversar com ela como alguém "de fora" da relação. Fora isso, porque não tenta mudar as regras? O que impede de fazer com que ela seja sua mulher, mesmo que militar? A cerimônia tá aí pra isso. Você também salvou Primus, tem direito a uma recompensa! Até seria algo bom para as mulheres no geral...

Chui realmente queria ajudar, mas não sabia bem se conseguiria, então apenas deu ideias a ele. Na pior das hipóteses, tentaria conversar com Rhaenee logo em seguida. Mas, o dia da cerimônia chegara. O salão de Arkadia estava belíssimo e bem decorada, assim como eles próprios. Era impossível não notar que Gail jogava olhares para uma distante Ray, mas Chui estava confiante de que o príncipe conseguiria. Quando chegou sua vez, fez a reverência perante o rei e ouviu seu pequeno discurso. O caçador engoliu em seco, com um pouco de vergonha de dizer o que queria, ele corou mas mesmo assim falou:

- Hm... majestade, foi dito algo como prêmio em dinheiro... mas não é para mim! Gostaria que qualquer recompensa em dinheiro fosse dada para a instituição em que minha irmã, Ashanti, trabalha em Locus.

E ficou aguardando, ereto e completamente nervoso.

---> Cena Chui e Gail - Biblioteca

Depois de desabafar, Gail ouviu as palavra de Chui ainda sentado no chão da grande biblioteca. De alguma forma as palavras do caçador acenderam uma nova esperança no rapaz nobre.

- Você tem razão Chui, tenho que tentar tudo antes da Ray ir embora. E o que você falou me deu ideias para uma coisa arriscada. Eu posso acabar de vez com a minha imagem... Ou conseguir que Ray fique do meu lado. Acho que é um risco que vale a pena, levando em conta que é a maior decisão da minha vida.

Depois de conversar, o príncipe saiu escondido mais uma vez para voltar ao seu quarto. Chui voltou a se encontrar com Marin.

---> Cena Todos - Cerimônia

Marin poderia ficar aliviado com a notícia de Rosso, não machucar os próprios amigos e ter controle sobre si mesmo era uma grande coisa. Além disso, tinha pagado sua dívida com Annelise. Chui podia ter uma noite confortável, estava tudo dando tão bem em sua vida quanto nunca deu antes. De orfão filho de um bandido, havia se tornado um herói. Ray no entanto não queria ir a cerimônia do dia seguinte, mas foi bom falar com sua mãe no dia anterior.

No dia da cerimônia os três heróis estavam lá, corajosos e prontos para dizer os seus pedidos na frente do Rei. Rosso os assistia orgulhoso, afinal eram os seus soldados. O primeiro a pedir foi Chui, o Rei o observou com um semblante neutro e elegante. Depois ouvi-lo o respondeu com uma imponência que só mesmo o Rei de Primus poderia ter:

- Herói de Locus, ouvindo o seu pedido, direi no que posso lhe conceder. A família Arkadia dará uma verba permanente e mensal para a instituição de sua irmã. E digo também que futuramente, gostaríamos de visitar essa instituição, depois que fizerem as reformas. A quantia será a mesma que um hospital de grande porte gasta aqui em Primus. Espero que fique feliz com essa recompensa, pois nos sentimos muito gratos com o seu feito.

Todos que estavam no salão assistindo aplaudiram. Em seguida foi a vez de Marin, o evo pediu por respeito a sua raça. O rei o ouviu seriamente e quando Marin o devolveu a espada, ficou surpreso. Deu alguns passos para frente e pegou a espada das mãos do evo:

- É com grande honra que recebo essa espada. Agora vejo porque se tornou um dos heróis de Primus, estava escrito em seu destino Marin. Quanto ao seu pedido, jamais poderia negá-lo. Todos sabem que um evo salvou a galáxia e isso já abrirá muitas portas. Prometo que criaremos políticas e campanhas que ajudem no respeito e igualdade ao evos. Seu pedido é muito nobre.

Todos também aplaudiram esse momento, embora alguns nobres fizessem isso apenas por aparência. Logo chegou a vez de Ray, o rosto da rainha parecia preocupado quando ela se posicionou para fazer o pedido. Ray também pode sentir o olhar de Gail sobre ela quando começa a falar. Conforme a guarda-costas falava, todo o salão ficou muito silêncioso e surpreso. Apesar de tudo, o rei continuou mantendo sua aparência neutra e calma.

- Rhaenee - Disse o Rei - O seu pedido é muito nobre. E como Rei de Primus posso garantir que não deixarei de medir esforços para que o seu desejo seja atendido aqui. Criarei uma leia mais severa quanto este assunto, todos terão as mesmas oportunidades para qualquer cargo. Porém não posso prometer por todos os habitantes da galáxia, sabe como são as leis da galáxia, e cada planeta possuí seu próprio Rei. Porém, vou interceder pelo seu pedido arduamente. Todos os planetas estão assistindo a cerimônia e sabem que possuem uma dívida com você. Eu peço para que também concedam a você essa recompensa.

Não houve aplausos nesse momento, exceto quando Gail de repente se levantou e começou a aplaudir sozinho sua guarda-costas como se fosse algo bem comum. Então todos os outros no salão o seguiram e aplaudiram também. O Rei se preparou para encerrar o momento das recompensas:

- Fico honrado em atender aos pedidos dos salvadores de Primus! Os seus pedidos foram todos muito nobres e mais uma vez repito que nossa gratidão será eterna. Então, como Rei de Primus declaro encerra...

-Espere! - Interrompeu Gail, em seguida fez uma reverência - Majestade, desculpe a interrupção, mas eu também estava no grupo que veio derrotar Montalbán. Devo ser considerado também um herói de Primus, assinei um contrato no qual fui considerado um soldado do comandante Rosso, assim como esses três presentes. Não seria injusto que eu não pudesse pedir uma recompensa? Eu estava lutando contra Montalbán ainda na sua forma humana.

Trilha sonora do momento:

Um silêncio estranho começou novamente a perdurar por todo salão. Os nobres se olhavam receosos, alguns surpresos tapavam a boca. O rei lançou um olhar silencioso de alguns segundos para o filho, segundos que pareceram horas. Todo salão estavam apreensivo como o que o jovem príncipe iria pedir. No entanto, o rei suspirou e balançou a cabeça em sinal que concordava. Então o príncipe saiu da sua cadeira e se posicionou assim como Chui, Marin e Ray haviam feito. Com um sorriso no rosto, disse cheio de carisma o seu pedido:

- Majestade, como príncipe de Primus eu entendo que minhas ações podem ter grandes consequências sobre meu povo. Também entendo que desde que nasci minha prioridade foi servir o povo. E tendo em vista que minha maior função é fazer uma sólida aliança por meio de um casamento. Quero que minha recompensa seja cancelar meu contrato de casamento para realizar outro onde uma aliança de maior importância será feita. Resumidamente o que quero dizer é que, usarei meu casamento para fortalecer sim uma aliança, mas com meu povo. Peço o direito de me casar com alguém que eu escolhi e que saiu da população de Primus e que não tenha família nobre como a maioria de nosso povo. Como eu disse, eu nasci para servir o povo e foi o povo que salvou a galáxia. Então nada mais justo do que fortalecer os laços da família Arkadia com nossos próprios súditos. Porém quero ressaltar que o objetivo é aliar ao povo, então minha pretendente não pode se tornar uma nobre em toda sua totalidade. Ela precisa seguir seus objetivos como faria mesmo se não fosse uma princesa, só assim manteria o verdadeiro significado dessa aliança, que é o quanto a família Arkadia está comprometida com seu povo e ela deve representar sempre o povo.

A Rainha, a princesa e todos no salão pareciam muito surpresos e ofegantes. Algumas pessoas desmaiaram, inclusive garotas se abanando com seus leques caros. O Rei parecia calmo, mas havia uma veia pulsando em sua testa quando disse:

- Príncipe Gail, você está dentro das leis da cerimônia, logo seu pedido foi aceito.

Gail puxou a própria espada de sua bainha e a colocou no chão em frente a Rhaenee. Em seguida se ajoelhou como um nobre faria e disse esticando a mão direita para Rhaenee:

- Rhaenee - Disse o nome dela sem ser em apelido - Eu a escolhi como minha atual noiva. Você é a heroína da galáxia, é a minha salvadora também, e principalmente, é quem eu amo. Eu prometo proteger seus desejos e os meus com toda minha força. Serei um marido leal que estará do seu lado em todos os momentos. E também quero lhe lembrar, que apesar de sermos noivos e futuramente casados, você terá o título de princesa, mas não poderá abrir mão dos seus objetivos por causa disso e nem frequentar aulas para se tornar alguém diferente, pois estaria contra o pedido que fiz. Depois de minhas palavras, eu pergunto Rhaenee, aceita a minha mão? Aceita estar ao meu lado como minha noiva e futuramente minha esposa sem poder se tornar uma nobre em seus costumes?

Rhaenee pode notar que apesar de toda determinação de Gail, sua mão estendida a ela tremia, seria medo da reposta?

Chui ouvia atentamente às palavras do Rei, e era inevitável: seus olhos marejaram e lágrimas começaram a brotar e escorrer pelo seu rosto. O garoto alargou um sorriso e teve que secar os olhos com as costas da mão. Pôs em seu lugar novamente com uma reverência de agradecimento mas continuou sorrindo e imaginando a alegria do povo de Locus com aquela ajuda, que era ainda maior do que ele esperava. Uma contribuição mensal! Esse dinheiro ia salvar muitas vidas e dar mais infraestrutura para o belo trabalha que sua irmã e os outros trabalhadores da instituição para poderem continuar com seu árduo trabalho. Não havia nada que poderia tê-lo deixado mais feliz.

- Obrigado, majestade!

Depois, foi a vez de Marin. Assim como ele dissera, aproveitou-se da oportunidade para devolver a espada e pedir por mais compaixão e importância para com os evos, o que foi prontamente atendido pelo Rei. Com aplausos, ele voltou ao seu lugar. E então era a vez de Ray. Ela também fizera um pedido nobre, para enaltecer as mulheres e permitir que tivessem direito à carreira militar. Mais um vez, concordância.

A cerimônia estava para terminar, todos aparentemente felizes, mesmo com a troca de olhares nervosa entre Rhaenee e Gail. E foi do príncipe que veio a interrupção do final do evento. Chui sabia o que vinha pela frente, e não se decepcionou com a escolha de palavras do rapaz. Gail alegou também fazer parte do grupo salvador - e estava correto. Até mesmo o rei concordou com ele, mas nem mesmo o Rei estava esperando pelo seu pedido, que, em outras palavras, era o de permitir que Ray permanecesse como a militar que era, mas ainda assim ter a permissão de casar com o príncipe sem de fato exercer o papel de uma princesa "recatada". Ou assim lhe parecia. E, para alardear ainda mais os nobres que assistiam, Gail pediu Ray em casamento, de joelhos. Chui era só sorrisos.

"É isso aí garoto!" depois olhou para Ray. "Aproveita menina!"

E então veio um pouquinho de suspense à espera da resposta de Rhaenee.

*Não deixem de ler com a trilha sonora*

Trilha Sonora - Final:

Todos ficaram muito surpresos com a declaração do príncipe, alguns odiaram, e outros como Ray e seus amigos, adoraram. Até mesmo o comandante Rosso ficou surpreso e sem palavras, ele não sabia dizer se isso seria bom ou ruim. Ao ouvir as palavras de Rhaenee, que ela havia aceitado, os olhos de Gail se encheram de lágrimas, ele abraçou sua futura noiva e lhe deu um beijo na frente de todos!

Cena de referência:

O resto da cerimônia ocorreu bem e teve até uma ótima surpresa para o grupo. Uma nave espacial pousou para participar do evento, junto veio o pequeno Bloo com os representantes do seu planeta. O rei os recebeu e deu um longo discurso, apesar do que houve anteriormente, conseguia disfarçar que estava bem. Mas era possível notar que a rainha estava um pouco tensa. Todos estavam depois do novo noivado de Gail, ninguém sabia o que isso poderia causar. Exceto o grupo de Seleucia, este estava realmente feliz. Rosso começava a pensar que talvez coisas assim pudessem ser possíveis afinal.


Enquanto a cerimônia continuava com a presença ilustre dos seres de outro planeta, uma pequena criatura correu em direção ao grupo:

-Ray! Ray! - Gritava Bloo correndo direto para abraçar Rhaenee.

Um dos líderes dos alienígenas sorriu para vocês e disse coisas em seu idioma. Bloo ouviu tudo atento e até traduziu para vocês:

- Agradecer... Por... Cuidar... Do... Bloo... - Traduziu Bloo.

Era incrível e extraordinário para toda galáxia conhecer seres de outro planeta. A princesa Adelaine conseguiu estabelecer uma aliança com esse povo e logo os veriam com mais frequência. O pequeno Bloo ficou até de visitá-los várias vezes, estava muito feliz de ver sua quase mamãe Ray, já que seus pais tinham morrido há muito tempo. Depois do evento, a primeira coisa que Marin fez foi visitar o médico, nele fez uma pequena cirurgia para curar o seu problema de descontrole. Depois de recuperado, viajou com Rosso para Locus, planeta de Chui. Rosso conheceu a irmã de Chui e até a agradeceu pelo incidente com o bicho venenoso. O povo de Chui fez uma grande festa, estavam muito felizes pelo herói da galáxia ser de Locus e também pela recompensa que receberiam.

Marin passou a ficar com Chui e a aprender o trabalho de caçador, sendo seu ajudante. As crianças da tribo de Chui gostavam de ficar observando Marin, pois ele era muito branco e diferente deles. Depois de algumas semanas, o tenente Falconeri ligou para Marin, o levaria para ver Nina.

Quando o evo encontrou a menina em Duos, ela ficou realmente muito feliz. Parecia estar sendo bem cuidada agora, mas ainda tinha uma certa tristeza no olhar, talvez falta do irmão. Ela também comentou sobre o grande feito de Marin e que ele era muito importante agora. Nina ainda se lamentava por tê-lo enganado daquela vez, ainda mais agora que ele tinha feito tanto pelos evos. Marin depois que cumpriu sua missão de derrotar Montalbán, estava livre para escolher seu próprio destino, mesmo que um dia desistisse de ser ajudante do caçador. Na galáxia todos estavam debatendo sobre a importância dos evos, muitos cidadãos depois de verem a derrota do tirano Montalbán, passaram a ter outros olhos sobre os evos, era o começo de uma grande mudança.

-Fico feliz com sua visita Marin, mesmo sendo alguém como eu, você se lembrou. Mesmo sendo o herói da galáxia. Eu acho que as coisas vão melhorar para os evos agora.

Chui teve seus problemas resolvidos com a recompensa do seu heroísmo. Sua irmã e sua tribo não passariam mais dificuldades e depois de algumas semanas já reformavam seus estruturas médicas. Ashanti estava radiante, finalmente os dois irmãos poderiam viver mais tranquilamente. Embora ela ficasse preocupada com o irmão, que não queria largar a vida de caçador. O caçador também conseguiu ter um encontro com Lana naquele dia, este foi seguido de outros encontros até que ela em sua férias foi visitar Locus!! Ashanti não gostou inicialmente dela, mas depois foi íncrivel como Lana se deu bem com as crianças e os moradores. Ela era muito prestativa e sempre se oferecia para ajudar. Com certeza uma grande amizade sairia disso, ou talvez amor?

- Não acredito que você vai voltar para selva!! Vai me deixar preocupada de novo!! - Reclamava Ashanti várias vezes, mas fazia parte da relação de irmãos.  

Rhaenee estava também encantada com a nova vida que a esperava, era certo que teria obstáculos. Sua mãe ficou surpresa com a notícia, mas ao ver a felicidade da filha, também se alegrou. Embora só tivesse se acalmado depois do próprio príncipe visitá-la. Era até engraçado como Gail ficou nervoso ao conhecer a mãe de Ray, sua futura sogra. Os nobres reclamaram muito da posição que o príncipe tomou na cerimônia, mas não poderia voltar atrás. Amelie ficou horrizada e até foi procurar Rhaenee, jogou uma taça de bebida no rosto da guarda-costas! Gail ficou irado com isso e feliz por não ter que se casar com a adorável Amelie. Pois nos momentos em que a família Arkadia estava no sufoco, a família de Amelie não moveu um músculo para ajudá-los. Com o tempo, a rainha, o rei e a princesa viram que a decisão do príncipe foi corajosa e inteligente. O povo se sentiu mais próximo da família real, eles eram a verdadeira força de Primus e por isso deveriam ser valorizados, como Gail fez. Agora cada garota não nobre, podia sonhar em quem sabe um dia encontrar um belo príncipe para casar. Já as garotas nobres tinham raiva e inveja. "Como o príncipe tinha escolhido alguém tão sem classe?" Outras até tinham pena dele. "Gail é não caridoso que se sacrificou ficando com essa baranga pelo bem de Primus." Mas o príncipe não ligava nem um pouco para comentários.

Sempre que Gail ia se encontrar com Rhaenee depois das aulas de seu treinamento militar, seus olhos brilhavam de paixão. Os dois eram oficialmente noivos e iriam se casar quando fizesse a maior idade. Gail nunca havia se sentindo tão feliz, pela primeira vez poderia fazer algo que queria sem ter que fugir.

- Vamos princesa? Hoje uma torta de maçã nos espera no melhor restaurante de Primus, o telhado. Como nos velhos tempos.

O grupo apesar de seguir destinos diferentes, continuou mantendo contato, e no fim do ano, marcaram de viajar para conhece Locus! Chui recebeu o comandante Rosso, Rhaenee e seu noivo Gail, e Marin que já estava lá. Foi uma felicidade enorme e Gail se empolgou tanto que até deixou que as crianças fizessem pinturas tradicionais no seu rosto. Depois quando Rhaenee olhasse, veria o príncipe tentando aprender uma dança tradicional do povo de Locus. Era até engraçado. Todos também acabavam rodeando o príncipe. Até porque, era a primeira vez que um príncipe ia em um lugar tão humilde e ficava tão acessível ao povo.

- Não dá nem para acreditar Chui, esse povo nunca foi tão feliz antes -Comentou Ashanti com Chui em voz baixa.

- Tio Chui! Tio Chui! Brigadu! Eu conheço um heroí e o príncipe. Quando eu crescer vou me casar com o príncipe de Primus, ele é bonito. - Disse a garotinha para o caçador.

Quando anoiteceu fizeram uma fogueira e sentaram ao redor. Comandante Rosso relembrava das aventuras que tiveram no ano passado. Ele jamais teve uma ligação tão forte com seus soldados quanto teve com a nave Seleucia. Eram sim bons tempos,quem diria que um grupo tão heterogêneo poderia salvar a galáxia? O príncipe não poupou esforços para implicar com Chui sobre Lana. Eles assavam um tipo de inseto no fogo, muito comum em Locus. Um tipo de comida exótica.

- Dá para acreditar que vocês mudaram a galáxia? Sempre estarei orgulhoso de vocês, soldados rebeldes. E Chui, não vou desistir de te colocar na carreira militar! Sou persistente! Temos que decidir onde marcaremos nossa próxima viagem.

Gail espetava a pontinha do inseto no braço de Ray para assustá-la de repente e provocá-la, os dias dos dois eram quase todos sempre assim, era o que dava graça a relação. Marin aprendia cada vez mais a se relacionar com os outros, mas ainda tinha um longo caminho para percorrer, um caminho que não faria sozinho. Encontrar o comandante Rosso quando abriu os olhos, tinha sido a maior sorte de sua vida, se não poderia ter morrido soterrado ou sofreria com experimentos. Chui mesmo sendo um garoto órfão e sofrendo ao descobrir do seu passado, provou que não depende dos pais para escrever seu próprio destino, até mesmo se este for o de ser um herói. No fim todos eles tinham conseguido escrever seus próprios destinos.