[!ON!] A COLINA DO SILÊNCIO [+18]

Com os olhos ainda fechados, resmungo comigo mesmo sobre o quanto a claridade e o calor do sol me incomodam. Eu odeio sentir calor, o mínimo que seja. Verão é a pior estação, mesmo sendo em época de férias, eu não fico na praia o tempo inteiro, sequer vou todos os dias, então nesse meio tempo que não estou na praia, esse calor atrapalha demais meu estado de vivência nesse planeta.
Ao iniciar o primeiro passo para espreguiçar-me, sinto algo diferente. Abro os olhos e sem acreditar grito:

- CARALHO O QUE É ISSO? – Não me entenda mal, eu não falo palavrão sequer gosto, mas em situações como essas, o que eu poderia dizer? – CARALHO, CARALHO, CARALHO. Quem é essa mina? Eu já a vi em algum lugar, por que não consigo lembrar?  

Antes de terminar a frase, salto da banheira apenas com a força da repulsa. Sangue. Muito sangue e uma arma em minha mão.
"Eu estava numa banheira cheia de sangue com uma mulher morta!! Caralho, atiraram na cabeça dela! Eu dormi com uma mulher morta. Que merda é essa? Armaram pra mim? É isso mesmo, tipo aqueles seriados americanos? O que eu faço? Que merda, que merda. Será que bateram na minha cabeça? Me desmaiaram e só me colocaram aqui? Eu já a vi em algum lugar, eu sei..."

Olho ao redor procurando respostas. Respostas imediatas. Respostas que me acalmassem. Respotas que mostrassem que tudo tinha sido um mal entendido, quem sabe uma pegadinha. Piada de péssimo gosto, mas não tinha como. No fundo eu sabia que não existiam respostas. Pelo menos nenhuma lógica. Nunca tive um amigo sádico à esse ponto, sequer sádico. Pelo menos não que eu saiba.
Tudo o que eu consigo ver é um sabonete ensanguentado e duas garrafas de vinho, sendo apenas uma cheia.

"Eu não acredito que isso tá acontecendo. Que dia é hoje? O que eu fiz ontem? Tudo tão embaçado. Eu não lembro. Não lembro de nada. Socorro!! Deus, me ajuda!"

E nada acontece. Apenas agora me dou conta de que estou nu, pior, estou todo esburacado. Imediatamente linkei com as imagens que vi um dia no google sobre tripofobia, mas pelo que me disseram aquilo não provinha de doença, alguém fez aquilo comigo, mas por quê? Por quê? As lágrimas vêm e eu não as impeço. Choro e choro demais. Coço e coço demais. E permaneço

- Por que isso tá acontecendo comigo? O que foi que eu fiz? Não é possível que alguém me odeie tanto a esse ponto. Coço minhas feridas.

Enquanto falo, lembro dos jogos mortais. E minha mente, de uma maneira desesperada tenta me consolar mostrando que pelo menos não estou acorrentado, ainda posso fugir. Sair desse lugar e procurar ajuda. Procurar ajuda...

"Pra procurar ajuda eu preciso sair desse lugar, mas o que será que me espera lá fora? Eu to com tanto medo. Por que isso tá acontecendo? Eu não entendo, sério!" As lágrimas são incessantes e um rastro aquoso começa a mostrar-se tendo como origem meu nariz. Eu passo o braço para limpá-lo e fico com um rastro de meleca no braço, não me importando com a sujeira que ficou. Enquanto coço, um pouco de muco uni-se com minhas feridas tornando a minha própria imagem repulsiva.

"Não tem outra saída, eu preciso sair daqui. Mas eu to pelado. Eu preciso colocar alguma coisa, não consigo sair assim!"

Entre coçadas e choros, tento me recompor lembrando do que me foi ensinado quando alguém se perde:

1º Mantenha a calma: Tento respirar mais profundamente. Inspiro e Respiro. E cada vez, tento fazer com mais profundidade.
2º Não saia do lugar onde você está antes de marca-lo bem: Enquanto continuo com o processo da respiração, aproveito para mapear o local em minha cabeça. Olho em todos os cantos afim de me familiarizar com o local, apenas evitando a banheira, pois aquele corpo me incomoda muito e se permanecer o contato, o desespero pode voltar.
3º Suba em algum lugar alto e procure algum marco familiar para você: No momento, acredito não ser possível essa parte, mas me pergunto o que tem do outro lado daquela janela. Ando até ela evitando ao máximo olhar para o corpo e tentando ignorar o cheiro do início da decomposição. "Decomposição! Se eu quiser voltar aqui, eu preciso me livrar desse corpo, ou esse lugar vai ficar fedendo muito, mas será que eu vou voltar?"
4º "O quarto passo... é impossível de ser feito. Como vou voltar minhas pegadas, se amanheci aqui? Vamos pular essa parte."
5º "Se os passos anteriores não funcionarem, eu vou precisar montar minha base provisória nesse lugar, e aí entra a questão do corpo."
6º "Providenciar alimento e água. No momento tenho apenas uma garrafa de vinho. Eu preciso levar essa garrafa comigo de algum jeito... Ah, tem aquela torneira também." Ando até ela para ver se sai água e verificar se ela é potável.
7º "Não desista, jamais! Nós vamos conseguir sair dessa. Só precisamos ter foco."
8º "Siga sempre segurança. Traduzindo para nossa situação, eu preciso ficar com essa arma. E com aquele pé de cabra que está no chão. Mas não tenho mochila. Que merda, eu to pelado! Preciso de roupas."

"Então o que eu quero levar comigo é: Uma garrafa de vinho, essa pistola e aquele pé de cabra. O que eu quero encontrar são roupas. Parece fácil. Espero que seja."
Olho para a porta arrombada do banheiro e reparo nas correntes balançando. Meu coração acelera um pouco pelo desconhecido. Parece que elas dão até um andar inferior, mas antes de me dirigir até lá, procuro ainda neste andar por roupas, com uma pistola em uma mão e o pé de cabra em outra, que pego assim que passo por ele.

Off:

Jezreel efetuou 1 lançamento(s) de dados (d4.) :

2

O grito de dor é a única coisa que permeia a minha mente enquanto o formigamento começa a tomar conta de algumas partes do meu corpo. Se não bastasse todo o esoforço que começo a tentar colocar para suprimir a dor, o som ensurdecedor do disparo que me cobre de estilhaços.

Com o ouvido zunindo, o desespero toma conta de mim. Apenas consigo pensar naquele disparo. Vendo as risadas, sem poder ouvi-las, tento trocar a marcha para atropelar aquele ser.

Era para rolar os dados e não foi -.-'

O membro 'Hover Skorr' realizou a seguinte ação: Lançar dados

---

'd4' :

Resultado : 1

Tentativa de quebrar a cadeira forçando meu corpo para o lado direito.

O membro 'Colz' realizou a seguinte ação: Lançar dados

---

'd4' :

Resultado : 2

Segunda tentativa.

O membro 'Colz' realizou a seguinte ação: Lançar dados

---

'd4' :

Resultado : 1

Antes que pudesse forçar a cadeira para um dos lados a fim de quebrá-la, o peso de meu corpo faz com que uma das pernas do móvel se parte. Sinto meu corpo sendo jogado para trás. Bato a cabeça contra o chão e, apesar de não fazer noção da intensidade, percebo que qualquer um no recinto poderia ter ouvido aquele barulho.

- MERDA!

Respiro fundo, tentando ignorar a dor aguda na cabeça. Se não pensasse em outra alternativa, não teria sequer uma cabeça para se sentir incomodada com dores. Tenta analisar a sala novamente naquele ângulo diferente, a fim de identificar algo que pudesse auxiliá-lo na fuga.

Vejo sangue surgindo das regiões que cocei, mas ignoro. Sobreviver é muito mais importante agora.
O cenário que vejo do outro lado da janela não me diz nada. Um lugar que aparentemente, nunca vi na vida. A sensação de medo e vulnerabilidade tornaram-se constantes em mim. Minha nudez me constrange e preciso me esforçar o tempo inteiro para ignorar isto.

"Não temos água por aqui." Digo fechando a torneira depois de presenciar os poucos pingos que caíram.
"Minha única fonte de "água" é este vinho cheio. Levo comigo ou deixo aqui para depois? Se eu levar, vai prejudicar meu movimento. Não tenho uma mochila, preciso seguir em frente, mapear a área. Depois eu volto e penso no que posso fazer." Falo repetidas vezes para que entre de fato na minha cabeça e eu comece a agir de verdade, enquanto vasculho a área.

"Por enquanto só escombros, vou ter que descer por essas correntes estranhas."

Off:

Rolagem: