── Grrr... Puta que pariu! Que merda é essa?! ── exclamei no exato momento em que retomei a consciência e comecei a ouvir centenas de vozes ao meu redor. Tentei me mover, mas ainda estava atordoado pelo sono, então apenas abri os olhos e ao perceber que despertava em um local completamente desconhecido, me surpreendi e levantei no susto. Aquela iluminação ofuscava minha visão, então custei a me acostumar a ela e conseguir me adaptar para enxergar com precisão aquele ambiente que me lembrava um hotel luxuoso que só era acostumado a ver em filmes. Fiquei a me questionar sobre como diabos fui parar naquele lugar e não conseguia me lembrar de nada. Não era normal isso acontecer, só tive dois blackouts como estes em toda minha vida, um em uma festa da família, onde tive meu primeiro porre e outra comemorando com minha esposa, meu irmão mais velho e a esposa dele. Em ambas ocasiões eu apaguei, mas no dia seguinte fui informado sobre tudo que tinha acontecido e me lembrava de boa parte da noite até apagar.
Dessa vez eu não consegui me lembrar de nada, não fazia ideia do que poderia estar acontecendo. Eu nunca estive em um lugar como aquele, então não via sentido em nada. Busquei pistas à minha volta, para tentar me localizar e então percebi que estava completamento nu.
── Se fuder, mano! Como fui ficar assim e que porras de vozes são essas?! HEEEEY!!!! TEM ALGUÉM AÍ?!?!?! ── o barulho não passava e isso me incomodava, então decidi tentar sair daquele lugar e tentar encontrar pelo menos algo que pudesse usar para me vestir. Nisso, avistei as duas garrafas de vinho, uma vazia e outra cheia, um baseado jogado em um prato, o que me deixou MUITO preocupado, afinal nunca tinha usado nada do tipo e nunca faria isso, então por que aquilo estava ali?! A mistura das drogas poderia ter feito isso com a minha cabeça... por isso estava naquela situação... mas nada explicava a presença do rato morto com uma faca de caça que notei em seguida.
── Mas que merda de barulho, eu não consigo pensar direito!!! ── exclamei tampando os ouvidos para tentar raciocinar melhor e vi o vibrador roxo jogado ao lado da poltrona, a cor preferida da minha esposa além do preto
── MOZA?!?!?! CADÊ VOCÊ!?!?!? ── gritei olhando em volta e tentando ouvir qualquer som que me lembrasse a voz dela. Tomado pela preocupação, fechei os olhos para agir com a razão e peguei a faca, retirando-a da cabeça do rato, guardei o baseado, afinal ela já me disse uma vez sobre o efeito de analgesia que esse tipo de substância podia causar, para o caso dela estar ferida e a garrafa de vinho, que além de ter as mesmas propriedades, poderia servir como uma arma, caso eu perdesse a faca.
Mais uma vez me lembrei de minha nudez e incomodado com isso, peguei a faca e cravei no acolchoado da poltrona, tentando remover dela a maior quantidade de tecido que pudesse para tentar cobrir as partes íntimas improvisando uma cueca ao amarrar as pontas dos farrapos
── Caralho, como é que isso foi acontecer comigo? Pronto... Vai ter que servir... ── sempre fui extremamente racional, eu jamais deixaria que algo assim acontecesse, então não havia sentido algum naquilo. Rasguei mais algumas poltronas, para retirar mais tecido, tentei obter o suficiente para improvisar uma mochila, que facilitasse o transporte daqueles poucos itens que eu tinha à minha disposição. Meu pai sempre me contou muitas histórias sobre a guerra e os extremos que os soldados precisavam fazer para sobreviver, então minha vida sempre foi encarada dessa forma: como uma luta pela sobrevivência. Coloquei os itens dentro da sacola de trapos, deixando para trás somente o vibrador, que seria desnecessário, afinal eu poderia comprar outro pra ela, depois. Me lembrei da primeira vez que brincamos com um daqueles e até sorri, com o único pensamento capaz de me movimentar naquele momento: ela.
Permaneci com os pés descalços, afinal já era acostumado a andar assim na fazenda, pois segundo a Yumi eu tenho "pés de hobbit". Sorri mais um vez ao pensar nela, mas logo imaginei que ela pudesse estar em perigo e corri pelos corredores tentando abrir qualquer uma das portas, mas estavam trancadas. Comecei a me emputecer à medida que encontrava uma porta trancada, reagindo com agressividade a cada uma delas. Chutei e esbarrei para tentar abrir e nada, então avistei as obras de arte dispostas em mesas pequenas de ambos os lados e a porta de vidro lá embaixo. Então peguei uma delas e desci as escadas. Deixei a sacola que carregava presa aos ombros sobre a poltrona central e segui até a porta apenas com aquela arte, que deveria servir para pelo menos quebrar aquela porta. Meu único pensamento é:
foda-se tudo, eu só quero a minha mulher, cadê a minha mulher?! "Vīlībāzma ajomemēbza, yn aderī, mōrī, aōt māzīli se hēnkirī īlvi biarvī manaerili."
"K'asi assikhqoyisiri Vezh Shiqeth-i adothrae nakhaan rhaesheseri."