CENA EXTRA 01 Tipo: Pequeno Previsão: 2 rodadas (4 Mensagens)
15/11/2011
Hwang Sang-Choi tinha acabado mais um plantão noturno depois de uma madrugada bem conturbada. Sabia que seus dias de ação estavam por um fio, visto que tinha um processo disciplinar contra ele, aberto por um promotor que quis afastá-lo. O homem só fez isso porque não gostou do modo que Hwang tinha falado com ele durante uma investigação.
Para o policial aquilo tinha cheiro de dinheiro por baixo dos planos. Muito provavelmente não queria que investigassem a causa daquela morte e, por isso mesmo, davam como encerrada. Porém, aquilo era importante para o policial e ele sentia que não podia deixar daquele jeito. Quando leu o laudo e viu que o legista deu como suicidio, soube que estava sozinho.
Suicidio.
Aquela mulher nunca teria se matado.
Infelizmente, ele não contou com nenhuma ajuda além de seu compadre. Mas até para ele havia um limite. Fora que, como se não bastasse o processo disciplinar, que muito provavelmente o colocaria no banco, também escutou do Delegado-Chefe de sua área, o discurso envolvendo seu filho. Era um pai viúvo, sem parentes próximos e os parentes da falecida esposa não queriam saber nem dele, nem do filho. Seu sangue tinha fervido ao ouvir o comentário do chefe, dizendo "bom, você tem um filho, sabe como é...deixa isso pra lá, Hwang. Você não vai querer se meter nisso."
Ele queria.
Ele precisava porque se sentia responsável, de certo modo.
Mas o filho o travou. E assim teve a pior madrugada de sua vida - além dessas preocupações, teve que lidar com algumas perseguições e o constante receio de que algo estivesse acontecendo em casa. Uma vizinha, já com certa idade - solitária e que se dispunha a ajudá-los - ficava com Won-Bin quando precisava fazer esses plantões. No entanto, se alguma coisa acontecesse, quais eram as chances deles saírem ilesos?
O chefe tinha razão...
Ele tinha um filho.
Aquela mulher tinha dois.
Mas ela estava morta, assim como sua esposa. E ele não, ele estava vivo por ele e por Won-Bin e era melhor que continuasse assim. Sua vontade era engolir o orgulho e assumir a capa da vergonha. Mas, ao mesmo tempo, ele não quis adiantar o que era inevitável: sabia que iria para o ramo burocrático e morreria naquela poeirada toda. Enfim, paciência. Era melhor voltar e ver seu filho bem do que nunca mais voltar por conta de sua cabeça - ou pior, perder o filho por conta disso.
Quando chegou em casa, por volta das 5:30 da manhã, encontrou o silêncio. Won-Bin tinha apenas 8 anos e estava dormindo. Era cedo demais para que estivesse ativo. A velha senhora Lee dormia num futon na sala, respeitando os espaços da casa. A louça estava lavada e tudo parecia em ordem. Sang-Choi aproveitou aquele tempo para colocar as compras na geladeira e tomar um banho. Não tinha sono - porque raramente dormia - e, por isso mesmo, prepararia o café da manhã, como de costume.
E, como de costume, assim que Won-Bin acordasse, tudo pareceria bem.
[...] O sábado seria de folga, após o plantão. A Sra Lee foi embora depois do café da manhã enquanto pai e filho estavam cuidando das coisas. Sang-Choi olhou para a casa e suspirou. Não se sentia bem ali, queria fazer algo diferente, aproveitar o dia...o verão. Mordeu o lábio internamente, voltando a atenção para o filho.
- Ya, Won-Bin! Que tal maratonarmos no cinema hoje? Vamos sair, andar por aí até o cinema antigo abrir para vermos filmes de luta, que tal?
Sabia que o filho estava pegando seus hábitos, mas ia muito além. Won-Bin era mesmo apaixonado por filmes de ação e parecia viver disso. Sang queria um pouco de paz e só fazer o filho feliz. Ainda que fosse um simples cinema e comendo besteira na rua. Talvez precisasse de mais energético, mas bom, teria o domingo para hibernar, caso realmente precisasse disso. |
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