[!ON!] ☆ Prólogo - Natalia

Recentemente havia tido um surto na cidade de desaparecimentos e, apesar da mulher não ser da equipe de investigação, Natalia sabia daquilo. Não que, de repente, dezenas de pessoas houvesse sumido. Na realidade, se a média de desaparecimento do ano fosse, por exemplo, cinco, apenas naquele mês haviam desaparecido seis pessoas. E a tendência era apenas aumentar.

Não haviam pistas, não havia suspeitos, não haviam corpos e ninguém sabia o que estava acontecendo. Seria um serial killer? Quem estava por trás dos desaparecimentos? Ou seria apenas coincidência? Claro que podiam ser coisas ao completo acaso, mas ao mesmo tempo poderia ser ação de alguém e a pessoa era tal hábil quanto o Zodíaco para se ocultar. A mídia, alarmada, exigia algo da polícia, assim como a população de todo o estado. Sem sucesso.

O promotor daquele primeiro caso do dia, vinte e cinco de janeiro, havia perdido o filho recentemente. Dava para ver as marcas de noites não dormidas, mas o que poderiam fazer além de torcer para tudo dar certo? Nada.

— Nós do juri consideramos Edward Jackson culpado de todas as acusações. — A primeira jurada anunciou. O homem havia sido acusado de estupro e assassinato, agora bastava a mulher marcar próxima audiência para determinar a pena ou, caso não julgasse necessário, já determinar a pena.

A família da pobre vitima suspirou de alivio e os promotores adjuntos deram tapinhas em seus ombros. O próximo caso seria apenas daqui a duas horas e a mulher poderia até sair da sala para fazer qualquer coisa pela área. O jure saiu da sala também, junto com outras pessoas, e funcionários do fórum ainda estavam por ali, conversando e limpando o ambiente. Todos pareciam tranquilos e tudo indicava que todas as coisas continuariam perfeitamente bem, sem problemas, na cidade. Até que os sons de policia, ambulância e outros passando alto na rua. Problemas. Mas seria aquilo problema dela? Não, a lógica dizia que não. Mas logo as coisas estariam claramente fora do controle.

As pessoas na rua haviam ficado curiosas sobre o que havia feito a polícia e ambulância dispararem para algum lugar, mas aos poucos se esqueceram daquele incidente. Na cafetaria, a maioria das pessoas não se incomodara com aquilo e continuaram a trabalhar, conversar e comer como se nada houvesse acontecido. A quantia de pessoas ali fez com que demorasse um pouco para atender a juíza e que o pedido chegasse a ela, mas Natalia sabia que faziam seu melhor.

No terceiro toque do celular, o marido atendeu e parecia estar digirigindo enquanto o fazia. Ela sabia que no carro havia um sistema em que as ligações passavam a serem transmitidas pelos auto falantes do veículo, permitindo que ele atendesse, também, pelo comando de volante e respondesse em ter que pegar no telefone.

— Querida, olá. Já saiu da audiência? Como foi? — A voz soava tranquila, indicando que nada errado havia ocorrido... ainda.