[!ON!] ☆ Prólogo - Ângelo

Angelo estava em casa, adormecido quando o telefone celular começou a tocar. Parecia incrivelmente alto, mesmo que fosse apenas devido ao horário. O relógio marcava duas e quinze da manhã daquela manhã, então devia ser um corpo. Um corpo, quem sabe, cuja morte parecia suspeita ou incomum, talvez com marcas de assassinato, ou apenas queriam verificar se não havia nada que eles não viram no cadáver. Talvez veneno, remédios ou drogas. Fungo? Possível. Mas ao mesmo tempo podia não ter nada demais.

A noite estava com clima ameno, mas parecia que iria chover em breve. A luz da lua, prateada, banhava o mundo lá fora e o telefone ainda estava a tocar. Os tentáculos delicados e gentis da escuridão e sono eram atraentes, porém havia trabalho a cumprir. Deveria atender?

A rua, como ele suspeitava, estava vazia e fria. O ar noturno era gélido, delicadamente atingindo-o em lufadas inofensivas quando entrou e saiu do carro. A chegada em seu ambiente de trabalho não tivera empecilhos, mas sair no meio da noite para aquele tipo de trabalho era qualquer coisa menos agradável. O xerife estava no local com os investigadores de homicídios, cumprimentaram-no e o deixaram ir trabalhar. Mas os anos de trabalho não haviam preparado ele para aquilo...

Haviam lhe informado de um único corpo, mas na realidade haviam dois e um estava em estado avançado de decomposição. E Angelo podia afirmar isso, sem duvidas, mesmo com o corpo completamente coberto por um pano branco. Era possível estipular ainda uma causa da morte daquele defunto com cheiro estranho? Talvez.

Corpo com péssimo odor:

O segundo corpo, que não fedia, tinha marcas de mordidas e também havia perfurações no corpo que pareciam ter sido feitas por pequeno objeto pontiagudo com diâmetro similar ao de um prego - ou parecia ser de prego em uma analise superficial. Em uma analise mais apurada, naquele era possível perceber que haviam marcas de luta nas mãos e braços da pessoa, com amostras de DNA presas abaixo de unhas. Não que aquilo parecesse ser necessário. Um pressentimento dizia ao homem que aquele corpo tinha haver com o outro.

O xerife se adiantou para responder com a voz pesada, grave e marcada pelo cansaço e preocupação com aquela situação.

- A perícia foi chamada, todas as pistas foram enumeradas, fotos tiradas, área isolada. Os corpos estavam juntos, em um beco escuro, e foram achados por um morador de rua. Outras pessoas viram e chamaram a polícia. A mulher estava com a bolsa e documentação intocada e estão tentando entrar em contato com a família.

Os outros dois confirmaram com a cabeça e um deles limpou a garganta antes de acrescentar que um estava sobre o outro.

Relutante, o xerife mostra as fotos da cena ao legista. Havia um corpo de sexo indeterminado apenas por observação estava por cima de uma mulher. Parecia que ele estava com a cabeça no pescoço da vitima, como se tivesse morrido a mordendo, e havia um bastão de beisebol próximo a mão canhota dele, com pregos e muito sangue. Os braços da vitima, indicavam que ela havia ao menos tentado lutar até não aguentar mais e sucumbir aos ataques. Havia bastante sangue em toda a cena, além de sinais que pareciam ser de luta no ambiente - lixeiras no chão, com lixo espalhado, respingos de sangue e similares. Haviam placas de numeração em todas as fotos e evidencias.

O que havia acontecido aquela pobre e bela mulher era terrível, mas, como os exames iriam revelar, não havia drogas, doenças ou qualquer outro problema com ela. Apenas havia dado o azar de estar na hora e no lugar errado, o que lhe ceifou a vida.

Após cumprir as ordens de Angelo e voltar do intervalo, o assistente parecia curioso com o outro corpo. A causa da morte do primeiro corpo havia sido clara e os sinais de luta evidentes. Já o segundo corpo... Bem, na melhor - e única explicação plausível na visão de ambos - das hipoteses ele sofria de necrose absurdamente acelerada. E sofrera muito durante a vida.