Sala do Sploom

Não fosse meu estado eu estaria apaixonado, mas tinha mais com o que me preocupar.
Após sair, demonstrar minha situação e me cobrir com a lona, meus pensamentos só voavam, meu sonho que havia tido mais cedo naquele cochilo me dizia algo eu ainda precisava saber meu nome e isso estava um pouco longe de meu alcance... Eu precisava relaxar talvez conseguisse pensar melhor quando chegasse à casa da moça linda que me acompanhava.
Sua mãe havia dito que procurasse por mim, mas o que desejaria, o certo era que há mais mistérios nessa minha jornada estranha os quais eu ainda preciso entender, não tenho rumo nem destino, minha única saída é o escrito da pedra: "Não pare... Fuja!" era isso que rondava minha mente, mas a bondade da moça e a vidência de sua mãe eram tão intrigantes que não pude pensar em fugir, só pensei que desse encontro poderia saber mais sobre eu mesmo.
Quase chegando ofereci uma das bananas para a moça e ela riu em negação, pensei melhor e concordei rindo também, era bom sentir aquela pequena amizade que poderia surgir. Ao chegarmos ela chamou sua mãe e as apresentou: Cristina, a mãe; Larissa, a filha.
Cristina aparece à porta, uma mulher linda e daí já dava para perceber de onde Larissa havia tirado a sua beleza, sua mãe era jovem e linda. Após a pergunta de Cristina sobre ser o homem do cinturão de bananas respondo:
- Sou sim... Infelizmente sei o tanto quanto vêem, estou ferido, perdido e com total amnésia, por isso não entendo porque vim pra cá, muito menos quem eu sou. Mas percebi pelas palavras de sua filha que a senhora sabe mais sobre mim do que eu mesmo, por favor poderia me ajudar.
Esperaria a resposta de Cristina sorrindo.~

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Vendo ela se aproximar e tocar minha testa tento evitar pensar em qualquer coisa, assim como ela pôde adivinhar que eu viria temia que soubesse o que eu poderia pensar, mas a coisa mais difícil é ficar dois minutos sem pensar... Minha mente continuava com aquele escrito da parede, agradecia que mesmo não lembrando de muita coisa tinha uma boa memória para guarda o texto: "Não pare...", finalmente ela anuncia que precisava de tratamento pois tinha mais ferimentos internos, estive tão distraído que era como se a dor tivesse ido embora, mas só de falar já sentia uma pontadas, Cristina retira o chapéu, e seus cabelos são balançados - Tão bela quanto a filha - pensei. Então ela disse algo que me deixou mais intrigado: - Nele flui muito poder...- Como assim eu me perguntava, o que será que ela queria dizer com muito poder? Não perguntei, ela disse que eu precisava ser levado às águas da mãe lua, resolvi acompanhar sem protestos, simplesmente não entendia nada sobre aquilo, não conseguia lembrar se alguma vez liguei para qualquer religião ou deus ou deuses, mas sentia que deveria respeitar, tanto a mãe lua, quanto suas águas.
Larissa me levou até as águas da mãe lua, águas de um azul infinito, profundo, que sentia ao longe que era especial, será que eu poderia ser capaz de aliviar minhas dores, descobrir meu passado e sobre o que aconteceu, será que eu era digno de algo assim... Meu respeito aumentou com a confirmação da sacralidade daquele local, talvez fosse alguma espécie de pequeno "santuário" para a mãe lua.
Após as explicações de Larissa e sua saída do local, tomo cuidado de me despir, do que posso dizer que seja minha "roupa", então, vou entrando calmamente nas águas, não vejo necessidade de tomar banho realmente mas, o que desejo mesmo é relaxar e talvez "meditar", pensar um pouco, por isso vou caminhando e observando até onde é fundo o suficiente para eu sentar e a água alcançar somente o pescoço, após me sentar (em posição de Lótus, por extinto talvez), fecho meus olhos, e muitas imagens passam pela minha mente enquanto meu corpo está relaxado sob as águas.
Mãe Lua - pensei -, me ajude no meu caminhar. Acho que nunca pedi nada, mas me dê proteção e me mostre porque sofri esses ferimentos, qual o motivo da minha desgraça. Pela minha cabeça voltam a passar as imagens do começo e param - como ocorreu durante o cochilo - nas letras na pedra, aquela poesia, o que poderia ser... "Não pare porquê o perigo ronda você, hoje você sofre, é dor, mas vá para as montanhas e encontrará esperança", era isso que a mensagem me dizia? "P.S. Seu nome é o início de tudo" precisaria descobrir o meu nome...
Agora que estou relaxado é o momento certo para pensar melhor nessa poesia...
Meu nome... O início de tudo... O início?! - pensei. E me martirizei, em perceber... COMO NÃO PERCEBI ANTES? - gritei, saindo da posição que estava e acabando por deitar e mergulhar na água, voltei à minha posição para manter a compostura e relaxar novamente e voltei ao pensamento daquela lembrança... Se meu nome era o início de tudo era só eu juntar as letras das primeiras palavras de cada linha: "N.ão pare..."; "O. perigo ronda..."; "A. esperança..."; e "H.oje é dor..." N.O.A.H...

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Estava animado com a suposta redescoberta precisava saber se era verdade que o meu nome era aquele mesmo, poderia ser só um mal entendido, talvez a mãe de Larissa tivesse alguma pista. Já havia se passado muito tempo pensei eu, mas logo quando pensei pousou uma pomba no meu ombro, um grande susto do nada aquele pombo branco. - Eita, sai pombo! - digo abanando as mãos, mas acabo por cair na água pelo susto numa cena cômica. O pombo escreve no chão, eu leio e quando percebo não tem mais nada, o pombo sumiu. Obedeço e me visto com minhas bananas, logo o pombo volta, mas que grande surpresa quando percebo que não era um pombo branco, mas sim uma pomba branca... a própria Larissa. A cena deve ter sido risória para quem tava vendo, minha cara de espanto diante da transformação da moça, enfim ela não esboçava achar graça alguma e me senti um idiota, enfim, ela trouxera uma túnica para mim.
Agradeci a veste e a vesti. Ela se virou e elogiou, acho que corei...

Enfim segui ela em silêncio, não queria falar que imaginava qual era meu nome, esperava poder conversar com a mãe dela e ver se ela sabia qual poderia ser a verdade.

Ao chegar só estranheza, Cristina estava nos esperando de um modo que combinaria com meu cinturão de bananas, parecia estar coberta folhas e flores, outra hora de surpresa, mas tentei me segurar para não demonstrar minha surpresa tão claramente. Tudo bem, pensei, vamos entrar... Lá dentro perguntaria o motivo de estar ali se ela sabia, e o que ela quis dizer com eu possuir um "grande poder" e que poder seria esse, e se meu nome é mesmo Noah...

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A jovialidade de Cristina dava uma confiança, que mal haveria de me trazer eu precisava descobrir a verdade, então após ouví-la atentamente digo:
- Obrigado por me curar. Eu confio na senhora - respiro fundo e prossigo - Eu resolvi meditar um pouco, não consigo me lembrar se alguma religião possuí, mas pedi ajuda da Mãe Lua e acho que ela me atendeu: acredito que descobri meu nome, Noah, acho que é isso, mas não que afirmar, pois, tenho minhas dúvidas - olho pra cima para me lembrar de mais algumas coisas em seguida volto à falar - Quando acordei tinha uma poesia numa rocha, quem estava tentando me ajudar? E como fiquei do jeito que eu estava?

Abaixo a cabeça olhando para os cabelos sobre meus joelhos, tento passar a mão neles de uma maneira carinhosa e meio sem jeito e volto a falar:
- Eu acordei em uma reentrância numa rocha, havia um rio próximo, era pra'quele lado - aponto pro lado que imagino ser e continuo -, a senhora sabe bem como era minha condição física, além disso eu estava todo sujo... Eu estou perdido, não sei nada sobre coisa alguma... Aceito seu ritual se for para me ajudar, acho que a Mãe Lua já me ajudou com meu nome, preciso também arrumar alguma forma de agradecê-la.

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- Eu não sei se consigo, mas acredito que com a ajuda da deusa posso conseguir - respondo sorrindo, mas por dentro ainda mantinha dúvidas em relação à minha capacidade de fervorosamente participar do ritual. Não sabia até onde iria esse ritual e muito menos a capacidade de alcance dos poderes de Cristina, ela parecia confiável, e, acho, que a tal deusa me ajudou.
Decido realizar realmente com fervor, mas com a ajuda de Cristina, e continuo a resposta:
- Me ajude a ter fervor, senhora Cristina, porque quero aprender com você, sobre mim mesmo e sobre tudo que ainda me falta saber.

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