Sala do Nost

Mas que estado deplorável eu estava, droga, o que aconteceu comigo? Por que eu não lembro? Sinto as lagrimas escorrerem quanto mais penso nisso, mas tudo bem, aqui eu posso permitir que elas escorram, aqui estou sozinha, deixo minha cabeça afundar na lagoa por alguns segundos e volto a emergir, me sinto melhor agora.

Me visto com a camiseta esfarrapada, tirando meu nome eu não entendi mais nada. Quem eu devo encontrar? E melhor ainda são as palavras na parte de trás, o que queriam dizer com aquilo? Esquece, não adianta pensar nisso agora. Levanto e dou uma boa olhada no local onde estou, tentando entender de onde eu sai, minhas lembranças do que aconteceu a alguns instantes estão extremamente embaçadas, lembro de uma luta, luz, mas tudo ainda está meio confuso, continuo apoiada na árvore e tento investigar minhas feridas pra ver a gravidade delas.

Mordo meu lábios como resposta ao sentir a dor das minhas feridas subir, afinal não bastava eu estar perdida e desmemoriada não é mesmo? Dou um sorriso irônico para os céus, melhor agradecer que eu ainda tenho alguns dos meus conhecimentos inatos, vai que piora.

Tento me erguer, ainda me apoiando na árvore, tento primeiro investigar essa estranha fumaça ao longe, mas me dou por contente com o que conseguir ver, não quero me aproximar de algo desconhecido por mim agora, se bem que tudo aqui era desconhecido por mim, mas ao menos eu sei que aquelas coisas eram casas e muros, ou eu acho que aquilo são casas e muros ao menos.

Como a escolha que restava começo a caminhar em direção as casas, dando um passo de cada vez, com cuidado, primeiro para não piorar o estado das minhas feridas com movimentos bruscos e também para não chamar muita atenção como uma louca desvairada correndo em direção a civilização, ou algo parecido com civilização.

As memórias ainda estavam enevoadas, mas um homem que carrega num cavalinho, ou pelo menos parecia eu, muito mais nova, estávamos em uma floresta e ele me contava sobre as diferentes plantas que encontramos em nosso passeio. Eu estava nas suas costas, não consigo ver direito seu rosto, e qualquer detalhe que eu tento me focar parece escapar entre meus dedos rapidamente, ainda sim as memórias sobre o que ele falava brilhavam claras na minha cabeça, soavam como memórias calorosas, felizes, era o que eu sentia.

Escapo do meu transe e volto a ver o mesmo passarinho ainda beliscando uma das frutinhas, sorri enquanto sinto uma pequena lagrima descer pela minha bochecha, parece que eu ainda posso me lembrar de quem sou, me animo e tento pegar algumas frutas para comer, com cuidado, tentando não assustar o passarinho.

Em seguida, após me sentir melhor vou voltar minha atenção para as casas a minha frente, observar os detalhes delas, o estilo das construções e principalmente, se tinha, e como eram as pessoas lá.

Ainda não me sentia bem para interagir com as pessoas, uma sensação desconfortável ainda pairava sobre meus instintos, e ultimamente eles eram basicamente o que eu tinha para seguir. Entre os pensamentos do que deveria fazer agora minha atenção se desvia para uma mata densa, me sinto bem ao ver aquele local, talvez familiaridade? Meus instintos de novo? Mordo meus lábios hesitando em seguir para lá, mas como eu disse, não tenha mais nada para fazer além de seguir meus instintos e é isso que faço, respiro e decido seguir com calma naquela direção, tentando me manter longe dos olhos alheios.

Levanto minhas mãos em um rápido reflexo, mas simplesmente fico paralisada, o que deveria falar agora? -Se… Senhora, eu, eu não sou disso, eu só estou perdida, eu fui atacada… E, e, e eu não sei bem onde estou, eu to com medo… A última sentença sairá com dificuldade, as lagrimas que começavam a umedecer minhas bochechas por sua vez saiam com uma facilidade impressionante...