Aquela gargalhada parecia o prenúncio de algo ruim.
Senti um frio na espinha enquanto ela gargalhava, e se acentuou quando ela começou as palavras estranhas e gestos com os braços. Me arrependi quase que imediatamente assim que vi o novelo se formar e começar a emitir pequenas faíscas de luz. Senti meu maxilar travar involuntariamente. Hilda faz um tipo de ameaça, minha expressão foi de medo e meu corpo ficou tenso.
Quando o novelo me circunda e começa a me erguer do chão, sinto meus músculos ficarem rígidos, tentando me equilibrar em riste, da mesma forma que tentamos fazer num brinquedo de parque de diversões que nos coloca de cabeça para baixo. Ela continua falando, num tom severo. Fico nervosa enquanto sinto meu corpo girar. Alço os braços para cima instintivamente, preparando-me para uma eventual queda. Sinto o vestido deslizar por minha cabeça, me descobrindo o corpo novamente.
- Hm...
Tentei falar algo, mas só saiu um gemido. Fechei os olhos, com raiva e vergonha. Ela continuou com o que parecia ser uma penitência, provando seu poder e destruindo completamente minha descrença. Meu Deus, meu pai, me ajude. Vem a surra mais improvável e bizarra de toda a minha vida, aplicada por um vestido e cinto magicamente animados, enquanto eu estava nua, flutuando de cabeça para baixo, com uma velha bruxa falando indiretamente sobre minha ingratidão.
Pareceu uma eternidade, minhas nádegas latejavam de dor. Mas, finalmente, ela me veste novamente e me devolve ao chão de forma suave. Quando sinto que consigo me mover, caio de joelhos. Sinto minha respiração voltar pela primeira vez desde que fui alçada ao ar. Parece que prendi a respiração por todo aquele tempo. Arfava com dificuldade, tentando devolver o ar ao pulmão enquanto chorava levemente, em choque.
Hilda terminou agindo como se nada tivesse acontecido, falando normalmente e sorrindo. Meu olhar ficou perdido por um tempo. Tentei racionalizar. Procurei alguma resposta. Nada. Minha mente parecia se desviar do assunto.
- A falta de explicações se torna a verdade absoluta, e a explicação em si.
As palavras saem de forma apática. Limpo minha mente e respiro fundo. Enxugo os olhos com a manga do vestido. Me ergo lentamente, com a cabeça baixa.
- Me perdoe. Agora não tem mais nada além do aqui, do agora e dessa nova realidade. O que vem agora?
Meu olhar estava sério. Encaro ela, num misto de respeito indignação. Como se soubesse que eu estava à mercê da velha, mas reconhecendo que ela poderia, de fato, me ensinar coisas incríveis, fundamentais para minha sobrevivência.
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