[First-Things-First] - Prólogo Grey

Gray adquiriu o hábito inconsciente de estar presente fisicamente em um lugar e mentalmente distante desde que sua mente foi ampliada para uma maneira completamente diferente de enxergar a vida. Completamente diferente da vida que levava. Algo além de nascer, procriar e morrer. Agora era um Garou. E uma das primeiras alterações de sua vida reside em seu novo nome: Uivo-dos-espíritos. À princípio, achou o nome enorme devido à sua vida passada onde os lobos tinham nomes menores, contudo, após entender seu significado, aceitou de bom grado. Aprendera que era um Theurge Fianna e que afinidade com os espíritos era notável. A avalanche de informações jogada em si fora tão grande que mesmo tendo passado apenas pouco mais de um mês, parecia que sua estadia estava na faixa de anos. Sentia-se em eterna dívida para com Uivo-sombrio, Presas-da-tempestade e Khalil por terem sido incríveis mentores e ótimos aliados seus. Foram eles os responsáveis de levar o conhecimento de toda a estrutura Garou e tudo o que isto envolve.
Além destes,  havia Aine. O jovem Garou não saberia dizer o motivo de sentir-se bem com a lupina. Seja por dividirem uma visão parecida de mundo e dificuldades para com a  nova língua que tinham de aprender, por causa de sua raça, seja por pertencerem ao mesmo augúrio e tribo ou pelo fato de os dois terem perdido quem amavam muito. Esta última informação só foi possível ser encontrada depois de conversas com alguns Garous da tribo e com algumas consultas com os espíritos, que é onde ele percebeu que mais deve exercer sua paciência. Ele sabia o que era perder alguém. Todas as noites esta mesma dor o visitava em pesadelos de quando toda sua alcatéia foi morta. Não queria esta dor para mais ninguém. Menos ainda para Aine. Mesmo calado sobre este assunto, após ter adquirido todas as informações que precisara, não demorou muito para tomar sua decisão. Era apenas questão de oportunidade para conversar com Aine sobre isto.
Era mais uma manhã e quebrando a rotina cinza, Aine exibia cores novas, vivas e quentes. Parecia animada com algo e Gray sentiu que se perguntasse sobre isto, a magia poderia se quebrar, e então ela voltar à cor cinza que estava mantendo nos últimos dias. Indo em direção ao riacho, Gray já havia entendido. Ela iria observar as águas. Não precisou de muitos dias para perceber esta sua mania que não o irritava em nada. Na verdade, era um lugar que para ele exalava a paz naturalmente. Em forma lupina caminharam despreocupados até o destino. Aine decidiu sentar nas rochas e voltar à sua forma humana. Gray sentou numa rocha ao lado, e contra sua vontade, também voltou à forma humana. Nada contra os humanos, mas Gray ainda sentia-se estranho naquela forma. Sem pelos, sentia-se nu e estranhava que a maioria sentia-se bem, confortável e normal. Aine o explicou que é questão de costume e desde então, repete essa frase para que um dia torne-se real em sua mente.

Aine escreveu:Acho que tu talvez devia ser unir a matilha nova. Sem Nimue eles precisam de um Theurge e tu precisa de matilha.

Ouvir Aine era confortante, pois não era o único que estava nesta fase de aprendizagem.

Aine escreveu:Grey acha pronto para juntar a matilha? Aine pode falar com os Anciões.

Gray balança afirmativamente sem abrir a boca. Era uma decisão importante e por isto estava nervoso. Neste momento, passava em sua cabeça a projeção dele em uma nova matilha e suas responsabilidades como Garou. Estava claro para ele que gostaria de ajudar Aine a encontrar sua amiga, porém... e se todos morrerem por sua culpa de novo? Gray sentira seu semblante preocupado e continuou:

- Gray estar pronto. Gray quer saber porque Aine não ir se é Theurge. Nova matilha não é para salvar amiga perdida? Gray tem medo mas querer salvar sua amiga.

Sua linguagem era um pouco inferior a Aine, sentia-se confortável com ela.