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    [Segunda-Feira, Manhã de 26 de Dezembro] - O Velho Trevo

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    Mensagem por Rosenrot Seg Jan 01, 2018 11:48 pm

    O Trevo não tinha mudado muito em questão de organização, o Pub em baixo dos apartamentos estavam um pouco mais 'modernos' por assim dizer, apesar de ainda manter seu ar tão rústico e estranhamente cativante. Ele funcionava ainda da mesma maneira, às vezes até era frequentado por humanos 'comuns', mas a maioria do seu público eram os Parentes, não apenas dos Fiannas, claro. Isso era facilmente explicado pelo fato de alguns Garou também frequentarem o lugar. Mas haviam regras, sempre haviam. O Trevo tinha seu espaço 'VIP' para àqueles em que a Fúria tocava mais profundamente, portanto, incidentes eram raros - raríssimos - e sua clientela estava garantida.

    Acima dele ainda existiam os apartamentos, onde uma das matilhas se mantinha às vezes. O Caern para o qual O Trevo respondia por outro lado não ficava assim tão perto, mas O Trevo era território dos Fiannas - um pequeno território na cidade de pedras americana, mas um território ainda sim - e eles o mantinham com garras e dentes. O Trevo servia de abrigo às vezes, ponto de encontro, informações e outras coisas. Mas mais que isso, O Trevo era de certa forma, um pedaço do lar ancestral dos Fiannas, onde em meio a tantos e tantos americanos, eles podiam se sentir entre os seus.

    O que havia mudado mais radicalmente no O Trevo era a matilha em si: Liam tinha voltado para a Irlanda, uma tal de Kathleen tinha se juntado a eles. Gael ainda estava lá, junto com mais um ou dois novatos. Os Parentes tinham mudado em maioria - muitos foram para a Irlanda também - e outros chegaram. O Trevo era um refugio seguro para os que queriam se aventurar nas Américas. Ainda sim a hierarquia era mantida, o respeito também.

    Quando Seren voltou de sua aventura no Canadá, ela encontrou a família de braços abertos: eles sempre pareciam muito felizes em recebê-la fosse pelo que fosse. Agora adulta, tinha ganho seu próprio espaço - caso desejasse permanecer no O Trevo - não se faziam perguntas e não se falava de nada além de o que ela tinha achado da cidade. Apesar de ter o número de Donovan, ela não tinha tido noticias dele nos últimos dois meses, para falar a verdade, o encontro breve e inesperado deles no Canadá tinha durado nada menos que três ou quatro dias. Ele ficou lá esses dias, mas logo disse que precisava ir. Não explicou porquê, não disse mais nada e na manhã seguinte não voltou mais.

    Ele chegou a mandar uma ou duas fotos da estrada um tempo atrás - era difícil para ela saber de qual estrada se tratava, afinal era apenas pista e mato e ele também não disse -, mas depois a comunicação cessou totalmente. Os outros também não falavam a respeito do que quer que fosse que a matilha do Galliard estava envolvida - essa também era uma novidade para ela, Donovan não fazia mais parte da matilha do O Trevo, apesar de 'agirem' juntos. Evelyn, ele e outro Garou agora faziam parte de outra matilha. Parecia um assunto de que ninguém queria tratar.

    Fator estranho: os irmãos e o pai dele iam e vinham para Nova Iorque, assim como Donnie e Eve, Elliot parecia ter voltado ao velho habito de viver na estrada. Ela via as crianças - Megan e Sean - em alguns fins de semana, quando Elliot os levava lá, estavam crescidos o suficiente para começarem a perder aquele rostinhos de bebê: Megan tinha os cabelos vermelhos da mãe - não tão escuros, havia absorvido um pouco do loiro do pai - e os olhos azuis e brilhantes de Elliot. Sean se parecia com uma mini versão do irmão mais velho. Mas ele, diferente de Donovan, era calado e pacato. Eles estudavam como podiam, naquela vida que os pais resolveram levar: Seren ficou sabendo que Evelyn tinha abandonado a policia e resolvido se juntar ao marido na estrada, tinham comprado uma espécie de sitio lá pros lados da Nova Inglaterra, onde ela ficava com as crianças quando precisava de uma 'folga' da estrada. E isso tinha sido um assunto que vinha à tona às vezes por ali. Achavam que a família Mc'Evans estava longe demais dos outros.

    A irmã de Seren chegou a comentar, uma vez, durante aquelas semanas sobre a velha casa deles, que agora estava vaga, dando uma breve ideia de que talvez elas pudessem ocupá-la, mas depois disso não falou mais no assunto, deixando toda a coisa de lado.

    Naquela manhã - mais uma agitada entre muitas outras - a mesa do café tinha acabado de ser posta, algumas conversas ocorriam aqui e ali, mas nada muito interessante. Seren tinha uma entrevista para aquele dia e precisava se preparar.

    - Então. - Começou sua irmã mais velha, interrompendo seus pensamentos, ela enfiava uma fruta na boca lhe dando uma boa olhada. - Noticias do desnaturado barbudo? - E riu de leve, movendo as sobrancelhas.

    As coisas não pareciam ter mudado tanto assim, afinal.
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    Mensagem por Persephone Ter Jan 02, 2018 8:06 pm

    [Segunda-Feira, Manhã de 26 de Dezembro] - O Velho Trevo Ol59Qhv

    O intercâmbio para o Canadá tinha chegado ao fim após o período de um ano. Quando decidiu se mudar através da possibilidade que surgiu na NYU, Seren sabia que não estava indo apenas pela experiência acadêmica e profissional que ganharia lá - aprenderia francês, por estar em Montreal, na província de Quebec - mas também era uma forma de "fugir" do que tinha em NY. Mesmo dois anos depois da partida de Donovan, a ausência dele ainda criava um buraco que não conseguia preencher.

    Sabia que tinha feito o melhor, que foi o mais madura possível. Mas se ela tivesse sido egoísta e pedido para que ficasse, as coisas seriam diferentes? Se, por outro lado, ela tivesse aberto mão de tudo e simplesmente pulado na garupa dele, estariam se aventurando junto hoje em dia?

    Ela conseguiria ser desapegada a esse ponto?

    Sabia que não. Mas esse era o problema do "e se...?", pois eram possibilidades que ela nunca teria uma conclusão, no fim das contas. O passado não podia ser mudado, mas chegava a ser um pouco frustrante como ele sempre surgia nos lugares mais improváveis. Seren conseguia ser feliz em Montreal, tinha um apartamento alugado muito bonitinho, amigas, aprendeu francês, estava se dando bem nas pesquisas. O único ponto solto tinha sido o emprego, pelo menos no início. Conseguiu um emprego de meio período na biblioteca do campus e, por comodidade, acabou ficando por lá. Teve pouco tempo, no fim das contas, para correr atrás de um emprego num escritório ou cargo público de Montreal - o francês a prejudicava também.

    E, obviamente, mantinha contato com os Garou de lá. Era importante manter a ajuda na causa, fazia sua existência ganhar um propósito. Esperava que cada ajuda que desse, pudesse evitar uma criança órfã como ela e, também, na guerra contra os malditos. Seu pai morrera assim quando ela era pequena. Um herói ao seus olhos.

    De todo modo, Montreal era ótimo, ela só não podia imaginar que fosse reencontrar Donovan por lá.

    Quatro dias.

    Quatro dias foram o suficiente para demolir os últimos meses de separação. Seren aguentou até onde pôde - bem pouco - mas era como fogo e gasolina, explosivos. Não conseguia evitar, ainda que ela fosse aquela que se ferrasse mais depois. Quando ouviu dizer que ele precisava ir, tudo o que ela conseguiu dizer foi "precisa...", porque era mais fácil do que se iludir. Não esperou que ele voltasse no dia seguinte, ainda que, vez ou outra, recebesse uma mensagem dele.

    O tempo em Montreal foi precioso, mas ela também perdeu muitas coisas nessa 'fuga". Não viu a primeira mudança de Dian nem acompanhou "de perto" - do Trevo, pelo menos - o treinamento dela, tampouco viu o nascimento dos gêmeos de Nolan. E agora, com Donovan, ela sentia que não fazia mais sentido esticar seu intercâmbio se ele também conseguira "corromper" aquele lugar. Era melhor aproveitar a festa de retorno de Dian como ahroun e ficar em NY de uma vez.

    E foi isso o que fez.

    Foi muito bem acolhida no Trevo e logo se mostrou disposta a ajudar novamente. A matrícula voltaria para a NYU e ela teria apenas que cortar ou acrescentar algumas matérias que faltavam. Também voltaria a correr atrás de um emprego, porque não queria ser um peso morto ali e precisava da experiência. Nolan tinha o estúdio de tatuagem que servia como point também e Dian se juntara à matilha do Trevo.

    Tudo parecia bem.

    Seren tinha retornado no início de Dezembro e pôde ajudar na decoração do natal e todo o resto. Teve muito o que conversar com Nolan e ponderava sobre a possibilidade de uma mudança de casa, mas não gostava do local sugerido. Os dias passaram, o trabalho continuava. O natal veio e passou. Era 26 de Dezembro e eles ainda tinham muita comida ali. No momento, Seren até fazia um sanduiche com a sobra do tender enquanto tomava um suco. Estava toda arrumada e maquiada para uma entrevista que tinha arranjado.

    Achou suspeita pela data, por isso mesmo já estava com o spray de pimenta na bolsa.

    Deu a primeira mordida e ouviu aquela pergunta de Nolan. A boca ficou aberta, com aquele pedação de sanduiche até que ela começou a mastigar com mais vontade e fez uma careta para ela.

    - Sabe bem que não. Não sei porque ainda tenho o número dele. - Resmungou e deu um gole no suco. - E como estão os preparativos do Ian?

    O "marido" de Nolan, pai so gêmeos. A matilha teria alguma coisa para fazer na umbra nos próximos dias e, pelo menos, conseguiram passar o natal juntos. Nolan desfez aquela cara e deu de ombros, pegando outro damasco.

    - Tudo bem, eu acho.

    - Você vai abrir a loja nos próximos dias?

    - Claro. Tem várias tatuagens agendadas.

    - Alguma natalina? - Perguntou brincando e Nolan riu também, meneando negativamente. - Não sei quantos casacos coloco hoje. NY anda tão fria... - Seren olhou pela janela. - Deve estar impossivel lá fora.

    Iria como uma cebola: com dois sobretudos, calça térmica por baixo da calça social, a blusa de manga comprida, botas. Pelo menos o rostinho estava bonito, como sempre. Seren tinha aqueles olhos diferentes, um completamente azul e outro azul com metade verde, mas carregava uma beleza bem "exótica". O cabelo loiro alaranjado estava bem escovado e preso num rabo de cavalo. Ela também pegaria o cachecol antes de sair.


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    Mensagem por Rosenrot Qua Jan 03, 2018 5:06 pm

    Nolan tinha dado uma risada quando Seren falou sobre não saber porque ainda manter o número: ela tinha uma breve ideia e achava que a irmã também, mas fingiria muito bem que não sabiam do que estavam falando. Voltaram as conversas mais amenas daquele dia. Não havia muita coisa interessante acontecendo na cidade, por incrível que parecesse. Eles - os Fiannas - ainda eram minoria ali, comparado aos Andarilhos e aos Roedores e a todas as coisas ruins que aquela cidade conseguia ter.

    Eles - os Garou - como sempre, tinham pedido o endereço do lugar em que Seren ia fazer a tal entrevista. Andavam de orelhas para cima - como gostava de dizer Nolan - com tudo na cidade. Era justificável até certo ponto.

    Nova Iorque estava, como ela imaginou, um gelo. As ruas estavam relativamente vazias graças ao horário - e ao fato de ser um dia após o natal, mas Seren sabia que isso não ia durar muito tempo. A estação de metro não era muito longe do Trevo, talvez uns dez minutos de caminhada. Até ai, nada de anormal. O lugar para onde Seren ia era um amontoado de pequenos edifícios, longe do centro de Huntington - e essa era outra novidade, o Trevo tinha se 'mudado' para Huntington, pelo que Sienna entendeu de toda a história,era algum acordo dos Fiannas com os Andarilhos. O antigo Trevo no Centro de Manhattan agora servia a outros propósitos.

    O novo prédio era um edifício de três andares - não muito diferente do anterior - apesar de ser mais espaçoso. Eles trataram de tentar manter a velha aparência do lugar, até mesmo o pequeno terraço arborizado foi reproduzido ali. A diferença maior é que Huntington era um lugar mais... Tranquilo, mais calmo e menos movimentado. O Trevo ainda enchia nas noites de fim de semana, mas não era a mesma coisa de Manhattan. O que não era ruim, encarado de certo ponto de vista.

    Seren precisava ir para Central Islip, onde ficava o local que precisava fazer a entrevista. De certo modo, aquele ambiente era mais agradável para os Garou - os Fiannas, ao menos - do que Manhattan e até para ela era um cenário mais interessante. A viagem de metro até a estação Central Islip não demorou muito e dali ela precisava caminhar alguns poucos minutos, o local era a Escola de Ensino Fundamental Francis J. O'Neil, que ficava praticamente atrás da estação e de frente para o Parque Central de Islip.

    Não haviam alunos, é claro. Ao menos não naquela época. Ela foi recebida por um porteiro amigável que lhe indicou o caminho a seguir dentro do prédio. A maioria dos corredores estavam vazios, o que dava uma sensação estranha...

    Quando finalmente entrou a sala que procurava, foi recepcionada por um homem vestido de calça jeans e camisa social, sapatos pretos bem lustrados e um penteado arrumado. Ele sorriu, se apresentou como Jake Bens e lhe pediu para entrar. A conversa foi bastante agradável. Ele fez algumas poucas perguntas sobre a estadia dela no Canadá, sobre suas experiências e tudo mais, enquanto observava o currículo da jovem. Ao fim, apenas baixou a pasta e sorriu de leve.

    - Bem, seu trabalho aqui seria um pouco diferente do que você aparentemente está acostumada. Seriam situações jurídicas envolvendo a escola, corpo docente, e às vezes os alunos. Evelyn me recomendou muito bem você.

    E pela primeira vez desde que chegou, ouviu o nome da Ragabash.

    - Acha que se enquadra no que você tem buscado?
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    Mensagem por Persephone Qui Jan 04, 2018 12:59 am

    A mudança do Trevo foi uma surpresa boa para Seren. Apesar de adorar Manhattan, achava Long Island mais acolhedora para eles e parecia combinar com o modo de vida dos Fianna. Obviamente que o Trevo começou a ser um pouco menos lotado - ainda que enchesse bastante, com um novo perfil de consumidores. Mas todos pareciam se adaptar bem às mudanças. Só seria um pouco cansativo por conta da faculdade, quando recomeçassem as aulas. Seria uma questão de hábito mesmo.

    Como havia imaginado, as ruas estavam um gelo. Precisava ter cuidado para andar ali e não escorregar na neve. Até mesmo o metrô continuava frio - talvez porque não tivesse o mesmo volume de pessoas que havia na principal Ilha de NY. A garota ficou o tempo todo encolhida, incapaz de tirar as mãos dos bolsos do sobretudo para mexer no celular ou coisa do tipo. Não demorou muito para que chegasse até a estação de Central Islip.

    Central Islip nem ao menos parecia NY. Conseguia ter uma imagem ainda mais interiorana do que o atual local do Trevo, ainda que tivesse importantes lugares ali. Talvez o fato de ser dia 26 de Dezembro e ter muita neve na rua, ajudasse a passar essa impressão de "vazio".

    Seren nem teve muito tempo para contemplar o lugar, simplesmente caminhando e aquecendo o corpo até a Escola de Ensino Fundamental. Achou um pouco estranho aquele convite, imaginou que talvez fosse por conta da biblioteca, mas bem, ela precisava de um estágio ou emprego temporário e não precisava ser a maior maravilha do mundo. No entanto, pensou que talvez estivesse mais arrumada do que seria o adequado. Ao tirar o excesso de agasalhos, no interior do colégio, essa impressão passou, no fim das contas, era apenas uma calça social preta e uma blusa de manga comprida e gola alta azul marinho. A blusa estava por dentro da calça e um cinto simples era exibido.

    O homem que a recebeu se chamava Jake Bens - estava mais casual do que ela, mas bom, ela que precisava do emprego. Seren sorriu, de modo gentil e sentou-se, começando a entrevista que foi mais simples do que ela imaginava.

    - Eu estou indo para o 3º ano de Direito na NYU e retornei de um intercâmbio de 1 ano em Montreal. Já fui aprendiz na defensoria pública e estagiei num escritório durante o 1º ano de faculdade, mas apenas para questões burocráticas. Em Montreal, eu me dediquei mais ao ramo acadêmico até porque o francês era um pouco complicado nos estágios, mas eu aprendi a falar e escrever. E pretendo continuar com os estudos, mesmo aqui.

    Deu um resumo de suas habilidades, comentou que sabia mexer em planilhas, enfim, toda essa ladainha que fica destacada. Quando terminou seu relato, o Sr. Bens revelou como seria o trabalho dela. Seren tombou um pouco a cabeça, achando bem diferente de tudo aquilo que ela tinha pensado até então. Porém, foi o nome de Evelyn que chamou a atenção dela e Seren não conseguiu responder num primeiro momento. Piscou algumas vezes, com os lábios entre abertos.

    - Ahm...ahm...É claro! Eu acho que se enquadra sim. Gostei muito da proposta e tenho interesse, mas...Me desculpe, Sr. Bens, o senhor disse Evelyn? - Arqueou uma das sobrancelhas. - Evelyn Evans? Foi ela que me indicou para essa vaga?

    Estava extremamente surpresa e mil perguntas vinham à sua mente: Por que? Quando? Como? De onde? Mas ela não achou que fosse o momento mais adequado para disparar essas perguntas. A surpresa, contudo, ela foi incapaz de perceber e o homem facilmente perceberia que havia algo ali. Não era como se elas fossem inimigas, mas amigas é que não eram.
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    Mensagem por Rosenrot Qui Jan 04, 2018 3:29 pm

    Jake pareceu um pouco surpreso com a repentina 'trava' da jovem, que até agora estava indo muito bem em suas colocações e palavras. Voltou a olhar o currículo, talvez achando que tivesse confundido ela com outra pessoa. Mas o nome era aquele sim. Sorriu de novo, olhando para ela.

    - Sim, Evelyn McEvans Winston. Ruiva, alta, temperamento irlandês. - Ele deu uma risada leve, suspirando. - Trabalhamos juntos um tempo, então ela largou o distintivo e eu tomei um tiro, não necessariamente nessa ordem. Conversamos às vezes e comentei sobre a escola e a vaga e ela falou sobre você.

    Ele respirou fundo, se levantando afinal não tinha mais muita coisa para tratar com Seren, já que ela se mostrava interessada no cargo. - Bom, como você é estudante, seria algo de meio período, então temos que ver como estão seus horários para encaixarmos aqui e aí vemos a remuneração, certo? O trabalho em si só vai começar quando as férias de inverno terminarem, então temos bastante tempo para ajeitar tudo.

    Ainda estava um pouco em duvida sobre o que tinha acabado de acontecer ali, a surpresa de Seren lhe pareceu estranha ao primeiro contato, mas manteve-se de maneira cordial. Talvez Eve pudesse esclarecer depois o que diabos tinha sido aquilo. - Alguma dúvida, pergunta? - Concluiu.
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    Mensagem por Persephone Sex Jan 05, 2018 2:02 am

    O nome de Evelyn sempre teria um impacto na vida de Seren. Desde o início, ela tinha feito cara feia para o tanto que Donovan vivia a ajudando e se metendo em confusões por conta dela. Ali, nem poderia julgá-la, afinal, era a mãe protegendo seu filhote de alguém ruim. E Gaia sabia como Seren podia causar problemas, mesmo quando não queria. Porém, a mulher sempre acabava fazendo algo por ela.

    Foi assim com a NYU, quando soube que ela queria fazer Direito - mesmo ainda tendo 17 anos e estando no último ano do Ensino Médio - ela também ajudou na Defensoria e, agora, nesse emprego. Quando ela se envolveu em NYU, Seren tinha ficado com a impressão que era apenas uma forma de Evelyn se livrar mesmo dela. No sentido de afastá-la de Donovan, visto que ela estava criando raízes enquanto ele ganhava as estradas e o mundo.

    Isso não funcionou por muito tempo, já que sempre acabavam se encontrando, mesmo quando estava em outro país.

    De todo modo, o nome dela travava Seren num momento importante. A jovem até chegou a perder um pouco a cor e a confiança porque não esperava por aquilo. Conseguiu se recuperar, mas claro que deixou um ar de desconfiança no olhar. Foi meneando positivamente conforme ouvia a descrição.

    - Sim, ela mesma...- Repetiu. Olhou para o Sr. Bens quando escutou que eles tinham trabalhado junto e fez um "o" com a boca, chegando a arquear um pouco as sobrancelhas. - O Sr. trabalhou com ela. Nossa, que coincidência! - Sorriu.

    Continuou sentada por um segundo a mais enquanto o homem concluía a entrevista. Finalmente levantou-se, segurando os casacos com um braço e a bolsa pendurada.

    - Eu ainda não montei minha carga-horária do próximo período, mas se for um problema estudar durante o dia, eu ainda posso mudar para o noturno. Assim, posso ficar até o período inteiro, caso seja necessário. - Não via problemas nisso porque queria trabalhar e, bom, agora que sabia quem tinha indicado, precisava mesmo mostrar serviço. - Certo, manteremos contato, então. E nenhuma dúvida, o senhor foi bastante claro.

    Estendeu a mão para cumprimentá-lo.

    - Obrigada, Sr. Bens. - Fechou a mão para cumprimentá-lo e, caso mais nada fosse, dito, ela se retiraria dali.

    No corredor, ela já catou o celular para ligar para a irmã. Estava tão distraída com tudo aquilo que acabou saindo do prédio, sem o sobretudo.

    - Nolan? Ouush tá muito frio, pera aí. - Voltou e enfiou o sobretudo, mas deixou as mãos livres e foi enrolando o cachecol de qualquer jeito. - Oi, voltei...Foi tudo bem. Pode avisar aos meninos. - Comentou. - Eu sei que eu podia ter ligado, mas eu tenho que te contar uma coisa agora porque eu não tô acreditando. - Andava e falava ao celular.- Deu tudo certo. Sim, o meu futuro chefe parece legal, mas...Nolan, posso falar? - Parou e revirou os olhos. - Adivinha quem indicou o meu currículo. Te dou uma chance.

    Seren parou de novo porque a irmã era bem burra quando queria.

    - Nossa, Nolan. A Sra. McEvans. É...Não seei...Bom, vou voltar pra casa. Tem que comprar alguma coisa?
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    Mensagem por Rosenrot Sex Jan 05, 2018 12:18 pm

    Jake voltou a sorrir de leve, quando Seren confirmou que falavam da mesma pessoa. Ainda achava estranho o modo como a jovem tinha reagido, mas preferia não entrar em assuntos pessoais daquele jeito. Eve também não tinha lhe dado muitas informações sobre a garota, afinal. Ele estendeu a mão para aperta a de Seren e informou que manteriam contato para que pudessem arranjar tudo.

    Ele abriu a porta para a jovem e se despediu rapidamente. A volta pelos corredores vazios tinha sido igual, exceto pelo fato de falar ao telefone com a irmã, que não sabia exatamente o porque Seren parecia tão espantada, mas ela também nunca tinha entendido muito bem como funcionava aquela dinâmica estranha entre Seren e os McEvans.

    O metro na volta parecia ainda mais vazio do que a ida, já que grande parte do horário de movimento já tinha passado. Agora Seren tinha bastante coisa para pensar no caminho, além das atribuições sobre o novo emprego.

    De volta ao trevo, o movimento lá tinha se normalizado. Apesar das crianças estarem em casa, tudo parecia relativamente calmo: agora havia um jardim ao fundo do terreno onde a maioria passava o tempo, mas naquele dia frio, eles tinham escolhido ficar dentro de casa entre vídeo games, TV e computador.

    Quando chegou, Nolan a arrastou para um canto sussurrando algo como 'você não vai acreditar em quem acabou..' mas antes que pudesse terminar a frase, uma das portas de um dos cômodos se abriu e Gael e Evelyn saíram dele. Ela não estava muito diferente, apesar de estar quase chegando aos quarenta, Eve aprecia bem - bendita gene Garou - tinha os cabelos na altura dos ombros, aqueles olhos verdes vividos. Estava usando uma calça jeans apertada, botas de salto e uma jaqueta grande de aspecto velho: parecia algo masculino demais para ela.

    - Lugar interessante. - Dizia a ruiva para Gael.

    - E Donovan, cadê? - Perguntou ele, Evelyn deu de ombros, sentando-se num dos sofás da sala.

    - Eu cortei o cordão umbilical quando ele nasceu, Gael. - Respondeu ela, Gael deu uma risada breve, seguida de um 'aham'. Mas ela continuou. - Deve ter ido ver o pai. Ele estava morrendo sentindo a falta daquele maldito americano.

    - E você não?

    - Mais tarde. Longe daquele monte de motoqueiros fedendo a cerveja e suor. Tudo ao seu tempo Gael. E você... - Ela disse repentinamente, voltando o olhar na direção de Seren. - Pegou o maldito emprego?
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    [Segunda-Feira, Manhã de 26 de Dezembro] - O Velho Trevo Empty Re: [Segunda-Feira, Manhã de 26 de Dezembro] - O Velho Trevo

    Mensagem por Persephone Sex Jan 05, 2018 4:45 pm

    Aquela notícia era algo que Seren podia ter contado quando chegasse em casa, mas estava tão...chocada com aquele nome que vivia lhe perseguindo que não conseguiu se conter. A ligação não durou muito tempo porque apesar de ter muito o que falar e teorizar com a irmã, estava fazendo um frio desgraçado e suas mãos estavam congelando. Esperou apenas Nolan dizer se preicsavam de alguma coisa e desligou.

    Já na estação de metrô, Seren colocou os fones e deixou a playlist aleatória do spotify tocando. Não prestava atenção nas letras, só precisava de algum som para abafar um pouco sua mente e criar uma trilha pelo caminho que fazia. O metrô estava bem mais vazio, mas ela observou as poucas pessoas que estavam ali.

    Um velho senhor, lendo seu jornal à moda antiga. A manchete falava do clima, o pior inverno em tantos anos. Uma jovem hispânica, bem encolhida em seu canto e o olho meio machucado. Ela ficava escondendo com o gorro, mas a mancha ficou evidente. Uma mulher negra com um filho pequeno e uma enorme barriga de gestação avançada. Suas roupas eram bem humildes.

    Seren suspirou, imaginando aquelas três histórias e todos os elementos de sua cultura que podiam estar envolvidos ali...Mudança climática, violência, desamparo. Seu povo tinha mesmo motivos para ficar preocupados. A garota podia não se transformar numa Crinos feroz para lutar, mas estava ainda buscando seu caminho para conseguir fazer a diferença. Não sabia ainda como seria sua rotina no novo emprego, mas esperava poder fazer o que era certo, o que era justo. Isso podia ser uma ideia ingênua demais, mas era o que a motivava, no fim das contas. Talvez por isso mesmo fosse uma inconformada.

    A mulher grávida chamou sua atenção de novo. Não por seus modos, mas pela barriga mesmo. Filhos.

    Isso também era algo que preocupava Seren. Sua experiência materna não era lá das melhores - sua mãe a abandonara quando ainda era um bebê. Foi criada com carinho e zelo pela tia parente, mas mesmo assim, doía um pouco saber que tinha sido abandonada. Tinha vontade de procurá-la, saber quem era, o que fazia, por que tinha feito isso. Por que levou a gravidez adiante, se podia ter interrompido? Mas, então, ela ficava se perguntando: será que valia a pena? Sabia que aquilo tinha criado um estigma nela. Seren tinha horror à ideia de ter filhos, embora adorasse crianças. E isso fazia dela uma "má parente", no fim das contas.

    Sua estação a tirou desses devaneios e ela desceu.

    Antes de chegar no Trevo, ela passou no mercado, comprando batatas, cenouras, ovos e leite, porque foi isso que estava na lista de Nolan. A quantidade era sempre grande, por conta das pessoas que moravam ali. Demorou um pouco mais para chegar porque agora carregava um peso considerável nos dois braços magros, fora o peso dos agasalhos. Mas quando chegou, finalmente abandonou aquele peso na cozinha, deixando com a responsável do dia. Foi se livrando de todo o peso e dos sapatos, até que ficasse apenas com a calça comprida, a blusa e as meias.

    Seguia pela casa, massageando o ombro quando Nolan surgiu de um dos corredores, pronta para disparar alguma coisa. Olhou para a irmã com uma das sobrancelhas arqueadas. Seu coração disparou, falhando uma batida. Por um milésimo de segundo, pensou que pudesse ser...ele. Mas...era muito pior. Era a mãe dele.

    - Oh Gosh... -Sussurrou para a irmã, umedecendo os lábios e virando-se para Gael e Eve.

    A mulher continuava absurdamente linda. Nem podia falar que tinha certeza que aquela cor era tinta, porque...não era. A genética dela era boa demais e ela era bonita demais. Nem aparentava ter 40 anos e 3 filhos crescidos. Quando Nolan e ela chegassem nessa idade, provavelmente aparentariam ter mais anos do que tinham. Agora mesmo, Seren parecia séria demais para garota de 20 anos. Ouvia por alto a conversa, até porque nem tinha para onde correr e teve vontade de rir da história do cordão umbilical.

    Aham.

    Até parece.

    Cruzou os braços, olhando para Nolan que virou-se, indo ver os gêmeos. Pelo menos ela tinha desculpa para sair rindo dali. Seren tinha que aguentar, mas encarou Eve de novo.

    E agora ela também a encarava. Chegou a arregalar um pouco os olhos e descruzar os braços.

    - Eu o que? - Perguntou antes do complemento. Deu um meio sorriso no canto dos lábios ao ouvir a pergunta. - Consegui sim. O Sr. Bens, seu amigo, né? Foi bastante claro e objetivo com o trabalho. Ele deve mandar o cronograma depois das festas. - Olhou Eve da cabeça aos pés, repousando os olhos no rosto dela, mas com cautela. - Obrigada por indicar, mas...Por que fez isso? - De novo, quis dizer, mas não queria ser atrevida.
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    [Segunda-Feira, Manhã de 26 de Dezembro] - O Velho Trevo Empty Re: [Segunda-Feira, Manhã de 26 de Dezembro] - O Velho Trevo

    Mensagem por Rosenrot Sex Jan 05, 2018 11:29 pm

    Eve arqueou as sobrancelhas levemente, diante da aparente confusão da jovem, a ruiva deu uma olhada rápida em Gael que apenas deu de ombros, evasivo como sempre. Mas ela logo voltou a atenção para Seren, mantendo a expressão de dúvida no rosto, enquanto a garota falava, Eve retirou o celular do bolso da jaqueta, parecendo ter recebido uma mensagem, suspirou ao ler o conteúdo começando a se levantar.

    - Trabalhamos juntos na homicídios. Ele levou um tiro numa investigação e amarelou. - Encurtou a história porque sinceramente não era um assunto do qual queria falar, guardou o celular no bolso, já de pé e pareceu confusa quando Seren fez a pergunta. Eve olhou para Gael.

    - As crianças devem vir mais tarde, passar a noite aqui se não for problema. - Gael concordou com a cabeça. Nunca era problema ter os deles por perto, Eve começou a se mover na direção da saída e enquanto fazia respondeu a Seren. - Porque sou uma Fianna, e todo Fianna cuida dos seus. - Gael observou a Ragabash sair ouvindo o som da porta bater quando Eve deixou o lugar, ele deu uma olhada breve em Seren, mas não disse nada. De todos ali, o Ahroun era o mais calado deles.

    [...]

    Após aquele estranho inicio de dia, as coisas no Trevo foram como sempre pareciam ser, sem muitos acontecimentos gigantescos. Mas havia aquela coisa não era? Eve havia dito 'as crianças devem passar a noite aqui'. Aquilo incluía Donovan? Quer dizer... Ele não era mais crianças... Mas uma mãe...

    Ela tinha um bocado de tarefas para fazer naquele dia, como roupas e a organização do próprio novo espaço que podia chamar de quarto. Não era algo tão grande como seu apartamento em Montreal, mas ao menos não tinha mais que dividir com as irmãs.

    Havia certa expectativa no ar, não apenas dela, afinal fazia algum tempo que as crianças McEvans não apareciam por ali e cada som na rua - de moto ou carro - lhe gerava uma sensação estranha. As horas foram passando, às vezes pareciam devagar e às vezes rápido demais. A noite veio e a janta foi servida, juntando todas aquelas pessoas em volta da mesa, várias conversas, risadas e isso talvez tirasse um pouco do peso que Seren sentia com a probabilidade.

    O problema foi depois.

    Quando os pratos foram tirados da mesa, e as coisas arrumadas, enquanto alguns se sentavam frente a TV e a lareira, outros iam fazer outras coisas, alguém bateu à porta e uma das Parentes foi atender, ela pode ouvir a jovem falar o nome de Megan e Sean e claramente ouviu a voz de Donovan dizendo um 'olá' para a garota. Então entraram. Primeiro Megan e Sean. Eles estavam bem maiores do que Seren se lembrava, tinham perdido a carinha de 'bebês', Sean tinha os cabelos num ruivo acastanhado - parecia ter absorvido o ruivo da mãe e o loiro do pai -, estava vestido de calças jeans e um bocado de casacos, ele parecia mais tímido do que o normal, cumprimentando as pessoas devagar. Megan estava maior, mas ainda parecia ser tratada como uma bonequinha.

    Usava um vestido azul, meias calças brancas e um casaco também azul. Ela tinha o cabelo ruivo da mãe, só que bem mais claro e ele estava preso numa trança única. Diferente de Sean, Megan eram mais solta e sorria e abraçava todo mundo. Parecia bastante feliz em rever as pessoas.

    [Segunda-Feira, Manhã de 26 de Dezembro] - O Velho Trevo Large-10

    Donovan vinha atrás deles, estava vestido meio diferente do que Seren costumava ver: ele estava de camisa social - meio bagunçada, mas ainda sim - calça jeans e coturnos, tinha um sobretudo/jaqueta jogado no corpo de qualquer jeito - não era como se sentisse tanto frio afinal - talvez o mais estranho para a jovem fosse vê-lo de cabelos curtos e barba curta. Ele abraçou alguns, sorriu para outros, cumprimentou os que não conhecia. Aos poucos o pequeno tumulto foi se desfazendo, enquanto cada um voltava para seus lugares, trocavam informações e afins. Donovan sorriu para ela, meio enrolado do monte de perguntas que faziam.
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    Mensagem por Persephone Sáb Jan 06, 2018 1:27 am

    - Sim, ele comentou sobre o tiro que tomou... - Respondeu o que ouviu e, apesar de achar graça no modo como Eve falava, não achou uma boa rir do seu futuro chefe, ainda que ele não estivesse ali.

    Seren continuou parada onde estava e também olhou na direção de Gael. Via o Garou como o "homem da casa" e tinha muito respeito por ele, pois tratava a todos como se fossem sua família. E, de fato, eram. Apesar dela ter laços sanguineos apenas com Nolan e Dian, sentia que tinha vários primos e sobrinhos naquela casa. O Garou veria quando os lábios dela abriram e fecharam ao ouvir o comentário sobre as "crianças". Precisou fechar a boca antes que Eve a encarasse e pareceu bem neutra quando a Garou a encarou.

    As palavras da ruiva em relação à ajuda, fizeram Seren baixar as guardas. Por conta do relacionamento conturbado que tiveram no início, Seren fazia a associação errada, começando como "mãe do Donovan" sempre que ela se metia. Mas a verdade é que ela sempre a ajudou, independente disso. Seren mordeu os lábios internamente e disse, antes que ela partisse.

    - Obrigada, Evelyn. Também estarei à distância de uma ligação sempre que precisar.

    Ao modo Parente, no caso. Mas era o jeito que ela conseguia retribuir. Olhou para Gael de novo e suspirou, abaixando a cabeça e os ombros, comentando que tinha muito trabalho a fazer.

    [...]

    Aquela manhã tinha passado bem rápida, mas depois da visita de Eve, o dia passou a se arrastar de uma forma inacreditável. Seren também não conseguia se concentrar em suas atividades porque a frase da Garou estava ecoando em sua mente. Nem chegou a comentar com Nolan dessa vez, porque não queria dar o braço a torcer. Porém, vez ou outra, ela se pegava ao celular, olhando para o contato de Donovan e o xingando mentalmente.

    "Maldito, nem pra avisar"

    "Ai como odeio esse garoto"

    "Será que ele vem também?"

    Sentia-se muito idiota e com 17 anos outra vez. O tempo passava e essa ansiedade de qualquer visita dele não lhe abandonava, no fim das contas. Para piorar, quando ela conseguia se acalmar, alguém sempre virava e comentava sobre a vinda das crianças McEvans e ela entrava nesse loop mental de novo. E de novo. E de novo.

    Depois de sofrer o dia inteiro com a possibilidade que fossem aparecer e com cada som de carro que passava pela janela, ela finalmente conseguiu relaxar. O jantar tinha sido ótimo, com muitas risadas, bebidas e comida. Ajudou Nolan a colocar as crianças para dormir e depois se juntou ao pessoal na sala. Em breve, parte daquele grupo partiria para alguma missão da matilha. Dian estava entre essas pessoas. Provavlemente a matilha se retiraria dali para terem sua conversa privada, mas eles não abriam mão daquele momento em família.

    Seren já estava "de pijamas" - usava uma calça térmica quadriculada preta e branca e uma camiseta cinza com estampa de Star Wars por cima de uma blusa de manga comprida preta. O cabelo estava solto e meio desgrenhado. Estava no chão, meio esparramada nas almofadas, lendo um livro no kindle até que a campainha tocou e ela olhou naquela direção. Sentiu o coração batendo na garganta e, no fundo, já sabia quem era. Ao ouvir as crianças, ela - assim como os outros - começaram a se ajeitar. Sentou-se deixando o aparelho de lado.

    As crianças estavam muito crescidas! Não as via há mais tempo do que o pessoal do Trevo e ficou impressionada. Sorriu de modo saudoso para eles, cumprimentando Sean - deixando o espaço dele, pois parecida mais timido. Mas, na vez de Megan, abraçou a menina de modo bem carinhoso quando ela veio. Comentou o típico "como você cresceu! Está tão linda!". Ajeitou a roupinha dela depois do abraço e o melhor, veio no final.

    Seren sempre o encarava meio brava e não foi diferente dessa vez. Encarou meio bicuda e olhou para ele da cabeça aos pés, dos pés à cabeça. Não reconhecia aquele visual dele, muito menos a cara "limpa". Já tinha visto Donovan sem barba, mas nunca com pouco cabelo e pouca barba. Quando ele a encarou, ela deu um timido sorriso no canto dos lábios e levantou-se. Cumprimentou daquele jeito de "oi", sem muitos calores.

    A irmã de Gael disse que prepararia um lanche para os três e traria bebidas para todos. Fez sinal e algumas Parentes, dentre elas, Seren, seguiram para a cozinha. As que foram seguiam porque tinha sido "o dia da cozinha". Nolan ficou na sala e já implicava, obviamente com o novo visual.

    - Noossa, gatão! Tá diferente! Eu nem te reconheceria na rua, se visse! - Disse naquele tom brincalhão dela.

    Seren passou por ele e seguiu até a cozinha. Ficou cerca de quinze minutos lá com as outras três Parentes até que voltaram com peticos, bebidas e o lanche das crianças. Ela abriu espaço na mesinha de centro, colocando os peticos e catou alguns amendoins antes de voltar para a cozinha e voltar com mais coisas. Em pouco tempo, todos estavam comendo de novo para acompanhar as "crianças". Seren aproveitou aquele tempo para catar o kindle e guardar no quarto.

    Também aproveitaria a breve caminhada até o quarto para conseguir colocar a mente no lugar. Parecia que nao estava oxigenando o cérebro direito.
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    Mensagem por Rosenrot Sáb Jan 06, 2018 1:29 pm

    Ele tentou manter os sorrisos aqui e ali, enquanto respodia algumas perguntas - de forma evasiva - sobre sua viagem com Eve. Não parecia muito interessado em falar sobre aquilo, mas também não se esforçava muito para mudar de assunto. Quando as coisas finalmente começaram a se acalmar um pouco e as perguntas foram morrendo devagar, ele se sentou em uma das poltronas e pegou uma cerveja.

    Deu uma risada leve com a brincadeira de Nolan. - Então agora tenho uma chance? - Moveu as sobrancelhas levemente, mas logo voltou-se ao Garou da Parente dizendo um 'calma que tô brincando.' Não tinha intenção de causar qualquer confusão. Deixou o fluxo seguir, enquanto os demais iam se habituando a sua presença.

    Ele olhava para Seren vez ou outra, mas sua atenção era constantemente chamada em outras direções, estava falando pouco, sorrindo muito e balançando a cabeça aqui e ali. Parecia ligeiramente distraido às vezes, mas nada que não fosse comum para Donovan.

    Quando ela retornou e foi em direção as escadas, ele parou para prestar atenção e perguntou para onde ficava o banheiro. Não achava que teria uma real oportunidade de conseguir falar com Seren a sós até que todos fossem dormir ou coisa assim. Afastou-se dos demais, indo na mesma direção que ela.

    Não conhecia tão bem o novo lugar, mas apenas seguiu o som dos passos da jovem, sorrateiro como sabia ser às vezes esperou que ela fosse até onde queria ir e só então recostou-se na porta, observando o ambiente rapidamente, antes de falar.

    - Não sabia que tinha voltado. - Estava um pouco rouco, mas nada muito grave. - Não gostou do Canadá?
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    Mensagem por Persephone Dom Jan 07, 2018 2:26 am

    Nolan era o tipo de pessoa que não fugia das brincadeiras - era um espírito livre que, por obra do destino, resolveu orbitar em Ian. Os dois eram felizes, ao modo deles. O Garou tinha aquele modo territorialista, mas confiava em sua Parente, de modo que só deu uma rosnada para Donovan e foi "acalmado" com alguns beijinhos dela.

    - Calminha, calminha...Depois eu passo o telefone novo e...Brincadeira! - Riu e apertou o companheiro.

    Não houve nenhum tipo de mal estar por conta disso, só risadas. Seren também foi uma das que deu um sorriso aqui e ali, mas ela estava começando a demonstrar sinais de tensão. Havia algo estranho no ar. Donovan parecia...Diferente. Podia parecer paranoia, mas ela sentia que algo havia mudado. Afinal, ele não estaria com um estilo e uma postura nova se algo não tivesse acontecido.

    Será que queria saber?

    Estava começando a ficar um pouco angustiada e o jantar que tinha sido tão gostoso começou a criar um bolo em sua garganta. Deu um jeito de sair da sala, com a desculpa de que iria guardar seu aparelho. Sabia que havia a possibilidade dele ir atrás dela, mas não achava, no fundo, que ele fosse. Subiu para o andar dos quartos, massageando a têmpora e entrou no próprio quarto, fechando a porta. Não viu, mas a porta não chegou a bater completamente.

    Seu novo quarto em NY não era como seu apartamento em Montreal - óbvio que não - mas havia certo conforto ali. Era pequeno, menor do que o quarto que tinha lá, mas ela conseguiu, ao longo do mês, deixá-lo organizado. Estava com alguns móveis de lá que tinham chegado há 10 dias e o quarto ganhava formas de quarto. Havia uma cama de casal com duas mesinhas de canto; uma mesinha com prateleiras e espaço para o notebook e o amplificador do celular; e cômodas com uma arara para algumas roupas. A jovem entrou no quarto, colocando o cabelo para trás antes de passar a mão na boca.

    referência1 referência 2 referência 3

    Caminhou até a cama, sentando-se na ponta e ganhando um tempo. Não escutou os passos, por isso se assustou e se colocou de pé quando o viu parado ali. Ela ainda tinha aquela mesma mania de ficar cruzando os braços quando ficava um pouco mais nervosa. Apenas para descruza-los de novo e deixar os ombros caírem.

    - É, eu não cheguei a comentar. - Nas mensagens que trocavam, quando ele mandava uma foto e ela respondia com uma carinha. - Voltei no início do mês quando Dian também voltou e passou a fazer parte da matilha.

    Explicou-se.

    - Eu não ia ficar para sempre no Canadá, era um intercâmbio, mas....- Mexeu na ponta da mesa. - Eu não estendi por mais tempo porque vir para cá mexeu um pouco comigo. Precisava voltar para casa...

    E também porque ele tinha bagunçado tudo quando foi para lá. Franziu as sobrancelhas e o encarou.

    - Por que? Não está feliz em me ver? Ou não teria vindo se soubesse que estou aqui? - O que começou como uma provocação boba, terminou com uma frase quase triste. Imaginava que ele soubesse, até porque, tinha acabado de ganhar um emprego novo graças à Eve.

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    Mensagem por Rosenrot Dom Jan 07, 2018 8:17 pm

    Ele parecia interessado no ambiente que ela tinha montado, apesar de ainda permanecer na porta: não havia dado sequer um passo para dentro do cômodo, olhou de um lado para o outro, atento aos detalhes: Donovan gostava de detalhes e aquele tipo de espaço lhe lembrava vagamente seu antigo espaço próprio de um tempo que parecia tão, mais tão distante que chegou a mover levemente a cabeça em negativo com a lembrança. Porém seu olhar logo encontrou ela de novo, atento ao modo como sua expressão corporal falava. Donovan era um Galliard e tão importante quanto ouvir e falar, observar fazia parte da sua arte.

    - Eu sei. - Afirmou, ao ouvi-la falar sobre a irmã mais nova. Sabia sobre aquilo porque tinha ouvido as noticias na Irlanda, essa era a parte boa e ruim de ser um Fianna, as noticias entre a família corriam rápido como fogo na palha, era difícil esconder um segredo por muito tempo.

    Moveu a cabeça aqui e ali, daquele jeito que parecia distraído enquanto ouvia Seren falar sobre o Canadá, era estranho vê-lo tão sem foco, quer dizer... Donovan nunca foi alguém realmente focado em algo 100% do tempo, mas ele sempre teve aquela aura que fazia você parecer saber que estava sendo escutado, talvez algo ligado ao seu augúrio, mas ali... Ele parecia distante ao seu modo. Sorriu de leve, com o que Seren falava ao final, arqueou as sobrancelhas lançando um olhar para ela.

    - Sim, eu teria vindo se soubesse que você estava aqui e sim, fico feliz em saber que você está feliz. O que é um Fianna sem a família, afinal? - Lambeu os lábios, passando uma das mãos nos cabelos. - E o que achou desse lugar novo? Acho que vou sentir falta do barulho.

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    Mensagem por Persephone Dom Jan 07, 2018 9:02 pm

    - É... - Respondeu um pouco baixo ao "ao sei" que ele lançou.

    Seren era uma garota observadora, mas que quando encontrava espaço falava bastante. As conversas com Donovan sempre foram fluidas, naturais, justamente porque ele sempre foi bastante receptivo e tinha aquela aura de que realmente escutava quando alguém falava. Fazia com que ela se sentisse confortável e à vontade ao lado dele.

    Mas essa sensação parecia muito, muito longe agora.

    Depois de suas últimas palavras, ela diminuiu o tom de voz e abaixou um pouco o olhar. O sorriso dele a puxou de volta e, mesmo diante da resposta, ela não conseguiu sorrir dessa vez. Estava incomodada e não gostava daquele mistério todo. Olhou além, vendo o corredor e o limite que ele não passava. Respirou fundo, como quem busca por coragem e se aproximou dele, encurtando toda a distância que havia entre eles.

    A cabeça ficou na altura do peito dele por conta da diferença de altura, ela olhou para o alto, analisando o rosto dele de perto. Aquele contato mais próximo podia gerar uma tensão no ar, mas ela não ficou muito tempo ali, na verdade, foi além. Esticou um pouco o pescoço, também olhando para o corredor - um lado e o outro - e então retornou, segurando o pulso dele e o puxado para dentro do quarto. Ele podia evitar o movimento, se quisesse - ela não seria capaz de puxá-lo, se ele fincasse os pés no chão. Mas o fator surpresa era para que ele saísse dali e parasse com aquela distância toda. Caso ele entrasse, ela fecharia a porta.

    - Não é como se fossemos descumprir as ordens do Trevo. - Disse enquanto o puxava para fechar a porta. - Mas já estava me aborrecendo um pouco te ver ali parado. Sente-se, por favor.

    Dizia antes de virar para encará-lo.

    - Aqui é bem mais tranquilo do que Manhattan sim. Dá para sentir falta do barulho, às vezes, mas a qualidade de vida é infinitamente melhor para as crianças e para a matilha também. É um bom lugar. - Comentou para respondê-lo. - Agora...Me diz, o que está acontecendo com você?

    Encostou-se na porta, cruzando os braços, mas agora era por conta do interrogatório, não desconforto.

    - Eu sempre apreciei a sua sinceridade e o modo como sempre me falava a verdade, ainda que doesse. Mas você não parece você, agora. Não é só o cabelo, a barba ou as roupas... - Suspirou, visivelmente preocupada com ele. - O que houve, hm? Por que você tá assim?
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    Mensagem por Rosenrot Seg Jan 08, 2018 9:29 am

    Ele observou, Donovan era, acima de tudo um grande observador. Tinha ouvido isso de sua mãe uma vez: Gaia tinha lhe dado dois olhos, dois ouvidos e uma boca e ele deveria usar isso de acordo. Eve não era exatamente de dar lições simplificadas - era uma Ragabash afinal - portanto quando isso acontecia, elas acabavam ficando grudadas na cabeça. Então ele atentou-se bem ao que Seren fazia e de fato houve tensão quando a jovem se aproximou: o primeiro instinto do Garou foi levantar a cabeça e observar o corredor vazio e agora pouco iluminado. Conhecia as regras do Trevo e duvidava que elas tinham mudado.

    Sinceramente não entendia muito bem sobre aquelas regras, mas sabia que elas existiam bem antes dele, de Seren ou de qualquer um da 'nova geração', acreditava também que havia um motivo forte para elas, os Fiannas não eram exatamente uma Tribo criadora de regras. Baixou a cabeça para ela, graças a altura precisava fazer isso para observá-la e isso o fez ri de leve, baixo. Lembrando de uma frase de uma Garou baixinha que lhe disse uma vez que haviam muitas vantagens em sua baixa estatura e que a maior delas era fazer os mais altos terem de baixar a cabeça para olhá-la.

    A surpresa talvez tenha sido uma parte importante do momento, Donovan se moveu, seguindo o fluxo quando ela o puxou para dentro, tinha aquela expressão de não entender muito bem o que ela pretendia. Quando ela soltou seu pulso, Donovan enfiou as mãos dentro dos bolsos da jaqueta que usava, olhou em volta rapidamente, agora observando melhor o local. Sorriu de leve. - Sou que nem um vampiro, preciso de convite para entrar. - Brincou, citando os velhos e clássicos clichês do cinema - não sabia se isso era realmente verdade - suspirou, enquanto prestava atenção no que ela falava sobre o novo endereço do Trevo. Moveu os ombros, não tinha opinião formada sobre aquilo, sua vida nos últimos anos tinha sido em cima de uma moto. Qualidade de vida era algo bem ambíguo para os McEvans. Mas a última pergunta o fez olhar para ela, as sobrancelhas levemente arqueadas.

    Voltou a sorrir de leve. Existiam coisas agora que não podia compartilhar tão facilmente assim, lambeu os lábios.

    - Bom, eu ando bastante cansado. Pra falar a verdade acho que tem meses que não durmo mais de três horas. - Isso era verdade, os últimos meses tinham sido... Complicados em sua maioria, ele passou a mão no rosto. - O cabelo e as roupas não são minha escolha.- Brincou. - Minha mãe disse que se eu continuasse parecendo um sem teto ela ia me fazer me sentir um e quando Evelyn McEvans diz algo, é bom acreditar. E as roupas são porque precisei me misturar em algo uns dias atrás, logo que possível volto a me vestir como um marginal, não se preocupe. - Moveu as sobrancelhas, balançando os ombros também, a última pergunta não era boa, simplesmente porque existiam várias formas de respondê-la, quantos segredos alguém era capaz de guardar, no final das contas? - Eu não sei bem como responder essa pergunta, porque não tenho certeza do que está acontecendo. Depois do Canadá tivemos que ir para a Irlanda resolver umas coisas da família... E coisas não muito boas aconteceram por lá.
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    [Segunda-Feira, Manhã de 26 de Dezembro] - O Velho Trevo Empty Re: [Segunda-Feira, Manhã de 26 de Dezembro] - O Velho Trevo

    Mensagem por Persephone Seg Jan 08, 2018 3:15 pm

    O comentário sobre vampiros, gerou um leve sorriso na menina.

    - Os da vida real também? - Acabou perguntando, mesmo sem saber que ele tampouco sabia. A pergunta não seria estranha porque ela vivia num mundo onde aquele rapaz atraente e cansado, logo à frente dela, era capaz de virar um "monstro" de quase três metros. Da mesma forma que virava um simpático lobo avermelhado com uma mancha em formato de flauta pan.

    O interesse, contudo, não era nos vampiros e ela deu de ombros.

    - Que seja, agora você pode entrar. - Comentou enquanto fechava a porta e oferecia um dos lugares para ele se sentar. Mais precisamente, a cadeira da escrivaninha. Seren continuou de pé por mais um tempo enquanto deixava seu corpo falar por si. Respondia a pergunta dele sobre a nova casa do Trevo, mas logo também expôs sua preocupação para com ele.

    Ao lançar aquela última pergunta, o "porquê" dele estar daquele modo, percebeu que teve a atenção dele. A garota começou a se aproximar, sentando-se de frente, na ponta da cama de casal que estava milimetricamente arrumada. Repousou as mãos nos joelhos cobertos pela calça quente do "pijama" e fez um bico ao morder o lábio internamente. Meneou positivamente quando ouviu sobre o cansaço. Isso podia entender - e ver. Era compreensível que a atenção começasse a falhar.

    Já quanto ao cabelo, ela fez uma careta meio engraçada, mas logo abaixou a cabeça, deixando os ombros caírem enquanto dava uma risada.

    Donovan era tão livre e, ao mesmo tempo, um filho tão obediente. Esse sabia mesmo até onde iria a liberdade dele. O clima ficou um pouco menos tenso por alguns instantes e ela suspirou.

    - Foi uma mudança e tanta, hm? Até que gostei da camisa. - Escondeu os lábios antes de sorrir de novo, mas não demorou a ficar preocupada de novo. Engoliu em seco ao ouvir sobre a Irlanda.

    Sempre havia aquele limite que os Parentes podiam chegar em relação às histórias dos Garou. Seren não sabia se podia passar dessa vez porque o próprio Donovan dizia que não sabia o que estava acontecendo. Franziu as sobrancelhas, meio confusa e coçou a cabeça.

    - Hm. Bom, eu também sou uma boa ouvinte. Se não for um segredo de Estado e você quiser compartilhar para aliviar um pouco o fardo, pode me falar. Mas também, se preferir simplesmente descansar para tentar dormir mais do que três horas, você pode ficar aqui ou ir para o quarto que prepararam. Prometo que se ficar aqui, não vou abusar de você, mas vou tomar conta do seu sono.

    Cruzou os dedos diante dos lábios, dando dois beijos, como se fizesse uma promessa jurada e sorriu da brincadeira. Queria que ele se sentisse mais à vontade porque...afinal, o Trevo também era a casa dele, de certa forma.
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    Mensagem por Rosenrot Seg Jan 08, 2018 5:35 pm

    - Não faço a menor ideia, mas seria bom que sim, não é? - E riu, movendo a cabeça em negativo. Sinceramente não sabia mesmo, não entendia muito sobre vampiros - sabia de suas existências, mas visto um? Nunca - talvez Eve ou alguém mais experiente pudesse tirar essa dúvida depois. Donovan se moveu, sentando-se na cadeira meio a contra gosto. Não estava muito confortável na situação em que tinha se metido ali: geralmente tinha o controle da maior parte das coisas, mas Seren lhe deixava em algumas situações... Complicadas.

    Apenas sorriu quando lhe disse que tinha sido uma mudança grande, ah, ele sabia disso. Muitas coisas tinham mudado e de forma bastante drásticas, seu visual era o menor de todos eles, mas talvez o mais impactante visualmente. Olhou para si, pegando a camisa na ponta dos dedos, como se testasse o tecido. - É legalzinha. - Achava interessante o visual, mas não era algo que via usando todos os dias, não se encaixava no que considerava confortável para si.

    - Tenho que ficar de olho nas crianças. - Falou, tateando os bolso de maneira automática, procurando os cigarros. Racionalmente sabia que eles não estavam ali, mas o costume era mais poderoso. Moveu a cabeça aqui e ali, pensativo então levantou os olhos claros para Seren, aquele olhar tão diferente da mãe num azul não tão brilhante quanto o verde dos de Eve, ele voltou a sorrir, mas tinha uma postura mais cabisbaixa, os ombros caindo a olhava de 'baixo', já que não tinha a cabeça tão erguida.

    Sentiu repentinamente a boca extremamente seca e levou a mão direita ao ombro esquerdo, apertando alguma coisa ali. Respirou fundo, pensando e pensando. Não era exatamente um segredo, mas não tinha tenta certeza de que falar daquilo aliviaria um fardo: era algo que ele estava fadado a lidar e carregar. - Eu sempre tive bastante... Não orgulho, mas bastante sei lá a palavra, do meu auto controle na maioria das situações. É muito difícil algo me tirar do controle. - Lambeu os lábios de novo e voltou a sorrir, como quem tenta tirar alguma graça daquilo.

    - Então teve essa coisa lá na Irlanda, sabe? Eu estava cansado, meio tenso, não sei e teve esse cara. - Parou de novo, respirando fundo. - E ele atirou em mim, a situação não é importante, mas algo ali me irritou profundamente, não sei se foi o som do tiro ou o tiro em si, mas eu fiquei realmente puto. Não foi um frenesi, nem próximo, mas eu bati nele, sabe? Bati até ele parar de se mexer, até sentir as mãos doloridas. Eu já tinha matado outras coisas antes, mas um humano comum... Só por matar. Isso me deu um monte de coisas sobre o que pensar nas últimas semanas. - Moveu os ombros, voltando a olhar para ela.

    - Não posso falar muita coisa sobre o que andamos fazendo. - Suspirou, se levantando. - E pra falar a verdade, nem sei se quero falar muita coisa sobre o que andei fazendo.
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    Mensagem por Persephone Seg Jan 08, 2018 8:18 pm

    - Sei que tem que ficar de olho nas crianças, mas eles estão bem. Estão em casa. Eve não deixaria que viessem pra cá se não confiasse no Trevo.

    Respondeu quando o viu assumir aquele modo de super-proteção. Achava lindo o modo como Donovan abraçava a própria família. O Garou sempre foi um destrambelhado, mas nunca foi irresponsável com os irmãos. Se tinha um compromisso que levava à sério eram Sean e Meghan. Ali não seria diferente, é claro, mas achava que ele pudesse relaxar um pouco.

    Contudo, se ele não quisesse dormir, que pelo menos falasse um pouco. Controlou a expressão quando o viu pegando o cigarro, mas não ia reclamar disso agora. Mesmo que o quarto estivesse todo fechado por conta do frio que fazia lá fora, não cortaria os movimentos dele. Podia acender uma vela aromática depois, se fosse o caso. Enquanto ele se preparava para falar, Seren dobrou as pernas, fazendo as "pernas de chinês" - ou posição de lotus - apoiando os cotovelos nas coxas. Meneou positivamente quando o ouviu falar sobre seu auto-controle.

    - É verdade. - Reconhecia

    A expressão dela foi congelando enquanto ouvia a história. Ficou surpresa, até mesmo chocada porque nunca tinha imaginado uma cena daquela. De fato, imaginar Donovan lutando contra uma criatura do mundo deles era fácil, mas socar um humano....

    - ... - Seren mordeu o lábio inferior. Não o julgava porque não estava na pele dele para dizer e imaginar que, constantemente, deveria controlar o lado primitivo também era dificil. - Eu...Nem sei o que dizer.

    Puxou o ar com forças, passando a mão pelo longo cabelo e o colocando para trás. Descruzou as pernas e passou a lingua pelos lábios antes de morde-lo de novo, ainda procurando as melhores palavras. Mas logo ele se levantava e ela, no impulso, também o fez. Parecia que a conversa tinha chegado num ponto que ele não queria mais sustentá-la.

    - Donnie... - Deu meio passo na direção dele para que não fosse embora ainda. - Desculpa por ter feito você dizer isso e não saber o que te dizer em troca. Eu só posso imaginar como essa situação tem sido difícil para você, mas...Não deixe esse peso mudá-lo. Isso não faz de você uma pessoa ruim. Ok? E qualquer coisa que eu possa fazer para ajudá-lo em relação a isso, não hesite em me procurar. Você sabe que minha porta sempre estará aberta pra você. Independente do lugar. Pelo menos deveria saber disso.
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    Mensagem por Rosenrot Seg Jan 08, 2018 10:19 pm

    - Ah, não é isso. - Começou, sobre as crianças. - Eles passaram um tempo na estrada com o pai e a mãe, mas depois Eve teve que fazer umas coisas e meu pai outras e aí os dois tiveram que ficar com a Eny, todas essas coisas. Estão se adaptando a vida nova. Sean tá meio na dele e você sabe como minha mãe é neurótica. - Era complicado de certa forma, as mudanças na família tinham sido bem... Densas. Antes eles tinham uma estabilidade normal de qualquer família de classe media americana: Eve tinha um emprego, as crianças iam a escola... Seu pai fazia parte de uma gangue, nada anormal, mas agora as coisas estavam meio bagunçadas, com a nova matilha da Ragabash e as coisas que andavam fazendo, não existia mais a estabilidade de antes.

    Então o assunto mudou, como sabia que mudaria e a expressão dela também, como tinha certeza que seria. Donovan apenas se limitou a sorrir de leve, suspirando e novamente olhando em volta, passou a mão nos cabelos devagar, agora mais do que antes precisava de um cigarro e precisava logo, mas sua mochila tinha ficado na sala junto com essas coisas.

    Moveu os ombros levemente. - Não tem que dizer nada, ninguém tem na verdade. - Era mais ou menos isso que queria evitar, aquele tipo de conversa que misturava um pouco de piedade com compreensão, não a culpava por sentir essas coisas, mas ainda sim o incomodava um pouco. Ele respirou fundo, pronto para dizer mais alguma coisa, mas batidas na porta interromperam seus pensamentos, olhou para trás, quando viu a porta se abrir.

    Naila estava lá e olhou de um para o outro com uma expressão séria. - Nada de portas fechas nessa casa. - Ela disse e então olhou para o Garou. - Você vai por seus irmãos na cama? - Ela perguntou, séria. Donovan moveu a cabeça.

    - Vou, estava falando isso com Seren, ela disse que eles podem dormir aqui no quarto dela, a gente vai dormir no chão pra eles não ficarem sozinhos. - Era uma meia mentira, mas valia o risco, a mulher olhou dele para a Parente, antes de dar de ombros e dizer que ia buscar mais travesseiros e cobertores. - Porta aberta. - Ela disse, antes de começar a se afastar.

    Donovan riu de leve, voltando a olhar na direção de Seren. - Acho que você perdeu seu quarto.
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    Mensagem por Persephone Ter Jan 09, 2018 11:41 pm

    Seren fez um "ah" quando compreendeu que tipo de "cuidar" Donovan estava se referindo. Fechou a boca e concordou, meneando positivamente. Fazia tempo que não via Eny ou tinha notícias dela, mas era claro que eles ainda tinham mais contato. Eram familia de sangue mesmo.

    - Sim, sei como ela é. Mas o Sean sempre foi um pouco mais tímido mesmo. - Ponderou. Será que era traço da personalidade ou algum distúrbio? Os estudos de comportamento eram cada vez mais constantes, mas ela nunca tinha parado para pensar nessa possibilidade em relação a Sean. E também não era nem doida de falar qualquer coisa sem ter algum embasamento mínimo que fosse.

    O assunto mudou e...as coisas ficaram um pouco mais densas.

    Não tinha mesmo o que dizer naquele momento e ela nem sabia como reagir. Não estava na pele de Donovan para sentir o mesmo que ele, tampouco era uma juíza. O problema era que ela tinha essa natureza de juiz e, querendo ou não, estava julgando em sua cabeça. Fechou os olhos por meio segundo e foi o suficiente para que ele se levantasse daquele modo. Reagiu no impulso, porque gostava dele, acima de sua propria natureza. E tentou falar, mas ouviu o que sabia.

    No fundo, ninguém tinha que dizer nada mesmo.

    E foi nesse instante, enquanto estavam parados, um de frente para o outro - mas ela escondida pela corpo dele de costas para a porta que Naila entrou no quarto. Não estavam fazendo nada, absolutamente nada de "errado". Podiam estar fazendo? Podiam. Os antigos Seren e Donovan estariam fazendo? Certamente, o Canadá mandava lembranças. Mas daquela vez, os dois realmente eram inocentes de qualquer ator e essa honestidade ficou estampada na cada de Seren.

    - Desculpa, Naila, eu acho que bateu. - Coçou a nuca e se afastou de Donovan, começando a mexer em sua mesa. Ao ouvir a desculpa, prontamente disse. - É verdade, podem ficar aqui. Tem bastante espaço ainda...Vamos....ficar no chão... - Cerrou os olhos para ele porque agora entendia que estava sendo expulsa mesmo de sua cama macia.

    Escondeu a risada de Naila, mas depois pegou uma almofada e tacou nele.

    - Perdi, né?! - Disse brincando enquanto a almofada voava. - Beleza, então. Vou arrumar o quarto para eles. Vai lá ver como estão e traga-os aqui para dormir.

    Deu as "ordens" e fez uma careta enquanto ele saía. Enquanto Donovan cuidava dos irmãos, Seren ia atrás dos travesseiros e das cobertas. Apesar da calefação, fazia um frio danado durante a noite e cobertas nunca eram demais. Logo ela percebeu que não dava para montar uma cama entre a cama e a parede porque era apertado, até mesmo para ela. Então, precisariam fazer uma "cama de casal" ou deitar um de cada lado. Acabou fazendo a de casal, mas com uma linha bem evidente ali qual parte era de quem. Já a cama dela foi preparada para as crianças.

    Seren tentou deixá-la o mais confortável possível para os dois e isso nem era tão dificil porque a cama ajudava. A porta do quarto ficou aberta, disposta para que Donovan chegasse com as crianças. Já ela, por enquanto, veria se Nolan estava bem. Encontrou a irmã na sala, amamentando Trevor enquanto Vivian dormia no carrinho. As duas trocaram um sorriso e Nolan logo implicou baixinho.

    - Portas abertas...mimimi...nada de portas fechadas. Ainda bem que já passei dessa fase.

    - Portas abertas não te impediram, não é?

    - Muito pelo contrário, querida.

    As duas deram uma risadinha bem idiotinha e baixa porque conversavam aos sussurros.

    - Mas você é idiota, eu não.

    - Aham...Quem vê até pensa. Está fazendo hora?

    - Sim, deixa se acomodarem lá, depois eu vou.

    - Saquei. Já estamos acabando aqui. Me ajuda a levá-los?

    - Claro

    Seren pegou Trevor nos braços enquanto Nolan se ajeitava e o ninou para que não acordasse depois de entrar no soninho profundo. Nolan pegou Vivian e deixou o carrinho no canto. As duas seguiram até o quarto da loira, onde deixariam os dois no bercinho. Finalmente deixaria a irmã em paz e seguiria até o banheiro antes de entrar no próprio quarto. Àquela altura, esperava que já estivessem confortáveis e sonolentos ou próximos disso.
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