Grimlock - Introdução

12 de Uktar de 1372 CV, o Ano da Magia Selvagem

Picos do Trovão
A igreja de Bahamut que Grimlock serve encontra-se numa caverna escura e fria nos Picos do Trovão. Existem poucos adeptos ao culto e a igreja não possui muitos contatos com as civilizações montanhas abaixo. Porém o trabalho deles é árduo.

Séculos atrás, o sábio perdido Augathra, o Louco, previu os anos e deu nomes a eles no Forte da Vela. O ano atual foi batizado como o ano da magia selvagem, o que se concretizou com o aumento de zonas de magias morta e distorção na Trama¹. Só que o próximo ano chama-se o Ano dos Dragões Ladinos, e está previsto muitos ataques destas criaturas por toda Faêrun, uma verdadeira fúria que ninguém sabe ao certo o motivo que levaria a isto.

OFF:

O culto a que Grimlock serve, porém, acredita piamente que Tiamat está por trás disso, e passou os últimos meses pesquisando intensamente tudo que podia. A igreja, dentre outras descobertas, descobriu o covil de um dragão vermelho próximo de algumas das cidades dos Vales. Delanthor, o seu mestre, instruiu Grimlock a ir para Lua Alta, a cidade mais próxima da igreja e do covil, para alertá-los sobre um possível ataque. Com a proximidade do torneio, Delanthor ainda disse para ele aproveitar sua estadia na cidade para conhecer melhor as pessoas e ficar de olho em aventureiros que certamente irão surgir na região. Pode ser que uma investida ao covil do dragão seja necessária.

Poucas vezes Grimlock esteve no meio da civilização, e nunca com boas experiências. As pessoas assustam-se com a aparência feral dele, mas a esperança dele se agarra no símbolo de Bahamut que leva. Após uma rápida caminhada, Grimlock alcança a cidade murada de Lua Alta.

Grimlock é extremamente alto. Com 2,03m e 115Kg de puro músculo as pessoas já olham para ele com olhar preocupado. Imagina que a média dos seres humanos está entre 1,65 e 1,70 e mulheres geralmente tendem a ser menores do que homens. Quando vêem as garras de Grimlock e suas presas proeminentes ficam com medo e, quando os homens ficam com medo, tendem a atacar. Essa é a experiência da vida de Grimlock. Apesar disso tudo sua face exibe uma fascinação selvagem. Seus olhos verdes felinos fazem muitos corações suspirarem, como ele já provara por suas viagens e seus cabelos castanhos arrepiados lembram aqueles gatinhos molhados que todos querem abraçar. O que não muda definitivamente nada. Ainda que o povo ache um Leão Fascinante, só chegam perto quando ele está devidamente abatido.
Há algum tempo na ordem fora escrutinado por seus superiores e foi constatado que a fera não tinha medo ou raiva da humanidade. Sua família era humana e ele mantinha uma profunda gratidão com os Ruuah e para Delanthor. Era bem verdade que era temido, mas "O medo do desconhecido é tolice". De posse deste provérbio do "livro do caminho" de Bahamut, ele foi até Lua Alta.
Bahamut é um Deus benevolente, que não julga conforme as aparências e que preserva o bem e o justo acima de tudo. Sente uma profunda empatia com o oprimido e o livra do mal no dia da angústia. Eu sou sua espada!
Munido de uma carta da ordem e com o símbolo de Bahamut em seu cinturão ele adentra audacioso os portões de Lua alta. Decidido, ele caminha a esmo procurando uma igreja de Tyr ou alguma construção que pareça ser do governante. Grimlock veio poucas vezes até Lua Alta e não lembra onde ficava tudo.
Grimlock está de capa com capuz, desarmado e esforçando-se para que suas garras não fiquem a mostra, escondendo-as na capa. Enquanto caminha entoa salmos mentais para ajudar na concentração.

Grimlock sabe que a residência do governante é a Torre da Lua Crescente, onde encontra-se num terreno um pouco elevado perto do centro da cidade. As pessoas assustam-se ao ver a aproximação do feral, muitas delas apontam pra ele e fazem cara de repúdio. Quando Grimlock vai se aproximando da torre, guardas chegam próximo a ele.
- Onde você vai, criatura? Se você veio participar do torneio e quer informações, há uma tenda no mercado explicando tudo.

Mesmo com capuz Grimlock não conseguiu evitar a animosidade do povo. O sol o traíra um pouco. Ao chegar na torre os guardas barram sua entrada. Era costumeiro. Ele então levanta a carta da ordem com o selo de Bahamut e sob os olhares dos guardas fala tentando conter sua voz selvagem, em vão.
- Devo falar com o governante. Tenho ordens de só me reportar a ele e o que tenho a falar é de interesse direto de Lua alta.

As garras de Grimlock é impossível de serem encobertas, aliado ao seu tamanho monstruoso fica fácil discernir de que não se trata de alguém normal.
- Ordens de quem? - pergunta o soldado.

- As ordens vêm da igreja de Bahamut. Meu superior direto, Delanthor, me enviou aqui para falar ao Governante. Não havia hesitação em sua voz.

- Ah, você está falando daquele culto nas montanhas. Esta sua igreja não tem nenhum direito sobre a nossa cidade para que nós dê passagem à você. Portanto, é melhor dar meia volta e...

O soldado pára de falar porque neste momento as portas da torre é aberta e um homem bem vestido, cercado de guardas, sai com um sorriso no rosto admirando o dia de sol.
- O que está havendo aqui? - pergunta o sujeito ao reparar no Grimlock e nos guardas que o cercava.

- Senhor Ulath, esta criatura disse que precisava falar com você, mas nós já estávamos expulsando-na daqui.

- Que besteira, homem - Ulath repreende o guarda. - Era só marcar um horário que eu teria prazer em recebê-lo na minha sala. Mas como nós já estamos aqui, primeiro diga-me o seu nome e o que têm a me dizer - termina direcionando às palavras à Grimlock, com um sorriso presunçoso no rosto. O feral sabia que este era o governante de Lua Alta.

O feral estava escutando o homem com pouca paciência já. Sabia que seria assim, mas sonhava evitar ter de se impor para falar com o governante. Já formulava as frases para que parecessem menos ríspidas do que pareciam em sua mente, quando o governante apareceu e lhe falou.
O homem era diferente dos demais. Grimlock já estava acostumado a reação de medo e o preconceito das pessoas. Mas este homem era diferente. Ulath. Guardaria seu nome na memória.
- Eu sou Grimlock, filho de ninguém, meu senhor. Venho em nome da Igreja de Bahamut e tenho um assunto delicado a tratar. Gostaria de lhe falar em particular se possível. Como vês, sou um servo de Bahamut e aceitarei suas condições para que esta conversa aconteça.

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6

Quando Grimlock fala em irem pra um local mais adequado, o sorriso do governante desaparece momentaneamente de seu rosto, dando lugar a uma expressão de desapontamento. Ulath havia acabado de sair da torre e era evidente que ele não estava afim de voltar neste momento.

- Grimlock, é isso? Bom, parece que você tem algo importante para falar. Não gostaria de marcar um horário com o meu intendente? Agora estou indo averiguar como anda os preparativos para o torneio.

Grimlock sabia. Perdeu a oportunidade. Devia ter chamado o humano ao lado para falar-lhe. Agora poderia ser tarde demais para consertar isto. Uma idéia cintila na mente do Feral. Caso fosse bem sucedido, consertaria tudo e ainda poderia melhorar a própria condição na vila.
- Compreendo, meu senhor. Se o senhor desejar, poderia acompanhá-lo. Também tenho interesse no torneio.

- Se você faz questão, que assim seja.

O Lorde Ulath caminha pela cidade com a sua guarda de 5 soldados mais o seu intendente que o acompanha bem ao seu lado. No caminho pela cidade ele acena para os transeuntes, sempre sorrindo e com bom humor. Mas não fala com Grimlock se este não lhe dirigir mais a palavra. Caso contrário dará atenção às falas do feral.

Eles vão para fora da cidade, onde uma arena está sendo construída. Lorde Ulath neste momento pára para observar a construção, trocando comentários com o seu intendente. A arena em si é bem simples, mas uma arquibancada provisória está sendo erguida para, supõe Grimlock, as pessoas importantes assistirem às lutas num certo conforto, enquanto o povo terá que ficar espremido no chão.

Grimlock sente-se pouco confortável. Sente que eu cada esquina há um humano pronto a trespassá-lo com uma pá. O que pode ser bem verdade. Mas sabia que sua presença ao lado do governante pareceria estranha para o público agora, ao passo que depois eles não teriam mais segurança ao confrontá-lo. Delanthor havia moldado um sacerdote inteligente. Bruto. Mas astuto.
Ele tece comentários aos de Ulath, demonstrando um pouco de conhecimento sobre algumas coisas e se mostrando um grande observador. Quando avista a arena e a construção para o que supõe ser um "camarote" para ricos fica decepcionado. Via o homem com um determinado respeito e aquilo não parecia a posição da pessoa que pensava ter conhecido. Não era de sua alçada. De fato que o povo que sofre era de seu interesse direto, porém não podia mudar a cabeça das pessoas com duas palavras. Se lhe fosse permitido, falaria a respeito quando a ocasião chegasse.