Os Emissários de Bloodyskull

Mewghoah foi brutalmente morta e eviscerada diante dos olhos de Ethir, que suspirou de frustração. Não tinha nenhum apreço afetivo pela guerreira, mas ela foi uma ferramente útil por um tempo.

Agora, acompanha Urag para as celas dos prisioneiros capturados, onde estão Espectro e o bárbaro vitorioso - Gunther. Aparentemente, ele acompanhará o assassino e o meio-elfo na jornada para o oeste. Ethir olha-o com desconfiança; espera que não seja tão irrazoável quanto parece ser. Um bárbaro pode ser um guerreiro feroz, mas o beguiler não tem muita paciência com quem não consegue manter uma conversação civilizada.

Bloodyskull paga uma quantia a Zigzags e ordena que os dois prisioneiros sejam libertados. Anuncia então seus planos de infiltrar agentes nas Terras do Oeste. Quando se refere a Ethir, indicando que foi convencido de que Espectro valerá a pena, o meio-elfo dá uma piscadela e um sorriso de canto para o assassino.

Por fim, o lorde orc termina seu discurso e deixa o recinto. Ethir segue-o sem perder tempo; não queria ficar para trás novamente.

Ethir franze a testa enquanto acompanha Urag; na hora que deu a piscadela para Espectro, notou um olhar estranhamente desconfiado do parceiro. Será que ele não percebe que só foi tirado dali graças ao meio-elfo? Mas isso não importa agora. Poderão resolver isso depois, quando estiverem bem, bem longe de Gan'Gardek.

Aproximam-se da grande barraca de Urag, onde o orc estava enquanto Ethir era vendido como escravo. O meio-elfo dá uma risada baixinha ao lembrar da cena que fez sobre aquele palanque, mas logo se recompõe e continua seguindo Bloodyskull. Este, por sua vez, ocupa um grande trono de madeira, e indica algumas cadeiras rústicas para que os três se sentassem. Ethir ocupa a mais próxima de si.

O orc fala alguma coisa em seu idioma para um guarda, que o responde, também em Orc. Por fim, Urag volta-se ao trio e, usando o Idioma Comum, ordena que se apresentem.

Antes que Ethir pudesse falar qualquer coisa, Gunther começa a berrar em Orc o que ele supõe ser uma apresentação. O jeito exagerado e escandaloso do bárbaro faz o meio-elfo torcer o nariz; aquilo seria um problema quando precisassem de furtividade e cautela.

Logo em seguida é a vez de Espectro, que também se apresenta em Orc. Ora porra, eu sou o único aqui que não sabe essa merda de idioma?, pensa, frustrado, enquanto ouve os gorgolejares sem sentido. Quando o assassino encerra sua apresentação, mais curta e discreta que a de Gunther, Ethir levanta-se e, com uma pequena reverência, começa a falar - infelizmente, no Idioma Comum:

- Meu nome é Ethir Alistimatur. Minha língua pode nos levar a lugares que a espada não alcança, e minhas magias podem fazer o mais leal dos cavaleiros voltar-se contra seu senhor. Posso semear a discórdia para colher o caos, e plantar dúvida para colher traição. Conheço o coração dos homens do oeste, e posso levá-los à loucura e à perdição. E, claro, tenho minha lâmina e minha besta, embora prefira deixar a matança para meu amigo ali, que é mais eficaz - diz, indicando Espectro com a cabeça. - Darei o meu melhor para o senhor, Lorde Bloodyskull.

Ethir pode ouvir Urag resmungando baixinho enquanto enuncia seu pequeno monólogo. Ao terminar, o orc toma a palavra; sem comentar nada sobre as apresentações, já vai direto ao ponto: a primeira missão nos Reinos do Oeste.

Um sorriso discreto surge nos lábios do meio-elfo enquanto ouve a tarefa que lhes é designada. Convencer um humano a não reportar de volta aos seus superiores? Por favor, poderia fazer isso em um piscar de olhos com alguns gestos e meia dúzia de palavras em élfico. Por mais que no fundo saiba que não será tão simples assim, sua autoconfiança excessiva prevalece sobre a razão.

Quando Urag termina sua fala, Espectro toma a dianteira e pergunta sobre eventuais recompensas e como seria a comunicação com Bloodyskull para informar do andamento da missão. Ethir dá de ombros; não teve nenhuma dúvida enquanto ouvia o orc falar, então simplesmente aproveita o tempo para se gabar:

- E eu recebo algum bônus na recompensa se fizer isso em menos de uma hora? - pergunta, irônico, e com um sorriso travesso no rosto. Até que servir um orc não parece uma ideia tão ruim assim.