Inversão de Papéis

Querido fórum...
aliás querido não, porque querido é coisa de boiola


Bombado fórum...
Eu queria falar sobre um assunto meio sensível...



Mas eu queria saber a opinião do pessoal aqui sobre como vocês reagem com jogadores que fazem personagens de gênero inverso e em alguns casos pra complicar ainda mais, gênero E preferência sexual inversos. O assunto até funciona de certa forma em fóruns, mas com a proteção de se estar atrás de um monitor, gera mais segurança pra pessoa, portanto o foco aqui será em mesa. Vou por algumas perguntas e exemplos pra ficar mais fácil comentar sobre. Vamos lá.

Você, como Narrador, como vê a situação quando um jogador faz uma personagem mulher, ou uma jogadora faz personagem homem?
Você consegue  ficar chamando o jogador ou a jogadora pelo nome do personagem e imaginá-lo(a) como seus personagens com facilidade ou tem algum desconforto? E o principal: você sente algum receio de como os outros jogadores vão olhar pra você? Isso é especialmente interessante em mesa, visto que você está sob olhares atentos ao vivo.

Quando você está jogando e vê que outro jogador ou jogadora fazem isso, como você trata o personagem? Com total naturalidade ou sente o mesmo desconforto acima? Você, homem, interpreta um guerreirão antártica destruidor e vê uma elfinha bonitinha que seu guerreiro com certeza daria em cima, controlado por um cara. Você interpreta coerente ou teme o que os outros na mesa vão achar? Você como mestre, poria seus NPCs pra namorar com o guerreiro ou diria que "a mesa é PG13 e o foco não é namoro" ?

E quando essa elfinha é uma jogadora, como fica? De repente a mesa deixa de ser PG13? A personagem elfa vira lésbica pra evitar esse tipo de relacionamento?
Eu sinceramente acho super desconfortável quando o Mestre ou os jogadores deixam seu medo de serem taxados de boiolas florescer durante uma partida de RPG. Falta amadurecimento nisso. Vou citar experiências próprias que observei em minhas duas décadas de RPG...

Conheço um jogador que sempre joga com personagens mulheres. Ele não é gay, mas tem essa preferência de fazer personagens femininos. Já joguei com ele eu sendo narradora e jogadora e pude perceber momentos bem chatos de como o mestre e demais jogadores, sempre viam os personagens dele como trans. Um mago do grupo (D&D5th) tinha como Flaw: "Tenho um fraco por prazeres carnais". E a paladina que era o supracitado jogador, tinha como Traço de Personalidade: "Uma mulher romântica sempre a procura de um novo amor". O jogador do mago sempre evita todas as tentativas da barda. E olha que o jogador que controla a barda não é a fim do jogador nem é um chato. Ele interpreta de boas. Mas pelo jogador ser um cara...

E na aventura, basicamente todos os homens daquele mundo são assexuados. Se a paladina não tira um 20 em Persuasão não consegue transar com ninguém. Foi nessa mesma mesa que eu criei o personagem que estou jogando no Erótika: O Nabooru, um meio elfo clérigo afeminado. É com certa decepção que vejo nas mesas que jogo com esse personagem, como de repente, surgem NPCs simpatizantes da causa gay ou jogadores que topariam que seus personagens másculos trocassem umas carícias com meu elfo.

É mais fácil um meio-elfo afeminado, controlado por uma mulher, arrumar um homem do que uma paladina de carisma 20 controlada por um cara, conseguir um parceiro. As pessoas não fazem ideia de como isso arruína a imersão numa mesa. E o pior é alegarem não serem homofóbicos. Podem até não ser, mas têm um medinho da reação pública que sinceramente não acho bem-vinda numa mesa de RPG. Sinceramente eu como mulher, enquanto jogo ou mestro, e estamos em ON, não vejo homens ou mulheres na minha frente, mas sim seus personagens.

Se o cara faz uma uma personagem mulher, vou tratá-la como mulher. Se uma amiga faz um personagem homem, vou tratá-lo como homem. Se o personagem masculino de um amigo, dá em cima da personagem mulher ou do personagem afeminado dele, OK! Eu jamais vou pensar que qualquer um dos dois seja gay, ou que minha amiga é sapatão. Que onda. RPG é interpretação de papéis! Não o que você é na vida real.

Dissertem por favor.  

Eu pessoalmente só joguei uma vez com uma personagem mulher, era uma halfling monja. Pra mim foi tranquilo, tanto para as pessoas que estavam jogando comigo. No entanto, não houve nenhum momento que a história seguiu para um lado mais pessoal dos personagens, então talvez não surgiram oportunidades para isso dar tanto problema.

Eu acredito que deveria ser de boas também. Só ficaria chato se alguém, ao fazer o personagem, estivesse com a intenção não de jogar um jogo e contar uma história, mas sim com a intenção de levantar uma bandeira. Isso eu acho que seria, no mínimo inadequado, para não dizer inconveniente. Creio que se a pessoa defende um posicionamento, ótimo, defenda-o na vida corriqueira. O jogo não é exatamente o lugar para isso.

Mas não sendo isso, como narrador e como jogador convivi com alguns casos e tudo correu bem

Papo interessante ausdhsaduha

Jogando e mestrando eu já interagi com bastante gente que fazia essa inversão de papéis (homem interpretando mulher e vice-versa) e não tive esse tipo de problemas. Até recentemente eu não costumava fazer PJ mulher mas eu já consegui fazer algumas e acho que foi de boa também.

Mas já vi muito marmanjo que não só usa PJ mulher só como skin mas interpreta como se fosse homem, como também já vi marmanjo usar esse fato pra realizar fantasias sexuais ingame: e se isso não foi acordado com o mestre e jogadores fica uma situação desconfortável pra caramba. Sorte a minha que eu não tive de lidar isso em jogo meu.

Makaveli Killuminati escreveu:

Até pq eu gosto de interpretar o papel corretamente, e na mesa o jogador é muito mais reativo, as vezes a primeira reação que você tem é a do próprio jogador, não a do personagem. Aqui no fórum não, o tempo que você tem para postar ajuda muito para pensar no que você está interpretando, por isso facilita mais quando você ta interpretando algo muito diferente do quê você é na realidade.

Isso é bem real, por fórum se facilita muitas coisas por ter tempo para pensar e reagir da melhor maneira. Até a interpretação fica mais primorosa.

isaac-sky escreveu:Papo interessante ausdhsaduha
Mas já vi muito marmanjo que não só usa PJ mulher só como skin mas interpreta como se fosse homem.

Cara acho que esse é o pior tipo. Quando o cara faz uma personagem mulher, mas interpreta como se ela fosse homem. Não é nem questão sexual, é comportamento mesmo, daquele que você não imaginaria uma mulher fazer.

O Nabooru é meu primeiro personagem homem, e eu o fiz gay mais por adaptação. Eu reparo no comportamento de alguns amigos gays e passo pro personagem. Tipo, eu acho de boa quando estou mestrando, interpretar um npc homem, mas jogar com personagem homem ainda é meio estranho pra mim hahaha.

Sailor Paladina escreveu:

isaac-sky escreveu:Papo interessante ausdhsaduha
Mas já vi muito marmanjo que não só usa PJ mulher só como skin mas interpreta como se fosse homem.

Cara acho que esse é o pior tipo. Quando o cara faz uma personagem mulher, mas interpreta como se ela fosse homem. Não é nem questão sexual, é comportamento mesmo, daquele que você não imaginaria uma mulher fazer.

O Nabooru é meu primeiro personagem homem, e eu o fiz gay mais por adaptação. Eu reparo no comportamento de alguns amigos gays e passo pro personagem. Tipo, eu acho de boa quando estou mestrando, interpretar um npc homem, mas jogar com personagem homem ainda é meio estranho pra mim hahaha.

Aí é só uma skin dahorinha, não interpretar uma mulher.

Uma vez eu fiz uma garota chinesa (que voava e etc, wuxia) que gostava da amiga dela, mas essa questão da sexualidade dela era mais como motivação do plot. Um personagem que você faz não só por fazer tem muitas possibilidades de colocar essas coisas como pontos interessantes de interpretação.

Com NPC é mais fácil pq vc não precisa aprofundar sempre como um PJ, por isso é mais fácil. Mas eu mesmo ainda preciso melhorar a interpretação de mulher (tanto pra RPG como pra escrita mesmo kkkkk) pq eu sei que tem bastante à melhorar.

Difícil seria interpretar um minotauro. Ou minovaca aushdasduha

Eu acho que a única coisa que importa é entraaaaaaaar no(a) personagem!

Trocadilho ruim à parte, primeiro quero parabenizar pelo tópico, muito pertinente mesmo os questionamentos Sailor.

Em minha vida de RPG eu quase não consegui jogar, só mestrar, e isto me deixa meio frustrado. A primeira vez que eu realmente consegui JOGAR RPG sem ser mestre, fiz uma fada, que inclusive ia ser uma piada sobre o vampiro delicado do crepúsculo, mas vendo que ia ser uma péssima ideia fiz uma fada "mulher" mesmo. Minha personagem em si era assexuada, mas virou uma casamenteira e queria de qualquer jeito fazer os personagens dos outros jogadores namorar (uma delas era da @NatalieUrsa), e todo mundo gostava da minha fadinha, mas infelizmente abandonei a mesa, pois chegou um momento que eu estava sentindo que a história não andava.

Em mesas reais minha experiência como jogador também é frustrante, mesmo assim eu já fiz personagens tanto masculinos quanto femininos e até gosto mais de jogar com personagens femininos. Dizem que nossa sociedade costuma dar alguns "privilégios" a mais para homens do que para mulheres, e embora por certo ponto de vista eu até acredite na afirmação, venda por uma visão mais filosófica ou psicológica, estes "privilégios" são muito mais desvantagens que vantagens, portanto acho que em muitos aspectos, interpretar uma fêmea pode ser psicologicamente mais rico que interpretar um macho.

Se, como mestre, tenho que fazer personagens masculinos e femininos, gays e lésbicas, como jogador também não vejo problema nisto. Já mestrei para mulheres, mas só joguei com homens. Meus personagens masculinos já deram em cima de personagens femininas de outros jogadores e as personagens femininas só não fizeram o mesmo porque elas morreram antes

Uma vez a mesa acabou justo na hora que minha personagem ia tentar seduzir o vilão. Na outra eu ia tentar jogar um charme num taverneiro (que era o único homem bonito ali), mas os outros jogadores arrastaram minha ladina da cena sem nem me dar tempo de brincar.

Mas em questão de flerte, TODOS meus personagens são ruins, não importa se é homem flertando com homem, com mulher, mulher flertando com homem ou com mulher. Se os dados não me ajudarem, e os #$%@$# nunca me ajudam, meu personagem morre virgem. Já meus personagens do mestre nunca tem este problema. Portanto é uma dificuldade minha mesmo   e se alguém tiver algum conselho...

Você consegue  ficar chamando o jogador ou a jogadora pelo nome do personagem e imaginá-lo(a) como seus personagens com facilidade ou tem algum desconforto?

Não tenho desconforto nenhum, nem como mestre, nem como jogador, e por mais que eu seja muito macho (pelo menos eu acho), se tiver jogando com uma personagem feminina, não tenho desconforto em imaginá-la com um personagem masculino interpretado por um homem, embora minha única experiência como mulher foi um estupro com um orc. Ainda bem que minha personagem tava inconsciente.

E o principal: você sente algum receio de como os outros jogadores vão olhar pra você?

Por causa de alguma personagem não, só tenho receio de ter algum membro da Liga da Justiça Social na mesa, graças a Deus esta moda está acabando.

que seu guerreiro com certeza daria em cima

Com certeza eu daria em cima, aliás deveria ser algo óbvio né? Só o fato de você ter que perguntar isto mostra o que eu disse acima: os "privilégios" que a sociedade "dá" para nós homens, não são privilégios de verdade, mas armadilhas.

Ninguém deveria se sentir menos homem por imaginar um PERSONAGEM dando em cima de outra PERSONAGEM, independente de se quem está interpretando a outra PERSONAGEM é um homem.

Você como mestre, poria seus NPCs pra namorar com o guerreiro

Se ele for um guerreiro interessante, com certeza, faria até questão. Com uma boa interpretação daria até pontos pelo namoro, seja o personagem macho ou fêmea, hétero ou homo.

E quando essa elfinha é uma jogadora, como fica?

Daria em cima da mesma forma, pois sou totalmente favorável à IGUALDADE VERDADEIRA, portanto também acho que nenhuma mulher deveria se sentir menos mulher por causa de um(a) PERSONAGEM.

A personagem elfa vira lésbica pra evitar esse tipo de relacionamento?

Se a jogadora quiser, não vejo problema. (que diabos é pg13?)

Eu sinceramente acho super desconfortável quando o Mestre ou os jogadores deixam seu medo de serem taxados de boiolas florescer durante uma partida de RPG.

Eu, como jogador, mestre e macho (talvez não muito, mas tento) concordo e lhe aplaudo.

E olha que o jogador que controla a barda não é a fim do jogador nem é um chato. Ele interpreta de boas.

E como homem fico pessoalmente feliz em ouvir uma mulher dizer isto. Mesmo que não tenhamos jogado juntos, faço questão que saiba que pequenos gestos assim fazem o mundo menos pior.

É mais fácil um meio-elfo afeminado, controlado por uma mulher, arrumar um homem do que uma paladina de carisma 20 controlada por um cara, conseguir um parceiro

Novamente compartilho de sua dor, mas pra mim, o que vejo nas mesas é que é mais fácil uma personagem feminina, de qualquer raça ou classe, arrumar uma parceira lésbica, do que um personagem homem relativamente educado conseguir conquistar uma companheira

E o pior é alegarem não serem homofóbicos

Poderíamos escrever um livro só sobre isto. Eu já fui tanto chamado de gay como de homofóbico. Mas o que REALMENTE é ser homofóbico? ou machista, ou racista, ou misógino, ou qualquer outra besteira da Liga da Justiça Social? Se uma pessoa que apóia o casamento gay, a adoção por gays e qualquer direito igual entre homo e héteros pode ser homofóbica, então acho que doente é quem não é homofóbico.

Bravos escreveu:Creio que se a pessoa defende um posicionamento, ótimo, defenda-o na vida corriqueira. O jogo não é exatamente o lugar para isso.

Entendo seu posicionamento, mas pessoalmente vejo que, quem não sabe levantar esta bandeira de forma AGRADÁVEL no jogo, são as mesmas que não tem capacidade de fazê-lo na vida corriqueira. Dependendo do cenário acredito que daria muito bem para defender um posicionamento de forma correta.

Mas entendo muito bem seu posicionamento.

Cara acho que esse é o pior tipo. Quando o cara faz uma personagem mulher, mas interpreta como se ela fosse homem. Não é nem questão sexual, é comportamento mesmo, daquele que você não imaginaria uma mulher fazer.

Sei não, já vi jogadoras mulheres fazendo personagens mulheres bem porradeiras e/ou taradas e elas se divertiam muito. Eu nunca tive problema com minhas guerreiras ou magas, mas quando fui jogar de ladina odiei, tentei até um suicídio honroso mas o mestre não deixou. Agora fico na dúvida se o problema foi ter feito ela humana ou foi ter feito ladina.

PG ou Pegi é o sistema de classificação etária americano. É que o mestre que usei de exemplo mencionou e ficou gravado na minha cabeça.

PG13 é 13 anos.

Não vou mentir... não me sinto confortável interpretando personagem feminino. Sério. Não é por mal nem por que tenho algo contra. Admiro as pessoas experimentarem essa variedade ingame, isso é um baita avanço em interpretação porque, pra mim, é necessário uma imersão e uma adaptação gigante, a qual eu não tenho.

Eu nunca interpretei mulher. Nem pretendo por enquanto, porque sei que se eu o fizer vou acabar bagaçando a campanha dos meus colegas então eu evito. Pra mim é uma questão de bom senso... se eu sei que eu vou fazer m#rda eu nem faço, ainda mais pessoalmente, confesso que eu me sentiria envergonhado. O porque eu não sei.

Espero que nenhuma mulher presente se ofenda com meu comentário, não quis parecer machista nem nada assim... Repito que acho legal essa variedade e habilidade de interpretar o sexo oposto. Mas é uma habilidade que eu não tenho, sinceramente kkkkkkk

Pow, eu sou bem eclético com isso. Gosto de fazer personagens homens e personagens mulheres. Tanto no fórum como em mesa. E já passei por várias experiências desse tipo e nunca tive nenhum problema (nem de aceitação de jogadores e muito menos como mestre). Claro que não cabe bem pra todo jogador, justamente pelo que o @GhosT falou, tem gente que não consegue interpretar o gênero oposto, simples assim. Mas é legal a experiência, indico pra todo mundo fazer pelo menos uma vez, por que você enxerga o jogo com outra ótica, é massa demais.

O lance que o @Bravos falou eu também concordo. Levantar bandeira através do personagem eu já acho palha, seja do lado hétero, seja do lado homossexual; quando se quer provar alguma coisa ou lançar indiretas pra um ou outro no grupo. Mas quando isso é parte do personagem, tem que separar também. Eu particularmente não concordo com o homossexualismo, por conta da minha crença, mas meu primo (que é um dos meus melhores amigos) é homossexual, a gente joga junto, ele já fez personagens masculinos e femininos e nunca tivemos nenhum problema com isso, justamente por saber primeiro respeitar a opinião de cada um e também de não misturar a vida real com a interpretação no RPG. Por exemplo, ele já fez uma personagem feminina homossexual num jogo que eu narrava, e foi super divertido as tentativas de conquista de uma "crush" NPC.

Eu ainda volto á máxima do RPG: todo mundo tem que se divertir, não importa como. Se um ou dois não estiverem se divertindo, cabe conversar pra ajustar as coisas. É melhor do que chegar ao ponto do desrespeito.

GhosT escreveu:Espero que nenhuma mulher presente se ofenda com meu comentário, não quis parecer machista nem nada assim... Repito que acho legal essa variedade e habilidade de interpretar o sexo oposto. Mas é uma habilidade que eu não tenho, sinceramente kkkkkkk

Não ofendeu. Na verdade é muito melhor assim. É praticamente a mesma coisa de dizer que tal pessoa não me representa. Imagine você ver uma mulher interpretando um personagem homem sendo extremamente delicado mesmo sendo um bárbaro... Haha

Fico feliz que não ofendi KKKKKKKK

Mas devo dizer que como mestre não tenho problema nenhum em mestrar pra alguém usando um personagem do sexo oposto. O meu problema é interpretar mesmo.