Job 05

Ainda no desconforto de seu esconderijo, o renegado replicante 037-SMH, auto intitulado como Carlos, iniciava o serviço ao qual tinha se inscrito no aplicativo de exclusive jobs. Era fim de tarde naquele terrível e barulhento subúrbio. Claro que o pôr do sol não podia ser visto de um lugar tão baixo e coberto de densa fumaça negra, mas seu TAP não lhe deixava escapar do horário exato. Uma gritaria ocorria em algum lugar do aglomerado de apartamentos minúsculos, algo banal no local. As luzes neon coloridas dos milhares de hologramas publicitários invadiam o vidro esfumaçado do lugar.

A primeira coisa a se fazer naquele trabalho era saber mais sobre o tal instituto. Ele começou usando seu TAP para uma busca rápida na Dataglobal. As primeiras informações que surgiram em sua linha de visão foram simples. O IBioT era um instituto de pesquisas tecnológicas, especializado em medicina biomolecular e aprimoramentos de replicantes. Para maiores informações, teria que se esforçar numa busca mais detalhada e abrangente, ou poderia simplesmente seguir as indicações dadas pelo aplicativo. A estação sitada não ficava muito distante a apenas 14 quadras de onde residia.

dream inscription: @hello vamos nessa. Antes de postar aqui, quero que poste no tópico de sua ficha uma espécie de diário do Carlos, registrando como ele se sente diante desse primeiro job. Não precisa ser muito elaborado. Aqui você já deve ir postando sua ação de acordo com a indicação do aplicativo Dream Inscription. Qualquer dúvida, MP

Iniciada uma pesquisa mais minuciosa, descobriu que realmente precisaria se dedicar mais para encontrar algo fora do básico, dedicando mais tempo e atenção naquela empreita. Os barutos daquele bairro mal frequenatado não ajudavam em sua concentração, mas era o que tinha para o momento.

dream inscription: Role um teste de Investigar (DataNet Global). Como você não tem essa habilidade, você rola 1d4-2 e 1d6-2 (esse segundo é o dado selvagem, que você deve lançar em todas as rolagens, por seu personagem se tratar de uma carta selvagem).

No caminho até o metrô, se dedicou a procurar tudo que pudesse encontrar sobre a tal IBioT. Que era um instituto de pesquisa de aprimoramento replicante ele já sabia, mas com um pouco de dedicação ele encontrou os principais eixos de pesquisa. O primeiro era entitulado 'Drogas sintéticas e aprimoramento de performance física e mental'. Ele sabia bem para que servia aquilo. Replicantes são mão de obra barata e de limitado tempo de vida, então o ideal é que eles fossem explorados o máximo possível e para isso, não havia nenhuma legislação que protegesse replicantes de serem obrigados a utilizarem drogas potencializadoras de suas aptidões. É claro que havia toda uma propaganda de como essas drogas eram seguras. Só que qualquer um que já as houvesse tomado em demasia não demorava a entender os efeitos colaterais.

O segundo eixo se chamava 'Fisiologia sintético-natural' e poderia significa muito bem qualquer coisa, afinal replicantes eram sintéticos e simulavam a fisiologia humana... Então... Terceiro eixo era 'Implantação de memórias originais'. Isso era interessante. Tinha a ver com as memórias que davam personalidade aos replicantes e que, no entanto, nunca existiram realmente. Quanto mais bem implantadas eram aquelas memórias, mais humano os replicantes pareciam em suas reações, o que com o tempo fez com que os testes de detecção dos mesmos fossem aprimorados também.

A caminhada de Carlos chegava ao fim enquanto ele se aproximava da estação. Desceu as escadas de acesso e seguiu para o corredor que dava na plataforma. Era lá, entre os banheiros, que estavam os armários públicos. Identificou sem problemas o número G42. Emparelhou seu TAP e o armário abriu. Dentro dele havia um crachá de identificação. Havia a foto de Carlos, mas outro nome: Ohori Keiji. Havia uma pasta, com um cartão dizendo 'Ohori Keiji', uma foto, certamente do verdadeiro Ohori Keiji, e um endereço, talvez sua casa. Além disso, dizia seu horário de trabalho: das 13h às 20h. Ainda falta cerca de uma hora e vinte para seu horário de saída. Havia também uma farda. Carlos pegou e notou que ela tinha o emblema e a sigla da IBioT. Recebeu uma notificação em seu TAP.

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Seguiu para o endereço indicado, ainda pensando qual seria a melhor forma de abordar aquele tal Ohori Keiji. De fato, o aplicativo não havia dado grandes informações... Ele teve de queimar um pouco os neurônios para pensar em algo. Por fim, decidiu por o endereço da IBioT e o endereço do tal empregado e descobrir a rota sugerida pela DataNet Global.

Isso era simples e de uma maneira rápida, mas eficaz, Carlos descobriu a provável rota pela qual Ohori voltava para casa. Como estava um pouco adiantado, passou na frente do endereço antes de qualquer coisa. Era uma pequena arcologia: um conglomerado de lojas, bancos, apartamentos e todo tipo de coisa que você imagine precisar. Aquilo era comum, na realidade. As pessoas saiam de casa para trabalhar e quando voltavam, não precisavam ir a lugar algum, a não ser sua arcologia. E ali elas viviam sua vidinha medíocre de todos os dias levantar, trabalhar, voltar e dormir. Essa arcologia em especial era uma das mais simples de Carlos já vira fora dos setores mais pobres. O que indicava que seu target não era muito abastado, embora não passa fome.

A DataNet Global indicou que ele deveria passar por ali às 20h34. Poderia ria esperá-lo alguns quarteirões antes, entre a saída do metrô e a arcologia. Assim teria tempo para pensar e agir da melhor maneira.

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No horário esperado, saiu do metrô uma turba. Era de se esperar, o metrô estava sempre lotado, fosse em qual fosse o horário. Talvez apenas nas mais tardes horas da noite era possível andar sem ter que ficar de pé. O sistema de transporte funcionava 24/7 já fazia anos, já que basicamente só empregava os mecânicos de manutenção e algum policiamento.

Encontrar Ohori Keiji não foi exatamente difícil. Ele vestia um macacão exatamente igual àquele que Carlos pegou na estação de metrô perto de sua casa. Era um tipo extremamente comum e pouco remarcável. Ohori Keiji era um qualquer.

dream inscription: brilha @hello

Carlos entrou num pequeno beco entre prédios altíssimos. Não era incomum espaços como aquele. Tóquio tinha algumas legislações idiotas que não permitiam que os edifícios ocupassem todo o lote, obrigando recuos ridículos de cinquenta a sessenta centímetros. O que acabava criando esses becos onde mal passava uma pessoa.

Ohori Keiji não demorou a passar por onde Carlos o esperava. Porém, o replicante não foi tão bem sucedido quanto imaginou que seria quando idealizou a cena. Logo que ele foi saindo do beco, Keiji o notou e começou a dar passos para trás, colocando as mãos abertas diante de si e com uma nítida cara de pavor:- Ei! Quem é você? Eu não tenho nada! - Havia poucas pessoas passando e as que passavam, como mandava a boa educação japonesa, não pareciam querer se intrometer.

dream inscription: brilha @hello

O replicante viu uma sombra de terror aparecer nos olhos de Ohori Keiji. Pelo visto ele não era um exemplo de coragem, mas pudera, Carlos deveria ter quase uma cabeça a mais de altura que ele e por ser um simulacro de serviços pesados, era definitivamente mais forte.

Sem reagir de nenhuma maneira, o empregado se deixou ser puxado pela gola e tão logo Carlos lhe exigiu a maleta, ele esticou o braço entregando-a. - Tome. Não tem nada de valor aí, eu sou um quebrado. Só me deixe em paz. - Ohori Keiji estava genuinamente assustado e Carlos começou a ficar receoso que ele se mijasse a qualquer momento.

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