por Sllaker Dom maio 27, 2018 8:44 pm
Vitor observou quando Edrik colocou um maço de cigarros e uma caixa de fósforos no painel. Por um momento, ele se esqueceu que dirigia uma Kombi e que o mundo tinha ido pra merda. Esqueceu de todos ao seu redor, inclusive de Edrik, ao seu lado, murmurando algumas desculpas. Em resposta, Vitor apenas acenou com a cabeça e pegou um dos cigarros, acendendo-o na boca e dando uma tragada seguida de uma forte baforada de fumaça, que encontrava saída pela janela aberta ao seu lado. A marca do cigarro não era das melhores, ele sabia, mas era boa o suficiente para fazer um sorriso brotar em seu rosto, mesmo que só por alguns segundos. Ele esticou o braço pra trás, oferecendo a carteira de cigarros para os demais. Vitor não se lembrava de quando fora a primeira vez que fumara, mas lembrava-se da última: havia sido no primeiro dia em que tudo realmente tinha ido pra merda.
Ele estava em casa e tentava ligar para alguns amigos, mas a rede parecia ter caído e nenhuma chamada era completada. Na televisão, todos os canais passavam uma mesma mensagem repetidas vezes, avisando a população para permanecer em casa. Vitor nunca fora de seguir ordens, então ele saiu e pegou sua moto, tentando ir para a casa do amigo Thiago. Já era tarde quando chegará lá e Thiago o contou dos planos de ir para a casa dos pais em Xerém, na manhã seguinte. Ele convidou Vitor a ir e, antes de ir dormir, compartilhou com o amigo o último cigarro que tinha. — Esse é pra você, TH. — Ele refletia, enquanto dava outra baforada no cigarro.
— E agora, para onde vamos? — Perguntou Alice, trazendo Vitor de volta a realidade. — “Pra quem não sabe onde vai, qualquer caminho serve.” — Vitor se lembrou das palavras que o pai se acostumara a dizer. — Vamos seguir pela Avenida, viraremos rumo a Vila Leopoldina quando chegarmos perto da ilha do governador. — Theo respondeu. — O combinado foi passar na casa de meus tios de lá Vitor decide o caminho e independente do resultado eu ajudarei, vocês tem minha palavra. — Vitor deu outra baforada, deixando o braço exposto na janela, permitindo que as cinzas caíssem pela rua. — Não há combinados, cara. Nem promessas. Eu não conheço vocês e vocês não me conhecem. Mas se querem ser um grupo, temos que confiar um nos outros. Esqueçam o que ficou pra trás. Vamos começar do zero, agora. É para Vila Leopoldina que quer ir? Encontrar os pais, né? — Ele deu uma pausa na fala. — Alguns ainda tem em quem depositar esperanças. — Considerou consigo mesmo, antes de continuar. — Se todos estiverem de acordo... — Falou, olhando para Alice e Edrik.