História
Os nascidos da família de Ayleen, originária de Salisbury, sempre foram conhecidos por serem nobres justos, fieis e amigáveis. Desde que se tem conhecimento, seus ancestrais exigiram de todos da família atitudes éticas dignas de verdadeiros nobres, sendo um tanto severos e punido com firmeza delitos e desrespeitos. Assim como muitas famílias da região, tanto os Zummach quanto os Niflheim jamais deixaram totalmente os costumes celtas, religião de seus ancestrais; entre sussurros das cortes, vez ou outra ofendem chamando-os “pagãos”, embora ninguém da família faça grande questão de esconder o fato. É comum, na verdade, que refiram a si mesmo como sendo um “clã”, tal qual os celtas costumavam fazer. Muitas das mulheres de ambas as famílias foram feiticeiras celtas, embora os nomes já não sejam conhecidos, pois se perderam na história e nas misteriosas terras de Avalon. Há registros de inúmeros homens da família que dedicaram sua vida como druidas, os últimos que se tem conhecimento são Isaac e Kelvin, bisavô e tio-avô de Ayleen, respectivamente. Não há conhecimento de grandes heróis na família, embora os poucos cavaleiros sejam conhecidos por sua honra e determinação em combate, assim como fora dele.
O bisavô de Ayleen, Evan Zummach, foi o responsável por unir as famílias Niflheim e Zummach como uma só, também transformando o brasão da família com a junção. Conhecido como um dos poucos druidas que uniu matrimônio, já que a maioria prefere viveu como Kelvin, recluso em florestas. Sua esposa, Quinn Niflheim, deu à luz a dois gêmeos: Isaac e Kelvin. O primeiro assumiu o comando da família, enquanto o segundo segue sua vida reclusa como um druida, um senhor que não é visto há quase 17 anos. No ano de 435 d.C., Evan faleceu, pouco depois do filho Isaac ser nomeado cavaleiro.
Isaac foi quem começou com a tradição dos homens da família buscarem a ser cavaleiros de fato. Embora não fosse um exemplo de guerreiro, seu senso de justiça e honra, aliados ao grande respeito que sempre teve por todos os seres vivos, o tornaram um grande exemplo para todos os seus descendentes. Casou-se com Rowena, com a qual teve também dois filhos gêmeos: Kevan e Owen. Ele faleceu no ano de 441 d.C., apenas 2 anos depois do nascimento de seus filhos, morto por invasores enquanto cumpria seu dever como cavaleiro. Lady Rowena, que estava grávida da filha Jolene, foi a responsável por educar seus filhos e administrar todos os bens da família, o que a tornou uma mulher bastante rígida, já que teve que criar dois filhos homens que não tinham personalidades muito parecidas, o que gerava muita briga entre os dois. Kevan era o retrato do pai, centrado e educado, enquanto Owen parecia a personificação de um cavalo selvagem: arredio e difícil de controlar.
Em 461 d.C., Lord Kevan lutou contra Vortigern na batalha de Cambridge e nesta ano que conheceu aquela que seria a mãe de seus filhos. Kevan estava prometido a uma nobre bretã quando conheceu Lady Alanis, uma mulher conhecida por sua excepcional beleza e bondade. Não houve qualquer palavra que Lady Rowena falasse que mudasse a determinação de Kevan em se casar com Alanis: embora soubesse que a honra o obrigava a seguir a promessa de casamento, ele estava perdidamente apaixonado pela mulher. Há más línguas que dizem que Alanis era uma feiticeira, enviada de Avalon para enlouquecer os homens e levar suas famílias à ruína. Contudo, a origem dela era conhecida, era da família Ó’Lionain que, embora não fosse das mais ricas, tinha bastante prestigia na Bretanha. Isto levava todas as fofocas ao chão, mas sabe como são as pessoas... Acreditam naquilo que querem acreditar. Em 464 d.C eles casaram-se e, da consumação do casamento, Lady Alanis teve dois filhos gêmeos, William e Ayleen, nascidos no ano seguinte.
Os gêmeos nunca tiveram muita convivência com o seu pai, já que na maioria do tempo ele estava em batalhas pelo Rei, ou mesmo fazendo seus simples deveres como cavaleiro do reino. Kevan lutou no cerca de Carlion em 466 e 467 d.C, na batalha de Snowdon em 468 d.C e acompanhar Uther nas guerras dos anos 469 a 472 d.C., durante este tempo tendo apenas poucas passagens para visitar a família. No ano de 473 d.C., lady Alanis engravidou novamente e, estando em um estado de saúde muito frágil, Lord Kevan dedicou-se a cuidar dela e da família por algum tempo. Contudo, o dever chamou-o novamente em 474 d.C., quando a caçula Brianna estava prestes a completar um ano, e permaneceu defendendo a Bretanha dos saxões até o ano de 476 d.C. Teve o ano seguinte dedicado para a família novamente, conseguindo conviver até mesmo com o tio Kelvin, com o qual tinha pouco contato desde a morte de Isaac, e que nunca mais foi visto depois deste ano. Lady Alanis engravidou novamente (do filho Bryan) nesse tempo, e Kevan aproveitou para ensinar tudo o que sabia para seu filho, William, e para o sobrinho Cameron. Nos dias atuais, Alanis fala que seu marido e eterno amor pressentia a sua morte, pois passou um ano sendo um exemplo de lord, pai e esposo. Kevan morreu durante a batalha da Frísia, em 479 d.C.
Ayleen foi criada, tais como todas as mulheres da família, para não ser apenas esposa ou mãe, mas livre para escolher seu próprio destino. Adepta da religião celta, tal como uma Niflheim Zummach deveria ser, a menina sempre foi sensitiva em relação ao misticismo, o que a gerou o apelido de “pequena fada” quando criança. Também sempre teve uma proximidade com animais e a natureza em geral. Muito próxima do irmão William e do primo Cameron, tal como eles adorava as histórias contadas por sua mãe e mesmo as mais amedrontadoras histórias da avó. As três crianças, talvez por serem tão próximas, também partilhavam de uma personalidade muito parecida: embora adorassem a liberdade e, por vezes, passassem horas em meio à floresta e aos animais, jamais desobedeciam uma ordem das mães, ou principalmente da avó.
Conforme cresciam, os gêmeos Ayleen e William começaram a distanciar-se. O rapaz, criado para ser um cavaleiro, assim como Cameron, agora nem sempre estava em casa, o que diminuiu a convivência entre eles, embora não o sentimento fraternal que nutriam. Lady Rowena e Lady Alanis dedicaram-se a ensinar Ayleen como administrar os bens da família e a tomar decisões importantes, além dos modos da corte, o poder das palavras e de como usar a beleza exótica a seu favor. Embora a garota nunca tenha tido paciência para flertes, entendia que sorrisos e palavras gentis conquistavam aliados e venciam guerras muito mais do que espadas.
Ainda assim, Ayleen nunca deixou de lado a atração que tinha pela religião de seus ancestrais, ou a curiosidade que sentia por seres mágicos e por todo o misticismo que rondava os celtas (agora conhecido como pagões). Aprendeu a leu seus glifos e a identificar quando havia magia no ar, embora este último tenha sido mais por intuição do que por estudo ou conhecimento.
Seu local preferido em Salisbury sempre foi o Cavalo Branco, pois tinha na deusa Epona um exemplo de grande divindade, achando-a tão interessante quanto a própria Deusa-Mãe. Não raras vezes, quando tinha a mínima oportunidade de ir até a cidade, passava horas na estátua, entoando alguma canção que a mãe havia ensinado.
Embora cause estranheza nos mais católicos membros da corte, não há quem não se admire com a beleza diferente que herdou de sua mãe: os olhos azuis brilhantes, o corpo bem desenvolvido e os lábios carnudos e cor de sangue. Há más línguas que dizem que, tal como a mãe, ela também é uma bruxa, e que deve seduzir algum grande lorde para convertê-lo ao paganismo, ou talvez sumir entre as águas desconhecidas de Avalon...