[Dia 1] Arrival Part 1: Snow.

I told you, I was trouble

You know that I'm no good

A viagem até o Polo Norte era longa e cansativa, sem falar em tediosa. Yoko dispensara Archer logo no início, dando-lhe a libertade de fazer o que bem entendesse, assim como ela própria. O vagão onde Yoko mantinha seus aposentos estava quente, ao contrário do exterior de gelo e neve. Deitada em uma espécie de divã, a japonesa olhava pela janela, enquanto bebericava uma taça de vinho tinto. Estava sozinha na cabine, fato não muito recente, já que havia dispensado seu "acompanhante" há poucos minutos. Suas roupas eram leves, e imitavam um kimono feminino branco com flores azuis em tecido fino, era quase possível ver seu corpo através dele.

É claro que não conseguiu prever a explosão do trem, quem dirá a sua queda. Por sorte (na verdade por precaução), Yoko sempre se certificava de colocar pergaminhos de proteção e também de aviso para aproximações indesejadas. Isso a protegeu de boa parte do dano que receberia, mas na queda uma parte dos escombros acabou prendendo a sua perna. Ela não lembrava de boa parte do que aconteceu entre a explosão e a queda, mas ali estava ela, seminua em cima de gelo e embaixo de metal, com um desconhecido acima de si, que desapareceu em instantes.

-Ah, maravilha. - exclamou, irônica. É claro que não estava totalmente desprevenida para um situação desastrosa como aquela: havia uma caneta prendendo seus cabelos. Sem esperar qualquer resgate, seja de Archer ou de qualquer outra pessoa, ela puxou a caneta e desenhou em suas mãos o símbolo do selo da expulsão. Ao tocar no pedaço de metal, ele seria lançado na direção oposta. Assim que se visse livre daquilo, ela tentaria procurar sua mala de roupas e colocar algo mais decente e, principalmente, quente. Havia uma tatuagem em seu corpo que lhe garantia cicatrização acelerada, então qualquer dano que tivesse seria curado cedo ou tarde. - Archer, eu agradeceria se mostrasse esse seu rostinho de rei agora. - aquele homem de armadura podia reaparecer a qualquer momento, e era muito provável que fosse um espírito heroico.

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I told you, I was trouble

You know that I'm no good

Yoko tinha total consciência que Archer estava se aproximando, mas continuou sua busca pela mala de roupas, a qual achou sem muita dificuldade, afinal, seu vagão estava quase intacto se fosse comparar com o restante da locomotiva. Pegou uma de suas calças térmicas, uma blusa térmica e um grosso casaco de pele branco, além, é claro, de botas e luvas apropriadas para gelo e neve.  O vento gelado batia em seu rosto, agora a única parte exposta de seu corpo, quando Gilgamesh pôs-se a falar, sempre a tratando como um ser inferior.

"Ah é, foi por isso que eu quis uns dias de 'ferias'", pensou, lembrando-se da arrogância do Rei dos Herois, "Deveria ter invocado uma onna-bugeisha, Tomoe Gozen era a minha escolha, mas não, eu tinha que dar ouvidos ao meu pai. Calma Yoko, vai valer a pena, tenha paciência". Com um sorriso no rosto e os olhos apertados de malícia, ela virou-se na direção de seu servo, embora fosse ela quem parecia uma aos olhos dele.

-Quanta falta de humor, Archer. Se eu vou morrer de hipotermia como você está agourando, ao menos torne as coisas um pouco mais divertidas. - com um suspiro, Yoko recuperou seus selos e os guardou em bolsos espalhados pela roupa escolhida. As botas que escolheu tinham símbolos na sola que permitiam mais leveza e facilidade na locomoção em solos com gelo e neve. Além disso, o casaco de pele tornara-se impermeável e muito mais quente do que deveria ser, graças a outro símbolo gravado nele.

-É claro, tudo estava nos planos. - deu uma piscadela pra ele. Só agora se dera conta que havia sangue seco nas mãos, provavelmente cortada pelos restos da taça que tinha nas mãos. A perna latejava, mas ela tentava não demonstrar dor. Começando a andar pelo gelo, Yoko foi na direção de Gilgamesh, mas seus olhos estavam atentos na cena que se desenrolava ao redor. Havia mais magos no trem, teriam sobrevivido? - Um homem vestindo preto e uma armadura dourada esteve aqui quando caímos, mas desapareceu sem falar ou fazer algo... O que sabe sobre o incidente? - ela agora falava de maneira mais séria, deixando o sarcasmo de lado. Esperando alguma resposta amarga, Yoko voltou a prender parcialmente os cabelos com a caneta.

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I told you, I was trouble

You know that I'm no good

-Hm... Ou isso, ou um deles foi até lá especialmente para atacar o trem e acabou sendo impedido pelo outro. - estava pensativa sobre o que ele tinha dito, então falava mais baixo que o comum. Até então não sabia que havia tido uma batalha no trem. "Será que aquele homem estranho estava envolvido nisso? Seria amigo ou inimigo? Se fosse inimigo, porque não me atacou? Bem, não terá outra oportunidade tão fácil e... Espera..." Ela virou seus olhos estranhamente sem cor (cinzas) para encontrar os olhos escarlates do Rei dos Herois, observando-a. Ela segurou o olhar. "Tão bonito, mas tão... Foco, Yoko", suspirou. - Havia algum motivo para estar do lado exterior do trem, Archer?

Esperava uma resposta ácida, e se pudesse teria evitado a pergunta, mas sabia que era importante saber os motivos dele estar onde estava. Apesar de não estarem em tanta sintonia quanto o esperado inicialmente, Yoko entendia o quão essencial era conhecer o servo invocado, assim como ele conhecê-la. Gilgamesh tinha uma mente complexa e arrogante, mas era poderoso e manipulador tal como um líder deveria ser. Compreendê-lo e conquistar uma conexão entre eles era primordial. Não era fácil, contudo. Yoko também tinha uma personalidade difícil, tinha que confessar.

-Escute, Archer... Acredito que começamos nossa relação com o pé esquerdo, mas agora que a guerra começa de fato, o que vou dizer é muito importante. Eu estou determiná-la a vencê-la e não pretendo destruir o cálice, como a Torre do Relógio propôs. A aliança com eles era necessária para que eu pudesse conquistar o cálice e bem, aqui estamos nós. - ela ainda segurava o olhar fixo no de Gilgamesh, o que demonstrava a firmeza daquilo que falava. - Caso encontre um servo da Facção da Noite, não hesite em destruí-lo e, de preferência, leve o mestre com ele, se houver algum por perto. Não precisa conter sua força, eu lhe fornecerei a mana necessária com a minha própria força vital se preciso for. Se achar necessário destruir heróis aliados, faça como bem entender, não precisa da minha autorização para tal. Bom, não é como se precisasse dela pra alguma coisa. Vou vencer essa guerra, custe o que custar. - deu uma breve pausa em sua fala, avaliando a reação do Rei dos Heróis. Era o único que sabia das intenções da japonesa, e não interessava o que ele achava disso ou como responderia. Outras coisas importavam mais para ela. Por fim, ela deu um sorriso com o canto da boca. - Agradeceria se também deixasse suas intenções nesse mundo explícitas para mim, se assim desejar. Se não, contento-me com o seu silêncio.

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