O ABISMO

O ABISMO

Franklin caminha em um vale abaixo da montanha, suas pernas doem, o frio é intenso e seu casaco azul se torna fino demais para a situação, ele sente na pele o frio das noites de inverno do sul brasileiro. Vagando por entre neve e trevas armado apenas de sua lamparina e um livro antigo de sua coleção. Ele se infiltra nas trevas em busca do bonde caído, havia outras duas mulheres nele e talvez precisassem de ajuda. Em sua rota ele encontra um osso largo semi enterrado na neve, ele o examina e percebe que o resto do corpo não está no local. Ele verifica o osso e percebe nele marcas de dentes humanos. Um vento sopra forte neste momento  fazendo o livro se mover agitando as páginas, Franklin notou que a maioria das páginas do livro estavam em branco, mas o vento colocou justamente em um página escrita, cujo o título era BABA YAGA.

O ABISMO

Franklin segurou o livro e leu com a ajuda da lamparina durante o frio e as trevas a leitura não poderia ser mais desconfortável.




Depois do texto havia algumas imagens desenhadas e por mais que Franklin conhecesse o "mito" de Baba Yaga, a mais terrível bruxa russa, não se recordava de ter visto aquilo naquele livro imagens desenhadas a mão, deu mais uma folheada e viu que as demais páginas estavam em branco.

Desenhos:

---

O ABISMO

Franklin avança no frio, seu corpo treme e a nevasca começa a ficar mais forte, era necessário encontrar um local para ficar, se acomodar ou morreria de frio, ele finalmente vê algo na neve, algo vermelho, não combinava com o ambiente branco e marrom, era o bonde, o bonde dois estava completamente espatifado no chão como um brinquedo quebrado, perto do bonde Franklin viu algo caído no chão parecia um corpo e o corpo estava sendo devorado por alguma coisa, Frankintenta tenta ver de longe o que é.

---

*Faça uma rolagem para percepção

O ABISMO

Franklin tenta aos poucos ir avançando e ver o que estava acontecendo, mas é escuro e se não fosse pela cor vermelha espalhada pelo chão contrastando com a neve branca não seria possível ver nada. Os vultos escuros sobre o cadáver se movem e Franklin percebe vários pares de olhos brilhando na escuridão. Sua lamparina o torna exposto e ele é percebido antes de perceber. As coisas deixam o corpo e se concentram em Franklin, parecima animais, talvez lobos, eles começam a correr na direção do homem solitário que vagava pelo abismo abaixo da montanha portando apenas um livro e uma lamparina.

O ABISMO

A mulher desmembrada agoniza por um período tão longo de tempo que Elizabeth não poderia contar, pareceram horas, talvez até fossem, pois o sol já se escondia no céu, embora a noite ainda não tivesse dado as caras. Elizabeth tinha pouco o que fazer, ela mesma estava gravemente ferida, uma barra de ferro entrara em seu abdomen e saia pelas suas costas, enquanto via a mulher agonizar dizendo que ia morrer, a mesma frase passava involuntariamente pela sua cabeça.

Quando a mulher deitada na neve parou de falar e começou a só gemer, Elizabeth percebeu algo se movimentando atrás de si ao olhar para trás levou um grande susto, estava de pé atrás dela uma velha de aspecto fastasmagórico, cega de um olho e com os dentes podres e deformados.

A Velha:

- Pobre criança, eles conseguiram te pegar sem nem mesmo chegar na montanha, coitadinha. Joseph, não se deve confiar na raça dele. Já houve guias melhores, o que esperar de alguem que bebe o sangue e deixa a carne, cainitas asquerosos.

A velha caminha ao lado de Elizabeth,

-Isto ai deve ter doido né criança - ela fala tocando na barra de ferro com a palma da mão, a dor que Elizabeth sente é intensa, mas caida no chão ela pouco pode fazer para impedir.

- Hahaha, pela careta que você fez deve estar doendo bastante, seus malditos bastardos, quase mataram minha garota. - ela xinga olhando para a nevoa acima de onde o bonde caíra.

A velha se aproxima na moça de olhos verdes, ela mergulha do dedo na poça de sangue no chão e depois sente o gosto na língua.

- Parece bom, vai servir, hahaha, garota você teve a sorte grande - ela se aproxima da perna da mulher junta ela do chão e coloca perto de Elizabeth - morda isso, vai fazer você se sentir melhor.

- Morder? - Perguntou sentindo desnorteada. A velha só podia ser uma alucinação.Estava perdendo sangue e estava com frio apesar do casaco. Sim Deveria ser isso.

Ela olhou para sua alucinação e sentiu o cheiro de sangue da perna da garota. Sua vista ficou meio turva e ela vomitou. Limpou a boca com a manga da camisa.

- Preciso tirar esse ferro de mim - Disse pra si.

- Elizabeth, sua tola. Elizabeth? hhaha, é assim que prefere ser chamada? O juramento de Deus, nome idiota. Ele não olha para nós há muito tempo. Lutamos o lado errado da guerra, perdemos e agora estamos submissos aos jogos doentios dele.

A velha parecia real em cada aspecto, até o cheiro de xorume vindo da pele asquerosa podia ser percebido, mas Elizabeth não tivera alucinações antes para saber se era parecido com aquilo.

- Sim criança, jogos, é isso que ele deixou para nós. São poucos que podem andar na terra farta dos homens, esse é o motivo de tudo isso, logo que....

A velha foi interrompida por latidos ao longe.

- Vamos, não temos tempo, o perigo se aproxima - A velha arranca o ferro do corpo de Elizabeth e começa a arrasta-la pela perna usando apenas uma mão.

---

As criaturas corriam para cima de Franklin, ele tenta fugir enquanto folheia o livro em busca de uma salvação milagrosa. No desespero ele pode ver o formato das criatura, pareciam enormes cachorros, sangue escorriam de suas bocas, provavelmente do corpo que se alimentaram.

Franklin abriu o livro em uma página qualquer, estava escrito em letras garrafais. "CORRA PARA O BONDE". O bonde vermelho destruído se destacava na escuridão

Assim como manda as páginas em caixa alta, eu corro com toda minha agilidade, para o bonde vermelho. Não seria á toa o livro me mandar ir, para o bonde vermelho sem ajuda, por isso eu grito o máximo que eu posso para alguém de lá me escutar, enquanto vou para o bonde destacado na escuridão.

-AJUDA AQUI!!!

FRANKLIN

O homem de azul grita desesperadamente por ajuda, mas ninguem o responde, as criatura que parecem lobos se aproximam rapidamente e Franklin consegue entrar na carcaça do bonde apenas uma fração de segundos antes que um dos enormes mostros de olhos amarelos lhe arranque a perna. Dentro do destroço vermelho Franklin mal tem espaço para se mover. Os lobos circulam em volta do alvo tentando entrar no bonde, eles forçam as paredes com o corpo enquanto emitem grunhidos. Dento do bonde Franklin encontra apenas uma barra de ferro solta que pode ser usada como arma.

Maldição, eu estava cercado pelos lobos ferozes só com a opção de matar eles com uma barra de ferro, mas essa não é a melhor escolha. Pego a barra de ferro para me defender e, junto eu abro o livro buscando ajuda, pois se ele já me ajudou uma vez, me ajudara nessa também.

-Rápido, por favor!

"Lute". Era a única palavra escrita no livro em tamanho comum. Tudo indica que não haveria milagres ali.

Franklin

Um dos enormes lobos tenta abrir uma barreira no ferro que separava de sua presa. Na sequência outro começou fazer o mesmo. Franklin percebeu que aquelas criaturas eram muito mais inteligente do que o "normal". Ao abrir espaço o suficiente para inserir a cabeça dentro do bonde um dos lobos quase morde Franklin. Os outros dois ainda estão ali fora.

Aqueles lobos não eram nada normais, eram sobrenaturais. Eles ficam toda hora tentando abrir uma barreira no meu ferro, então tento atacar o lobo alfa que seria o enorme e depois me defender, esperando o menor atacar e depois contra atacar.

-Jamais desistirei!!!

Assim que o lobo coloca sua cabeça dentro do bonde Franklin lhe acerta violentamente com a barra de ferro. O lobo cai morto ali mesmo trancando a passagem dos demais. Os outros dois viram as costas e correm. Mas nao sem antes falar. "Ainda vou devorar a sua carne mortal. Espere".

...Mas que porra foi essa!!? esses lobos falaram dizendo que vão me devorar e eu sobrevivi, eu sobrevivi. Mas não era hora de comemorar, com o livro em mãos com medo e com adrenalina bem feliz, eu abro ele vendo qual será meu próximo passo.

-Haha, cara que bizzaro!

FRANKLIN

Franklim havia rachado o crânio do animal. O sangue vazava por dentro dos destroços do bonde dois tingindo quase imperceptivelmente o já vermelho metal. Dentro do emaranhado de ferro e espuma com sua lamparina ele lleas "instruções" do livro.

"Suba a montanha. É lá que seus inimigos estão. Você vai morrer se ficar aqui. Tenha cuidado. Nosso povo depende de você "