Introdução - Chris

Chris

Prestei atenção em como Vincent fez com a sala em sua vez, mas tentarei fazer com alguns ajustes. Vou para a primeira sala da direita e observo antes de abrir alguns detalhes: marcas no chão, poeira na maçaneta e luz pela fresta inferior da porta. São detalhes pequenos, mas os considero relevantes pois marcas podem indicar se alguém entrou, a poeira ou mesmo a falta dela indicam que alguém passo a mão recentemente e removeu a poeira, já a luz é algo mais simplório pois penso no mito da caverna de Platão e os homens ficam cegos pela luz do lado de fora.
Deixo a maleta na frente do corpo abaixado enquanto abro a porta com a mão esquerda e seguro a arma na direita. Tão pronto quando viro a maçaneta para destravar a porta já baixo para a maleta e uso o canto dela para empurrar a porta e abrir.

Se tudo correr bem, observo a sala rodando os olhos bem rápido em centro, chão, direita, teto, esquerda, de forma a buscar algo destoante e então mais lentamente para confirmar o que sobrou.
Se tudo correr bem, sigo o processo com Vincent até um de nós achar algo.

Chris pode perceber que a porta estava danificada. Não possuía mais uma maçaneta, estando ela apenas encostada e não trancada.

Furtivamente, ele entra no local e olha todo o ambiente. A princípio não nota nenhuma presença. O lugar estava bagunçado. Papéis velhos no chão, algumas cadeiras caídas e uma mesa de médio porte tombada. Pelo seu tamanho, podia esconder alguém atrás, desde que se abaixasse. Chris seguiu, devagar e com a arma em punhos, caminhando lateralmente até ter visão de trás da mesa caída.

Lá estava. Um AR fêmea, não possuía uma das pernas. Ao solo uma mistura de um líquido que parecia ser sangue e óleo. Sua posição o chama a atenção. Olhava para o alto e suas mãos estava entrelaçadas, como se fizesse uma prece aos céus.



Depois disso olhava para Chris, sentava ao chão e esticava ambas as mãos abertas, como se pedisse por misericórdia.

Enviado pelo Topic'it

Chris

       Enquanto puxava o gatilho algumas vezes até ter certeza de que ela estava morta, vários pensamentos se passavam em minha mente. A sensação de medo foi enorme, encontrei o AR, a ameaça estava presente. Ela pede por misericórdia, uma caridade, mas pra quem? Seria uma caridade de deixar que ela ficasse viva, mas colocaria em risco a vida de todas as outras pessoas na cidade ou um golpe de misericórdia que acabaria com seu sofrimento de uma vez por todas? Ela estava viva e como uma pessoa, demonstrava ser quase humana e livre, já que muitos são escravos de conceitos e valores que são maiores do que apenas uma pessoa. No entanto uma máquina ainda é uma máquina, ela está programada para fazer o que alguém definiu, mesmo que seja participar da vida humana com grande realismo.
       Quase que sinto culpa por ter puxado o gatilho, mas sinto-me bem por entender que parte do dever havia sido cumprido.
       -- Vincent, aqui, peguei um.
       Quando vejo que o AR está no chão, olho rapidamente em volta procurando por ameaças ou evidências. Talvez algo de valor que o Vincent não precise saber.
       Agora sabendo que não há nada de valor em volta e que Vincent já está vindo para ver o AR começo a pensar nos próximos passos, se faço uma verificação inicial, se deixo para depois, se há evidências que sugerem outra coisa, talvez outro AR?
       Lógico, recarrego a arma e continuo com ela pronta para atirar mais vezes no AR esburacado a frente.

Chris

Uso um dispositivo para tirar uma foto do local, para lembrar de como estavam as coisas caso seja necessário, mas sem Vincent, a mim e o AR. Guardo e penso nas balas que ainda tenho na arma. É melhor recarregar. Falo em voz baixa.
--Vincent, vou recarregar.
Pego o pente reserva e troco a munição deixando a arma carregada. Agora em prontidão vou seguir o caminho de volta não muito distante de Vincent. Fico desconfortável agora no caminho de volta pois sinto que estou dando as costas para o inimigo. Caminho no ritmo dele já que ele está com o peso extra e observo o caminho à frente e para trás.
-- Vincent, tenho a sensação de que estamos dando as costas para o inimigo e você?
A resposta de Vincent será um tanto indiferente, temos uma missão e precisa ser feita. Algumas coisas ainda estão em minha mente, parece que o AR alvejado era um inocente, talvez até estivesse pedindo ajuda. Como algo assim pode usar nossa mente? Eles deveriam seguir ordens e é provável que estejam seguindo alguma ordem, mas de quem e por que? Também fico pensando em outras partes do AR que não foram acessadas, se há alguma outra parte do AR que seria descartada por muitos mas que talvez guarde alguma coisa, como processadores secundários ou memórias de ação secundária que servem para replicar a ação tática como caminhar evitando objetos enquanto a parte principal pensa em outros aspectos como pra onde e qual a finalidade.
São mutos pensamentos, mas não posso distrair-me, minha vida está em risco e então precisamos sair daqui. Quando estiver em segurança retomarei estes pensamentos.

Chris

Se ela nos pegou de surpresa e não atirou nem falou nada, azar o dela. Bam! Bam! Bam! Até onde sei ARs não andam armados por ai. Também sei que ARs podem ser reparados, já Vincent ou a mim podemos ser descartados facilmente com as feridas ainda abertas. Acerto tiros o suficiente para salvar a gente, mas para deixar alguns para o outro alvo (armas assim tem entre 12 e 15 tiros, posso dar 6 ou 7, metade do que for) e grito para ele:
-- Large a arma! Pro chão! Agora! 3,2,1 Bam! Bam! Bam! Se o outro alvo não se identificar, cooperar ou não conseguir identificá-lo não vou arriscar a nossa vida.
Até onde eu sei os AR não andam armados e não posso arriscar nossa vida. Estamos em um ambiente de combate, perseguindo ARs infectados que fazem o que não é esperado deles. ARs que fazem uma rota passando por aqui. Sendo assim atiro primeiro e pergunto depois.
Minha adrenalina está alta, a pulsação disparou, quem será essa AR agora e ainda há mais um que não vi direito. O suor está molhando meus cabelos em um misto de calor e medo. O cheiro no ar é de uma poeira velha e de tensão.

- Sim, sim! - Dizia o homem que agora com o foco no que restara, percebia ser um senhor de idade já avançada que se inclinava com alguns gemidos de dificuldade, próximo ao AR estatelado ao solo, de modo a observar-lo, analisando os estragos feitos pelos disparos.

Chris não percebeu quando Vincent, depois de Sr já estar rendido ao solo, notar algo que piscava em seu dispositivo móvel.
Sem solta a AR que levava sobre os ombros, confere a novidade e explana: - Oh-ow!

Nova Mensagem:

Da mensagem enviada ao comandante daquela equipe, saia dois hologramas que revelava as fotos enviada em anexo, revelando ser a sua que estava em fronte deles.

Vincent: - Chris! Espera, está tudo bem, estes vieram em nosso apoio. Foi um erro de comunicação, pode baixar a sua ar...

Os olhos de Vincent se arregalam ao olhar um pouco mais a cima.

Vincent: - Corram!!! - Alerta e parte em disparada. Em seguida, disparos e mais disparos são ouvidos que vinham da entrada.

Ao olhar para trás, pode-se perceber mesmo que numa fração de segundo, oficiais do governo em sua guarda armada, montados em máquinas sentinelas  munidas de grande poder de fogo.
Pareciam ter cinco deles, mas poderia ser haver mais.
Vincent descarta o corpo da AR e dispara com a janela que se estilhaça inteira. Prosseguia com que sabia fazer com maestria: fugir.

Lutar não parecia um opção muito inteligente. Saltavam a janela enquanto os perseguiam. Era possível ouvir os passos mecanicos das máquinas e as vozes dos oficiais que diziam: - Peguem os assassinos!

Na queda ao solo, caem sobre latões de lixos que rolam ao chão fazendo grande estardalhaço. Sorte não ser tão alto o primeiro andar até o solo.
Os homens ainda não os haviam alcançado enquanto se levantavam entre o lixo, mas era possível ouvir as vozes e ver os feixes de luzes das lanternas que avançavam dentre as janelas.

Seguiam e descobriam ser um beco sem saída. Mais adiantado, Vincent se esforçava em abrir um pesado círculo de ferro que estava ao solo. A única opção de fuga não era das mais cheirosas, mas não havia escolha nem tempo a perder.

- Para o buraco!

Chris,

Ajudo Vincent com a tampa do buraco. Não esperava por apoio e a mensagem chegou tarde, realmente algo lamentável no entanto foi apenas um AR, algo que se pode reparar, foi como quebrar uma ferramenta de trabalho. Mas de onde vieram estes outros caras e tão rápido? Como sabiam que estávamos aqui? Algo estregou nossa posição, ou alguém.
Precisarei rever o que tínhamos em nosso poder para detectar o que entregou nossa posição. No entanto agora precisamos fugir e nos esconder. Talvez desligar os aparelhos? Falo em voz baixa para Vincent:
-- Vincent, será que temos alguma coisa em nós que devemos desligar? Não quero estes caras perseguindo a gente por um sinal de telefone. Na dúvida, desligarei os eletrônicos que carrego.

Vincent estava focado demais para responder Chris. Seu objetivo de momento era apenas fugir e fugir. Um salto e Vincent desaparece na escuridão daquele buraco seguido de seu grito, como se estivesse descendo um tobogã.