Elliot Lumb - JOGO

Ainda que fosse contra tudo o que Elliot já havia feito até então, achava interessante a ideia de ajudar os outros e prover um pouco, principalmente quando boa parte de sua rotina se resumia em causar perdas e estragos. Não se engane, Elliot e sua família não eram pessoas ruins, muito pelo contrário, apenas haviam encontrado no ofício que realizam, a melhor a maneira de sobreviver naquele denso e sombrio mundo.

Dedicando seu tempo ao norte do acampamento, onde ficava a maior concentração de fracos e doentes, se dedicava para prover-lhes o melhor tratamento possível, por mais defeitos que pudesse ter, ser mesquinho não era um deles, se alguém lhe perguntasse, arriscaria até dizer que era um completo altruísta... Haha, que piada, de qualquer jeito,  fazia o que podia.
As consequências de fazer morada num lugar carente como aquele, afetavam de maneira negativa tanto o garoto quanto sua trupe, com quem se preocupava muito, Elliot era um jovem forte, mas sabia que passar o tempo que passava ali fazia com que não estivesse em seu máximo. Se fosse qualquer outro lugar, não teria nada que uma rápida batida de carteira não resolvesse, mas, pra que ter dinheiro se não haviam nada com o que pudesse gastar?

O rapaz dava atenção para um dos moribundos quando recebeu a mensagem de que havia sido convocado pelo conde Emich, intrigado, seguiu ao encontro do nobre sem avisar sua família. Ao estar em sua presença era inevitável notar, que apesar de ainda ter algo nele que remetia a grandeza, ainda assim não era imune a desgraça que afligia aquela terra. O que ele quer com alguém como eu? Um forasteiro... Isso soa mais estranho do que o normal. Pensava consigo mesmo enquanto ouvia os constantes enaltecimentos daquele homem. Ao ser oferecida a cesta, pegaria com certa resistência, mas nada falava. Conforme o conde continuava a expor suas ideias, mais claro ficava o que ele queria... Abria um sorriso no canto da boca, um ninguém como ele era tão habilidoso assim a ponto de ser reconhecido por nobres? Se fosse o caso, logo os trabalhos ficariam mais difíceis, ou pelo menos foi o que ele pensou enquanto se divertia com a ideia.

-Entendo, conde Emich. - Dizia após o conde terminar de falar. - Missão dada é missão cumprida. Logo voltaremos com o necessário para reerguer este povo. Agora, se me dá licença...

Então, após fazer uma referência, deixava o lugar enquanto tentava organizar as ideias na própria cabeça. A missão parecia importante e por mais que acreditasse que o povo Valakiano merecia um desfecho para toda aquela terrível situação, sua maior preocupação era sua trupe. Egoísta? Talvez, mas não se culpava por isso, qualquer pessoa sã pensaria do mesmo jeito.

Antes de qualquer coisa, escreveu uma carta de despedida:

"Papa, Mama, não se preocupem comigo, eu volto logo. Estou partindo numa missão á pedido do conde, com sorte, no momento que eu voltar poderemos seguir adiante. Continuem vivos, vocês e a trupe, assim como eu também continuarei. Amo vocês, Elliot"

As palavras soavam mais duras para o jovem rapaz do que soaria para os próprios pais, deixando o bilhete uma pequena cômoda que se encontrava no acampamento da trupe, partia sem olhar pra trás. Seu próximo destino era a casa grande de pedra onde funcionava a taverna, a primeira coisa que procuraria seria um par de adagas, se pudesse escolher, sempre optaria pelas que parecessem mais novas e bonitas. Então, procuraria algo que remetesse a um clip, a princípio um objeto que poderia parecer inútil, na sua mão fazia proezas, então caçaria alguma armadura leve que lhe protegesse, mas ao mesmo tempo que não prendesse seus movimentos, afinal, fazendo o que fazia, se mover livremente era essencial. Procuraria também por qualquer coisa de valor que pudesse vender em outra cidade ou por qualquer outro equipamento que facilitasse seus furtos. Caso não encontrasse mais nada, partiria então em direção ao portal antigo, onde aguardaria o resto de seu esquadrão. Parte de Elliot esperava que eles não fossem completos babacas.

Apesar de estar levando comida que faria falta para alguém, possivelmente incluindo sua própria familia, Elliot decidia levar tudo consigo, resguardando suas esperanças na ideia de que podia fazer a diferença e salvar aquele povo. Enquanto remexia a taverna em busca de suprimentos, encontrou algumas coisas que viria a calhar em sua aventura como armaduras, luvas e botas de couro, que vestiu por debaixo de seu sobretudo, adagas, que rapidamente guardou na cintura, de tudo ali, imaginou que era o que mais viria a calhar. Também encontrou um arco simples c/ aljava e 20 flechas, sem entender muito bem se  lhe seria útil, apenas decidiu por levar, já que uma hora poderia vir a calhar, e o resto da bagagem se resumiria em um saco de dormir, 12 moedas de prata, uma pedra preciosa amarela e a comida dada pelo rei.

Após adquirir todos os itens que desejava, o jovem Lumb caminhava para o oeste rumo ao ponto de encontro, não deixava de notar o silêncio que pairava sobre a cidade, pensava comigo mesmo sobre como aquele lugar deveria ser antes. Viajante que era, já havia conhecido todo tipo de lugar em vida, mas tão vazio como aquele lugar, era a primeira vez.

No local indicado, finalmente encontrava aqueles que seriam seus novos companheiros durante a missão, não fazia questão de analisa-los minunciosamente, mas sorria para tentar causar uma boa impressão.


- Então, vocês são o esquadrão que o rei enviou pra mim? Meu nome é Elliot, prazer, qual o nome de vocês? - Por fora, encantador, por dentro achava aquilo um tédio e torcia para que não fossem uma pedra em seu sapato.

Confuso, Elliot observava cada um dos presentes, o idioma usado pelo tal "Belthil" fazia com que o jovem se perguntasse se ele estava mesmo bem ou se a fome estava começando a afetar o grupo que apenas havia acabado de se juntar. Gabriel instantaneamente lhe causava repulsa, só de imaginar o que teria de passar com aquele tipo dali pra frente, se irritava. Jeska era a mais "neutra" de todos, portanto não havia montado alguma impressão certa ainda relacionada a ela, o rapaz passava por eles.

- Prazer em conhece-los. - Repetia olhando apenas para Belthil e Jeska, a existência de Gabriel era ignorada. - Quanto mais cedo partirmos, mais cedo voltamos. Algum de vocês sabe exatamente onde fica essa estrada antiga que o conde citou? Eu não sou daqui. - Seu tom era ameno e ele estava calmo, torcia para que tivesse um time melhor, mas agora era tarde, só restava acabar logo com isso.