A Luz no Fim do Caminho

Havia muita gente em Havekar - contudo, não havia uma unidade. Grandes exércitos não estavam presentes. Os reinos em guerra continuavam em guerra e não se uniram para combater essa ameaça, ou se quer acreditaram nela, mesmo com a morte batendo à porta, ou ainda, simplesmente não quiseram deslocar nenhum só soldado e deixar seu território desprotegido, pelo tempo que fosse. Era possível verificar que havia uma quantidade grande de seres detentores de algum poder mágico (talvez os que fossem mais fáceis de convencer de uma ameaça desse tipo) e outros, não tão mágicos - Witchers, principalmente grifos, Feiticeiros e Feiticeiras, elfos e anões, bandalhas de milícias, ciganos, mercenários. Todos nobres desconhecidos. Haviam contudo uma figura de maior renome ali no meio de todos - Victor Corbray. Tinha trazido todos os seus Witchers e homens de armas, assim como todos os mercenários que conseguiu pagar no caminho de Kovir e Poviss até Havekar. Sabia bem que a ameaça era real e tudo o que poderia fazer era resistir - mesmo que isso lhe custasse tudo o que tinha.

Conselhos de guerra foram formados e divididos - Havekar era um lugar imenso e bem fortificado, então algumas sessões precisavam ser feitas. Ao mesmo tempo, o trabalho dos defensores precisava ser organizado e conduzido aos poucos. Os mortos não tinham nenhum tipo de organização, então era essa a forma que tinham para conseguir uma vantagem larga em cima dessas criaturas. Diversos grupos foram formados e restou um grupo final, que ficaria responsável pela segurança de Tisein, o jovem elfo que era parte crucial em todo o processo e dependiam dele para a vitória.

Nesse grupo, estavam:
(@nahna) Rahva, mercenária de Novigrad - guardiã de Tisein.
(@Hunter) Javier, Witcher da Escola do Grifo.
('@Katerine Le Blanc') Sakaala, elfa/barda, junto dela um gato selvagem.
(@Lightning) Zhen Dakrblood, Witcher da Escola do Gato.
(@ecologista) James Bleda, Witcher da Escola do Grifo.

Jogadores:

Além destes, estavam Ka'har, Victor Corbray, Ivar Olho-Maligno e Lorhai Flancoferro. A discussão a respeito dos planos ainda não havia começado, só estavam unidos na mesma sala. Ka'har estava em um canto verificando alguns pergaminhos com pressa. Victor Cobray trocava algumas palavras com Lorhai Flancoferro, apesar da situação em que se encontravam - os dois tinham pequenos sorrisos em seus rostos, parecia uma relação amigável. Pareciam poucos para defender Tisein.

NPCs:

Tisein, o próprio que deveria ser protegido, estava sentado perto de Rahva - com os olhos atentos ao que acontecia na sala - assim como observava os olhares que lhe caíam vez ou outra.

Ivar, por fim - estava impassível, de pé, olhando para os demais. O Witcher Grão Mestre da Toca do Gato mantinha-se em silêncio. Provavelmente tinha mandado já os seus felinos para cada canto diferente da região para colher informações. Com exceção de Zhen, que ele encontrou há pouco tempo em Havekar e solicitou que a mesma ficasse ao seu lado para essa missão.

Observava a todos em seu cantinho. Não chegou a se apresentar e também não se preocupou com isso. Podia perceber ali, Bruxos, Mercenários, Elfos, um grupo aparentemente seleto para acabar com uma ameaça que a única ajuda que teria estava ali, naquela sala. Aguardava a informações a ser passada por, provavelmente, Victor Corbray.

Victor Corbray interrompeu a fala com Lorhai e seguiu para o meio do salão. Ouviu atentamente as informações que Rahva passou, todos os dados eram muito importantes - toda a situação que passou por Vengerberg e a questão de como deveriam atacar as criaturas. Era uma questão muito importante, os ataques deveriam ser centrados na cabeça - qualquer outro tipo de ataque, faria apenas que energia fosse gasta e as criaturas continuassem caminhando, se rastejando ou qualquer outra coisa, mas continuariam imortos e avançando contra os defensores de Havekar. Victor assentiu com a cabeça, aceitando as informações e tentou, logo em seguida, complementar.


- Correto. Economizem seus golpes, pois serão muitos. Calculem bem antes de golpear - é importante que sempre acertemos as criaturas na cabeça. Será um ataque como nunca antes visto e mais importante do que as criaturas, é a Caçada Selvagem. Eles saberão do que acontece aqui e com certeza virão atrás do jovem Tisein. Temos magos trabalhando com os portais e temos batedores ao redor do castelo. Usei todas as economias do Poleiro do Grifo e devem estar a caminho mais mercenários, mas teremos que vencer essa batalha com a velocidade, pois se nos prolongarmos demais, não sairemos vivos.

Logo em seguida - outro Witcher caminhou até o local. Era Ivar Olho-Maligno, pouco dado a aparições públicas, mesmo entre os seus. Parou ao lado de Victor e tomou a palavra.


- Trouxemos uma prisão de dimerítio da fortaleza do gato. Não servirá para ninguém de fora, mas para manter Tisein seguro. Deverá ficar dentro da prisão até que chegue sua hora ou aprenda a usar seus poderes - ou o que quer que seja. O dimerítio afasta as criaturas. Além da prisão, forjamos armas. É mais frágil do que o aço e foram feitras as pressas, então não troquem golpes contra outras lâminas ou armadura, acertem na carne, em qualquer lugar e as criaturas cairão.

Estalou o dedo e um homem jovial entrou na sala, alguns poderiam conhecer - outros não. Seus olhos não negavam, assim como os dois que falaram - era um Witcher. Trazia um grande saco de estopa e passou em cada um dos presentes, entregando uma espada de coloração azulada.


- Façam bom proveito meus, amigos.

Diferente dos demais Witchers, não tinha o mesmo tom soturno. Era bastante sorridente, até e entregou a todos uma daquela espada. Até mesmo para o jovem Tisein - sua lâmina era um pouco menor do que as demais, mas mesmo assim, seria importante estar protegido por todos e ao mesmo tempo, ter como se proteger.


- Bem pensado, Ivar. Vamos aos planos...

- Ele não vai precisar sair de lá. A ideia é que ele realmente não saia de lá. Além disso, teremos Witchers cuidando do garoto...

Quem respondeu foi Ivar Olho-Maligno. Sua voz era calma, mas ao mesmo tempo havia um arrogância de alguém que não gostava de ser contrariado. Era um tom comum para Rahva, que teve seu tempo no exército. As patentes mais altas costumavam usar esse tipo de tom de voz quando não estavam satisfeitos com soldados questionando ordens ou mesmo expressando um mínimo de curiosidade. Ele adicionou uma explicação extra, de que haveriam Witchers cuidando de Tisein, mas ao mesmo tempo, era como se não quisesse se explicar. Estava acostumado demais com pessoas que somente seguiam ordens. Um dos pontos que poderiam gerar conflitos ali era isso - muitos 'mestres' e poucos discípulos.

- Não se preocupe, Rahva. Deixarei dois dos meus grifos o tempo todo ao lado de Tisein e eles usam prata, a qualquer sinal de problema - as lâminas de prata conseguirão cortar o dimerítio como manteiga fresca e tirar Tisein de lá. Até lá, o dimerítio irá segurar qualquer vestígio de magia que tente entrar... ou sair.

Victor Corbray completou a informação, de maneira mais polida. O velho Witcher tentava apaziguar e desescalar esse tipo de situação. Estavam ali para um objetivo em comum e discutir ou causar problemas entre eles não era a melhor coisa a se fazer, a tempo que, a vida de Tisein realmente estava em risco e talvez - a prisão de dimerítio fosse uma saída segura, não convencional, mas segura.

- Tisein deverá ficar seguro, atrás de uma proteção de dimerítio. Vocês possuem espadas, disponibilizadas por Jaime, feitas do mesmo material. Vamos ocupar as muralhas e locais diferentes em toda a fortaleza, como a caçada selvagem usará navegadores, eles poderão teleportar para locais aleatório durante todo o período de ataque. Estejam sempre alertas!

As coisas começavam a tomar alguma forma. Victor era bom em comandar, ele sabia ouvir e sabia passar informações de um modo claro e que fazia com que as pessoas aceitassem e acreditassem. Não podia ser nenhum tipo de bruxaria de Witcher, já que a grande maioria deles era péssimo com as palavras e com a relação de ter empatia com os demais. Como Victor era um dos mais velhos dos Witchers vivos, talvez tivesse reaprendido que as pessoas também podem ter sentimentos e precisam de diferentes tons de voz para se sentirem motivadas a qualquer coisa que o seja. No fim, sem o acordo completo de todos, ficou acertado que Tisein deveria ter mais proteção e a sua proteção seria uma jaula de dimerítio cercada de Witchers.

Todos os combatentes foram espalhados por pontos específicos do castelo.

Rahva, mercenária de Novigrad e principal guardiã de Tisein foi enviada para a parte norte, que cobria o portão central e teria um rápido acesso para o jovem Tisein, caso precisasse retornar rapidamente para ajudá-lo. O portão central tinha a proteção de alguns morros e que dificultavam o acesso para quem vinha de frente, mas considerando a possibilidade de que a Caçada Selvagem tivesse navegadores em seu meio, era importante que todos os cantos fossem protegidos.

Javier, Witcher da Escola do Grifo, vindo da viagem com Victor, tomou o lado oeste juntamente com outro colega de escola, James Bleda. Ali estavam máquinas de guerra e a maior parte do exército. Haviam um grande descampado na frente e onde provavelmente havia a maior carga do ataquee, especialmente das criaturas da Caçada que não tinham como teleportar para outras regiões.

Sakaala, elfa/barda, junto dela um gato selvagem e Zhen Dakrblood, Witcher da Escola do Gato foram ao extremo sul do castelo. Parte mais escondida e onde talvez suas habilidades pudessem fazer mais sentido, indo atrás de inimigos um a um e diminuindo seus números.

Apesar de iminência de uma guerra terrível, o dia estava bonito. O vento soprava forte e o sol brilhava com intensidade, o calor era bem vindo na região próxima das montanhas. Estavam todos a postos, cada grande grupo tinha algum mago próximo que estava muito concentrado e a postos para indicar qualquer aproximação feérica da Caçada Selvagem. Além do mago, cada grupo também tinham armas de guerra, catapultas, balistas, arqueiros e mesmo bombas de diversas qualidades que foram fornecidas pelas escolas de Witcher que participavam da proteção.

Num dado momento, o ar parou e o calor começou a incomodar. Segundos apenas. O vento voltou a soprar e sua força aumentou com grande intensidade. O calor começava a ir embora e o vento esfriava. Os magos avisaram, mas isso nem mesmo seria necessário - qualquer um que já tivesse ouvido as histórias saberia do que aquilo se tratava, no céu escuro surgia Naglfar - o navio de unhas dos mortos da Caçada Selvagem, era um navio imenso e cortava os céus frente ao castelo de Havekar. Pequenas explosões azuis aconteciam no algo, próximo do navio e se replicavam no solo, de onde surgiam criaturas que lembravam a morte e tinham o corpo cheio de pedras cravejadas, junto com essas criaturas - elfos Aen Elle vinham junto.

- AGORA!

Gritou Ka'har, mago que liderava a comitiva de Vengerberg. E com seu grito uma redoma translúcida subiu ao redor do castelo. Era trabalho dos magos e um trabalho difícil, pois a redoma vacilava vez ou outra mostrando aberturas. Essa frágil proteção não iria durar muito tempo e os defensores precisavam tomar suas ações com urgência. Victor havia passado instruções, deveriam esgotar seus ataques à distância e munições em máquinas de guerra antes de partir para o combate frontal.

Dos que estavam sob o comando de Rahva, todos gritavam de volta - respondendo ao chamado e às indicações que foram passadas por ela. Os homens se colocavam em suas posições, fossem os arqueiros ou os que estavam operando as máquinas de guerra. Havia muita tensão em toda aquela situação, muito com o que se preocupar e talvez por isso Rahva não tinha notado completamente quando alguém aproximou-se de seu lado, os passos eram leves e mesmo seus sentidos aguçados tiverem um pouco de dificuldade para perceber. Mas a voz era reconhecível e até certo ponto, reconfortante.

- Quando retornar à Novigrad, poderá trabalhar com o capitão Vos de uma forma mais direta. Pelo o que ouvi, é sua segunda vez comandando tropas.

"Quando retornar a Novigrad". Havia uma certeza nas palavras e se o tom de foz não fosse o suficiente para entender quem era, essa certeza nas palavras seria o ponto que faltava. Era Gimhall. Mantinha o olhar firme e apesar de estar de pé, orgulhoso - tinha uma faixa que cobria sua abdome, de baixo do braço direito uma espécie de muleta. O capuz ainda cobria sua cabeça e as orelhas cortadas, estava ali com um propósito, o arco em suas costas e uma alvaja repleta de flechas segurada na mão esquerda deixava isso bem claro.

- Aguardo seu comando.

As criaturas da Caçada Selvagem começavam a movimentação. Diversos deles corriam na direção dos muros de Havekar, ao passo que os navegadores tentavam quebrar a frágil proteção que os magos tinham armado. Seria uma questão de tempo. Outros comandantes, cada qual com seu grupo de soldados, começavam os ataques contra os inmigos nos muros. Flechas cortavam o céu, setas gigantes de madeira e bolas de pedras zuniam no ar. Os Witchers tentavam dar apoio aos magos e miravam as bombas nos navegadores, impedindo a abertura de novos portais.

A resposta de James não veio para Javier. O Witcher que tinha conhecido há pouco tempo, mesmo sendo de sua própria escola, tinha seus próprios meios e inteiros, assim como próprios demônios. Não responderia, mas isso não significava que Javier devesse esperar - ele tinha entendido o que havia sido proposto e tomou o lado direito. Javier via na imensidão do campo as criaturas que eram teleportadas em portais azuis, trazendo com elas um cheiro acre e ao mesmo tempo deixando um névoa gelada no ar. O calor daquele início de tarde começava a ir embora rapidamente ao passo que cada vez mais criaturas surgiam no campo. Era possível notar, para o desespero de algumas tropas, que o escurdo mágico erguido pelos magos começava a falhar e dar sinais de que não aguentaria muito tempo. Bem ao longe, era possível ver um grupo de navegadores Aen Elle.



Eles estavam em círculo ritual e uma aura esfumaçada subia do meio do grupo, não ia muito longe e se dissipava assim que passava alguns metros de suas cabeças. Outros grupos já começavam seus ataques, atirando flechas e usando as máquinas de guerra. Do lado Oeste, onde estava Javier e James, o vento parecia soprar com mais força e o frio era mais intenso. Não se sabia se tinha algo a ver com o grupo de navegadores ritualísticos, mas era uma constatação rápida de fazer ao olhar ao longe, para outros grupos.

Rahva, na parte norte do castelo, reencontrou o companheiro do início da jornada e não perdeu muito tempo com conversa. Não tinham muito tempo para perder de qualquer forma e mesmo assim, não seria do feitio do próprio de Gimhall dar muitas explicações de como tinha chegado até ali ou mesmo, dar qualquer explicação de forma geral, algo com o que Rahva aprendera a lidar. O importante era que estava ali, vivo e pronto para ajudar. Assentiu com a cabeça e seguiu as instruções de Rahva. Quando ela gritou para os arqueiros, ele se posicionou e disparou seu arco no mesmo momento - a posição lhe parecia incomoda e desajeitada, mas não errou o alvo. Assim como mais 12 arqueiros o fizeram. Bombas vieram em seguida e selaram por completo um portal, ferindo gravemente um dos navegadores.

Ao mesmo tempo foram disparadas as máquinas de guerra - o nervosismo dos soldados era aparente, o largo tronco da balista cruzou os céus em um estalo elástico e devido a um erro de cálculo, passou por cima da cabeça dos inimigos, espatifando-se em um morro de terra, fazendo com que pedrgulhos e pedaços de madeira fossem jogados para todos os lados. Em tempo que, o disparo com a catapulta fez uma longa parábola e a gigantesca pedra atingiu uma grande quantidade de inimigos, deixando uma cratera no lugar de onde estavam, assim como seus corpos destruídos.

Os cães da caçada selvagem faziam parte do exército dos mortos e avançam em corrida. Haveria um momento que se chocariam com a barreira erguida pelos magos, mas isso não parecia pausar as bestas.



Do lado norte do castelo um ritual de navegadores chegava ao fim e um som de zunido vinha dos céus. Uma montanha de gelo acompanhada de fumaça rasgou a imensidão e chocou-se diretamente com a barreira que os magos haviam erguido. Foi apenas o suficiente para segurar o impacto inicial, tão logo que os pedaços do ataque escorreram pelas laterais, a barreira translúcida cintilou e se se desfez - com isso, os magos que estavam concentrados com o feito, caíram exaustos.