Descoberta (Javier)

As indagações de Javier a respeito dos últimos acontecimentos faziam sentido. A linha de raciocínio se encaixava com o que estava sendo proposto e pelo o que havia observado. Um pouco diferente de carniceiros, as criaturas que estavam sob aquele efeito, não pareciam ter um objetivo de ataque ao próximo - usando como o exemplo o cavalo, ele continuou a fazer o que um cavalo faria - pastou. Mas comeu apenas o que estava em sua frente, restos de ossos e madeira podre.

Sven passou a mão no rosto mais uma vez, notando o sangue já quase cicatrizando - usou as costas dos braços e a manga da camisa que usava para limpar o último filete, deixando uma marca rosácea em seu rosto que parecia estar usando algum tipo de maquiagem, isso ficava aparente devido as demais marcas de terra e sujeira, fazendo um contraste - Sven sendo um homem do campo, era comum ter as marcas de sujeira. Lidava com terra e animais diariamente. Depois da explicação e proposta, estava claro no rosto de Sven de que havia interesse - as criaturinhas, ainda filhotes, poderiam ser fáceis de lidar - e as idéias na cabeça passavam para além de fazer um assado de cocatriz ou galinha gigante.

- Bom, bom. Vamos ver esses filhotinhos, hehe!

Deu os primeiros passados na direção de Javier, parou derrepente e voltou-se para seus filhos.

- Vocês, moleques! Fiquem de olho na fazenda! Se eu voltar e vocês não tiverem aqui na frente, vão tomar uma surra que num vão esquecer!

E, satisfeito consigo mesmo depois da bronca que deu nos dois garotos - voltou a seguir Javier. O caminho não era longo e quase chegando perto de onde o embate aconteceu, a suspeita de Javier talvez se confirmaria. Sven encostou em uma árvore de tronco fino e ergueu a outra mão, como se pedisse um pouco de tempo. Olhando para Sven, era possível ver que o velho estava bastante cansado e com manches de suor em todo o corpo, os olhos tinham uma coloração escura tanto nos bolsões como nas pálpebras, uma aparência doentia que fazia o homem parecer ainda mais magro e velho do que era. Com a mão ainda esticada e ofegante, falou.

- Vamos... Vamos esperar um pouquinho aqui.

- Uff!

Sentou-se de repente, assim que o Witcher sugeriu que o fizesse para recuperar um pouco de seu fôlego. E baixou um pouco a cabeça, respirando com dificuldade - nada que o debilitasse, mas era visível que estava realmente cansado. O trajeto que fizeram poderia ter cansado alguém mais velho, mas não a esse ponto e também não alguém que esteja acostumado a trabalhar em uma fazenda com animais. Aparentemente, fora o cansaço, era possível notar uma vermelhidão mais escura nos olhos de Sven, estava um pouco mais fundos e assim que se sentiu, parecia estar salivando - frequentemente usava a manga de sua camisa para limpar a boca.

- Rapaz... É melhor eu voltar, esse sol tá me matando.

A escola do Grifo estava distante, poderia seguir viagem até lá para estudar o que quer que fosse, com certeza alguns companheiros e o próprio mestre da escola teriam interesse em algo que não gerava nenhuma reação no medalhão, poderia descobrir uma criatura nova - algo tão pequeno que poderia seguir a linha de raciocínio de Javier e ser transferido através de um arranhão, não era tão incomum - várias doenças funcionavam dessa forma. Contudo, mais próximo de onde estava, tinha a cidade de Oxenfurt - alguém na academia de Oxenfurt teria algum interesse em tudo isso o que poderia relatar. Tinha um grande porém, precisava tomar cuidado - os estudiosos, alquimistas ou magos que ainda estavam vivos, possivelmente estariam a serviço de Radovid ou com medo de Emhyr. Poderia ser uma informação valiosa e talvez perigosa nas mãos de pessoas erradas.

O Witcher percebia algo errado com Sven. Talvez mais alguns minutos e presenciaria algo de mais concreto. Após a ameaça de voltar, Javier teve de pensar rápido para convence-lo a seguir com ele por mais algum tempo.

- Realmente, o sol está forte, mas já passamos da metade... e próximo ao lugar dos filhotes tem um poço. Um belo gole d'água com certeza irá ajuda contra esse sol escaldante. O que acha? Consegue continuar? - Examinava de perto as condições de Sven, caso a opção de continuar fosse impossível, ofereceria ajuda de ir buscar a água que, supostamente, estaria mais próxima que o caminho de volta.

Sua mente não parava por aí. A escola de Grifo estava distante demais. O leque de opções começava a ganhar raízes menores e mais incertas sobre o grau de sucesso de suas intenções. Os riscos começavam a se declarar.

Imaginava a dor de cabeça que seria matar Sven ou então, amarrá-lo e levá-lo a força. O destino poderia ser Oxenfurt. O mistério poderia ser desvendado ali. Mas os autores a desvendar poderiam criar problemas futuramente. Teria de ter cuidado e ser discreto. Apesar dos contras, parecia ser a mais viável, até o momento.

- E então, Sr Sven?

- Certo.

Disse rapidamente, entre a respiração corrida - fez algum esforço e, apoiando as mãos em seus joelhos, se ergueu. Bateu nas roupas - a pequena pausa recuperou um pouco de seu fôlego e voltou a caminhar na direção do Witcher e do caminho que ele indicava. Caminhava com dificuldade e mostrava o mesmo cansaço de antes em sua respiração. Mas seguiu até bem próximo do destino final, próximo do ninho que Javier o indicava, onde deveria executar seu plano ou tomar alguma decisão.

- Certo... Agora seria uma boa hora para aquela água.

Não esperou resposta, mas não era como se tivesse alguma escolha, também - tonteou um pouco, piscou os olhos e os revirou para cima, então caiu, indo de encontro ao chão. Inerte, aparentemente morto, não era mais possível ouvir sua respiração, mesmo com os sentidos apurados do Wicher. Seu corpo não se movia e durante a queda nem mesmo tentou aparar o tombo, só foi direto de encontro ao chão.

Deveria aguardar e seguir seu plano nesse momento. Enquanto tudo isso acontecia, a cabeça do grifo, presa à sua cintura e dentro do saco de pano, movia-se vagarosamente - mas sem sinal de parada. Witchers sabiam ser muito pacientes e contou com sua concentração, focado em apenas recuperar-se de sua fadiga do combate anterior, as horas passaram rapidamente quando foi interrompido pela movimentação atípica do corpo de Sven se movento contra a grama. Não era o vento, não era nenhum animal, era algo no qual ele estava concentrado e por isso, a percepção foi imediata.

- Hmmgghmh.

Um som engasgado, sem uso da língua para sair. O velho, agora, completamente sem sinais de vitalidade - não era possível ouvir seu coração ou sua respiração - se debatia no chão, muito devagar, parecia aprender um novo movimento a medida que ia se debatendo. Em algum momento, conseguiria se erguer.

Não respondeu ao chamado, mas muito aos poucos foi se erguendo - caiu pelo menos cinco vezes em suas tentativas. Por fim, colocou-se de pé e não moveu as pernas - era como se tivesse aprendido que, ao mover as pernas, poderia cair. As mãos, braços e até mesmo a cabeça não paravam por um minuto. Os movimentos eram descoordenados, mas na direção geral de Javier. Tinha uma expressão vazia, saliva escorrida de sua boca em gotas grossas. Parecia ter perdido completamente a sua humanidade, não havia nenhum traço de Sven, o fazendeito ali naquela criatura.

Apenas controlando o seu peso, movendo o corpo e os braços para trás, arrastou uma das pernas para a frente, na direção de Javier.

Tão logo, começava a caminhar vagarosamente na direção do Witcher. Produzia sons engasgados, não era uma tentativa de falar qualquer coisa, apenas usava sua garganta para fazer barulhos, qualquer tipo de barulho.

A reação foi perto do que Javier imaginava - Sven avançou contra a espada na mesma velocidade em que estava vindo, estranhamente - assim que a lâmina iniciou a perfuração em seu peito ele parou e os sons ruidosos que proferia tiveram um aumento no tom e no volume. foi breve - mas era como se sentisse alguma dor ainda. Tão logo, retomou o ritmo e a espada em riste atravessou o corpo de Sven - normalmente, este deveria morrer, assim como qualquer criatura golpeada do mesmo jeito. Mas manteve-se ali e forçava ainda mais, seu destino era chegar até Javier e empurra o cabo da espada ao limite para alcançá-lo. Qualquer resquício ou traço do velho que tinha conhecido anteriormente, fora completamente varrido.

Movia as mãos e arrastava os pés na terra. O balançar descoordenado dos braços acertou Javier, rapidamente e o fato do medalhão não pressentir a criatura, não antecipou o ataque - um pequeno corte feito com a unha de Sven se alojou próximo do dedão, onde segurava o cabo da espada.

Talvez Javier não tivesse tantos problemas com o desenrolar da história, talvez pudesse facilmente explicar o que estava acontecendo - talvez não facilmente, mas com certeza alguma coisa dali tiraria algo de sua culpa. Assim como a cabeça do grifo se movia lentamente dentro do saco de pano, a cabeça de Sven bateu no chão e rolou por alguns metros e então, abria e fechava a boca, procurando por ar e fazendo um barulho fraco, um silvo de vento. O corpo, inerte. Mas a cabeça continuava a se mover, o que quer que fosse aquilo, estava diretamente ligado com as funções da cabeça.

Logo em seguida, tentou sugar o que quer que fosse o veneno da infecção. Sentiu um gosto forte e uma queimação, na sua língua e também na parte arranhada. Javier já tinha tomado poções Witcher antes e sabia bem que elas afetavam seu sistema nervoso, assim como sua circulação. Era como se tivesse tomado uma dessas poções, sentiu um ardor no corpo e suas veias da cabeça dilataram, sentiu uma pressão que logo passou, o ferimento causado pela unha de Sven ardeu mais uma vez e então expeliu um líquido negro. Daí, não sentiu mais nada relacionado ao fato, ficou apenas com um pequeno arranhado da unha.

Doenças comuns não afetavam os Witchers, até mesmo maldições tinham dificuldades com eles - mas não sabia o que era isso e de alguma forma, parecia não lhe afetar também. A queimação que sentiu o fez lembrar o ritual da gramíneas, uma dor tão forte que desejava morrer - não foi isso o que sentiu agora, mas em algum ponto - essa lembrança veio à tona.

Agora, em sacos diferentes e com as bocas seladas/amordaçadas, o Bruxo já não tinha tanta pressa em apresentar os fatos para aqueles que poderiam desvendar o mistério. A cidade de Oxenfurt, outrora em sua mente como destino, agora se dissipava como névoa. Um sentimento de nostalgia o tomava, pois seu pensamento agora repousava em sua antiga escola de Grifo. Como estaria as coisas por lá? O caminho não era curto, mas os Bruxos não costumavam ser impacientes. A escola Grifo agora tinha um filho formado prestes a visitá-la. Lá poderia estar mais tranquilo em revelar suas descobertas e, quem sabe, saber de outras mais. Seguiu então, sedento por conhecimento, sedento por experiência.

Deveria seguir viagem para o norte e teria um longo caminho de volta ao Poleiro do Grifo, como comumente era chamada a grande fortaleza na encosta de Poviss e Kovir. Apesar disso, grifos não eram bem vindos no lugar, a lenda é de que a fortaleza foi construída em cima de um grande ninho e o grão mestre da escola foi o responsável por ter derrotado dois grifos reais nesse mesmo dia. Devia ser uma sina para os Witchers, assim como lobos não eram bem vindos na escola do lobo, ursos na escola do urso e mantícores e serpentes nas escolas respectivas. Mas talvez, gatos fossem bem vindos na Toca - a escola do Gato - e por isso fossem os mais difíceis de se confiar e ter alguma relação com os outros Witchers.

A viagem longa cansava seu cavalo com frequência, especialmente a medida que se aproximava do destino. As terras do norte iam perdendo a grama macia para os cascos de seu animal e entravam pedras pontudas e molhadas no lugar, tornando a viagem mais vagorosa e cansativa. Era necessário prestar bastante atenção onde se estava pisando para que um passo em falso não causasse uma queda ou que o cavalo escorregasse, mesmo que já tivesse passado um longo caminho e pudesse ganhar mais velocidade indo a pé, a resistência do cavalo era importante no trajeto final.

E chegou - ali podia ver os muros do Poleiro do Grifo.



Era a única escola em que a fortaleza tinha uma guarnição. Victor Corbray era o grão mestre - aparentava 50 anos, mas já tinha passado dos 120, um dos Witchers conhecidos mais velhos atualmente, vinha de uma família nobre e que possuía muitos bens, os Corbray - intimamente ligados com a história de Poviss e Kovir. Então o castelo tinha alguns homens de armas, ferreiro, mestre de cavalos, mestre de cães e demais facilidades que as outras fortalezas não possuíam.

- ALTO!

Gritou. Não era um Witcher - um homem de armas do castelo, gritou de cima da muralha. Era muito comum que na distância entre a muralha e o portão, não conseguisse identificar que era um Witcher que se aproximava.

- O Poleiro do Grifo está fechado para audiências.

Um homem à esquerda do que falava apertou os olhos e ergueu um pouco a cabeça. Então virou-se para seu companheiro e sussurrou. Javier, com a audição treinada de um Witcher conseguiu captar toda a mensagem e era algo positivo, provavelmente não teria nenhum problema para entrar na Fortaleza, como deveria ser. Todos os Witchers da escola eram bem vindos, outros mantinham uma relação duradoura ali - sempre passavam o inverno na fortaleza e saíam ao fim da estação para caçar, retornando com ouro e mensagens de outras terras. O sussurro que ouviu:

- É um dos grifos do Lorde Corbray, um Witcher.

- Merda...

Respondeu logo em seguida. Sabendo que não deveria ter impedido a entrada do Witcher. Respondeu mais alto - logo em seguida, enquanto movia um dos braços em movimento circular.

- Seja bem vindo, sr. Javier. Lorde Corbray será avisado de sua chegada.

Mesmo antes de terminar sua fala, os portões iam se abrindo. Tudo estava exatamente do jeito como Javier se lembrava - as folhas da trepadeira vermelha que tomavam grande parte do pátio do castelo. O estábulo próximo da entrada e até mesmo o ferreiro - com muitos fios já brancos em sua cabeça. Um garoto do estábulo foi ao seu encontro assim que entrou para o receber e cuidar do cavalo. A recepção que tinha no lugar era bastante diferente de qualquer outro lugar que um Witcher estivesse. Todos que cruzavam com ele mantinham o mesmo respeito velado, baixavam levemente a cabeça e o cumprimentavam silenciosamente, ali mesmo no pátio - alguns garotos treinavam, não tinha como saber se estavam treinando para compor o destacamento do castelo ou algum deles mostrando maior habilidade na esgrima, seria escolhido para o ritual das gramíneas.

Mais alguns passos, pôde ver a figura de Victor Corbray observando o treinamento.

Assim que Javier passou pelos portões, um outro Witcher veio logo atrás - usava roupas em trapos e tinha uma cara de poucos amigos, não era um de seus conhecidos - mas os Grifos tinham muitas ramificações e não era incomum que muitos não se conhecessem. Lord Corbray deu um sorriso fraco com a presença de Javier e não alongou a conversa a respeito dos jovens que treinavam no pátio - manteve os olhos em ambos e respondeu.

- Vejo que também recebeu meu corvo.

Contudo - Javier tinha ido até a Fortaleza por vontade própria, não tinha recebido nenhuma carta que tivesse como rementente o Poleiro do Grifo. Certamente alguma das estalagens por onde passou lhe avisariam do recebimento de alguma coisa, Lord Corbray garantia que todas recebiam ouro o suficiente para ter uma rede de informações sempre ativa. Enquanto isso, os dois continuavam a brandir suas espadas de treino - o maior, como apontado por Javier, golpeava ser parar e com velocidade, enquanto o menor apenas aparava os golpes e quando não conseguia, usava a laterial da espada para bloquear. Era difícil de ver, ao mesmo tempo em que a aposta de Javier se fazia verdadeira, o maior que golpeava sem parar já estava com gotas de suor se acumulando nas têmporas - se não terminasse o combate logo, ficaria completamente vulnerável para um contra ataque.

- Fico grato que tenha vindo tão rápido - chamei todos os Grifos que estavam disponíveis. Temos muito o que conversar e vou precisar das espadas de todos - as duas espadas. Mas dessa vez não teremos recompensa.

Não era do feitio de Corbray fazer favores, muitos procuravam o poleiro do grifo para pedir serviços contra monstros e muitos ofereciam grandes quantias - se o preço não fosse bom o suficiente, ele apenas negava. Voltando o combate dos jovens - o maior parou com os golpes e apoiou a mão nos joelhos, tentando recuperar um pouco do ar - nesse momento, o menor tomou como vantagem e partiu para cima, trouxe a espada de treino de cima para baixo e mirou na cabeça do seu adversário. Nesse momento, o maior, girou a espada e a segurou pela lâmina cega, batendo o cabo no pescoço do menor, o derrubando no chão. Logo em seguida, ele próprio caio sentado e ofegante.

- Temos um inimigo cruel e injusto.

Arqueou um das sobrancelhas quando ouviu sobre o corvo. Também continuava a assistir o treinamento com satisfação de ver o maior desperdiçando tamanha energia, numa clara tentativa de impor sua força e vencer desta maneira.

"Não seria uma cocatriz?" pensou, em uma piada isolada para si mesmo.

Perguntava-se se havia tido tempo hábil para o corvo lhe alcançar, bem como a mensagem do chamado ou se, alguma coisa interferiu na meio de transporte da mensagem até ele. Teria tido algum tipo de intromissão, talvez o corvo foi abatido antes. De qualquer forma, ele estava ali e queria se inteirar sobre o que ocorria.


Observava o encerramento daquele embate, quando enfim, o maior parecia vencer um momento antes de seu vigor esvair-se. Javier sorriu e também comentou.

- É verdade. Cruel e Injusto... Acho que devemos afiar nossas lâminas para que não possamos ser parados pelas mãos dos Cruéis e Injustos. - Tocava amigavelmente nos ombros de Victor, uma vez que o combate ali já parecia ter encerrado.

- Não faço ideia do que está falando. - Disse sem rodeios. - De qualquer maneira, estou a disposição. Gostaria de expor um fato, fato este o motivo principal de ter vindo para acá. - Nisso, da dois tapinhas nas cabeças cobertas que carregava. A de Sven e a da Cocatriz. - Imagino que com seu conhecimento, seja possível que já tenha visto algo semelhante ou igual ao que irei mostrar. Quem sabe, não é o próprio assunto para este chamado... Caso contrário, será um bom assunto a ser estudado. É de fato curioso algo longe de ser normal, não ser identificado pelo pingente. - Levava as mãos em seu pingente de Grifo e aguardava a reação de Corbray.

Ouviu o que Javier tinha a dizer com bastante atenção, ao mesmo tempo que instruia outro Witcher - James Bleda. Era um nome antigo na fortaleza, mas passava facilmente como se fosse um rumor. James tinha diversos problemas para controlar sua mente, a história é que o ritual das gramíneas foi muito duro com ele e seu corpo lutou para não morrer, a consequência, foi afetar sua mente de uma maneira bastante invasiva. James estava vestido em trapos e sem a parte de cima das roupas, coberto de sinais ritualísticos tatuados. Victor Cobray sugeriu ao mesmo que tirasse um tempo para descansar, pois a informação a respeito do chamado seria passada à noite.

Voltando-se para Javier, suas pupilas amareladas cresceram com a menção de que o medalhão não reagia ao que ele tinha ali. Os sentidos de Witcher eram os mesmos para todos, e mesmo que não estivessem se mexendo tanto, Lorde Corbray também notou que havia algo avivo, ou imorto - difícil de definir. Aproximou-se de Javier e tomou os sacos de pano rapidamente, os jogando no chão. Apontou o pulso na direção de ambos e um raio de fogo se lançou sobre as duas cabeças, começou em faíscas e logo labaredas cobriam ambos.

O fogo parecia ter destruído qualquer resquício de vida daquelas criaturas.

- Parece que mesmo não sabendo do que se trata o chamado, nossos motivos estão alinhados. Pelo estado da sua montaria quando entrou pelos portões, deve ter vindo de longe - é sinal de que isso se espalhou. Lhe darei mais informações à noite, junto com os que faltam chegar.

Javier recordava-se do nome James, não lembrava de tê-lo conhecido anteriormente, mas também não esforçou sua mente com isso, apenas o fitou por um momento. Era um sujeito difícil de passar despercebido, tendo o corpo coberto por tatuagens daquela maneira, mostrando-as abertamente, como se fosse um troféu.

Javier compreendeu, que ao anoitecer, certamente aconteceria uma espécie de reunião, onde seria dadas as explanações. Observava as provas que juntara ser queimada. Pelo visto, não eram necessárias. Javier havia deduzido corretamente quando ao Lorde Corbray. Ele já sabia.

- Como esperado do Senhor Corbray. - Elogiou. - Então isso não é uma novidade... - A confirmação de que as explicações aconteceriam a noite veio em seguida. Ainda chegariam outros mais. Para um reunião entre Bruxos acontecer, algo interessante estava a ser revelado e comandado. Javier assentiu com a cabeça e se retirou.