Escondendo o rosto nas mãos, Lana chorou, tremendo de frio e sentindo que o Deo Virtus havia sido apenas um sonho febril.E foi quando sentiu.
Havia uma presença de luz ao seu lado e uma vibração angelical às suas costas.
"Não pode ser..." - a menina ouviu vozes. Gin. Ele discutia com outros três garotos, todos do time de futebol. Antes que pudesse sequer pensar, o amigo se ajoelhou diante dela.
Gin Ahara escreveu:- Lana-san - Falou baixo, se abaixando e puxando o rosto de sua amiga para encará-la nos olhos. - Você não vai morrer, não enquanto eu estiver aqui. - Segurou seu rosto com suas mãos, limpando as lágrimas delicadamente com seus dedos. - Estamos em apuros, mas eu vou dar um jeito aqui e a gente já continua, ok? Tente sair daqui enquanto eu chamo a atenção. - Sorriu, dando um leve beijo na testa de sua amiga antes de se levantar. Virou-se, encarando seus três adversários.
A garota corou violentamente, encarando as costas de Gin, que corria contra os outros garotos. Marcados com uma carta de baralho na testa? Lana sentia as presenças femininas a envolvê-la e ainda tinha a sensação dos lábios de Gin em sua testa. Logo ela, Lana, a moça popular que não tinha amigos. Logo ela, pela segunda vez naquele dia. Primeiro, Hirosaki, que a havia levado até a enfermaria quando se sentiu fraca, que havia feito com que risse, que havia conversado com ela e feito com que percebesse que tudo que era preciso era se abrir um pouco. E agora Gin. Cansado, meio manco, correndo para enfrentar garotos que ameaçavam "levá-la para o vestiário para que fosse líder de torcida particular".
Voz Angelical escreveu:"Levante-se, sua comoção não passou despercebida, eu vim ajudar você, concentre-se sua energia e sinta em seu coração, você poderá salva-los de agora em diante, se puder deixar a musica fluir por dentro de ti para que eu possa trazer da névoa alguem que se perdeu"
Onde ela estava com a cabeça quando se deixou perder a esperança?
- Eis-me aqui, para que seja instrumento de Sua vontade.Sentiu o coração se encher de fogo ao se colocar de pé, envolta na vibração angelical que a circundava, cantando hinos de glória. O
Deo Virtus a preenchia em arrebatamento e foi sem dúvida que turvasse seus pensamentos que Lana viu a cura atingir Gin e os três garotos adversários, derrubando os opositores como o martelo da Fé. Quase ao mesmo tempo, caíram ao chão as cartas de baralho. E surgiu no corredor uma garota cega, estendendo o braço em busca de apoio.
Lana tocou a mão da aluna desconhecida, imaginando prontamente que era a pessoa a quem a voz angelical se referia como sendo alguém que estava perdido na névoa. A névoa era a cegueira em si? Ou algo além? A menina não estava ali instantes antes. Como teria aparecido tão repentinamente?
- Espere aqui só um segundo, sim? - a voz de Lana estava centrada, mas era macia e agradável. Virando-se para Gin, percebeu que o colega --- não, amigo --- percebeu que o amigo estava completamente recuperado e parecia no auge da forma e força física. Sorriu para o rapaz e então tomou as cartas de baralho caídas no chão.
Em sua mente, ergueu uma prece pela purificação dos objetos, "
Benedictio Sanctissimi Sacramenti!", enquanto em seus olhos continuava brilhando a luz fantástica da aurora boreal, em ondulações ferozes e vívidas.
- Deixo os detalhes com você, Gin-san! - Lana tocou o braço do amigo e sorriu -
Cuide da garota, se puder? Eu preciso encontrar Saki-kun.Lana se virou para a enfermaria, não sem antes tocar o ombro de Akane:
- Obrigada. - a sensibilidade espiritual da menina a dizia que a aluna tinha algo a ver com as presenças que estava sentido antes -
Eu voltarei!Correndo, Lana chegou à porta da enfermaria no exato instante em que o alarme de incêndio era disparado. A enfermeira estava no chão, assim como uma aluna, que a líder de torcida reconheceu como sendo uma das meninas que sofria
bullying de algumas das suas colegas de ginástica. O Presidente do Conselho estava ali, de costas para ela. Hirosaki não estava em lugar algum que pudesse ver.
Entretanto, a garota (Kika? Kero? Kate?) estava ferida. Possivelmente, o mesmo que havia desencadeado o incêndio tinha atingido a menina e o computador, que estava frito logo ali.
Kiritsugo escreveu:- Keiko-chan - A postura de Kiritsugo mudava da "água para o vinho" depois que se acalmou e conseguiu pensar. Sua voz agora saia normalmente e em um tom sério. - Precisamos dar um jeito nesse seu braço, estamos em uma enfermaria, provavelmente deve ter alguma pomada e ataduras para passar no seu machucado. Temos algum tempo antes que os bombeiros cheguem, então não precisa se preocupar com o alarme ainda. Vamos... - Estendia a mão para tentar levanta-la e tentaria procurar algo que pudesse ajuda-la com o ferimento.
- Não será preciso... - Lana sorriu para a menina que o Presidente do Conselho acabava de levantar do chão, e o coração da loirinha cantava no peito, dançando como a luz dourada que se erguia ao seu redor -
... Keiko-san. - a garota segurou o pulso ferido da outra aluna, exatamente onde estava a ferida, concentrando toda aquela energia angelical que fluia do
Deo Virtus em uma cura que recompensasse a menina por todo o sofrimento e luta.
Soltando o braço de Keiko, Lana se dirigiu então à carta caída ao lado da Srta. Kaoru. Mais uma vez, entoou em sua mente uma oração de purificação. Juntou as quatro cartas e guardou no bolso da saia, virando-se para os outros dois alunos:
- Saki-kun... onde ele está?Quando voltou-se de frente para Kiritsugu o rapaz podia ver claramente o brilho que dançava nos olhos da líder de torcida, ainda envolta nas luzes douradas que cintilavam como joias luminosas coroando-a de ouro.