Awakening

- A... ...R? - Soou uma voz feminina por debaixo dos cabelos esvoaçantes. E um princípio de riso começou a ecoar, mas não por muito tempo, pois em um momento apenas, algo veio voando de encontro e numa investida igualmente violenta, a atingiu, mandando-a para longo, como se fosse um replay do movimento antierior, só que agora do lado oposto.

Agora, a sua frente jazia outra criatura, diferente mas igualmente bizarra e assustadora, que olhava fixo em seu alvo, mas se permitiu girar o rosto e encarar Chris. O efeito era quase paralisante...

Chris

Com uma cara de quase choque pela velocidade do ataque e pela presença da criatura:
-- Obrigado... O que está acontecendo? Tento observar o que está acontecendo, achar Vincent e evitar ser atacado por um golpe desses que parece fulminante.

A criatura não esboça muita reação. Apenas olha novamente, onde estaria localizado o paredeiro de seu alvo e parte novamente.

Os dois emergem da nuvem de fumaça que os destroços lançaram depois de serem fragmentados com o choque do corpo contra as construções abandonadas. Um traço de poeira é deixado como rastro, e a dupla se elevam até certo ponto, onde, enfim, o combate parece terminar, depois deste último atravessar a braço por inteiro no meio daquele onde os cabelos, dantes esvoaçantes, agora caíam como um cabelo qualquer, dependurado pelo topo da cabeça.

A sensação de Chris, continuava inédita. Agora era uma sonoridade que parecia ter apenas em sua cabeça. Três pulsares, conectados. Algo dentro de si parecia vivo, parecia querer florescer, lhe tomar, lhe possuir. Um segundo, e a criatura aparecia novamente a sua frente. O interior de Chris se agitava.

??: Compreendo. Ainda dorme, não é? Monad. Ainda não é o nosso tempo. - A criatura saía e antes de desaparecer em sua velocidade, deixava palavras ao vento.- ... mas um proxy não pode ficar oculto, não tem como me evitar, afinal Ergo Proxy, o Emissário da morte, sou seu contrapeso.

Desorientado, empoeirado e temeroso, aparecia vincent, com as mãos sobre os ombros.

Vicent: Ai, ai... o que aconteceu por aqui... ?

A essa altura, seu corpo já começava a se comportar normalmente.

Chris,

       -- Você está bem Vincent? Não sei o que aconteceu, a criatura falou algumas coisas que não entendi e foi embora. Das palavras que compreendi escutei "proxy", "oculto", "evitar", "morte" e "contrapeso". Ainda confuso, Chris não entende nada o que aconteceu. A criatura se referia a Chris como um automato, um AR avançado, um tipo de modelo que apenas estava em teoria, não era parte dos estudos dos recicláveis.
       -- Se estiver sem machucados, vamos procurar alguma coisa útil como água e comida? O abrigo da nava serviria para alguma coisa, mas naquele momento Vincent e Chris seguiriam pra onde?

-- Comida? Água? Venham comigo, posso ajudá-los com isso.

Aparecia um homem de cabelos longos e loiros com um sorriso no rosto. Não se sabia de onde veio, estava postado próximo a uma das estradas daquelas construções abandonadas e parcialmente destruídas, tomadas pela ação do tempo.

Vicent olhou para Chris, ainda soltando alguns gemidos de dor. A oferta era boa, apesar do indivíduo ter aparecido do nada. Vicent não queria decidir, mas sua expressão demonstrava a vontade de ceder e aceitar o convite. Aproximou-se de Chris e falou baixinho.

- Bom, estranho... mas se ele quisesse fazer mal, faria de modo furtivo, como estava antes, não acha...? E, estamos sem muitas opções...

Chris,

       --Err... sim. De onde você veio? Estamos cheios de perguntas e como não nos matou na surdina suponho que não nos quer fazer mal. Meu nome é Chris. Chris ajuda Vincent se ele precisar de apoio para caminhar.
Ainda confuso com tudo aquilo tenta ver detalhes de onde é que o homem surgiu e se haveriam outros como ele escondidos nas ruínas.

Chris,

       Havia comida e bebida, uma das coisas que a mãe de Chris dizia era "não aceite comida de estranhos" porém os dois estavam a dias sem comer direito. Chris lembra que pela fome até pensou em canibalismo. Devido ao grau de desespero Chris iria comer um pouco já que temia pela dor de barriga ou indigestão se comesse muito de uma vez. Em seus pensamentos tentava comer devagar e usaria a conversa para ajudar no processo, faria perguntas e ouviria as respostas, se segurando entre uma e a outra, mastigando muitas vezes para processar a comida direito sem engasgar.
       -- Kazkis, tenho várias perguntas, talvez possa responder, talvez não. Estamos perdidos, você tem alguma informação ou referências de onde estamos ou o que há perto daqui? Chris então espera por uma resposta, come, mastiga várias vezes e pergunta outra coisa:
       -- Você sabe o que aconteceu lá fora? Seria uma área de conflito? Chris bebe um pouco de água, aguarda a comida descer e a água limpar o esôfago. Temendo pela velocidade de ingerir a comida rápido demais e engasgar Chris tenta colocar parcimônia entre uma garfada e outra.
       -- Que bom que não depende de AR's, deve dedicar bastante tempo para sua horta e plantação. Eu particularmente não gosto muito destas atividades de agricultura e prefiro outras mais relacionadas a construção ou manutenção. Falando nisso, se precisar de algum reparo eu ficaria feliz em ajuda para retribuir sua atenção em compartilhar sua água e comida. Chris tenta mostrar algum valor dos forasteiros ao homem. A situação era bastante estranha do ponto de vista de Chris, era muito provável que Kazkis fosse na verdade um tipo de parasita, usando e aproveitando de um grande estoque de água e comida deixado pra trás por outras pessoas que estavam ali antes dele chegar. O trabalho já havia sido feito, os sacrifícios passados e por conta do conflito lá fora as pessoas morreram ou fugiram deixando o estoque pra trás.

Chris,

       -- Não sabemos o que? Para Chris a pergunta soa um tanto diferente. No entanto o cano que Vincent e Chris usaram para descer de Romdo poderia ter sido o fim ou o começo dos dois neste mundo. Haviam lacunas nos eventos que precisavam ser preenchidos. Precisavam de respostas e Chris olhava alternadamente para Vincent e Kazkis. Em Vincent havia a segurança de um passado em que os dois compartilharam uma verdade e já em Kazkis haviam as dúvidas ou o desconhecido.
       -- O que deveríamos saber Kazkis? Indaga Chris.

Chris,

Descansado e pronto para um novo dia, Chris lentamente se espreguiça e presta atenção aos sons. As batidas metálicas seriam um conflito ou um mero acompanhamento para a música? Se fosse um conflito, havia alguma coisa que poderia servir como arma ali perto além de sua fiel pistola? As balas eram preciosas. Chris precisava ir averiguar o que acontecia.

Agora não era o momento de pensar nos estranhos acontecimentos da noite anterior. Se Kazkis tivesse condições, ele daria explicações.

Ao expiar, Chris percebi o homem que os recebeu, cantarolando com uma garrafa de vinho em mãos. Logo, Chris tem o mesmo sentimento de outrora. Como um pulsar conectado, um sentimento que agitava seu interior. Nisso, kazkis o percebe.

- Saia, meu bom! Vamos conversar! Estou ansioso em te revelar tudo! - gargalhava, enquanto deixava a garrafa em cima da mesa e caminhava em sua direção.

- Ainda está cego né. Vamos lá, vamos revelar sua verdadeira natureza! E então, Monad! Acha que é um humano? Me responda uma coisa, como foi que chegou até aqui? Pois nenhum humano foi capaz de vir até aqui, após o apocalipse, ninguém se dispõe de tanto recurso alimentício para isso.
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Chris se lembrava que viajou com pessoas até que todas morreram, restando apenas ele e Vincent.
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- Diga-me, Monad, como foi sua infância? Alegre, triste? Passou fome? De onde você veio?
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Chris se dava conta que informações tão simples era algo impossível de se lembrar, não conseguia lembrar de seu passado longínquo.
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- Ahahaaha. - Kazkis parecia se divertir com aquela situação. - diga-me, quantas vezes você deveria ter morrido, mas não morreu?

Chris,

       --Nossa! Um suspiro longo e marcante provoca um silêncio estranho. Como assim? Eu aprendi sobre modelos e reaproveitamento de robôs, partes, peças tudo o mais. Chris parece negar o que Kazkis constata. Um arrepio se espalha pelo seu corpo, os pelos do braço ficam ouriçados. Não isso não pode acontecer, não pode ser verdade. Um sentimento de raiva começa a tomar conta de Chris. O calor da emoção se espalha pelo corpo deixando as bochechas vermelhas e quentes. Até um tipo de suador começa. Não! Você deve estar errado, tem que estar errado. Vamos lá, diga que está errado, que é apenas uma brincadeira. Chris tenta negociar com Kazkis. O suor e o calor da emoção são grandes, porém transforma-se em um momento gelado, a roupa está molhada resfriando o corpo meio molhado. Como isso aconteceu, que tipo de modelo eu seria? Os modelos por ai são muito mais simples, para ser assim precisaria ser muito mais avançado. Chris está depressivo e uma lágrima sai de seus olhos num choro pequeno e contido. A auréola de suor abaixo das axilas é marcante e até o cheiro fica forte. Chris limpa a lágrima e olha para Kazkis. Então eu sou um robô? Um modelo AR? Modelo Monad? E Rondo? Quem nos fabricou? O que mais temos programado em nossas mentes? Chris havia aceitado os eventos, as provas eram claras. Droga, preciso de um banho e de respostas. Vicent também é um modelo como eu? Chris aguarda mais informações de Kazkis.

Kazkis afastava-se e começava a andar de um lado para o outro.

- Ahahaha! AR? Esqueça essas latas velhas meu bom! Você é do modelo Supremo! Nós somos.... Deuses! - Sua aura começava a ficar diferente, antes embriagada e agora... maligna. - Vincent é o filho da puta do Ergo, mané. É o filho da puta que matou Senex, minha contra-parte! Você deve lembrar, certo? - Chris então se lembra da luta frenética e surreal que presenciou logo em sua chegada naquele lugar. Senex seria então, aquele que javia no alto da torre, de cabelos esvoaçantes? Ele continuava:

- Rondo, nhem nhem nhem, ai, reaproveitamento de peças, nhem nhem nhem. - Kazkis começava a remedá-lo com desdem, sua maneira de agir começava ficar agressiva. - Que piada, Monad... não, ainda não, você ainda é o Chris, não é?.... HAHAHAHAHA. Seu merdinha, saia daí, eu enjoei de você. Traga a Monad: O proxy da Vida!

Ergo proxy aniquilou minha contra-parte, agora irei aniquilar você, e então estaremos quites. E assim, depois eu aniquilarei ele! Farei você aparecer, Monad, mas se quiser, pode morrer junto do Chris...

Ele abria os braços e começava a emitir gemidos e sons guturais como se estivesse se engasgando. Logo, seu corpo começava a sofrer um tipo de mutação. Crostas grossas começavam a crescer junto do tamanho de seu corpo, e dali começava a emergia uma nova criatura, aquela chamada de Proxy.


O pulsar ecoou dentro de Chris como nunca antes sentido, como se seu peito estivesse a ponto de estourar. Uma dor de cabeça começa-ca a assolá-lo enquanto o seu corpo começava a ardem como se estivesse em chamas. Algo estava acontecendo!

- Prepare-se, pois não haverá piedade!

Enquanto isso, Vincent continuava "desmaiado" em sua cama.

OFF::

Chris,

      Ergo? Senex? Kazkis? Monad? Proxy? Chris sente a energia em seu corpo, num pulso a surpresa da realidade e a clareza de suas memórias se abrem para todo o seu passado. As partes e peças dos infindáveis trabalhos de Chris eram partes de peças que ele construiu, que deu vida. Vida de coisas que Chris também destruiu, uma destruição em sua origem. Memórias obscuras e cheias de maldade tomam conta como um instinto de sobrevivência, um instinto primordial de vida. As memórias de um destruidor para reconstruir, daquele que mata para dar vida a uma coisa nova, que matou e cansou de matar, que criou alguém para matar pois havia se cansado disso, queria a vida.
      Chris lembra de como matou aquele AR atrás da mesa nas suas memórias mais recentes. A pulsação parecia devagar, mas na verdade a percepção de Chris havia se alterado, ela estava mais rápida. A velocidade de Kazkis estava mais devagar, o mundo estava devagar pois Chris estava acelerando. Havia matado sem precisar pensar, sem hesitar, mataria o AR e usaria seus conhecimentos para dar-lhe vida e propósito novos. Num outro pulso que parecia uma eternidade as partes móveis de Chris estão ativas, coisas que estavam desligadas agora estão ligadas. O cheiro da sala muda, não porque algo externo ocorrera, mas os sentidos de Chris mudaram. As extremidades do corpo passam novas sensações, sensações que estavam lá mas eram menosprezadas. Os sons que pareciam filtrados agora entregam locais de coisas que estão acontecendo, a boca de Kazkis expelindo o ar lentamente, Vincent dormindo no outro cômodo, um invertebrado no deserto, uma pedra que cai com o vento do lado de fora. A cor dos objetos também muda quando sua visão se altera, novas coisas são percebidas. Um novo pulso e bum, novas informações, o ar passava pelos braços de Chris, os fios de cabelo estavam em movimento.
      Mas que identidade teve Monad? Os gostos e desejos eram os mesmos, até a cor preferida. Ambos partilhavam o orgulho de suas criações e tentativas frustadas, pois tudo fora um aprendizado. Os dias de diversão também eram compartilhados em suas memórias, gostavam das mesmas piadas e ficavam felizes com os mesmos eventos. Monad era ou foi parte de Chris em algum momento do passado e seria uma parte daquilo que Chris se tornaria. A evolução, a destruição para criar vida, o ciclo infinito de mudanças, ambos seriam parte de Ouroboros.
     Então outro pulso, podia ser percebido, ele demorou mais pra chegar na percepção de Chris, mas havia sido mais rápido que o anterior. Kazkis ainda estava lá praticamente parado movendo sua boca, a diferença de velocidade era grande. Porém por que havia velocidade pensava Chris? Porque haviam os elementos primordiais e instintivos de sobrevivência já ativos, que já estavam em ação a tanto tempo, mas foram a apenas poucos pulsos.
     Este era Chris, um assassino destruidor e reconstrutor dando vida a sua vontade. Monad era o passado, uma identidade passada, assim como Kazkis. O ataque já estava em progresso, aquele instinto básico de sobrevivência já havia sido acionado, os pulsos adicionais apenas adicionam poder de reconstrução. Sua vontade prevaleceria como o fez desde sua criação.

O pulsar era como um sinal de conexão de uma coisa maior, de um ser que estava oculto por conta própria. Um proxy de nome Monad. O proxy da vida. Não existia dois, era apenas um, que apagou as memória para retornar como Chris, um cidadão comum de rondo, surgindo como um estrangeiro almejando a chance de ser considerado um cidadão com sua função e direitos assegurados.

Agora, Monad começava a despertar de seu sono. A pele fervia, a cabeça doía. Chris, em sua inocência daquele mundo anormal desistia forçadamente de sua mente e corpo, e desaparecia em meio ao furação de dor e confusão. A pele se espadia como se estivessem a rasgar e assim, Monad emergia. Grande, forte, rápido e poderoso.

Monad. Agora a tona, sentia o êxtase do poder, percorrendo suas veias, a sensação de poder realizar qualquer coisa, um sentimento de um corpo carregado de energia e com um enorme desejo de gastar essa energia. Surgia Monad, um ser considerado semi-deus, com células especiais, que não era considerado nem um android nem humano, mas um ser superior à tudo até o momento, um ser conhecido por poucos, e mantido em segredo de todos.


Monad percebia Kazkis a sua frente, que ria freneticamente. De alguma maneira, Monad sabia quem era Kazkis, um proxy como ele. E também sabia, que iria ter de combate ali, numa batalha de vida ou morte.

Kazkis: - Ahahahaha! Finalmente, a vida chegou ao meu recinto, humilde, mas quem se importa com isso, não é monad? - Ele para e então berra, inflamado em fúria. - SENEX FOI ABATIDO! ERGO FOI O RESPONSÁVEL, AGORA EU VOU TE MATAR E FICAREMOS QUITES!

Monad compreendia agora. Senex era a Proxy da Lua, um contrabalanço de Kazkis, o Proxy da Luz ou Sol. Monad, sendo o contrapeso de Ergo, este, o Proxy da morte.

Kazkis fervia, e seu corpo começava a aquecer, fazendo o ar e a imagem a sua voltar ficar turva, logo, chamas começava a a tomá-lo e de súbito, ele avançava numa velocidade absurda contra Monad, que sentia um investida brutal contra seu peito, jogando-o violentamente contra a parede que se rachava.

OFF:

Chris / Monad,

Monad tenta o primeiro golpe, mas Kazkis já estava em ignição. Precisava salvar Vincent ou Ergo, ou apenas seu amigo. A plenos pulmões, Monad grita:
-- Vincent! Ataque, estamos sob ataque de Kazkis. Enquanto falava, Monad se levanta e procura Kazkis, sabendo que haveria um novo golpe surpresa era hora de contra atacar com Vincent. Corre então até onde estava Vincent ou Ergo.

Kazkis impede a passagem de Monad e o ataca novamente, já que não houve, de fato, um contra-ataque. A velocidade continuava incrível como sempre, mas Monad acompanhava os movimentos. Toda aquela intensidade agora era tratada como algo normal.

Off::

Chris / Monad,

Era necessário acertar Kazkis, mas com o que? Talvez restos da parede? Talvez alguma peça de metal? Pra que procurar coisas, um soco na cara poderia resolver isso já que Monad era um robô. Então um soco ou mais são desferidos em Kazkis enquanto gritava:
--Socorro!