Era mais uma noite depois do trabalho na venda do pai, João não estava muito cansado - pois não havia muito do que se cansar por ali. O trabalho era manso e a vida tranquila, sempre tinha história nova na região e de vez em quando, gente nova. Mas já fazia um tempo que tudo era mais do mesmo e ele não fazia também muita questão de que isso mudasse. Sua maior ambição era esperar o velho pai partir dessa para a melhor e então herdar sua venda. O bar que sempre serve João e Francisco tem pouco movimento também e na maioria da vezes, são os mesmos clientes. Geralmente é assim mesmo que as coisas são em cidades pequenas, ainda mais cidades pequenas bem no meio do interior de Pernambuco, num lugar que não tem como ser mais esquecido por Deus do que já é. A conversa da noite também não mudou muito os rumos do que nas noites anteriores, sempre é algum tipo de abobrinha sobre cangaceiros ou monstros.
- Viu só o que saiu no jornal? Tão dizendo que os cangacêro matáro o fi do Coronel Sá.
- Arre, homem! E tu lá sabe ler?
Uma rodade de risadas cobriu o pequeno salão, o homem que causou a provocação deu um abraço amigável no outro e um tapa nas costas, o acalentando depois da zombaria.
- Fique triste não, cabra. E não acredite nessas coisas, num tem um cangaceiro macho o suficiente pra se meter com o home de Sá! Aquele ali é pior que o diabo e é por isso mesmo que não foi homem que mexeu com a cria dele. Foi o lobisome.
Outros se reuniram ao redor, tentando ouvir mais sobre a história que se desenrolava ali. O obscuro atraía qualquer. Seja o medo puro e saber como se prevenir ou a simples curiosidade - esticando o fio, podia ser até mesmo a falta de qualquer outro entretenimento razoável que contar histórias sobre monstros e criaturas assim fosse uma das melhores saídas. O homem então continuou com o que tinha de informações sobre o tal do lobisomen.
- Foi. Ninguém quer falar, mas já morreu muito moço e moça jovem aqui no interior, no Pernambuco inteiro. Só começaram a falar agora que foi com o Coronal de Sá, antes era só pé rapado. Agora, não. Mas como não querem o povo falando disso, tão inventando história de cangaceiro. Que é pra ter culpado e o Coronel poder enforcar um coitado qualquer aí. Veja só...
Apontou para João.
- Se te botar um papo amarelo no peito, um chapéu de côro e um cinturão de bala, pode ser até tu, João!
- Viu só o que saiu no jornal? Tão dizendo que os cangacêro matáro o fi do Coronel Sá.
- Arre, homem! E tu lá sabe ler?
Uma rodade de risadas cobriu o pequeno salão, o homem que causou a provocação deu um abraço amigável no outro e um tapa nas costas, o acalentando depois da zombaria.
- Fique triste não, cabra. E não acredite nessas coisas, num tem um cangaceiro macho o suficiente pra se meter com o home de Sá! Aquele ali é pior que o diabo e é por isso mesmo que não foi homem que mexeu com a cria dele. Foi o lobisome.
Outros se reuniram ao redor, tentando ouvir mais sobre a história que se desenrolava ali. O obscuro atraía qualquer. Seja o medo puro e saber como se prevenir ou a simples curiosidade - esticando o fio, podia ser até mesmo a falta de qualquer outro entretenimento razoável que contar histórias sobre monstros e criaturas assim fosse uma das melhores saídas. O homem então continuou com o que tinha de informações sobre o tal do lobisomen.
- Foi. Ninguém quer falar, mas já morreu muito moço e moça jovem aqui no interior, no Pernambuco inteiro. Só começaram a falar agora que foi com o Coronal de Sá, antes era só pé rapado. Agora, não. Mas como não querem o povo falando disso, tão inventando história de cangaceiro. Que é pra ter culpado e o Coronel poder enforcar um coitado qualquer aí. Veja só...
Apontou para João.
- Se te botar um papo amarelo no peito, um chapéu de côro e um cinturão de bala, pode ser até tu, João!