Mais um dentre os cem órfãos do Orfanato da Fundação Kido enviados quando crianças para vários locais do mundo para treinar e adquirir uma armadura sagrada para lutar e proteger a deusa Athena, Enki foi um dos poucos a retornar com vida.
Enki nascera sob a proteção da constelação de Eridanus no dia 21/07, data comemorativa dos mortos da marinha do Brasil, país de origem de sua mãe, uma marinheira brasileira que se envolveu com algum japonês rico e sendo abandonado no orfanato, nunca conhecendo seus pais.
Enviado para as ruínas da antiga Babilônia no meio do Oriente Médio, Enki e outros aprendizes foram treinados pelo cavaleiro de prata Orphée de Lira, que viu no discípulo uma serenidade ímpar perante a morte, que era constante devido aos conflitos na região. O mito da sua constelação protetora, o significado da sua data de nascimento e as constantes mortes na região moldaram seu treinamento: artes marciais, controle do cosmo, domínio do Seikishiki, mitologia e navegação pelo rio Eufrates. Todo este árduo treinamento foi uma preparação para algo que Enki nunca imaginaria.
Há alguns anos, Orphée de Lira desaparecera. Enki foi abandonado pela terceira vez: uma ao nascer, outra ao ser enviado para este tormento, e agora pela única pessoa que confiava. Enki passou a viver sozinho, treinando como podia, sempre guardando um rancor e nunca confiando em mais ninguém. Tempos depois chegaram boatos de que Eurídice, o amor de Orphée no Santuário de Athenas, havia morrido e que Orphée fora atrás dela no submundo. Orphée sempre falava sobre seu amor, algo que o mantinha sempre seguindo em frente. Enki, já conhecedor de algumas técnicas de seikishiki, resolveu ir atrás do seu mestre.
Em algum lugar da Babilônia havia uma entrada para o Meikai, e Enki a encontrou e adentrou ao mundo dos mortos. Mas alguém vivo não pode entrar no mundo dos mortos, mas Enki era especial: sua origem era ligada à morte, seu cosmo era frio e tranquilo, como o corpo de um morto. Vagando pelo Meikai, ele encontrara uma alma conhecida. Não era seu mestre. Era a alma de sua mãe.
Helena, mãe de Enki, estava vagando no Meikai desde o dia de sua morte, reconheceu seu filho já crescido. Enki não soltava lágrimas de felicidade, pelo contrário, tentava saber o que acontecera. E ela explicou que após tê-lo, ao voltar para o mar, uma tempestade pegou seu navio e toda a tripulação morrera. A última coisa que ela pensava enquanto se afogava era no filho que deixara para trás. Isso a impediu de seguir, estando presa no Meikai. Enki, pela primeira vez, soltara lágrimas quando, fazendo de suas habilidades, conseguiu convenser sua mãe a se desapegar e seguir para o outro mundo, mas não sem antes saber o nome de seu pai: Mitsumasa Kido.
Quando sua mãe se foi, sua partida revelou uma Caixa de Pandora dentro do Meikai: a armadura sagrada de bronze de Eridanus. Mas Enki não entrara sozinho no Meikai: os outros discípulos de Orphée o seguiram, mas sem o treino de Enki, eles foram dominados por energias negativas e pensamentos mesquinhos, e cobiçaram a urna que se revelara. Enki protegeu a urna com sua vida e, se mostrando superior aos demais, os deixou para trás à sua própria sorte.
Sem esperança de encontrar seu mestre e com o perigo que dos discípulos caídos, Enki deixou o Meikai e voltou para a Babilônia, mas deixou o lugar, sempre viajando, treinando sozinho, e evitando a cobiça dos que se perderam e cujas almas se tornaram negras. Até o momento não conseguiu abrir a urna e se tornar um cavaleiro sagrado.
Apesar de não confiar em ninguém, de ter um cosmo frio e gelado como a morte, Enki mantém as virtudes de um cavaleiro, lutando contra injustiças em memória da sua mãe e do seu mestre. Mas não pense que ele é piedoso, pois, se necessário, ele ensinará aos seus inimigos o caminho para o submundo antes da hora.
- Por trás do mito:
De acordo com uma teoria, a constelação grega leva o nome da constelação babilônica conhecida como Estrela de Eridu. Eridu era uma cidade antiga no extremo sul da Babilônia; situado nas regiões pantanosas, foi considerado sagrado para o deus Enki-Ea que governou o domínio cósmico do Abismo - uma concepção mítica do reservatório de água doce abaixo da superfície da Terra.
Eridanus está ligado ao mito de Phaethon, que assumiu as rédeas da carruagem celeste de seu pai Hélios (isto é, o Sol), mas não teve força para controlá-lo e, portanto, desviava-se descontroladamente em direções diferentes entre a Terra e Céu. Zeus interveio golpeando e matando Phaethon com um raio e lançando-o à Terra. A constelação deveria ser o caminho que Phaethon dirigia; em tempos posteriores, foi considerado um caminho de almas. Uma vez que Eridanus era também um nome grego para o rio Pó (Latim Padus), no qual se diz que o corpo em chamas de Phaethon foi extinto por Ovídio, a geografia mítica do Eridanus celestial e terrestre é complexa.
Outra associação com o Eridanus é uma série de rios em todo o mundo. Primeiro confundida com o rio Nilo, no Egito, a constelação também foi identificada com o rio Pó, na Itália. As estrelas da constelação moderna Fornax faziam parte de Eridanus.