O tempo passa rápido quando a gente se diverte, mas será que ele pode parar?
Eu ainda lembro daquela noite. Provavelmente vou lembrar a vida inteira. Era uma noite de inverno, e estava particularmente rigoroso naquele ano. Eu moro nas montanhas, e aqui sempre é mais frio. O fogo da minha cabana estava morrendo aos poucos, e eu não tinha mais lenha seca. Tinha que racionar, ou não passaria daquela noite.
Você já sentiu frio? Eu digo... frio de verdade. Não estou dizendo daquele friozinho que deixa suas articulações duras, mas você sopra elas e tudo fica até gostoso. Eu estou falando de
frio. Tão intenso que seu corpo começa a perder calor. As pontas dos seus dedos começam a perder sensação. Você treme incontrolavelmente. Não há nada que possa fazer a respeito, além de sentir o calor te abandonar. Eu estava assim naquela noite.
Desesperado, saí da cabana em meio a nevasca para procurar lenha. Vaguei durante horas pela montanha, e tudo o que eu encontrava era madeira congelada ou encharcada pela neve. Foi quando ouvi um ganido baixinho e fui investigar. Presa à uma armadilha plantada por caçadores, estava uma pequena raposa, quase tão branca quanto a neve. Eu me aproximei, e ela ganiu em desespero. Eu esperei que ela se acalmasse de novo, e então me aproximei. Ela estava ferida. Eu senti pena daquele pobre animal, abandonado ferido na neve para morrer. Achei que poderia cuidar dela.
Voltei à minha cabana, e atirei meu último feixe de lenha no fogo. Cuidei da pata da pobre raposa, comprimindo a ferida com gaze e emplastros de ervas caseiras que a minha avó tinha ensinado. Dividi um pouco da minha comida com ela. Se eu não durasse aquela noite, ao menos meu último ato nesse mundo teria sido um ato de benevolência, ao salva a vida do pobre animal.
Eu lembro de me sentar próximo a fogueira naquela noite, rezando aos deuses, implorando que me poupassem. Eu lembro quando o fogo apagou. Lembro do frio penetrar na minha alma. Lembro de desistir de viver. Lembro da vista escurecendo.
E então, aconteceu. Uma voz linda entoou uma canção suave. A própria neve pareceu responder, e a nevasca cessou. As nuvens abandonaram o céu, revelando a mais bela lua cheia que eu já havia visto em toda a minha vida.
A porta da cabana estava aberta, e era por lá que via o luar. Uma linda mulher, alta e de cabelos negros como a noite, entrou. Trajava um fino yukata que escondia muito pouco da sua pele. A silhueta curvilínea era revelada pela luz da lua que penetrava pela porta, tornando transparente o fino yukata branco.
“Yuki Onna”- Sussurei, e achei que seriam minhas últimas palavras.
A mulher sorriu, e deixou cair o Yukata. A pele macia sequer estava arrepiada com o frio. Os seios perfeitos eram arrebitados e continham pequenos mamilos rosados, arrebitados e convidativos. A cintura estreita se movimentava em um rebolado hipnótico enquanto ela se aproximava de mim. Meus olhos pousaram inevitavelmente sobre o sexo da moça, de pelos raros e finos, e senti o latejar viril do desejo trazer de volta um pouco do calor que eu necessitava desesperadamente para viver.
Eu estava sentado, apoiado na parede, imóvel. Uma deusa piedosa ouvira minhas preces e me trazia de volta à vida. O sorriso malicioso da morena ainda habita as minhas mais profundas fantasias.
Ela montou sobre mim, e se curvou lentamente, me oferecendo seus lábios vermelhos. A respiração dela era fria, como esperado de uma entidade da neve. Mas a sua pele era tão quente que poderia derreter cobre. Quando os lábios dela tocaram os meus, e a língua dela deslizou sobre a minha, senti gosto de amoras silvestres. O vigor retornou ao meu corpo e senti que poderia uivar a Lua, de desejo, de amor e de luxúria.
Me entreguei naquele beijo com toda a ânsia do desejo que me consumia, e a Onna soltou um gemido exasperado quando eu a agarrei. Porém, a moça sorria enquanto me beijava, denunciando que gostara da minha atitude.
Minhas mãos deslizaram das costas nuas e esguias da morena, até alcançar-lhe a curva dos quadris. Agarrei-a e comecei a conduzir o movimento da moça, que deliberadamente se esfregava em mim, roçando a sua umidade na minha rigidez.
Quando sentiu a minha virilidade, a moça interrompeu o beijo e me olhou nos olhos. Ela lambeu os lábios enquanto desfazia os cordões da minha calça, sem nunca parar de ondular sobre mim.
Quando me desfiz do fardo aspero que as roupas representavam, meu tato foi brindado com a deliciosa sensação da pele macia e quente dela esfregando-se na minha. Nos beijamos mais uma vez, em um beijo sem fôlego e ofegante de desejo.
Ela se inclinou, e eu senti que havia entrado nela. Ela jogou a cabeça para trás, cravando as unhas de raposa nas minhas costas e gemendo alto com sua voz fina e melodiosa.
A sensação quente e úmida que me envolveu me fez mergulhar em um oceano de prazer. A moça manteve os movimentos ondulatórios de seus quadris, gemendo a cada intervalo. Ela arqueou as costas, me oferecendo seus seios. Não resisti a generosa oferta e agarrei-os com ambas as mãos. Beijava-os, lambia-os e sugava-lhe os mamilos com ânsia, devorado pela luxúria. Entregue completamente ao prazer. E a moça tremia em meus braços, quase desmaiando de desejo.
Acordei na manhã seguinte com a luz do sol em meus olhos. Eu havia sobrevivido a noite, graças ao espirito da raposa de neve. Yuki Onna me aqueceu naquela noite com o seu amor, parando o tempo, e fazendo aquela noite durar para sempre no meu coração.