Resumo
O Santuário do Caraça, fundado pelo português Irmão Lourenço de Nossa Senhora Mãe dos Homens, que teve seu colégio iniciado em 1820 pelos Padres Lazaristas, funcionando por quase 150 anos, é referência para a cidade de Catas Altas por sua beleza natural e histórica.
A mineração de ferro é hoje a principal atividade econômica. Mesmo tendo causado grandes estragos ao meio ambiente, pois o controle ambiental é bastante recente. A atividade não conseguiu diminuir a imponência e beleza da Serra do Caraça, guardiã da cidade. Com o esgotamento das minas, Catas Altas tornou-se um arraial abandonado e em ruínas e os habitantes que ali permaneceram se dedicaram ao cultivo de pequenas roças de subsistência.
No início do século XIX, o arraial contava com 200 casas enfileiradas em duas ruas. A mineração sobrevivente era feita nas lavras do Capitão-mor Inocêncio. O capitão-mor recebeu, então, o conselho do naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire de substituir a exploração do ouro pela do ferro, cujas reservas eram abundantes na região. Saint-Hilaire visitou a região nos idos de 1816. Também passaram por Catas Altas: os alemães Spix e Martius, o austríaco Joahn Emanuel Pohl, o inglês Richard Burton, e outros, sendo que o último hospedou-se no Hotel Fluminense do Tenente-coronel João Emery em 1867. O hotel supracitado funcionava no Solar dos Emery, onde funcionou um grande comércio do mesmo Tenente-coronel, e o Posto de Correios e Telégrafos do Arraial no início do século XX. O mesmo solar foi doado por Eder Ayres Siqueira e demais herdeiros em 2003 para ser o Centro Cultural Tenente-coronel João Emery.
Em 1821 o Bispo de Mariana passou por Catas Altas e falou do estado da Matriz de Catas Altas, da capela de N.S. do Rosário dos Pretos, Santa Quitéria e a Ermida da Arquiconfraria de São Francisco. Contou que o povo era muito chegado à igreja e que havia nada menos do que seis padres na paróquia. Hoje, das citadas acima, existem as Igrejas Matriz e do Rosário, e a Capela de Santa Quitéria para glorificar aqueles tempos.
Temos na história de Catas Altas a importante figura do padre português Monsenhor Manoel Mendes Pereira de Vasconcelos, que preocupado com a situação de pobreza da maioria da população catas-altense, ensinou uma cultura com melhor técnica e ainda, o cultivo de videiras até a fabricação do vinho. Vinho este que foi premiado em várias exposições no início do século XX e auxiliou muito a população. Já em 1949, aparece pela primeira vez a fabricação do vinho de jabuticaba pelo fazendeiro Sr. Anastácio Antônio de Souza, e hoje tem mais de 30 produtores cadastrados na APROVART - Associação dos Produtores de Vinho, Agricultores familiares e Outros Produtos Artesanais de Catas Altas, que utilizam a fruta para fazerem o excelente vinho que é muito saboroso e responsável pela "Festa do Vinho" que acontece desde 2001, atraindo muitos turistas e gerando renda aos produtores e divisas para o município.
No final de 2017, a cidade serviu de cenário para a minissérie Se eu Fechar os Olhos Agora da Rede Globo, com estreia prevista para 2019 na TV aberta.
Fatos Notórios
O conjunto arquitetônico barroco formado não só pela Igreja da Matriz, mas também por casas antigas ao redor da Praça Monsenhor Mendes, entre outras construções, traz para o presente a história do passado da pequena e bucólica cidade mineira.
Para proteger este rico acervo histórico, cultural e religioso, o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA) tombou todo o perímetro urbano de Catas Altas. O conjunto arquitetônico e paisagístico do Santuário do Caraça, a Praça Monsenhor Mendes e a Igreja Nossa Senhora da Conceição são tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Além disso, o Parque do Caraça, de propriedade da Província Brasileira da Congregação da Missão, situado no município de Catas Altas (parte dele em Santa Bárbara), também foi transformado em Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), outra medida que visa preservar a área.
O tombamento do acervo é importante porque impede que as construções antigas sejam substituídas ou modificadas, paralisando o processo de destruição das preciosas construções, e preserva a memória da cidade. Antes desta medida legal, várias construções foram destruídas, como o prédio da antiga escola (onde é hoje a Escola Municipal Agnes Pereira Machado) o solar dos "Ayres" que pertencia à família do comerciante Sr. João Martins Ayres, o solar dos "Alves da Silva" que pertencia ao comerciante, fabricante de vinho, Vereador e Major Antônio Alves da Silva, o chalé dos "Alves Pereira" que pertencia ao agenciador e açougueiro Sr. Argemiro Pereira da Cunha, o chalé do Sr. José do Espírito Santo, e outros. Catas Altas é, sem dúvida, uma cidade privilegiada: ao perceber a importância da identidade cultural de seu povo para construção da cidadania e da nação, afirma-se como uma enciclopédia viva de sua própria história e da história de Minas Gerais.
Catas Altas atualmente é uma cidade histórica de Minas Gerais e conta com várias pousadas/restaurantes que ajudam em seu desenvolvimento.
Cultura Local
Catas Altas é um típica cidade do interior mineiro onde a religião faz parte da cultura local. Fundada sobre domínios Católicos, a cidade conta hoje com a Paróquia de Nossa Senhora da Conceição e movimentos sociais como o Clube da Terceira Idade que também é ligado à Igreja. Além da Matriz de Nossa Senhora da Conceição, a cidade tem hoje outras três capelas, a de Nossa Senhora do Rosário, de Santa Quitéria e de Senhor do Bonfim. Porém, de uns anos pra cá foram ganhando espaços na cidade outras denominações cristãs, como os protestantes. Congregações como Assembleia de Deus (a mais antiga da cidade, fundada na década de 60), Deus é Amor, Igreja Nacional Batista Vida Nova, Congregação Cristã Maranata entre outras fazem o número de evangélicos do município crescer a cada dia.
Dados do IBGE de 2010 mostram que 79% da população são de Católicos. Evangélicos representam 17% e ateus e pessoas sem religião chegam a 2,7%.