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A lua ilumina o bosque gelado, mas meu sangue corre quente enquanto descalço, eu corro por pedras antigas cheias de musgo, folhas em decomposição e a terra úmida. De tempos em tempos paro e ergo o rosto para cima, para a luz entre as sombras das antigas árvores. De galhos agora pelados. Onde a natureza em respeito se esconde em silêncio. Com medo de minha presença. Nenhuma presa se atreve a fazer um som. Cheiros diversos de criaturas amedrontadas.
Com um gesto apressado arranco o resto de minhas roupas e agora completamente livre corro, parando apenas para cheirar-te no ar. Não sem dor me libero para assumir minha real forma, sem parar de correr sinto meu corpo se alongar e se adaptar à caça.
Não é disso que se trata hoje, depois de alguns meses voltei a sentir teu cheiro nas folhagens, um acre perfume que me faz contrair todos os músculos do corpo e dilatar minhas pupilas de desejo. Corro, com as quatro patas agora no chão, num mundo de cheiros fortes e sensações. Pedras, galhos, folhas secas e o mato espinhoso. Teu cheiro permeia tudo levemente
Com o corpo aquecido de corrida e tesão encontro um veio ancestral de água e mergulho na água gelada e negra. Dor, o frio queima minha pele mesmo protegida agora pela minha pelagem animal, sinto meu corpo inteiro pulsando com o meu coração. Quando não aguento mais emerjo da água para a outra margem onde nos conhecemos. Para me deitar nas pedras lisas e geladas e fazer com que minha mente aquiete o meu desejo.
Teu cheiro é antigo demais, quase sumido por entre os cheiros novos da clareira. Mas eu, mesmo sem esperança, espero. Por um desejo proibido
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Eu tinha publicado esse conto no blog do NE mas como lá não tem tanta visualização resolvi dar uma provocada no ego e trazer pra cá