Prólogo - Anne-Sophie Devillers

Como de costume, uma nova foto fazia movimentar meu instagram. Mal postara e logo meus seguidores manifestavam-se. No mesmo instante eu sentia-me satisfeita com os resultados, eu era acometida por tristeza inexplicável. E diante do meu celular, olhando para meu novo post, meu sorriso transformou-se em uma lagrima e um vazio parecia apertar meu peito.



Certamente não sabia dizer o porque daquilo. Talvez meu coração estivesse sentindo-se vazio por estar solitário. Mas eu preferia pensar que esse sentimento era por ter lugar de sobra nele.

Antes que pudesse perder-me mais em meus pensamento, um som costumeiro chamava minha atenção. Era Jess aparecendo como um herói para salvar-me de minha tristeza súbita. Isso fazia-me sorrir novamente e sem muito hesitar, eu respondia sua mensagem.

Mal enviava a mensagem e já estava impaciente pela resposta. Ver Jess online deixava-me ainda mais inquieta. Foram longos segundos e assim que ele respondeu,inspirei profundamente e expirei lentamente, repeti todo o processo para então responder.



Tudo certo. Encontro marcado. Mas e agora o que usar? Corri até o guarda-roupas e imediatamente comecei a procurar a roupa perfeita para usar. Depois de quase uma hora experimentando n roupas, decidi tomar banho e relaxar. Talvez apos o banho, eu estaria relaxada o suficiente para escolher meu look com mais calma.

Após o banho, estava realmente relaxada e com a cabeça no lugar. Rapidamente escolhi um look básico. Afinal, eu ficaria linda de qualquer maneira e Jess deveria ficar grato pela simples oportunidade de ter-me ao seu lado no cinema.

Algum tempo depois, já encontrava-me em frente ao cinema. Sei que estava adiantada, mas queria aproveitar para ver quais filmes estavam em cartaz e, só talvez, poder opinar sobre o que assistiríamos. Estava especialmente inquieta nesta noite. Acho que deveria ser o fato de não conhecer realmente Jess. Ele parecia ser um cara legal, mas nunca se sabe...

Uma rápida olhada no celular e já acreditava que havia levado bolo. E para causar-me uma certa irritação, nem ao menos uma mensagem sobre se atrasar ele havia enviado. Pior para Jess, certamente não teria outra grande oportunidade na vida como essa. Já que estava ali, não iria perder a viagem. Comprei uma entrada para Bad Boys. Certamente Will Smith poderia alegrar-me um pouco. Não esquecendo do balde gigante de pipocas, refrigerante e alguns doces. Sabia que no outro dia teria que malhar em dobro, mas naquele momento aquilo era a unica forma que via para aliviar um pouco meu estresse. Sem mais delongas, segui para sala.

Off:

Ok! O filme fora um bom passatempo, mas ainda sentia-me triste. Não era pelo bolo, aquilo no máximo deixava-me um pouco irritada e nada mais. Respirei fundo e recostei na poltrona ponderando sobre meus sentimentos. Pelo menos até as luzes acenderem e fazerem eu recobrar minha consciência.

Deixando a sala do cinema, já recorria ao celular para checar alguma mensagem importante. No entanto, não encontrei nada de importante. Nem ao menos um pedido de desculpas de Jess. E antes que percebesse, eu já havia agido de forma inconsequente.



Meu novo post rapidamente ganhava um bom numero de curtidas, não as costumeiras, mas as coisas estavam agitadas nos comentários. Sem mais o que fazer, tomei o caminho de volta para casa.

Retornava para casa lendo e respondendo os comentários do meu post. Felizmente tudo parecia calmo, já que estava com total atenção sobre o celular e ainda não havia esbarrado em ninguém. Ora ou outra, eu ouvia passos. Porém, só fui dar atenção a minha volta quando um frio percorreu minha espinha.

Ao ser puxada para trás e ser privada de minha voz, fez-me perceber que deveria ter confiado em minha intuição e ter corrido, mas agora era tarde para lamentar. Tentei desvencilhar-me do agressor, mas tudo foi em vão. Era tarde demais. Felizmente, meu melhor amigo estava em minhas mãos e com apenas três toques rápidos no botão de ligar/desligar, eu enviava um alerta para o serviço de emergência com minha localização, além de uma foto frontal e traseira seguida de cinco segundos de áudio.

Apesar de assustada, eu confiava que o socorro viria. No entanto, eu precisaria ganhar algum tempo. Em um beco sinistro sentido algo espetar meu pescoço, uma possível faca, diante de um esquisito com taras estranhas, a unica coisa que ocorria-me era fazer o que melhor eu fazia. Blefar. Afinal, eu sabia que fazendo ou não "gracinhas" tudo já estava na pior. Se for para eu cair... que seja lutando!

- Hey, Jess! - Exclamei tentando passar confiança e exibindo um sorriso de escarnio. - Não precisava disso. Era só me levar para o cinema e depois talvez um barzinho e sei lá... Sabe como é? - Completo com uma piscadela.

Mais uma vez recorria ao meu celular. Rapidamente ativava o modo câmera e logo disparava o flash contra a face do agressor e sem pensar duas vezes aproveitaria aquele momento de desorientação do mesmo para chutar com toda seus genitais para então correr dali ao brados.

- FOGO!! FOGO!! - Naquele momento lembrei-me de uma matéria que dizia ser mais efetivo gritar fogo ao invés de socorro, pois, isso despertava a curiosidade das pessoas.