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    O Limiar do Mundo

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    O Limiar do Mundo Empty O Limiar do Mundo

    Mensagem por Lnrd Dom 8 Mar 2020 - 12:09

    O Limiar do Mundo F2d3b310


    ANO ZERO / DIA 10

    As primeiras horas correram em excitação, assim como os dias seguintes, fluíndo em incrível velocidade, carregados de confusões e brigas: coisas desaparecidas, reclamações sobre a convivência, pedidos de troca de acomodações, desrespeitos, assédios.

    Em suma, quase não houve trabalho.

    Por outro lado, teve bastante “fofoca”.

    Uma das principais era a dúvida sobre a origem daquele “incidente” final. Acidente ou crime?

    Não havia eletricidade que justificasse um curto-circuito e combustíveis eram recursos limitados, especialmente naqueles últimos preparativos, com a faminta boca d’O Projeto. Porém eram mutantes e uma fogueira poderia nascer de maneiras alternativas: pirocinese.

    Não ajudava que ao menos duas pessoas desaparecidas naquela correria, Hugan, um dos homens de Heckyl, e Barina, proeminente líder doutra gangue, dominassem justamente tal força.

    O resultado era que, mesmo sem provas ou que a lógica de tudo fosse estranha, as reações fossem guiadas por imediatismo e preconceito: mesmo desfeito, o grupo de Barina era bastante hostilizado. Igualmente, olhava-se torto – ou mais torto que o normal – para Heckyl.

    O Limiar do Mundo 7d84ce11


    Também questionavam a decisão de partir de imediato, não se tentando salvar o HangardeTestes05 da ruína. “Por que não pararam quando estávamos fora?”. Culpava-se o maquinista, mas até exatamente quem acionara os motores era uma informação confusa. Boatos. Alguns aceitavam que fora a própria Anciã a dar a ordem, enquanto outros afirmavam categoricamente que o comando fora de uma ou outra figura importante. Fosse como fosse, o argumento de "não podemos colocar a máquina em perigo" era bastante forte.

    Priscila era uma envolvida naqueles "disse que disse". Vozes sussurravam para que tivesse cuidado. Fora ela que não “captara” que ficaria separada da mãe ou haviam propositalmente a deixado desinformada? Quem sabe mera coincidência, um deslize de organização, de modo que, ao contrário, devia-se desconfiar de quem plantava a intriga?

    Naquela situação, a opinião de Izu talvez fosse a mais importante para ela, único guia e conselheiro de confiança. Ou não? Fosse como fosse, panos quentes, apatia e individualismo – todos já tinham muitos problemas a resolver – não transformaram aquilo numa grande confusão. E a própria “mãe” tivera seu papel nisso.
    - Somos aqui uma grande família. Não podemos viver na desconfiança. Tudo será investigado e revelado a seu tempo... .

    Aquela era exatamente a atitude que certas figuras viam como fraqueza nela: a fé e o carinho que a tornava “naïve”, incapaz de reconhecer uma cobra peçonhenta arrastando-se na direção dela. Ela amava as próprias crianças e queria apenas que tudo estivesse em harmonia. Mesmo que problemas precisassem ser “ignorados”. Mais que uma autoridade, era alguém que "estragava" filhas e filhos, incapaz de "nãos".

    Talvez as coisas mudassem numa “próxima era”.

    Apesar de tudo, havia quem seguisse as próprias obrigações. Argoro, um dos arquivistas, batera em algumas portas perguntando se havia algum “presente” para ele.
    - Ouvi que você tem algo para a Câmara do Amanhecer – perguntava sempre que iniciava a abordagem –. Nesse momento de grande necessidade, qualquer coisa é ainda mais importante.

    O coletor batera a porta de Mutt, o qual sempre possuia coisas interessantes. Além, queria verificar o boato de que conseguira o privilégio único de estar sozinho num quarto, espaço de sobra para a própria bagunça.
    Daquela vez, era sim verdade. O esquisito só não conseguira uma chave, tendo de improvisar uma fechadura com arames e coisas do tipo - ao menos quando saída, uma vez que o trinco interno parecia suficiente.

    A maioria não se recusava a seguir o protocolo, mas uma pontada de desconfiança podia ali surgir. E se estivessem alimentando o inimigo, entregando de boa vontade qualquer vantagem que pudessem ter? Dizia-se aqui e ali que algumas pessoas não entregavam tecnologias encontradas fora, usando-as apenas secretamente.

    O tipo de acusação que sempre terminava em socos e tapas.

    O Limiar do Mundo 9ad19d10


    Passado aquele período de assentamento, uma assembleia fora convocada, a primeira do pós-partida.

    O trem encontrava-se parado em meio a um grande descampado. Tochas foram acesas para dar visibilidade e afugentar criaturas noturnas. À frente, tapando a noite, barreira mais escura que o próprio breu, uma enorme formação montanhosa cuja única passagem era uma fenda.

    Era como um muro dividindo o mundo diminuto daquela gente.

    “Precisamos voltar ao nosso curso normal. A Arca precisa do nosso suor", falava Anciã. “Além, como sabem, atingimos hoje o limite dos nossos mapas. Precisamos descobrir o que há para lá antes de seguirmos". Aquilo queria dizer que, pelos próximos tempos, ficariam estacionados lá, esperando que um grupo de batedores fosse e voltasse com informações.
    Se retornasse.

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    O Limiar do Mundo Empty Re: O Limiar do Mundo

    Mensagem por Katerine Le Blanc Dom 8 Mar 2020 - 13:50

    Tudo acontecia muito rápido e Heckyl sabia que eles não poderiam voltar atrás, sendo assim o garoto preferia ficar no silêncio em quanto observava as outras pessoas ali presentes olhando torto para si. – Não precisam me olhar torto, estou tentando ajudar. - Heckyl dizia em quanto passava pelas pessoas ali e os questionava se eles precisavam de alguma coisa, naquele momento eles precisavam tirar diferenças de lado e se juntarem por uma grande causa.
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    O Limiar do Mundo Empty Hora de sair da toca

    Mensagem por Alakazam Dom 8 Mar 2020 - 20:49

    A paz de Mutt não duraria muito. Olhava pela janela, ao estranho e excessivamente iluminado mundo lá fora a que pouco a pouco se habituava, quando ouviu alguém bater na porta. Logo descobriria que era Argoro, um dos convidados para a administração da velha e um perfeito exemplo de visita inconveniente. Abrindo a porta, tendo desfeito aquela fechadura que não passava de uma idiotice (precisava de uma chave, um cadeado de verdade, qualquer coisa que funcionasse!), recebeu o homem sorridente.

    — Ouvi que você tem algo para a Câmara do Amanhecer. Nesse momento de grande necessidade, qualquer coisa é ainda mais importante. — O rosto de qualquer pedinte era irritante.

    Encarou o arquivista impacientemente.

    — Mutt não possui nada além deste pedaço de arame que está vendo — mostrou-o na sua mão —, mas Mutt não o dá. Se o quiser, terá de dar algo em troca para Mutt. — Ele não esperava realmente receber algo em troca por um pedaço de arame, mas não daria seu pequeno e único artefato a um arquivista qualquer que chegou pedindo.

    Mas um brilho surgiu nos olhos do sucateiro. "Câmara do Amanhecer, é?", pensou, "se é onde guardarão as coisas, é onde quererei estar um dia." Era a cleptomania falando. 

    Com isso, Mutt sabia que era hora de não ficar mais parado. Precisava de informações. Quem tem a informação não pode ser controlado. Até então não precisara fazer parte dos grandes esquemas da velha gagá porque, na extinta HangadeTeste05, podia se virar sozinho e construir sua própria fama sem se meter com ninguém. Era um rato, como Izu. Mas agora a situação era outra, pois estava dentro de uma locomotiva que claramente possuía proprietários com direitos sobre quem estivesse viajando nela... Era por isso que Mutt precisava se tornar uma raposa. Era o que vinha planejando desde que ficou sabendo da grande mudança. Calculista, o sucateiro!

    Era tempo de agir. 

    Seu primeiro passo, portanto, seria seguir Argoro discretamente em suas andanças pelo comboio e ver até onde ia o indivíduo. Faria isso com a faca na cintura, é claro (colocando-a na cintura, mantinha-a oculatada com o sobretudo)... Além de descobrir com quem mais o arquivista falaria (quem sabe descobrir quem estaria como superior dele!), aproveitaria para ouvir as conversas que estivessem rolando pelos corredores.

    Seria o primeiro passo para alcançar o tesouro da Câmara. Ou para descobrir a origem do incêndio, quem sabe...
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    Mensagem por Bravos Ter 10 Mar 2020 - 14:15

    Quando encontrou Priscila, deu-lhe um duplo tapa no ombro, confortando a garota. - Os próximos dias serão complicados, muita desconfiança e muita animosidade. Tudo será importante. - Predisse enquanto começava a andar, levando a protegida para um lugar que ainda não estivesse ocupado. Ela precisava se instalar e esquecer um pouco que a anciã não estaria mais sempre ao seu lado. Talvez em breve ela nunca mais estivesse.

    Quando chegassem a um quarto, apontaria: - Ponha aqui suas coisas, está bem perto do meu quarto também... Eu preciso encontrar alguma coisa que me sirva para fazer um amuleto. Estamos andando no escuro ainda por aqui. Vamos, coloque suas coisas e vamos achar Mutt, ele deve ter algo que sirva.

    Quando Priscila estivesse instalada, seguiria atrás do jovem sucateiro. Precisava de uma latinha de metal, ou um pedaço de madeira, algo que com um pouco de paciência pudesse trabalhar e transformar num símbolo religioso. Enquanto andavam, ouviram os rumores acerca dos bandos de Heckyl e de Barina. Consderava tudo aquilo apenas divisão idiota quando deveriam estar unidos.

    Só se deu por satisfeito quando encontrou o sucateiro: - Mutt! Mutt! - Vi-o caminhando pelos corredores. - Que bom que está bem! Conseguiu se instalar? Olhe, se ainda não posso tentar encontrar um lugar para você. - Olhou-o por inteiro e viu que estava sem suas coisas, o que deveria indicar que havia achado um local. Olhou para Priscila e voltou a fitar o sucateiro: - Estamos no escuro, Mutt, precisamos perscrutar os indícios. Você tem algum material que me sirva para fazer um amuleto para prever o futuro?

    Se tivesse, iria começar imediatamente a produzi-lo. Mais tarde a locomotiva parou e foi feita uma assembléia. Precisariam de batedores para ir à frente e descobrir para onde estavam indo. Era isso que ele precisava, por fim, prever.

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    Mensagem por Dycleal Ter 10 Mar 2020 - 18:08

    Priscilla ficou aliviada ao ver seu herói e velho amigo, era engraçada a relação da protetora forte e viril, se sentir protegida na sua fragilidade juvenil de orfã por aquele frágil homem, que era emocionalmente forte e que se completavam. Ela seguiu feliz com ele e se instalou no quarto que ele indicou a poucos passos do dele e logo foram atrás de Mutt para satisfazer uma necessidade de Iru e Priscilla pede que Mutt que providencie o que o velho vidente pede, pois seria importante para o futuro de todos e lembra das vezes que o protegera contra os seus "concorrentes".

    Mais tarde, a locomotiva parou a sua marcha e foi anunciada uma assembleia, tinha chegado ao limite conhecido e registrado, precisavam de batedores para perscrutar a frente e mais do que nunca, o velho Iru era importante para dar o norte e ela estaria ao seu lado para protege-lo, pois ela não podia perder mais ninguém... Ela precisa encontrar coisas para proteger o comboio contra o que tenha além do horizonte.
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    Mensagem por Alakazam Qui 12 Mar 2020 - 18:25

    Argoro, se tudo desse certo, persegui-lo-ia.

    [...]

    Foi o rato, acompanhado da aprendiz de velha gagá, quem quebrou a discrição de Mutt.

    — Mutt! Mutt! Que bom que está bem! Conseguiu se instalar? Olhe, se ainda não, posso tentar encontrar um lugar para você... Estamos no escuro, Mutt, precisamos perscrutar os indícios. Você tem algum material que me sirva para fazer um amuleto para prever o futuro?

    Sem que ainda pudesse responder, a mulher completa, em tom quase ameaçador, ordenando ao sucateiro o cumprimento do pedido do roedor. Cometeu a audácia de insinuar que lhe devia qualquer coisa por haver "lhe protegido" no passado, como se isso desse a ela direito a qualquer coisa.

    Mutt entendia sua relação com Izu como a mais íntima que construíra em toda a vida, estabelecendo trocas comerciais e até mesmo de alguns favores, mas não gostava quando ele se dava a intimidade de pedir-lhe abertamente algum de seus tesouros. Até porque, até onde sabia — embora pudesse saber muito pouco —, Izu e Priscilla estariam potencialmente envolvidos no caso do incêndio, dias atrás. Agora ele o abordava daquela maneira, após dias sem se encontrarem, dizendo que havia de "perscrutar indícios", que necessitava de materiais para construir um amuleto... Do que diabos estavam falando, aquele rato e aquela mulher? E estava tão ocupado com Argoro ainda há pouco...

    Seu saco de sucatas ficava às costas, em forma de mochila improvisada, com uma alça que atravessava a parte frontal de seu tronco na diagonal. Tinha o costume de pegar qualquer coisa que encontrasse pelo caminho, e tinha o costume de sempre manter uma coisa ou outra ali dentro, só para o caso de haver necessidade. Para Mutt, logicamente não custaria nada entregar a um amigo um objeto sem valor, mas um sucateiro que se preze não parte dessa lógica: se fossem objetos sem valor, não seriam objetos coletados. E assim surpreendentemente frequente a necessidade que as pessoas têm por itens que nunca faltam a Mutt.

    — Izu, Priscilla — esta, encarou com olhar hostil —, do que é que estão falando aqui? Perscrutar indícios do quê? Prever futuro do quê? Mutt não gosta de vocês falando assim com ele. — E pondo os olhos em Izu, sempre com a sobrancelhas franzidas: — Mutt já tem quarto e Mutt já tem cama. Mutt foi um dos primeiros.

    Para o sucateiro, aquele era um momento de tensão. Por um lado, se Izu e Priscilla fossem os responsáveis pelo incêndio, então Mutt teria a chance de entrar no esquema e estar entre aqueles que seriam protegidos em uma possível rebelião. Por outro lado, se Izu e Priscilla estivessem querendo ser super-heróis, então Mutt corria o risco de se meter justamente com o lado que tinha mais chances de ser cuspido do comboio. Mas de nada disso podia comentar com os dois sem arriscar-se.

    Após uma pequena pausa, ainda continuou:

    — Mutt procura uma tranca para seu quarto. Se Mutt tiver a tranca, Mutt entrega o que Izu quiser sem questioná-lo.

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    Mensagem por Lnrd Seg 16 Mar 2020 - 15:18

    O Limiar do Mundo 6b45bd10




    Entre laços de amizade e cicatrizes de raiva – ambos igualmente fortes e alimentadas pelo tempo –, eram uma larga família de caras díspares. Mas o “rosto” das várias partes, como sempre, recaía em lideranças vocais que tomavam a frente, discutindo rumos e tentando engendrar esquemas. Era o que tinham de mais próximo a "políticos", sempre dando um jeito de ficar pelo anel central de um grande círculo formado por toda a população.
    Às fileiras de trás... sobrava-lhes concordar entusiasticamente ou discordar veementemente sobre coisas que não tinham certeza de terem entendido direito.

    É claro, qualquer pessoa podia opinar nas Assembleias, mas nem todo mundo tinha o dom de “argumentar” quando começavam os debates mais intenções. Não obstante, por vez ou outra, alguma ideia surgia com a força de uma onda, engolindo quem tentasse se opor ou conter. Para o bem ou para o mal: momentos tensos nos quais nem mesmo a voz da Anciã era capaz de ser ouvida – quem dirá apaziguar algo.
    - Precisamos decidir qual será nosso próximo projeto. Como sempre, quem quiser que se aproxime e apresente a ideia. Ao final, votaremos com todos levantando as mãos.

    Burburinhos sobre a necessidade de se melhorar a segurança já corriam e, com eles, reclamações:
    - Por que não fizemos antes de sair?!
    - A gente nem sabia se esse negócio ia um dia se mover, quanto mais quando!
    - Defender de quê se todo mundo dentro morrer de fome?!?!
    - Vocês não entendem a gravidade da situação!?! Não tem outra, nossa única esperança é encontrar uma solução na Zona. Mas e se acharmos algo e não conseguirmos nem entender do que se trata? Precisamos investir em conhecimento!!!
    - Prfff... estamos condenados de qualquer maneira. Podemos só dormir?

    Numa cadeira em destaque, sobre um pequeno palanque, Artêmis - e finalmente a querida Priscila via-se ao lado dela.

    Era apenas impressão ou havia olhares incomodados com aquilo? "Essa aí acha que é filha única", era um comentário que de quando em vez escutava pelos corredores. Ciúmes não necessariamente era um ato de vilania em si, mais uma insegurança. Porém justamente quando fora de controle... ou pior, quando controlado por uma mente que não conhece limites... Do medo ao sofrimento... um caminho que afastava-se da "luz".

    Enquanto se organizavam, a velha adiantava a outra grande pauta: “precisamos decidir sobre a expedição à Zona. Alguém se voluntaria?”.

    Para além da muralha de rochas à frente, descansava um mundo de oportunidades... e a possível cova de quem decidisse por lá se aventurar.

    O Limiar do Mundo C8017d10


    Mais cedo naquele dia, quando o sol ainda corria num céu pálido, Argoro continuava de porta em porta coletando qualquer coisa que ajudasse. Entrava agora nos dormitórios onde a maior parte da gangue de Heckyl.
    - Eu! Eu preciso de ajuda sim – respondera o arquivista –. Talvez você ou alguém do seu bando tenha encontrado alguma coisa útil por aí. Tem alguma “oferenda” para a Arca?

    Mal sabia o “pobre funcionário” que havia alguém com más intenções atrás dele.

    Noutra parte, Priscila era consolada pelo caridoso Izu, o qual a convidara para dividir o quarto. Aquilo provavelmente ajudaria a “menina da mamãe” a lidar com a repentina separação e mais: duas cabeças juntas serviriam melhor para tentar entender o que havia de fato ocorrido – se é que havia algum “mistério” a ser resolvido.

    Porém, tinham uma missão mais urgente: vascular o que estava oculto pelo véu do futuro... caso houvesse algum. Para isso, precisariam de ajuda.

    E auxílio encontraram, apesar de que num momento pouco oportuno. Mutt parecia ocupado com alguma coisa, mas fora interrompido. Aquela interação toda não parecia deixa-lo particularmente confortável. Estavam mesmo pedindo algo pra ele?

    “Uma mão lava a outra”, como dizem por aí. E as duas se sujam de sangue, quando se metem onde não devem.

    O Limiar do Mundo Be8c2a10

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    Mensagem por Alakazam Dom 22 Mar 2020 - 17:27

    — Quer saber? Mutt não tem tempo, Mutt não precisa de ajuda. Mutt vai pegar o que os dois precisam e ir embora, que já arruinaram os planos de Mutt e Mutt não pode contar com ninguém para arranjar o que quer. Sempre! Sempre!

    Metendo a mão no saco que estava em suas costas, o sucateiro procuraria o que o rato queria para fazer o seu amuleto e descobrir o que quer que quisesse sobre o que quer que fosse. Estava impaciente, irritadiço, teria de esperar por outra chance para descobrir informações do arquivista e agora ia ter de lidar com "relações interpessoais" que não eram de seu interesse.

    Antes de virar as costas, no entanto, ainda diria:

    — Izu, Mutt quer que você me deixe a par do que descobrir sobre quem está administrando todo este comboio. Mutt sabe que é amigo da velha, especialmente andando por aí com a Cryscilla, então tem de descobrir algo. Mutt ajudará no que for preciso. Pode encontrar Mutt no último quarto do último vagão! Mas agora é preciso ir, que há gente demais zanzando por estes corredores e Mutt ainda precisa dar um jeito de trancar sua porta. Aliás, se encontrar-se com o metido do Argoro, diga a ele que eu não Mutt não tem nada, que Mutt nunca terá nada e que Mutt absolutamente o detesta.
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    Mensagem por Dycleal Dom 22 Mar 2020 - 17:52

    Pryscilla balança a cabeça enquanto Mutt faz a pergunta para Izu, ela também queria saber a resposta e diz para o seu conselheiro: - Pai Izu, eu também tenho essa mesma curiosidade, mama não ia se separar de mim, si as coisas estivessem apenas nas mãos dela... Por mim, podemos nos ajudar, sim, mas o senhor é mais sábio do que eu e decidirá o melhor e olha para Mutt e diz: - Valeu Mutt, mas se quiser dar qualquer recado para alguém, use a própria boca que não sou sua empregada. E fecha a cara aborrecida.
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    Mensagem por Katerine Le Blanc Dom 22 Mar 2020 - 20:41

    Heckyl estava desconfiado, porém, não tinha muito escolha e sendo assim suspirava. - Do que precisa homem, vamos tentar ajudá-lo, mas nada de armas e suprimentos de comida. - O garoto tentava diminuir a tensão que havia dentro dele em quanto esperava o homem falar mais alguma coisa.
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    Mensagem por Bravos Qua 25 Mar 2020 - 10:33

    - Obrigado, Mutt. Isso será muito importante para nós. Não se preocupe, lhe manterei avisado do que souber. Você também pode me encontrar no terceiro quarto do outro vagão. - Respondeu ao colega. Quando Priscila foi grossa com Mutt, Izu olhou-a de forma a repreendê-la. O garoto já era bastante acuado e cheio de problemas, não precisava ser intimidado.

    - Irei passar o resto da tarde trabalhando nesse amuleto. A noite nos encontramos todos. - Izu então se despediu dos colegas e seguiu de volta para seus aposentos. Com aquela latinha faria o amuleto a fim de perscrutar o futuro.

    ...

    Mais tarde naquele dia estava na reunião. Quando houve um silêncio, o velho Izu se levantou: - Amigos, irmãos... Estamos nos lançando no desconhecido porque todo o passado já não nos serve. Agora nesse novo, precisamos começar com o básico, dar de comer a nós todos. Tudo que possa nos ajudar a isso, é o mais importante!

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    Mensagem por Lnrd Ter 31 Mar 2020 - 17:58

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    Argoro limpara a garganta quase como se tirando de lá algum muco venenoso ante que afogasse a ele próprio. “Bem, bem... . Se você ou seu homens não encontraram nenhum ‘artefato’ por aí... Sabe como é. Às vezes algum espertinho resolve esconder o que é da Arca por direito, né?”.

    Aquele encontro aparentemente corriqueiro poderia ter se encerrado naquele momento, mas acabou por se prolongar por caminhos pouco esperados. “Tempos difíceis, não? Na realidade, há outro assunto que queria conversar... . Uma proposta”.

    Aquele mutante era do grupo de cronistas da Arca, mas a "fofoca" parecia ser a especialidade dele. Curiosamente, o “dom” dele era o de cuspir uma baba ácida. E, por incrível que parecesse, era o menor dos males que a língua dele era capaz.
    - Hoje à noite a Anciã vai pedir voluntários para explorar a Zona. Quem sabe você poderia levar alguém do seu bando, o que acha? Quem for nessa primeira leva será bastante bem lembrado pela população, “desbravadores do oculto”, grandes “bandeirantes” dessa estrada para o Éden.

    Era de fato uma oportunidade única. O que viria dali para frente não se comparava ao que havia sido descoberto anteriormente.

    Mas a balança poderia pesar violentamente na outra direção, com muito mais perigos que troféus.

    Entretanto, alguém o teria de fazer.
    - Se voltar vivo, não só as pessoas esqueceram o incidente com o piromaníaco, mas provavelmente o verão como herói. Talvez até decidindo juntar-se à sua gangue... .

    A proposição era tentadora e precisava ser medida com a cabeça. Inclusive sobre a própria estratégia da “aventura”: “Claro, a Zona é um lugar difícil e as pessoas são puxadas ao limite delas. Muitas começam a ‘se estranhar’. Se levar muitos dos seus capangas, a chance deles se rebelarem é grande. Quanto menos, mais fácil é de mantê-los na linha. Bem... o que acha disso?”.

    Quase ao mesmo tempo, Izu, Mutt e Priscila confabulavam. O “lixeiro” pleiteava ajuda em uma “trama” própria e parecera conseguir algum apoio do resto.


    ****


    Naquele momento, a "assembleia" era uma grande "conversa paralela". Enquanto a ideia de reforçar a lataria prosseguia a ganhar corpo, outra sugestão corria por fora: estavam à beira de um "mundo novo" e “selvagem”, de modo que poderiam usar os rastros da vanguarda para organizar um grupo de caça. Comida era sempre uma urgência na mente de todos e a mera esperança tinha um poder enorme nas mentes da população. “Izu está certo”, “Sim, sim. Ele vê coisas. Apostaria que sabe o que nos espera”. “Se vê mesmo, por que não previu o incêndio? A não ser que ele tenha ajudado a planejá-lo...”. “Vamos morrer?”, gritou alguém, mas a pergunta morreu-se em meio a reprovações.
    De qualquer forma, e se a recompensa estivesse bem ali, depois da curva?
    Só esperavam não se tornarem eles próprios a vítima e a presa.

    Enquanto seguia o burburinho, Artêmis pediu para que Priscila se aproximasse, falando-lhe baixo.
    - Minha querida, minha querida... . O que tenho a te pedir não é fácil para mim. Preciso que seja os olhos e as pernas de uma velha já sem forças... .

    Estava acontecendo. A Anciã estava pedindo para que ela se voluntariasse. “As coisas jamais serão como antes e eu preciso pavimentar o caminho do futuro e... ah, me perdoe, criança. Estou ficando caduca já. Variando das ideias”.

    Ela levara a mão ao antebraço da “filha”, prendendo a atenção dela como se sob um gancho. “Preciso que alguém garanta que o resto não caia em tentação. Não se sabe o que podemos encontrar lá e eu temo que...” então de subido interrompera-se, como se lembrando que tal assunto não era para ser debatido em meio a tanta gente, mesmo que aos sussurros. Era estranho, como se tivesse receio de alguma coisa do outro lado. “Bem, tenho que pedir que vá e que vigie a todos, que garanta que o bem da Arca prevaleça. Você pode fazer isso por mim?”.
    - Além disso... preciso que as pessoas confiem mais em você, tenham mais fé no seu potencial. Preciso que você se torne uma mulher de verdade, não mais uma menininha... entende?

    O vento frio da noite uivava pelas frestas das montanhas como se a própria terra fosse uma matilha de lobos famintos esperando que as presas inocentes entrassem no território dela. Então um dos arquivistas fez um sinal para que a votação fosse iniciada.

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    Mensagem por Bravos Qua 1 Abr 2020 - 21:37

    Izu via a anciã falando baixo à Priscila. Ele entendia o que aquilo significava. Talvez ele mesmo tivesse que ir também, embora não fosse de grande valia. A verdade é que gostaria de ter conseguido perscrutar algo mais cedo. Mas tudo que havia conseguido era escuridão e silêncio. O material que Mutt o havia arranjado também ficou imprestável.

    Quando foi chamada a votação, o velho rato se sentou. Tinha o pressentimento que não acatariam sua sugestão. Depois iriam descobrir se iam sobreviver mastigando blindagens metálicas. - A guerra está entranhada nos ossos das pessoas. - Disse, sem falar especificamente para ninguém, apenas olhando para frente.

    Quando a votação estivesse encerrada, se levantaria. Se precisassem de voluntários, ele ergueria a mão e diria que iria com eles. Já era velho, já vivera o que tinha para viver. Agora cada minuto era um presente que ele sorveria até o fim.

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    Mensagem por Dycleal Qui 2 Abr 2020 - 9:49

    Enquanto confabulava com Izu e Mutt, a sua mama a chama e lhe sussurra um pedido, que vá a frente da expedição e os lidere, para que eles não se desviem do propósito, enfim ela lhe pedia que fosse seus olhos e suas pernas. Priscila ouve atentamente o pedido e o recebe com alegria, pois finalmente está em sintonia com sua amada mama novamente e fica imaginando com seria liderar aquela turba, representando a velha e venerável Artêmis...

    A anciã começa a alerta-la sobre os perigos a frente do desafio, mas para bruscamente, olhando em torno, como se a informação que iria passar fosse sigilosa e não seria adequado passar ali. Ela alerta a guerreira que precisa que as pessoas confiem nela e para isso tem que mudar de atitude, que precisava se tornar uma mulher independente e não mais aquela menina fortona porém dependente dos seus orientadores...

    A garota pensa um pouco e diz: - Sim, eu aceito esse desafio. Na verdade será uma honra, apesar de não saber se estou a altura dele e se vou conseguir ser a mulher que a senhora precisa de mim, mas vou fazer o meu melhor, isto eu prometo. Para um pouco e acrescenta: - Mas preciso que a senhora me diga o que podemos esperar encontrar, a senhora interrompeu na hora que ia falar e se eu vou liderar, eu preciso saber para prepara-los, isto é uma atitude da nova mulher que a senhora me pede para ser, não é? Então vamos para um lugar mais reservado para que me diga, enquanto eles se distraem nas suas discussões.
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    Mensagem por Alakazam Sex 3 Abr 2020 - 12:52

    Após entregar a pequena lata, com o desgosto que sempre tinha ao desfazer-se de qualquer um de seus pertences, Mutt fazia o trajeto de volta para seu quarto. Aquela situação toda o irritava cada vez mais, ao ponto de desejar, às vezes, que toda a corja de mutantes não estivesse em uma tentativa desesperada pela sobrevivência. Queria ter seguido em sua casa, em seus afazeres, em sua independência.

    Parando diante da porta de seu quarto, ao girar a maçaneta, sentiu raiva. "A chave..." Aquela porta frouxa que se abriria ao mero empurrão de quem quer que fosse era sua maior inimiga no momento. Precisava dar um jeito de trancá-la, ou nem sequer faria sentido a ideia de possuir um quarto. Alguns podem ver vantagem em possuir um quarto para si próprio; e Mutt não negaria que era mesmo; mas a vantagem só faria sentido completo se além de dormir sozinho ele também pudesse ter a certeza de que ninguém invadiria sua privacidade. "Inferno! Inferno!"

    Nervoso, fechando a porta atrás de si, imediatamente se agachou em sua pilha de sucatas para ver se havia qualquer coisa melhor que fosse lhe oferecer uma trava de segurança. Aquela porcaria de arame não pararia nem o idiota do Argoros se ele decidisse "investigar" suas relíquias. A verdade era que Mutt até possuía algo que poderia interessar à arca, uma espécie de cilindro complicado que teria encontrado em meio a escombros certa vez, mas era um tesouro que não cederia de jeito nenhum! Pois bem... Deixando esse cilindro de lado, Mutt começou a vasculhar nas suas coisas para ver se achava algo útil para trancar a porta.

    * * * * * * *

    Em quaisquer outras condições, Mutt teria sido o primeiro a recusar-se, e veementemente, a participar de qualquer aglomeração de pessoas. Agora, no entanto, dependia tanto do sucesso do grupo, do trabalho em equipe, da boa convivência entre todos, que sabia que participar da assembleia seria a coisa certa a se fazer se quisesse ir longe na sua vida...

    ... Mas um sucateiro nem sempre faz a coisa certa, não é mesmo? Especialmente um do tipo vira-lata, como Mutt. Com todos aglomerados naquela reunião, surgia sua primeira grande oportunidade de "visitar" os quartos alheios e "conquistar" alguns novos tesouros para si. Só não seria tolo de fazer isso no seu próprio vagão (o último do comboio), porque era pedir para levantar suspeitas; mas no vagão depois do vagão seguinte estaria mais seguro.

    "Mutt não tem culpa. O único jeito de conseguir coisas sem furtá-las é saindo para o mundo lá fora, mas Mutt ainda não pode fazer isso" — refletia consigo mesmo, pretendendo dar um jeito de entrar no primeiro grupo de expedição que se formasse.
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    Mensagem por Katerine Le Blanc Qui 9 Abr 2020 - 15:05

    Heckyl apenas ouvia o homem e logo ficava pensativo em quanto pensava no que responder, porém, ele sabia que aquela proposta era irrecusável e sendo assim ele logo suspirava e em seguida erguia a sua mão ao mesmo. - Muito bem eu vou ajudar, porém, deve me prometer que não colocar meus homens em perigo ou eu mato você tudo bem? - Ele o questionava esperando que o homem apertasse sua mão.
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    Mensagem por Lnrd Dom 12 Abr 2020 - 1:09

    O Limiar do Mundo 44a65a10


    Mãos levantando-se em diferentes turnos indicavam a escolha do povo. Metade concordara em reforçar a fortaleza móvel; metade em garantir que teriam o que comer. Os trabalhos assim que o sol nascesse na manhã seguinte.
    A mesma em que a comitiva de reconhecimento deveria partir.

    "Há um cemitério de máquinas nas proximidades", declarara Argoro, seguindo as indicações mapeadas em expedições anteriores. "Podemos usar o ferro de lá como matéria prima". Tal sugestão foi aprovada com gestos ou sons e rapidamente juntou voluntários. Ele falava de uma parte ainda no interior das regiões conhecidas, o que significava que quem fosse para lá evitaria ir ao outro lado das montanhas. Uma grande "desculpa".

    Todo aquele processo havia interrompido a conversa entre a Anciã e Priscila. Mas antes de ter de findar a discussão, a velha havia conseguido dar voz às próprias inquietações. Ao menos de certa forma:
    - Ah... Ouço muita coisa, mas vejo pouca, infelizmente. Temo muito, mas minha condição permite-me encarar pouco... . Se eu pudesse ir eu mesma e deixar minhas crianças em segurança... . – os olhos dela fitaram a cerca de pedras. Se alguém ali tivesse vivido noutra época, teria reconhecido a face de um marinheiro que não pode mais se lançar ao mar. Mas não, ninguém ali jamais sonhara com o oceano.

    “Se eu falasse de tudo o que acho que pode haver lá... Mas os velhos se preocupam com tudo, não é? São vocês jovens os destemidos... . Seja como for, o problema é que não posso dizer a você ‘tome cuidado com isso’ ou ‘se proteja daquilo’... simplesmente porque eu não saberia escolher 10 entre 1000 coisas que podem aguardar vocês. Mas tenho certeza que encontrarão uma dessas duas coisas: esperança ou desespero. E é por isso que te peço o que peço. São armas perigosas...”.

    Se havia mais ou não a ser dito, o mistério permaneceria indesvendado àquele momento: finda a escolha dos projetos, era a hora de formar a expedição.

    Mas antes mesmo de abrirem para as autoindicações, Argoro voltara a tomar a palavra, logo dando um aperitivo do jogo que pretendia fazer: “Sentei hoje com um irmão, um sobre o qual a sombra da dúvida começou a pairar nos últimos dias. Isso não podemos permitir. Temos que confiar uns nos outros, como a família que somos. É por isso que que chegamos a um acordo. Para provar suas boas intenções, convenci Heckyl a ser o primeiro de nossos voluntários. Sim, uma salva a Heckyl, primeiro de nossos heróis do futuro!!!”

    Houve muitos aplausos, assim como faces desconfiadas. De toda a forma, o plano parecia o de associar a própria imagem à do líder daquela gangue, esperando que ele voltasse triunfante do perigo, enquanto ele ficava para trás fazendo maquinações - era provável que tivesse um “plano B” caso desse tudo errado. Talvez tentasse vende-lo como um mártir, ou mesmo dizer que o havia mandado pois sabia ser dele a culpa pelo incêndio. Sairia ganhando de qualquer forma... isso é, caso tivesse alguma relação com o fogo.

    Logo em seguida, a “mãe” encarara Priscila. Era uma expressão que dizia “agora”. Precisava aproveitar o momento para se apresentar também diante da Arca, uma heroína a ser lembrada. Mas não apenas aquele rosto tentara alcançar. Vasculhara os arredores à procura de Izu. Não tivera a chance de falar-lhe sobre aquilo nos dias que seguiram à partida, mas sabia que ele não deixaria Priscila ir só. E assim esperava. Era preciso que a guiasse com a experiência dele. No fim, estavam se atirando às escuras numa floresta de riscos. Precisavam contar com a sorte. E, para isso, nada melhor que o vidente.

    O Limiar do Mundo 407b8110


    Não que alguém realmente se importasse, mas, afora as discussões da Assembleia, uma pergunta talvez pudesse ser feita: onde estava Mutt? Havia aproveitado a distração para se esgueirar por alguns dos quartos, os quais não ofereceram muita resistência ao terem as portas sorrateiramente abertas. Tivera tempo para vasculhar, tendo a sorte grande: encontrara balas, preciosas capsulas metálicas preenchidas dum estranho pó combustível.

    Elas eram as moedas daquela pequena sociedade apocalíptica, usadas para se defender de todo o tipo de adversidade: um inimigo? Tiro nele. Fome? Podiam ser trocadas por comida. Ajuda? A quantidade certa delas comprava qualquer favor.

    Só não eram muito eficientes contra o estranho veneno que pairava os ares da Zona.

    Quando tudo parecia estar favorável ao pequeno ladrão, a sorte resolvera soltar dele a mão. Os latidos de um cachorro ecoaram pelos corredores vazios dos vagões, martelando-lhe os ouvidos. “Átila, cala a boca!”, comandara o dono, mas o animal não parecera obedecer. “Qual é o seu problema, cachorro doido?”. Era bom que fugisse de lá antes que aquele domador decidisse investigar o problema. Ou que deixasse o animal ir verificar por si.

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    Mensagem por Dycleal Dom 12 Abr 2020 - 1:27

    Priscilla entende o olhar da sua mama e sabe que chegou a hora dela cortar o cordão umbilical e se tornar na mulher que a anciã preparara todos esses anos, ela beija a mão da anciã e diz: Dê sua bênção e após uns segundos de troca de olhares, se levanta satisfeita e com passos decididos vai para a frente da multidão e se coloca na frente de Argoro, o ofuscando e diz com uma voz firme e que não dá espaço para argumentações, sua presença é majestosa e altiva, dando uma aura de confiança para quem a olha, se admirando com a sua força e crescimento e ela diz: - Eu vou liderar a outra turma, a turma que enfrentará o desconhecido e encontrará a esperança e a salvação, quem quiser viver e conhecer o futuro, se junte a mim nesta empreitada! E olha para cada um com seus olhos perturbadores e ao mesmo tempo, inquisidores...
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    Mensagem por Alakazam Ter 14 Abr 2020 - 18:01

    Beleza, beleza, Mutt consegue, aqui estão, aqui estão... aqui estão as uma... onde?... mais... duas... três!... Cadê a outra? Não é possível, que tipo de pessoa possui apenas...?

    — Átila, cala a boca!

    Grande porcaria! Três!? Três!!! Mas é hora de sair, que droga de bicho sarnento, que droga! Que droga!!

    * * * *

    De volta a seu quarto, Mutt arremeçava com desgosto o seu lucro miserável adentro da caixinha na qual guardava suas balas. Tinha 9 unidades agora. "Bem, dá para encher um revolver" — pensava, conformado, mesmo sem ser possuidor de nenhuma arma de fogo. Embora não tivesse conseguido tanto quanto esperava, no entanto, ainda havia saído ileso e sem ser visto, então poderia considerar a aventura um sucesso. Era só a primeira de muitas, afinal... Além do mais, o que quer que houvesse acontecido naquela "assembleia" de mutantes fedorentos, certamente o que Mutt poderia ter conseguido indo para lá não valia meia munição, e entrando no quarto de um estranho havia conseguido três unidades novinhas em folha.

    Pensava em como podia preencher um revolver, mas não considerava utilizar suas moedas para isso. Para Mutt, aquilo, com efeito, não passava de moedas... Não era seu dom uma arma mais perfeita do que qualquer arma de fogo, afinal? Hum... questão discutível, para falar a verdade, mas era à telecinese que ele estava mais habituado, então ela lhe servia melhor que um tambor carregado.

    Agora olhava para o cadeado que havia deixado sobre a cama. Estava imprestável do modo como se encontrava, mas com alguns reparos poderia funcionar para bloquear quem pretendesse entrar em seu quarto sorrateiramente. Um arrombo sempre seria possível, sim, mas é por essa e outras que nenhum cofre é mais seguro que um bom esconderijo... Pois é, o que não daria Mutt por um bom esconderijo? Quem quisesse pegar suas coisas, e conseguisse entrar em seu quarto, na certa o roubaria.

    Mutt sabia que para reparar seu cadeado o ideal seria conversar com um "engenhoqueiro", porém, talvez surpreendentemente para um acumulador de plantão, não possuía nenhum nome em seu escasso círculo de contatos. Até existia um, certa vez, mas o coitado morreu... pena! O que restava agora era o ratão, que sempre lhe servia de intermediário em suas negociações. Mutt não se cansava de pensar em como, naquele mundo de vermes, um rato era a criatura em que mais se poderia confiar...

    Era agora encontrar Izu. Devia estar na assembleia, ainda, ou talvez em seu quarto. Além de atualizar-se sobre o que foi decidido, Mutt perguntaria por um engenhoqueiro de confiança que lhe pudesse dar um jeito naquele cadeado para fazer funcionar a chave.
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    Mensagem por Bravos Sex 17 Abr 2020 - 18:12

    Chegou a hora que se esperava os voluntários para as empreitadas. O primeiro a ser apresentado, por livre e espontânea pressão fora Heckyl. Aquela parecia ser uma jogada política importante. Izu não queria estar na pele de Heckyl naquele momento. Priscila foi a segunda a se apresentar como voluntária. E aí foi quando o velho Izu se levantou.

    - Eu irei também, recolher alimentos. Acho que esse é o mais importante nessa situação que estamos. - Bateu no chão aquele cajado com que andava para indicar que dava por encerrada sua fala. Seus olhos olharam ao redor procurando Mutt que fazia tempo que não via. Ele deveria estar ali como todos os outros. Talvez ele estivesse se metendo em problemas... Izu não poderia saber.
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