Kate se recuperava muito lentamente, apesar disto a galera de seja-lá-onde-for-aquele-lugar não parecia disposta a esperar sua recuperação, e estavam dispostos a ajudá-la, cortando seus fios de prata, para que ela pudesse morrer em paz, ainda que a ingrata não estivesse a fim de morrer.
Mortalha então aparece. Com uma praticidade invejável ela logo deduz tudo que se passara: Kate, por algum motivo, estava no limiar da morte, sacerdotes tentaram chegar até ela, usando a erva de Arnzug, mas não conseguiram, pois ela devia estar muito longe, ou talvez os sacerdotes eram incompetentes mesmo. Eles devem tê-la deixado lá, esperando sua morte quase inevitável.
Onde eles falharam, Ka parece ter conseguido, pois se mostrava em transe e pelo jeito estava usando a anjo de âncora. Estranho eles não fazerem o contrário, ou será que a anjo não quis se arriscar porque a alma da humana estava em algum inferno profundo? Provavelmente Ka tinha uma ligação muito mais forte com a humana, ou então tinha um potencial muito mais forte do que os sacerdotes que a atenderam. Talvez um pouco dos dois.
Os dois pelo menos pareciam não ser totalmente ignorantes nas artes místicas, Ka ficava do lado de Kate com os chacras relativamente alinhados, embora seria melhor ficar atrás (ou no caso embaixo) dela, e Azriel segurava as mãos deles enquanto se concentrava de tal forma que nem viu Mortalha chegar, mas também não fazia direito, se fosse realmente uma boa anjo, canalizaria a magia dela diretamente para o sétimo chacra, ou pelo menos para o sexto. Se continuasse no grupo, em situação semelhante eles poderiam salvar Mortalha, mas ainda eram amadores.
Mortalha solta um suspiro. "Quem quer algo bem feito, faz ela mesma". Jogando os dois novatos para o lado, Mortalha leva uma mão na direção do estômago de Kate, e a outra na garganta. Os Fios Prateados eram basicamente magia negra, misturados com outras manas, o estômago era o ponto de maior acumulação de energia, assim Mortalha aplica uma dose cavalar de mana negra no estômago de Kate. Se o corpo da humana fosse competente, ele transformaria aquilo na energia que ela precisasse, caso contrário Kate seria rapidamente envenenada. De qualquer forma aquilo acabaria rápido.
Com a mão na garganta, o primeiro dos chacras superiores e mais fácil de controlar que os outros, Mortalha impede que a mana negra chegue muito rápido à cabeça de Kate e literalmente exploda com ela. Assim Mortalha consegue controlar o fluxo nestes dois pontos. Aquilo fortaleceria os Fios Prateados de Kate, prendendo o espírito ao corpo. O problema é que se prendesse demais, ou invés de voltar à vida, ela voltaria como morta-viva. Além disto a operação poderia ser dolorosa, mas não seria dolorosa para Mortalha, então tudo bem.
Ela faz isto em poucos segundos, e de fato o espirito de Kate é arrancado do Plano Astral e lacrado novamente dentro do corpo dela. Arrancado violentamente... Se alguém pudesse ver os Fios Prateados de Kate no momento veria que eles não estão tão prateados, mas bem escuros, e duros.
Com o quinto chacra (garganta) quase travado, o primeiro impulso de Kate é respirar, mas isto é quase impossível, então ela tem sensação de afogar no nada. Mortalha tinha feito a parte dela, então diz para Azriel que agora era falar pra outra respirar direito, ou o trabalho ia ser perdido. Com isto ela sai e deixa os outros se virando.
Depois que algum tempo, que para Kate parecia eterno, ela finalmente reaprende a respirar, ainda com dificuldade. Então começa sentir dores horríveis no resto do corpo, principalmente no estômago. Ela chega a sentir algo de podre dentro dela, como se... bom, na verdade não teria alguma comparação fidedigna para descrever a sensação. Eu poderia dizer "como se tivesse comigo sopa de morcego estragada e fria", mas faria jus ao gosto rançoso que ela sentia? Kate quase sente falta do Inferno. Se é que estava mesmo no Inferno, apesar de sem graça, aquilo não parecia com a imagem dantesca que falavam que os Infernos teriam, tão pouco parecia ter o mínimo de conforto prometido nos Círculos Celestes.
Enquanto isto, Nadhull corria pela cidade. Depois de tanto tempo tentando, finalmente conseguiu outra projeção astral funcional. Pena que as viagens eram muito curtas. Quando tivesse tempo, e precisava ser antes de dormir, anotaria as impressões que teve. Fios de Prata, um cortejo sinistro, o lugar meio tétrico, sua mana branca se apagando como um fósforo numa piscina, como o grupo o encarava... Pelo menos tinha ajudado um pouco a amiga, nem se fosse fazendo o cortejo dar um passo para trás.
Depois de algumas peripécias, ele acaba encontrando a casa onde Vent'Kapo estava na frente, e eis que o grupo estava novamente reunido.
Quando Kate consegue recuperar o mínimo de consciência, Azriel ajuda-a se vestir (a anjo não ia deixar pros amigos tarados esta parte), ela também tem que sutilmente questionar se os filhos dos artesãos da casa não tinham "por acaso" visto o colar de wibarita de Kate. Os donos da casa ficavam felizes de ver que a moribunda não morreu, mas não pareciam tão satisfeitos de ter que devolver o semëk. Não queriam ver a moça morrer, mas estavam com planos para sopa de lagarto caso o pior acontecesse. Mas é a vida...
A amiga precisaria ainda de pelo menos mais um dia de cama, assim o grupo resolve voltar para o Q3, que por enquanto era o lugar mais seguro. Mais tarde, quem não tinha vocação para viver aquartelado, poderia procurar outro pouso na cidade. Eles aproveitam para trocar algumas impressões sobre o Plano Astral (basicamente Ka e Nadhull, Azriel fica só perguntando alguns detalhes, e Kate fala uma coisa aqui outra lá, mas ainda não tinha espírito suficiente para seguir a conversa a fundo, pelo menos ficava satisfeita em saber que o tal arquidemônio fodão que queria sua alma era apenas um truque de Nadhull).
Ainda a caminho do Q3 são abordados por três soldados rasos (uma humana e dois humanos) a humana reconhece o grupo e avisa que a cidade acabou de ficar mais perigosa, pois reforços chegaram do outro lado. Os três eram lanceiros e nenhum deles tinha mais que 17 anos, praticamente crianças na idade do alistamento, que deviam viver em alguma horta ou oficina antes e que nem mesmo sabiam manejar uma espada, então davam lanças para eles e esperavam que, num combate eles conseguissem pelo menos segurar a arma na frente de si, com a ponta virada para o lado certo, e ter o mínimo de proteção (e quem sabe, com a bênção de algum deus, até derrubar um inimigo). Os recos escoltam vocês de volta.
Chegando lá, a Tenente Jihl Nabaat liga o modo sarcasmo do modo hard e fala com Ka: - Então acharam sua amiga? Que bom que você LEMBROU de mandar um garoto de recados para me avisar, tal como instruí, assim eu NÃO precisei mandar outros garotos para ver se conseguiam alguma informação!!
Vocês passam um dia ali, para ver se Kate se recupera.
- Spoiler:
- Para não enrolar demais, vou rolar para o @DariusNovadek a porcentagem de recuperação de Kate
Leomar efetuou 1 lançamento(s) de dados (d100.) :- 31
Se der menos de 25, então ainda está muito debilitada, com fortes dores de estômago e na garganta, parando em pé com dificuldades, alguém tem que ajuda-la tomar uma sopa rala pra ver se não morre desnutrida, e ela ainda tem alguns vômitos.
Até 50, ainda está mais pra lá do que pra cá, consegue ficar de pé e comer alguma coisa, mas tá com o corpo todo dolorido, o corpo frio, e claro: está totalmente sem magia por mais alguns dias.
até 70 ela já está boazinha, embora ainda sinta dores de garganta, acredita que com mais um dia pode recuperar as forças, mas já pode ajudar o grupo de alguma forma, porém ainda está sem magia.
Até 80, tá quase boa, consegue até fazer alguns exercícios, embora ainda com alguma dor no estômago, costelas e pescoço, mas é algo suportável, se precisar consegue até lutar um pouquinho (embora seria bom se pudesse adiar isto por mais um dia), ela sente a energia mágica voltando aos poucos ao corpo. Talvez até conseguisse evocar alguma magia, embora sabe que não seria prudente gastar o pouco de energia que recuperou até agora.
Se conseguir dar sorte de algo acima disto, então ela estará fisicamente quase perfeita, vai ser bom fazer uns exercícios ainda, mas pode acompanhar o resto de vocês independente do que decidirem fazer, sua energia mágica não está perfeita ainda, talvez ela sinta como se estivesse a "meio tanque", mas está se recuperando.
A Tenente Nabaat passa as informações do dia: duas frentes estão para serem atacadas: uma no centro da cidade (o exército ainda tem um pouco de vantagem, pois é um pequeno planalto, e eles estão na parte alta) e o Q2 no norte, perto das minas. Se uma destas frentes cair, o próximo ataque provavelmente será no Q3, que é onde estão. Ela terá que ir para o Q2, e além disto separa dois grupos.
Grupo Um tem: 1 arqueiro, 3 lanceiros, 2 soldados com espadas, 2 cavaleiros e mais um Tenente.
Grupo Dois tem: 2 arqueiros, 1 lanceiro, 4 cavaleiros e mais 2 soldados de hierarquia média.
Se der par o Grupo Um vai para o Q2, impar vai fortalecer as defesas centrais
Leomar efetuou 1 lançamento(s) de dados (d4.) :
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Ela pergunta se um de vocês ou mais poderiam ajudar em um ou no outro ponto, o pagamento não seria muito grande, mas poderiam ver o que conseguiriam depois (vocês não são alistados, então podem escolher se vão ou não ajudar), fora isto ela diz que ainda precisarão de pessoas para defender este ponto onde estão (Q3) e muita coisa precisando ser feita ali mesmo, e tem um outro ponto seguro no sul da cidade onde muitos feridos estão precisando de ajuda médica ou mágica, caso a amiga de vocês ainda esteja muito mal vocês poderiam ver se é prudente levá-la para o sul, caso contrário podem ir lá só pra ajudar mesmo.